Teclando sem parar (ou: para que serve a tecla Scroll Lock)

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”

Esse é o meu grau de satisfação de hoje…

Mas vamos por partes; deixa eu explicar melhor essa bagaça!

Pra começo de conversa, modéstia às favas, permitam-me explicar uma coisa: eu digito bem bagaráy!

Como já é de ampla sabedoria de quem já me conhece, sou daquelas criaturas do século, ou melhor, do milênio passado. Quando microcomputadores ainda estavam nas fraldas e celulares, como hoje os conhecemos, nem em filmes de ficção científica existiam. Sou da época da máquina de escrever e do “cursinho de datilografia” – no qual me diplomei em 1981 e com 8,5 de nota final!

Desse modo, quando a era digital chegou, teclados nunca foram um problema para mim. Vejam só, existem várias tabelas e parâmetros no que diz respeito à velocidade de digitação, sempre vinculados à taxa de precisão – afinal, não adianta nada digitar rápido e errado, né? Tirando uma média, temos que um usuário considerado “normal” digita aproximadamente numa taxa de 40 PPM (Palavras Por Minuto); um avançado chega a 60 PPM; o profissional já bate na casa dos 80 PPM; e daí pra cima as classificações ficam meio malucas… Mas basta saber que os digitadores mais rápidos do mundo, variando de acordo com seu idioma, conseguem, em média, digitar até 170 PPM, sempre considerando a utilização de um teclado QWERTY (depois eu explico).

Bem, de acordo com alguns desses testes online (fiz mais de um, só pra ter certeza), este nada modesto escriba que vos tecla consegue atingir uma média de 83 PPM com 98% de taxa de acerto. Ou seja, estou longe de ser um “astro”, mas tá pra lá de bom.

Só que para isso eu também sempre precisei de um teclado à altura, ou seja, um teclado que aguentasse o tranco – e da perspectiva de meu 1,90m de tamanho, com um par de mãos que parecem mais dois cachos de banana nanica, isso não é fácil não!

Foi por isso que meu primeiro teclado, que comprei em 1993 via “reembolso postal”, era um gigantesco DISMAC padrão ABNT2 (um dos primeiros do Brasil com essa disposição de teclas). Numa época em que cá na terrinha grassavam os 386 e o sonho de dez em cada dez engenheiros eram os 486 com coprocessador matemático, eu me contentava com o computador que estivesse à mão – mas sempre com o meu teclado me acompanhando. O que, naqueles tempos em que o usual eram os “teclados americanos”, sem o “Ç” (cê-cedilha), me dava uma trabalheira danada, pois eu sempre tinha que reconfigurar os arquivos de inicialização do MS-DOS – o Senhor Autoxec.bat e a Madame Config.sys – para “aceitarem” meu teclado diferentão…

E – pasmem! – ele me serviu muito bem durante 25 anos. Sério. Somente no ano de 2018 é que ele morreu de morte matada e não de morte morrida, por uma idiotice minha. É que o conector original desse teclado era do tipo DIN (cerca de 1cm de diâmetro e cinco pinos), de modo que por muito tempo eu o utilizei com um adaptador para PS/2 (mais moderno, com cerca de 0,5cm de diâmetro e seis pinos), mas eis que as placas dos computadores ainda mais modernos passaram a ter como porta de entrada somente o padrão USB (que hoje todo mundo conhece bem).

E apesar de estar muito feliz com meu teclado durante todo esse tempo, quando, em meados de 2018, meu querido Alfa-5 partiu para a “grande nuvem”, eu tive que buscar uma maneira de me (re)adaptar. Para quem não lembra, a história completa está neste link, na qual consta inclusive a seguinte notinha da época:

“NOTA DE FALECIMENTO: depois de sete anos de excelentes serviços prestados, comunico a passagem do meu aguerrido computador. Há tempos já vinha dando sinais de esgotamento nervoso, com eventuais lapsos de memória e desmaios repentinos. Passou por uma recente cirurgia de transplante, após uma súbita parada de fonte. Parecia estar bem, mas hoje, por volta de 06h10min, teve um colapso fulminante e não reagiu mais aos tratamentos de ressuscitação artificial. Deixará saudades e um grande vazio em minha mesa e outro maior ainda em meu bolso.“

Isso porque seu substituto, o Alfa-6 (que apesar de todos seus esforços de processamento, não teve vida longa), somente tinha portas de entradas no padrão USB, de modo que aquele monte de penduricalhos de adaptadores (do antigo para o moderno e deste para o atual) estava me incomodando – e muito!

Assim, pela primeira vez em toda sua longeva vida, levei meu teclado para um “técnico”, o qual havia me garantido ser possível fazer a troca daquele ultrapassado conector DIN por um novíssimo USB. Nunca antes tive que fazer nenhuma manutenção nele – exceto por uma única vez, quando pedi para minha querida amiga Ligia fazer uma profunda higienização no coitado e ela teve o zelo e cuidado de desmontá-lo inteirinho, limpar tecla por tecla, e tirar uma quantidade de imundície que resultou numa bola de sujeira do tamanho de uma bola de golfe!

Infelizmente o tal do técnico não teve o mesmo zelo e cuidado que ela…

Primeiro ele me disse que o teclado havia para de funcionar e estava tentando descobrir o porquê. Depois fechou a loja. Então se mudou pra roça. E a partir daí não tive mais notícias do falecido. O teclado, não o técnico.

Paciência. Vida que segue.

No início de 2019 rendi-me à modernidade e parti para o mundo dos notebooks. Um potente e modernoso Dell que veio a ser batizado de ALPHA7. E, como se pode imaginar, com aquele teclado do tamanho infantil, impossível para mim de utilizá-lo com desenvoltura, portanto fui experimentando o que tinha à mão: teclados com fio, teclados sem fio, de marca, sem marca, nada muito satisfatório (ou durável), mas que dava pro gasto. Ao menos por algum tempo.

Somente por sugestão do filhote mais velho é que lá pelos fins de 2023 resolvi testar um teclado mecânico gamer, teoricamente mais robusto do que tudo que eu vinha destruindo utilizando até então. Dei uma boa fuçada e numa razoável relação custo/benefício escolhi um da marca Aurum.

E não é que deu certo? Bastava desativar aquele árvore de natal de cores piscantes e pronto. Estava ali um teclado aparentemente resistente o suficiente para aguentar minhas extremamente longas marteladas diárias.

Já em meados de 2024, depois de cinco anos sofrendo na minha mão, o notebook começou a dar sinais de senilidade. Antes que fosse tarde demais, botei para correr os escorpiões de meus bolsos e comprei um novo notebook. Novamente da Dell. Gostei da marca, fazer o quê?

É meu equipamento atual, cuja designação Borg é ALPHA8, e tem superado minhas expectativas.

Porém, muito mais cedo do que eu esperava, esse “novo” teclado começou a dar um probleminha. Talvez uma coisa idiotamente irrelevante para qualquer outra pessoa, mas não para mim, que trabalho digitando e transcrevendo textos praticamente todos os dias, por horas a fio. De quando em quando, ao apertar a barra de espaços, em vez de dar um espaço, ele dava dois. Todo o resto funcionando perfeitamente, menos isso.

Até entendo do porquê dessa específica tecla apresentar defeito. Ela simplesmente é A MAIS UTILIZADA do teclado em qualquer texto, pois todas as 26 letras do alfabeto (mais acentos, números e outros símbolos) se alternam entre si para formação das palavras, mas entre elas SEMPRE vai ter um espaço. Ou seja, uma hora dessas tinha que dar xabu. E, no caso, se apresentou na forma desse soluço espacístico. Que nem seria tão relevante assim.

Mas, gente, eu sou perfeccionista. Ou, ao menos, tento ser.

Tá, somente talvez eu tenha um bocadinho de TOC também…

Mas já estava ficando insuportável ter que revisar tudo que eu digitava à caça dos espaços duplos!

Novamente conversei com o filhote mais velho – Técnico em Informática, Engenheiro da Computação, com formação em Marketing e prestes a se formar em Gastronomia (o_O) – e perguntei-lhe se não seria possível simplesmente fazer uma troca de switches, ou seja, da tecla da Barra de Espaço por uma outra que estivesse funcionando mas que não fosse utilizada, como, por exemplo, a tecla Scrol Lock.

(Cá entre nós: alguém NO MUNDO usa essa merda dessa tecla? Eu não uso. NUNCA usei. Aliás, nem sei pra que serve e o porquê de ainda continuar nos teclados atuais. E afinal de contas, para que serve a tecla Scroll Lock? Segundo o Sr. Google, ela remonta aos primórdios da computação, criada pela IBM com o objetivo de modificar o comportamento das teclas das setas direcionais. Num mundo de telas pequenas e ambientes baseados somente em texto, quando ativada, fazia com que as teclas de setas rolassem o texto sem precisar tirar o cursor do lugar. E nos dias de hoje? Como fazer essa “tão importante” tarefa? Basta usar a porra do botão de rolagem do mouse! Caráy! A tecla Scroll Lock é um anacronismo, uma relíquia desnecessária de um passado que ainda continua incorporada nos teclados e inútil para 99,9% de todas as pessoas DO MUNDO! E só não digo que é para 100%, porque vai que tem algum idiota preso no passado e que gosta de ficar usando funções e equipamentos de outra era…)

Enfim, o filhote disse que isso não era possível, pois o switch da barra de espaço era diferente dos das demais teclas e não seria intercambiável.

Dito isso, joguei a toalha e pedi para que ele escolhesse um teclado bão pra mim. Decidiu por um da Logitech. Déis vêiz sem juro no cartão e tá tudo certim. Inclusive já chegou, está aqui instalado e funcionando muito bem, obrigado.

Mas, ainda assim, permaneceu um gigantesco sifonáptero mordiscando na parte posterior de meu pavilhão auricular.

Pior do que estava não poderia ficar (na verdade, poderia sim, mas deixa pra lá), então resolvi desmontar o teclado defeituoso e verificar se ainda seria possível fazer alguma coisa com ele que não fosse usar de raquete para frescobol.

Pela segunda foto já deu para perceber que não existem diferenças entre as switches, né?

A única parte “complicada” é que a fixação de cada switch se dá através de duas perninhas soldadas na placa de circuito impresso. Ainda bem que meu pai me deu uma pistola de ferro de solda (a mais velhinha e detonada dentre as várias que ele tinha, mas zuzo bem), e mesmo com muito cagaço e pouca habilidade, consegui trocar as peças de lugar.

Depois de montado, conectei-o no note para testar.

Quinze minutos ininterruptos e cerca de 1.200 palavras depois, fui revisar o texto.

Sabem quantos espaços duplos?

NENHUM!

Baita orgulho de mim mesmo…

E já que estou MUITO satisfeito com meu novo teclado novo, sorte do filhote caçula, que ganhou um novo teclado velho em perfeito funcionamento!

*   *   *

Emenda à Inicial: Sobre o “Teclado QWERTY”. Imagino que para quem se depara com um teclado de computador pela primeira vez deve parecer um negócio bem esquisito. Por que todas as letras do alfabeto ficam assim “bagunçadas”? Não seria mais fácil – e mais lógico – simplesmente dispor essas letras em ordem, de modo a serem encontradas mais facilmente, sem precisar ficar decorando posições? Pois é. Mas isso é uma herança da época das máquinas de escrever. Para quem nunca se deparou com uma dessas “máquinas de digitação” (como contei aqui, quando meu filhote caçula tinha lá seus dez anos…), trata-se de um equipamento cujas teclas estão ligadas mecanicamente a hastes em cujas pontas estão os “tipos” (caracteres, como num carimbo); ao se pressionar a tecla a haste é movida para diante fazendo com que o tipo pressione uma fita com tinta e deixe sua marca no papel. Esse é o princípio básico da máquina de escrever. E, segundo diz a lenda, funcionaria muito bem se o datilógrafo teclasse DE-VA-GAR – o que, obviamente, não era o caso quando de sua criação, no longínquo século XIX, de modo que quanto maior a habilidade, mais as hastes simplesmente se encavalavam umas sobre as outras. Qual seria a solução? Rearranjar as teclas num padrão em que as hastes das letras mais utilizadas (na língua inglesa) ficassem distantes uma das outras, diminuindo a velocidade do operador e evitando o engarrafamento literário. Ou seja, o que se conta é que foi um padrão de disposição de letras criado para resolver um problema mecânico das máquinas de escrever. O que, de qualquer forma, não faz nenhum sentido para este nosso mundo digital!

Solução definitiva: legenda SRT aparece no computador e não na TV

Só para não deslembrar que há muito – muito – tempo atrás, este blog também costumava tratar de tecnologices, instalações complicadas e/ou impossíveis e assuntos afins. O que, na realidade, começou como lembretes de mim para mim mesmo, mas que tomou outra dimensão e utilidade…

Enfim, em casa não tenho sinal de TV aberta, não tenho TV a cabo e não assino nenhum serviço de streaming. Então me viro mesmo é com os torrents da vida, através dos quais baixo minhas séries recém lançadas lá fora, filmes ainda em cartaz e por aí vai. Sempre com o áudio original, na maciça maioria das vezes, em inglês. Mas, considerando meu inglês macarrônico, que é o suficiente para ultrapassar a fase “The book is on the table”, mas passa longe de qualquer ode shakespeariana, não abro mão de minhas legendas – as quais, às vezes, vem com problemas de sincronização, tradução ou simplesmente desaparecem (ainda que estejam lá).

Muito bem.

Peguei esta dica em um vídeo do Youtube (que já não lembro mais de quem era) e resolvi deixar guardada por aqui caso venha algum dia eu venha a precisar de novo – a memória já não é lá mais essas coisas… O “problema” é que no computador a legenda funciona, mas ainda assim não consegue ser reproduzida no filme na TV – mesmo apesar de os nomes dos arquivos estarem idênticos e corretas as extensões de cada um dos arquivos. O problema está no arquivo SRT, o da legenda. Todo arquivo SRT nada mais é que um arquivo de texto editável e para cada tela com legenda ele contém três linhas de informações:

1) número de ordem;
2) momento inicial e momento final; e
3) a legenda propriamente dita.

Esses “momentos” iniciais e finais correspondem à hora, minuto, segundo e milissegundo em que a legenda deve aparecer (inicial) e, logo em seguida, sumir (final). Exemplo (do filme Batman vs Superman):

1
00:00:17,684 – -> 00:00:20,353
Houve uma época…

2
00:00:20,520 – -> 00:00:22,939
uma época anterior…

3
00:00:23,106 – -> 00:00:25,859
em que as coisas eram perfeitas.

Os arquivos SRT são facilmente editáveis com qualquer editor de texto “puro” (Bloco de Notas, Wordpad, EditPad, etc), mas particularmente eu prefiro o programa Subtitle Edit (software livre, em português, disponível para Windows).

Ok, feitas essas considerações, onde está o problema da legenda que não aparece?

Pode ter duas causas (que eu saiba, pois aconteceram comigo em dois filmes distintos):

A primeira é que em algum momento, em alguma linha, foi colocado um TEMPO DE INÍCIO POSTERIOR, de modo que a leitura da legenda somente vai começar a partir desse tempo. No nosso exemplo aí de cima, seria como se a legenda nº 1 tivesse tempo de início em “00:21:00,000”, ou seja, a leitura começaria no bloco 1 e já pularia para o bloco 3 ignorando o bloco 2, cujo tempo, “ficou pra trás”. Se, numa legenda longa, essa informação equivocada estiver mais para o fim, então todas as legendas anteriores serão ignoradas.

A segunda causa é alguma legenda com TEMPO NEGATIVO, o que contamina todas anteriores. Mais uma vez em nosso exemplo, seria como se na legenda nº 3 o tempo de início fosse “00:00:23,106” e o de fim “00:00:03,106”, o que resulta em “- 00:00:20,000” e significa que vai dar um chabu geral na leitura da legenda…

De qualquer forma a solução é editar o arquivo SRT e procurar onde está o erro. Feita a devida correção e com os blocos e tempos linearmente corretos, provavelmente tudo deve funcionar a contento!

Pela atenção, obrigado.

Qualidade do sinal Wi-Fi

Esta é daquela série “dicas de mim para mim mesmo”

A pergunta é: como verificar a qualidade do sinal de uma rede Wi-Fi no Windows 10?

Sem uma ferramenta apropriada limitamo-nos àquele iconezinho na bandeja (essa linha de base aí na sua tela, cheia de desenhinhos bonitinhos dos programas em aberto ou a executar), ali do lado do relógio, sem saber na realidade se o sinal está bão, marromeno, ou ruim bagarái

Mas seus problemas acabaram! E nem precisaremos recorrer às Lojas Tabajara para isso! Mas confesso que roubartilhei essa dica daqui… No próprio Windows 10, sem a necessidade de instalação de nenhum programa adicional, é possível verificar à quantas anda o sinal de sua rede Wi-Fi (ou a do seu vizinho, se for o caso).

Uma vez que você esteja com seu computador conectado à rede (não, tira esse cabo daí, criatura – queremos medir o sinal do Wi-Fi, lembra?) basta acessar o “Prompt de Comando” do Windows 10. É, aquela “tela preta”, o “C:”, que nem nos bons (bons?) tempos do DOS 3.0. Não sabe onde está? Não se apoquente. Clique com a tecla (ou, se preferir, botão) direita do mouse na janelinha do Windows (primeiro ícone à esquerda, lá na bandeja) e no menu que se abre clique com a tecla esquerda em “Executar”. Se você é canhoto ou tem algum outro tipo de distúrbio neurológico sensorial, cuidado para não confundir direita com esquerda, senão vai dar merda. Tanto na informática quanto na política. Pois bem, na linha de comando que lhe é disponibilizada digite “cmd” (sem aspas, hein?) e tecle “Enter”. Não, não digite a palavra “Enter”, essa é aquela tecla de execução de comando que tem no seu teclado. Olhe para ele. Tem até duas delas, mas para que você não se perca, então aperte aquela que está no canto inferior direito, tá bom? Sim, isso é um passo a passo for dummies

Vai aparecer aquela tela preta que lhe falei e uma linha de comando. Nela digite as seguintes palavras mágicas o seguinte comando (lembre-se, sem as aspas): “netsh wlan show interface“.

Na sequência você terá a seguinte imagem:

Clique na imagem para ampliar!

Pronto! Tá ali a qualidade do seu sinal! Que beleza, hein? Essa tela traz também algumas informações adicionais, tais como o protocolo utilizado, a velocidade máxima da rede, o canal usado e outros dados importantes que a gente sabe que nunca vai utilizar.

Você sabe qual é a origem da arroba?

Reinaldo Pimenta
No livro: A Casa da Mãe Joana

Na Idade Média os livros eram escritos pelos copistas à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava naquele tempo). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um “m” ou um “n”) que nasalizava a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a letra, pode olhar.

O nome espanhol Francisco, que também era grafado “Phrancisco”, ficou com a abreviatura “Phco.” e “Pco”. Daí foi fácil Francisco ganhar em espanhol o apelido Paco.

Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de “Jesus Christi PaterPutativus”, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adotar a abreviatura “JHS PP” e depois “PP”. A pronúncia dessas letras em sequência explica porque José em espanhol tem o apelido de Pepe.

Já para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como “e comercial” e em inglês, tem o nome de ampersand, que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.

Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de “casa de”.

Veio à imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço – por exemplo: o registro contábil “10@£3” significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido como, em inglês como at (a ou em).

No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contábeis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo seria uma unidade de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:

1 – a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo “a” inicial lembra a forma do símbolo;

2 – os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de “10@£3” assim: “dez arrobas custando 3 libras cada uma”. Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.

Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa “a quarta parte”: arroba (15 kg em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe (quintar), o quintal (58,75 kg).

As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados). O teclado tinha o símbolo “@”, que sobreviveu nos teclados dos computadores.

Em 1872, ao desenvolver o primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido “@” (at), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim “Fulano@Provedor X” ficou significando “Fulano no provedor X”.

Em diversos idiomas, o símbolo “@” ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma, em italiano chiocciola (caracol), em sueco snabel (tromba de elefante), em holandês, apestaart (rabo de macaco); em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: shtrudel, em Israel; strudel, na Áustria; pretzel, em vários países europeus.

Darwinismo Informático

Tudo muda.

Tudo sempre muda.

Mas nunca muda totalmente, pois muitas das experiências e situações pelas quais passamos são cíclicas. Vão acontecer de novo. E daí a beleza e a vantagem de todo o conhecimento adquirido e acumulado no decorrer de todas essas mudanças: com o inescapável passar do tempo e através da evolução natural de tudo ao nosso redor, estaremos assim preparados para enfrentar esses novos desafios, essas novas situações, prontos para enfrentar o que é novo – mas não necessariamente desconhecido, para explorar novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve!!!

NÃO!

Péra.

Desculpa aí, acho que me empolguei…

Mas creio que vocês pegaram o fio da meada, né? E neste nosso causinho de hoje vamos viajar um pouco em algumas relembranças de experiências de um passado não tão remoto, mas que contextualizados numa linha natural de evolução acabaram sendo cruciais para que eu me tornasse este sujeito tão extraordinariamente especial (e modesto!) que hoje vocês conhecem! E não, não estou falando de minha vida pessoal – que já foi contada em minúcias através dos meus livros – e nem tampouco da minha vida profissional – que já foi totalmente destrinchada em Veredas da Vida.

Hoje vamos tratar um tantinho da trajetória do mundo da informática pela minha vida – algo que já contei, em parte, aqui.

Tudo começou antes mesmo da consolidação da era dos computadores – ainda com a boa e velha máquina de escrever! Afinal de contas, para ter me tornado um exímio digitador antes de mais nada eu teria que ter sido um exímio datilógrafo. E isso somente veio depois de longos quatro meses através do bom e velho cursinho de datilografia! Bem, ao menos naquela época essa era uma realidade… Apesar de tudo vejo muita gente digitando através de avançadas técnicas de catamilhografia e que estão satisfeitas com isso. Paciência.


E ói que passei com a nota 8,5!

E lá pelos idos de 85 foi que se deu (ao menos que eu me lembre nesta já provecta idade) o meu primeiro contato com o mundo da microinformática. E a criatura tinha nome: CP-500.


Sim, esse troço era gigante!

Numa época em que as linguagens de programação que “importavam” para o mundo eram o COBOL (COmmon Business Oriented Language – Linguagem Comum Orientada para os Negócios – que era voltada ao processamento de bancos de dados comerciais) e o FORTRAN (IBM Mathematical FORmula TRANslation System, voltada ao campo da ciência da computação e análise numérica), era uma verdadeira inovação aquela molecada aprendendo BASIC (Beginner’s All-purpose Symbolic Instruction Code – Código de Instruções Simbólicas de Uso Geral para Principiantes – criada especificamente para fins didáticos).


Meu primeiro “diploma informático”!

Sim, BASIC, pois ainda não se falava em microcomputadores e Sistema Operacional era uma coisa que simplesmente não existia. Os dados eram carregados no computador e nossos programas eram gravados em fitas cassete (até porque ainda não existiam disquetes no mercado comum). E não, vocês não entenderam errado não: eram fitas K-7 mesmo – para que pudéssemos executar qualquer programa que tivéssemos escrito tínhamos que conectar no equipamento um gravador (um troço de antigamente, mais ou menos do tamanho de uma caixa de sabão em pó pequena) e carregar os dados. É LÓGICO que todo mundo que programava ao menos uma vez já havia tentado colocar aquela bendita fita com dados no aparelho de som de casa (os chamados três-em-um) pra ver que tipo de ruído saía na caixa de som. Parecia coisa do demo…


Tenho até hoje minha coleção de fitas K-7 com músicas daquela época…

E o tempo foi passando e eu fui acompanhando meio de longe a evolução da espécie… Mesmo assim, ainda que sequer computador tivesse em casa, em 1988 fiz um dos “cursinhos” que pipocavam na época – que serviam mais para arrancar dinheiro dos incautos do que necessariamente prepará-los para esse admirável mundo novo que nos batia à porta. E ali aprendi os mais rudimentares conceitos de programação, planilha de cálculos, banco de dados e editor de texto. Traduzindo: Basic, Lotus 1-2-3, DBase III Plus e Wordstar. Ah, sim, e eu GANHEI a piromba do cursinho…


Como dizem por aí: “de grátis, até ônibus pro lugar errado…”

Segue o andor, até que no decorrer do ano de 1991, mais por força da necessidade do que por minha natural curiosidade, voltei a ter contato direto com a vida virtual. Em parte porque meu irmão mais velho havia comprado um “Poderoso PC XT“, com sua romântica tela verde, dois drives para disquetes 5 1/4” e – A-HA ! – não precisava de disco rígido! A inicialização utilizava um dos drives de disquete enquanto você trabalhava com o outro.

Aliás, os disquetes eram um caso à parte. O único disquete que eu havia visto antes era um enorme, de 8 polegadas, quando ainda trabalhava num banco. Já na época do PC XT, os disquetes de 1,44Mb ainda eram um sonho distante e os que usávamos armazenavam somente 360Kb – que era o suficiente para carregar um Sistema Operacional DOS 3.30 completo, mais um Wordstar para textos e dBase III Plus para bancos de dados. Porém as planilhas precisavam de mais espaço, por isso o Lotus 1-2-3 ocupava um disquete inteiro. E desde então, sendo quem somos, já dávamos nó em pingo d’água, pois estava em voga um programinha italiano que enganava o computador, elevando a capacidade do disquete de 360 para inimagináveis 800Kb! Ainda devo ter uma cópia dele perdida nas catacumbas do meu computador…

E no início dos anos noventa vieram os 386 com suas telas coloridas e coprocessadores matemáticos (normalmente só pra quem rodava AutoCAD), bem como a coqueluche do momento: o Windows 3.11, uma nova forma de trabalhar com os computadores através de um ambiente gráfico que rodava muito bem sobre o Sistema Operacional DOS 5.0. Não muito tempo depois os sistemas “estáveis” rodavam com o Windows for Workgroups sobre o DOS 6.22.


Sim, estes disquetes fazem parte de minha coleção pessoal.

Já conhecendo um tanto de configuração de microcomputadores, e, na época, trabalhando na Telesp, eis que o pessoal da CPD (Central de Processamento de Dados) descobriu que havia um funcionário novo que entendia desse novo sistema operacional que estava tomando conta do mercado e para o qual teriam que migrar – enquanto que eles estavam acostumados com os grandes e parrudos computadores e servidores que rodavam sobre o Sistema Operacional Unix. Foi uma via de mão dupla, pois enquanto eu passava para eles meu conhecimento adquirido na prática e na lida, eles me passaram o deles através de cursos nos centros de treinamento da empresa.


Eis “O” Sistema Operacional antes que existissem os demais sistemas operacionais…

E em 1995 o que surgiu? O Windows 95, é claro, trazendo uma nova concepção para o mundo da informática. A multitarefa finalmente parecia que estava saindo dos livros e entrando na vida real. Nessa época eu montava, configurava e vendia computadores em casa, de modo que foi também quando montei meu primeiro computador. Impossível hoje dizer “o que” ele era, pois muitas vezes, a cada vez que chegava um novo computador para conserto ou para montagem, eu precisava abrir o meu próprio computador para testar placas e memórias e outros quetais, de modo que hoje já não tenho mais ideia de qual seria sua configuração.

Mas uma coisa é certa: ele tinha um nome.

Ou melhor, teve vários nomes. A cada vez que eu trocava uma placa-mãe ou instalava uma nova versão do sistema operacional, era como se ele assumisse uma nova identidade, motivo pelo qual eu lhe dava um novo nome.

Nomes são importantes.

Quando você atribui um nome a algo ou a alguém – ainda que seja um nome que somente sirva para você lembrar no seu íntimo – então esse objeto ou ser nomeado passou a ser um indivíduo, não dividual, indiviso. Passou a ter uma forma como um todo reconhecível. Ou seja, ganhou uma personalidade. E, para mim, sempre foi mais fácil lidar com minhas máquinas e equipamentos dessa maneira, atribuindo-lhes características únicas que as diferenciavam de todo o restante – meus computadores de então eram extremamente dedicados a mim, mas geniosos com estranhos; já tive o Brioso, um Fusca extremamente ciumento (deveria ter sido Briosa…); o Cruzador Imperial, um orgulhoso Opala Comodoro; a sempre elegante Madame Zafira; Bilbo, o Ford Ka, também conhecido como o pequeno notável; e, é lógico, Titanic – a Lenda.

Mas deixemos os carros de lado, pois estamos aqui para falar de informática!

No ano de 1996 eu me separei de minha primeira esposa e, de bom grado, saí com somente aquilo que me interessava: a roupa do corpo, minha coleção de gibis e meu bravo computador. Que, não demorou muito, sucumbiu ao mundo capitalista e teve que ser vendido para dar sustento àquele recém-separado estudante do último ano de direito…

Mas o mundo dá voltas e não demorou muito novas e duradouras amizades vieram fazer parte desta minha vida, já um tanto sofrida, inclusive abrindo-me portas para os primeiros passos na carreira profissional de Doutor Adêvogado de Direito Jurídico… Tudo bem que o fato de eu conhecer de informática e viver acertando e configurando todas as máquinas daquele povo também ajudava, né?

Pois bem, naqueles tempos a Internet para o povão era só um mito, uma coisa que acontecia lá fora, em terras estrangeiras, e sobre a qual líamos nas “revistas especializadas”. A solução caseira em terras tupiniquins se dava através dos BBS, uma espécie de rede local via linha discada. Alás, a primeira placa de fax-modem a gente nunca esquece: era uma Zoltrix de velocíssimos 28.800 Kbps!

E então, no final de 1996, finalmente conheci a Internet. Logo após eu ter me formado em Direito, o escritório no qual eu trabalhava resolveu assinar um pacote: míseros R$100,00 por uma hora de acesso no mês (fora a conta telefônica)! Uma verdadeira pechincha! #SQN

Mas os preços foram caindo e as possibilidades se ampliando e o tempo de conexão aumentando. Foi mais ou menos por aí, lá pelos idos de 97, que criei meu primeiro blog. O ano seguinte veio a nos coroar com o Sistema Operacional Windows 98, que durante os anos seguintes reinaria absoluto em termos de estabilidade e segurança – mesmo diante daqueles que tentaram ser seus sucessores dentro da própria Microsoft (Vista e Millennium, pra citar só dois). Também foi nesse período que tive meu primeiro contato com o Linux, mais especificamente um dos primeiros produtos da empresa Conectiva, baseado na Distribuição Red Hat. Mais tarde eu viria a “brincar” bastante também com outras distribuições, em especial o Slackware e mais recentemente com o Ubuntu.

E também foi no ano de 98 que eu viria a me casar pela segunda vez. E ao juntar nossas trouxinhas agora tínhamos dois computadores, o meu e o dela, para administrarmos numa pequena rede em casa – que foi ampliada, reduzida e destruída a cada uma das mudanças que fazíamos (ao todo foram sete). Para nomeá-los resolvi partir para o básico, então simplesmente adotei o Alfabeto Grego. Alfa e Beta.

Mas, ao menos nesse novo período, curta vida teve o caquético Alfa. Exaurido por tanto ser transportado e adaptado desde a época em que estava no escritório, já na nossa segunda mudança ele deu indícios de severa senilidade que o condenaram em definitivo.

As portas estavam abertas para Alfa-2, que foi montado com o que eu tinha à mão e ainda assim sobre os restos mortais de seu antecessor (o que, eu deveria ter previsto, demonstrou ser um erro trágico). Foi vítima de uma tempestade de raios que lhe fritou totalmente os cornos. E, de quebra, meus arquivos.

Estávamos em meados de 2001 quando montei minha primeira “máquina parruda”: ALPHA3 (só pra ser diferentão…). Tinha conexões para todo tipo de cartão de memória, placa de captura de vídeo, dois HDs de gaveta (ainda não existiam HDs externos), o escambau! Desta vez tendo por base o Sistema Operacional Windows XP foi o de mais longeva duração em minhas mãos, mesmo quando do advento do Windows 7 eu me mantive fiel ao sistema anterior – até porque não queria fazer parte daquela obsolescência programada, que nos faz aposentar nossas máquinas atuais sempre que um novo sistema é lançado.

“Mas acontece que tudo tem começo; se começa, um dia acaba…”, como dizia a letra da música… E no decorrer do ano de 2010, após anos de excelentes serviços prestados, inclusive sendo responsável pela maior parte da digitalização das fitas de vídeo que tenho em casa, silenciosamente sua essência partiu para a Grande Nuvem para nunca mais voltar.

E 2010 foi uma complicado. Muito. Alfa-4 se consolidou na figura nada carismática de um computador de loja (da marca Megaware) e sinceramente não me encantou. No final daquele ano, ainda que na época não soubesse, eu viria a passar um bom tempo fora de casa, de modo que depois de alguns meses reconfigurei-o para o uso da Dona Patroa e mandei pra garagem o antigo, mas ainda vigoroso, HP Pavillion que eu havia conseguido numa boa promoção (um leilão de ponta de estoque que merece um causo à parte!).

E então veio ALFA-5… Montei carinhosamente esse computador com tudo que encontrei de melhor à época. Não vou perder tempo aqui descarregando sobre vocês um monte de tecnicidades, velocidades, clocks, megabytes e terabytes que só chateiam a leitura para os “não iniciados”. Entendam que era uma EXCELENTE MÁQUINA. Assim, em caixa alta mesmo. Para usufruir melhor de sua capacidade até mesmo abri mão de minha teimosia (ói que difícil!) e instalei o Windows 7. Tive trabalho para reconfigurar um tanto de outros programas que utilizo desde o Windows 98 – mas que até hoje não encontrei melhores no mercado, em especial no que diz respeito à Genealogia e catálogos de peças do Opala.


Alfa-5, ainda em montagem e configuração, ladeado pelos restos mortais de ALPHA3…

Nesse meio tempo, com a criançada de casa já em plena adolescência, fui atrás de algumas máquinas também para eles. Também de prateleira, todas iguais que era para não dar briga. Um detalhe: o sistema embarcado era o Windows 8. Desde o início já deixei bem claro que não conhecia aquele sistema, não queria conhecer e qualquer problema que tivessem teriam que recorrer uns aos outros e se ajudar. Seguindo a ordem alfabética grega, as máquinas entraram na rede com os nomes de Gama, Delta e Zeta (na verdade esta última era para ser “Épsilon”, mas não gostei do nome…).

Porém, como muitos já sabem, há cerca de uma semana eu soltei a seguinte nota nas redes sociais:

NOTA DE FALECIMENTO: depois de sete anos de excelentes serviços prestados, comunico a passagem do meu aguerrido computador. Há tempos já vinha dando sinais de esgotamento nervoso, com eventuais lapsos de memória e desmaios repentinos. Passou por uma recente cirurgia de transplante, após uma súbita parada de fonte. Parecia estar bem, mas hoje, por volta de 06h10min, teve um colapso fulminante e não reagiu mais aos tratamentos de ressuscitação artificial. Deixará saudades e um grande vazio em minha mesa e outro maior ainda em meu bolso.

Péssimo momento.

Foram anos de intenso uso, com muita, muita digitação, edição de imagens, planilhas e mais planilhas, muitas vezes ficando ligado dias e dias para dar conta de uploads e downloads, bem como para renderização de filmes e vídeos dos mais variados tipos.

Mas nada mais havia a ser feito.

Muitos amigos se ofereceram para me emprestar computadores e notebooks, mas, com todo respeito e profundo agradecimento que devo a cada um deles, sou extremamente sistemático. Trabalho com um gama de programas instalados e uma metodologia que só funciona se eu zerar o computador e reconstruí-lo sob essas condições (eu ia escrever “à minha imagem”, mas fiquei com vergonha…), de modo que soluções de curto prazo não se demonstrariam producentes para meu dia a dia.

Até porque ainda tenho o meu notebook (ganhado), mas que, além de jurássico, é dado a surtos esquizofrênicos, de modo que não tenho como desenvolver um trabalho de peso em cima dele.

Assim, resgatei da aposentadoria (e das teias de aranha) aquele geriátrico HP Pavillion e comecei a reconfigurá-lo até que me sobrasse algum cascalho ($$$) para começar a montar um novo computador. Mas a surpresa viria logo a seguir, de uma maneira totalmente inesperada, pois eu jamais poderia prever que o apelo que lancei à procura de quem ainda tivesse algum disquete disponível (que, diga-se de passagem, foi mera brincadeira) acabasse por surtir efeito!

Mas não basta contar o milagre, tenho que dar nome ao santo. Se bem que, de “santo”, não sei não… Então. Eis que numa bela manhã de sol, me liga o meu amigo Renato Gil e me oferece um computador que estava encostado na casa dele. Argumentou que não tem mais a mínima intenção de trabalhar com desktops e que eu poderia usá-lo à vontade. Eu já estava começando com minha ladainha de que não, muito obrigado, que legal, mas eu sou sistemático e…

“Ô seu Zé Ruela, eu tô DANDO o computador pra você! Nem sei se está funcionando direito. Se você formatar e conseguir usar, tudo bem; se quiser só usar pra arrancar as peças, não tem problema, mas ele é SEU!”

GLUP.

Eu deveria conhecer melhor os amigos que tenho…

Enfim, combinamos o combinado e fui lá buscar o bichinho encostado.

Encontrei um simpático e bem conservado computador com placa Intel DG31PR, processador Pentium E2180 de 2 GHz e com 2 núcleos, 2 GB de RAM DDR2 800, fonte de 450 Watts e um modesto HD de 150 GB. Formatei-o e, mais uma vez dando a mão à palmatória, já sabendo que meu próximo computador vai ter que estar atualizado para os dias atuais, resolvi instalar o Windows 10 – na verdade foi por insistência do filhote mais velho, hoje técnico em informática e estudante de engenharia da computação, que preferia inclusive o sistema de 64 bits, mas que não foi suportado pelo computador.

Instalei em paralelo o HD de 1 TB do Alfa-5, onde estão todos os meus arquivos (fora os backups) e confesso que deu um tanto de trabalho para instalar (malditos pendrives de boot!) e outro tanto para configurar (nada está onde deveria estar – ah, que saudades do Windows 98!), mas enfim consegui. Estável. Leve. Rápido. Sem travamentos. Esse novo sistema impressionou-me de maneira extremamente positiva. Baixei e instalei os programas de uso diário devidamente atualizados (sempre freeware ou software livre) e desci às minúcias de configuração. Tudo bem. Tudo bom. Inclusive é nele que estou escrevendo e publicando essas tortas linhas de sempre. Assim nasceu Alfa-6.


Ladies & Gentlemen: conheçam Alfa-6!

Ainda falta configurar um tanto de cousas, mas estou bastante confiante e otimista, pois esse menino vai ficar comigo por um bom tempo. Ao menos até eu conseguir levantar fundos suficientes para nossa próxima grande aventura neste nosso evolucionário mundo do Darwinismo Informático. Aguardem, pois mais dia, menos dia, vocês virão a conhecer seu sucessor: ALPHA7! 😉

(E, mais uma vez, MUITO OBRIGADO, Renato, seu lindo! Valeu mesmo! 😀 )

Maldito Erro 0x80070570

Doze horas.

DOZE HORAS praticamente ININTERRUPTAS!

Acontece que consegui uma boa placa, já com processador, memória, ventuinha e o escambau, a um bom preço para atualizar o bom e velho (mais velho que bom) computador da Dona Dete, também conhecida como “Senhora Minha Mãe”. É, filho que é filho tem que fazer dessas coisas de vez em quando…

Desconecta aqui, reconecta ali, troca isso, aquilo, aqueloutro, põe pra rodar o CD de instalação do Windows 7 (uma daquelas famosas “cópias para avaliação perpétua”), vai indo tudo muito bem até que… BUM!

Não, a bagaça não explodiu não. O que eu quis dizer é que deu pau. Um tal de “Erro 0x80070570”. Toca a buscar na Internet (Santo Google, Batman!): depois de vários fóruns, páginas de curiosos e até mesmo um vídeo que a cada gerundismo (e não foram poucos!) parecia me soar um gongo na cabeça, ficou claro que esse tipo de erro estaria vinculado a alguma falha na mídia de instalação, no próprio HD, ou, ainda, na memória RAM.

Ainda me restou a vã esperança de tentar crer piamente que fosse alguma questão de configuração específica. Talvez até mesmo por conta da tentativa de instalação direta. Com algum custo (também surgiram vários outros erros) consegui instalar um Windows XP SP3 na máquina. O suficiente para tentar rodar alguns diagnósticos.

Nada.

O erro teimava em se repetir.

Desacelerei a BIOS, alterei a velocidade de escrita e leitura tanto do disco rígido quanto da memória, xinguei¹, chutei², rezei, acendi vela, quase chorei, mas o máximo que consegui foi que em algumas das tentativas a mensagem de erro fosse alterada para “Erro 0xc0000005”. Depois de uma pesquisada rápida descobri que isso seria problema de configuração mínima da máquina, falha no HD ou na memória RAM. Grande porcaria. Basicamente a mesma coisa.

O negócio então seria ir por exclusão até descobrir o verdadeiro fator de erro que estava bugando minha instalação.

Primeiro ponto. A configuração da máquina era mais que o suficiente para instalação do Windows 7, que exige no mínimo 1 GHz para o processador, 1 GB para memória RAM e 16 GB de espaço livre no HD. Nada aqui.

Segundo ponto. A mídia de instalação estava em perfeito estado – tanto é que tentei com mais de um CD diferente, e até mesmo através de pendrive (não precisa ser “bootável”, basta copiar os arquivos do CD para ele). Nada aqui também.

Terceiro ponto. O HD foi verificado através do bom e velho CHKDSK, via prompt de comando, tendo rodado de cabo a rabo sem nem um pontinho de erro. Nadica de nada.

Quarto e último ponto. A memória RAM. Como testar esse negócio? Através do programa certo, é óbvio. E qual seria? Dos vários disponíveis pela Internet o mais recomendado foi o Memtest86+, que, inclusive, em uma de suas últimas versões transforma um pendrive para que o sistema seja inicializado por ele (o tal do pendrive “bootável”…) e automaticamente execute o programa de diagnóstico.

E qual foi o resultado?

Bem, confesso que ainda não acabou o diagnóstico, mas após mais de quarenta minutos rodando e já tendo acusado – até agora – 12.544 erros, por exclusão só me resta incluir a memória como a culpada, muito culpada, tão grande culpada…

Mèrde.

Clique na imagem para ampliar!

P.S.: Segundo o profundo conhecedor do mundo da informática, Bob Charles, em seu livro best-seller interplanetário “Como não enlouquecer com seu computador”, temos que:

¹ Software é aquilo que você xinga;

² Hardware é aquilo que você chuta.