B1. I – História e Evolução do Computador

A SEGUNDA GERAÇÃO (1958 – 1964)

Construídos com Transistores (inventados em 1948 nos Laboratórios Bell, EUA) utilizando a técnica do circuito impresso, eram chamados de computadores de estado sólido (pois as válvulas trabalham a base de um gás). Tornaram-se mais compactos e rápidos, além de apresentarem um menor consumo de energia e aquecerem bem menos que os da Primeira Geração.

Utilizavam como linguagem de programação as linguagens de montagem (assembly) e algumas das chamadas de alto nível, como o COBOL (Common Business Oriented Language), ALGOL e FORTRAN (Formula Translator). Começaram a ser utilizados como memória os núcleos de ferrite, a fita magnética e os tambores magnéticos.

São exemplos clássicos dessa geração o SIEMENS 2002, lançado em 1958 na Alemanha, e os IBM 1401 e IBM 7094, lançados pela IBM, que chegou a comercializar mais de dez mil unidades dessas máquinas. É dessa época também o surgimento da primeira de uma série de máquinas das quais mais tarde se originaria o primeiro minicomputador – o PDP-1 – da Digital Equipment Corporation (DEC), em 1959.

Apesar das melhorias, ainda apresentavam vários problemas, como a limitação da capacidade de dados (memória).


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Uma garibada na língüa portuguêza

Pra mim escrever esse texto foi um poblema. Uma questão de célebro mesmo. Pelo menos quando eu era de menor tudo que eu fasia ia de encontro às minhas pretenções, ou seja, tudo que eu pritendia – ainda que mais tarde precizasse de concerto – eu conseguia de primera. Mas quando fiquei afim de falar algo sobre êrros de portuguêz, também fiquei meio desacorçoado. A impressão é de tentar estacionar um carro que não estersa de jeito nenhum. Apesar de já ser adevogado há um bom tempo, e – em tese – saber onde vai cada acento e asterístico de uma fraze, à partir daquele momento (da decisão de escrever o texto) percebi que não seria fácil, haja visto que poderiam haver muitas dificuldades. Arriscando um exagero, poderíamos dizer quer foi quaze um estrupo mental… Porisso estejam cientes que, por mais complicado que seje, quando a gente queremos, a gente conseguimos!

Mas acho que já estou enrrolando muito. Se continuar assim eu vou estar passando uma idéa de que não vou estar conseguindo atinjir meu objetivo beneficiente: o de simplesmente ajudar a criar uma discussão saldável desse tema que fazem semanas que venho tentando abordar. Tudo bem, tudo bem, não sou nenhum herói por causa disso. Não precisam estar mandando fazer nenhuma estátua em mármore de minha pessoa, nem mesmo presentear-me com uma casa (ainda que germinada). Isso porquê o que fasso sempre é por praser, e não por obrigação. Ninguém precisou me colocar em cheque praisso.

Em fim, acho que já temos exemplos suficientes de coizas que devemos evitar. Creio que prolongar esse texto com mais ou com menas frases não iria adiantar. Na verdade tudo que eu realmente queria era mostrar que devemos ter um grande cuidado com a hortografia!

ELUCIDÁRIO:
guaribada
língua
portuguesa
para eu
problema
cérebro
menor de idade
fazia
ao encontro de
pretensões
pretendia
conserto
precisasse
primeira
a fim de
erros
português
descoroçoado
estorce
advogado
asterisco
frase
a partir
haja vista
poderia haver
quase
estupro
por isso
cientes de que
seja
quer
consegue
enrolando
vou passar
idéia
vou conseguir
atingir
beneficente
saudável
faz semanas
mandar fazer
estátua de mármore
me presentear
geminada
porque
faço
prazer
xeque
para isso
enfim
coisas
menos
ortografia

Karina do Nihon

Pra vocês verem como são as coisas… Há algum tempo encontrei o blog da Karina (Meu Japão é assim…) e gostei. Tanto, que o adicionei na minha lista aí do lado. Trocamos duas ou três palavras através de comentários em alguns posts – o que só veio a confirmar o quão simpática e agradável ela é. Mas eu nem sabia o quão famosa ela também o era! Já foi até musa inspiradora para uma das crônicas de Mario Prata! Nas palavras da própria, “apesar do título comprometedor: Minhas Mulheres e Meus Homens”, nesse livro é que foi publicada a crônica.

Quem quiser conhecê-la um pouco melhor, além do próprio site, pode ler também uma entrevista (com foto!) no Plurality, de Paulo Nagoya.

Segue a crônica do Mario Prata:

Karina de Belô

(Publicado originalmente em O Estado de S. Paulo, de 31/03/99)

Aquelas doidas e maravilhosas adolescentes, que fizeram uma home page minha, com a maior intimidade colocaram lá, no mês passado: o Pratinha faz aniversário este mês. Clique aqui para mandar parabéns para ele.

Vários desocupados e desocupadas clicaram e a Manuela me mandou as mensagens. Respondi a todas, agradecendo o carinho e o etecétera.

Mas foi aí que surgiu a Karina. Me respondeu dizendo que as colegas dela na faculdade de jornalismo não acreditaram que eu tivesse escrito para ela: “Imagine se o Mario Prata ia escrever para você!” Será que as colegas dela acham que eu não sei escrever?

E mais, dizia a Karina: estava fazendo um trabalho sobre cronistas, centrado em mim e queria saber qual a maneira que eu poderia ajudá-la.

Uma entrevista, uma palestra lá?

Respondi que estava havendo um pequeno engano. Meu nome era Mario Prata, mas eu não era o escritor. Era até parente. Sou dentista aposentado, fui logo informando. Mas, para sair do marasmo que era a minha vida, agradecia o convite para palestrar e poderia ir até Belô fazer uma palestra sobre molares aninos (que nascem no ânus). Disse ainda que tinha slides e precisava de uma cadeira de rodas para me pegar no Aeroporto da Pampulha, pois era paraplégico. E mais, informei: era solteirão e virgem, promessa feita no leito de morte da minha mãe, jurando de joelhos juntos que só me casaria com moça mineira, cujo nome começasse com K. Mamãe, em vida, foi apaixonada pelo Kubitschek.

A Karina adorou a idéia da palestra sobre os molares aninos. Achei meio esquisito tal atitude. Foi quando eu parei e achei que estava indo longe demais. E o pior: na última carta, ela pedia para eu parar de chamá-la de menina, porque, o fato de ela estudar jornalismo não significava que era uma jovenzinha.

Muito pelo contrário. E me contou a sua vida. Tinha 67 anos, viúva, filhos criados, resolveu estudar. Fez bem, pensei: escreve certo como gente grande, dominando as vírgulas e as respirações como uma Clarice Lispector. Parei de novo. Percebi que a dona Karina estava se empolgando com o doutor Mario, dentista. Essa coroa vai pegar no meu (dele) pé, pensei. E agora?

Mandei mais uma, que começava assim: “Agora sei por que o meu marido, o Mario, não queria que eu aprendesse computação. Era para não descobrir essas sem vergonhices dele” e, como esposa de mim mesmo, arrasava com a dona Karina.

Ela mandou outra carta para o dentista dizendo estar decepcionada com o fato de eu mentir sobre minha condição de solteiro, virgem e paraplégico. Estava decepcionada comigo. Ela, que estava até pensando em fazer um acróstico do dentista solitário.

Foi a vez de uma das minhas (do dentista) sete filhas, a Magdala, entrar na história e comunicar à mineira que ela era a causa da discórdia, da lascívia e do cabritismo que se instaurara (Magdala estuda Letras na PUC) no nosso lar, desde que ela “a escroque rampeira das Alterosas” havia surgido. Que, pelo amor de Deus, deixasse a nossa família em paz, no aconchego do até então feliz lar.

O bate-boca continuou até que a minha mulher tentou o suicídio e as minhas filhas estavam dispostas a ir até Belo Horizonte matar a dona Karina. Mas parece que a viúva não se tocava e estava mesmo a fim de mim – dentista, paraplégico ou não, virgem ou pai de sete filhas.

E eu – dentista, especialista em molares aninos, devo confessar, comecei a gostar da viúva, futura colega do primo Mario jornalista.

Foi quando ela mandou um último e definitivo e-mail: “Mario (escritor): obrigada por ter me ajudado. Fizemos (eu e você) um trabalho maravilhoso. Ficou bem melhor do que eu poderia imaginar.

Tenho 21 anos e estou mandando uma foto minha.”

Meu Deus! A foto da viúva de 21 anos! Me desejando, num balão de história em quadrinhos, feliz Páscoa.

E eu fico por aqui, completamente apaixonado. Não sei se é o dentista pela viúva ou o escritor pela futura jornalista. Sei que um de nós convidou-a para passar a Páscoa com ele.

É, Karina, quando baixa um dentista aposentado e apaixonado dentro da gente, querendo mostrar slides de molares aninos, deve significar que o cronista anda sozinho, muito sozinho, sentado numa cadeira de rodas, ouvindo Elvis Presley e Arnaldo Antunes na mesma faixa, como se fosse um adolescente com dor de dentes.

B1. I – História e Evolução do Computador

O COMPUTADOR VAI À GUERRA

As máquinas existentes até então já tratavam de cálculos complexos, sendo o parque industrial formado por máquinas mecânicas e eletromecânicas, entretanto o grande salto se daria com o advento da guerra. A indústria bélica, sem dúvida, foi responsável por um grande avanço na área científica.

A Segunda Guerra Mundial acelerou os projetos de máquinas capazes de executar cálculos balísticos com rapidez e precisão. Tais cálculos eram necessários em virtude das armas utilizadas à época, que precisavam de tabelas que relacionavam o ângulo de inclinação à distância do alvo e à munição. Dessa maneira a utilização de computadores, ao invés de uma equipe com calculadoras mecânicas, seria capaz de decidir o desfecho de uma batalha.

Na Alemanha, em 1941, Konrad Zuse concluiu a primeira máquina de calcular eletromecânica que trabalhava sob o controle de um programa, o Z3, o qual infelizmente foi destruído em Berlim, durante a guerra. Era utilizado para codificar mensagens para os países do eixo. Como resposta, a Inglaterra, através de Alan Turing, criou em 1943 uma série de dez máquinas denominadas Colossus, cuja principal tarefa era justamente decifrar tais mensagens.

Com a ajuda financeira da IBM, em 1944 a equipe do professor Howard H. Aiken, da Universidade de Harvard, concluiu a maior máquina de cálculo eletromecânica jamais construída: o Mark I. Com sua tecnologia baseada em relés, possuía cerca de 760.000 peças, 800.000 m de fios, media 17 metros de comprimento por 2 metros de altura, pesando cerca de 70 toneladas, realizava uma operação de soma em 0,3 segundos, multiplicação em 0,4 segundos e divisão em cerca de 10 segundos. A entrada de dados se dava através de unidades de cartões e fitas perfuradas.

Desde então a evolução dessas máquinas de calcular programáveis – desses computadores – passou a acompanhar a própria indústria eletrônica. O número de máquinas que surgiu a partir daí tornou-se cada vez maior e sua evolução pôde então ser analisada dividindo-as em famílias ou Gerações de Computadores.

A PRIMEIRA GERAÇÃO (1942 – 1958)

Utilizava Válvulas como componente eletrônico básico. Além de grandes e pesados consumiam muita energia, causando super aquecimento em pequeno espaço de tempo, além de o processamento ser demasiado lento. Sua linguagem de programação era a linguagem de máquina e a única memória para armazenar informações eram os cartões perfurados.

Antes do primeiro computador eletrônico propriamente dito, em 1942, John Vincent Atanasoff, professor da Iowa State University, juntamente com seu colaborador Clifford Berry, ambos participantes do projeto ENIAC, construíram uma máquina eletrônica que operava em código binário, seguindo a idéia de Babbage. Deu-se à máquina o nome de ABC (Atanasoff Berry Computer), sendo esta, verdadeiramente, a primeira máquina digital de calcular.

Temos como exemplo clássico da primeira geração de computadores o E.N.I.A.C. (Electronic Numerical Interpreter And Calculator), o primeiro computador inteiramente eletrônico, projetado com finalidades militares pelo Departamento de Material de Guerra do Exército dos EUA, na Universidade da Pennsylvania em 1946. Fazia parte de um projeto desenvolvido por John von Neumann e possuía 18.000 válvulas, 500.000 conexões de solda, pesava cerca de 30 toneladas, com um volume de 111 m³ e sua velocidade de processamento era de 0,1 MIPS (Milhões de Instruções Por Segundo). Seu consumo era tão grande (100.000 a 200.000 watts) que, quando em funcionamento, a cidade de Filadélfia sofria uma grande queda na iluminação.

Desde aquela época Neumann já advertia que a maior conquista dos cientistas com os primeiros computadores seria “obter informações confiáveis de estruturas não confiáveis”…

Apesar de tudo o ENIAC não foi explorado comercialmente, devido, principalmente, às suas exageradas proporções. Outros projetos levados a cabo em 1949 foram o EDSAC (Electronic Delay Storage Automatic Computer) e o EDVAC (Electronic Discrete Variable Automatic Computer), que serviram não só para aprimorar o projeto original como também para diminuir o tamanho das máquinas.

Em 1951 foram anunciados os primeiros computadores digitais capazes de armazenar programas e disponíveis comercialmente: UNIVAC I (Universal Automatic Computer), construído por John Mauchly e John Presper Eckert Junior, UNIVAC II, MANIAC I, MANIAC II, EDVAC II e IBM 701.

É dessa época, também, que foi encontrado o primeiro bug de computador. Explica-se: em 1945 um dos inúmeros operadores, Grace Hopper, encontrou um inseto (bug) morto e preso a um relê, causando assim um erro durante a execução de um programa. Desde então, quando a máquina parava de funcionar e tentava-se corrigir o problema, começou-se a dizer que se estava fazendo o debugging do computador. Mais tarde este termo foi incorporado na área de software, para indicar erros de programação…


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B1. I – História e Evolução do Computador

“Inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com as coisas como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É perseguido por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa enquanto não materializa seus projetos.”

Alexandre Graham Bell
Inventor

A PRÉ-HISTÓRIA

O computador é um equipamento capaz de aceitar elementos relativos a um problema, submetê-los a operações pré-determinadas e chegar ao resultado desejado. Ou seja, o computador é uma máquina cujo sistema permite realizar uma série de tarefas de maneira ordenada, objetivando a solução de um problema. Essas tarefas ordenadas, visando a obtenção de resultados específicos, constituem o Processamento de Dados.

Observe-se que Dados são os elementos inseridos no computador relativos ao problema que se deseja solucionar. Informação é o resultado obtido após o processamento destes dados.

Os computadores na forma como hoje os conhecemos são frutos de uma longa evolução, evolução esta que não necessariamente se deu de modo linear. Ora, se o computador é um instrumento utilizado para o processamento de dados, seu desenvolvimento histórico deve, pois, estar ligado diretamente à capacidade do ser humano processar dados no decorrer de sua evolução.

Isto posto, vamos a um pouco de história.

Já os antigos pastores gregos e egípcios utilizavam “pedrinhas” para controlar a quantidade de reses de seus rebanhos. Nesse primitivo método cada rês era representada por uma pedra, de modo que o pastor deveria ter tantas pedras quanto animais para um efetivo controle. As pedras utilizadas eram, em sua maioria, de calcário, denominadas “calculi”, dando assim origem à palavra cálculo.

A origem mais remota relacionada aos computadores pode ser associada à criação de um instrumento denominado Ábaco. O primeiro ábaco que se tem notícia surgiu no vale entre o rio Tigre e o Eufrates por volta do ano 3500 AC e foi um dos primeiros instrumentos criados para auxiliar o homem em seus cálculos, sendo ainda hoje utilizado em muitos países, inclusive no Brasil (o ábaco também é conhecido como Suan-Pan na China e como Soroban no Japão).

Basicamente tratava-se de uma placa de barro ou madeira com várias hastes com pequenas contas que podiam ser movimentadas fácil e rapidamente, tornando o cálculo semi-automático. O ábaco conhecido nos dias de hoje é, de modo geral, uma armação que contém contas que deslizam, semelhante ao modelo ancestral, de modo a representar os números em unidades, dezenas, centenas e milhares (parecidas com àquelas que vemos em lousas infantis).

Outro instrumento que vale ser citado é o Calculador de Movimento dos Astros da pequena ilha grega chamada Antikhera, construído provavelmente há cerca de 2000 anos.

Apesar de estranho, o ábaco, bem como a simples contagem utilizando os dez dedos, foram suficientes por um longo tempo ao ser humano, de modo que somente no século XVII as necessidades de cálculo se tornaram mais complexas, quando se deu um grande desenvolvimento da Matemática.

Certamente após o aparecimento do ábaco, as máquinas de calcular foram sendo aperfeiçoadas, no entanto pouco pode-se afirmar sobre o período que vai desde a Idade Antiga até o final da Idade Média. Marcado por guerras que encarregavam-se da destruição de antigas bibliotecas e pela monopolização do conhecimento pela Igreja, o “Obscurantismo Medieval” reservou aos historiadores de hoje muita dificuldade em encontrar material de pesquisa referente àquela época.

Por volta de 1600, novas soluções mecânicas foram surgindo para o antigo problema de calcular. John Napier (1550-1617), inventor dos logaritmos naturais, criou a Tabela de Multiplicação e Wilhelm Schickard (1592-1635) a Máquina de Calcular, capaz de desenvolver as quatro operações básicas (somar, subtrair, multiplicar e dividir).

Blaise Pascal (1623-1662), filósofo e cientista francês, criou em 1642 uma máquina baseada em engrenagens que servia somente para somar e subtrair números de até oito algarismos. Com apenas 19 anos à época, sua intenção ao inventar tal engenhoca era a de auxiliar o pai a calcular seus impostos. Essa máquina foi chamada de Pascaline (em homenagem à sua modéstia…).

Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716), matemático alemão, com base na máquina projetada por Pascal desenvolveu alguns anos depois (1694) uma máquina que, além da soma e subtração, também possibilitava multiplicar e dividir – foi esta a predecessora das máquinas de calcular mecânicas.

Thomas Colmar, mais tarde, aperfeiçoou a idéia de Leibniz, dando origem em 1820 a um instrumento chamado Aritmômetro.

No entanto todas essas “máquinas de calcular” diferem de um computador no sentido de programabilidade. Apesar de receberem dados e fornecerem informações, seu campo de atuação limitava-se a operações matemáticas simples. Um computador deve ser capaz de executar uma sequência completa de instruções fornecidos anteriormente, de modo a haver um real processamento dos dados que lhe foram transmitidos.

Joseph Marie Jacquard (1752-1834) construiu em 1801 um tear automático baseado na inserção de cartões de madeira com entalhes (perfurados) para separar fios, o que permitia controlar a confecção dos tecidos e seus desenhos. Esta pode ser considerada a primeira máquina mecânica programada efetivamente construída.

Porém o primeiro projeto desenvolvido necessariamente com essa nova preocupação, e capaz de realizar qualquer operação matemática, foi idealizada pelo matemático e engenheiro eletrônico, Charles Babbage (1792-1871) em 1833. Chamava-se Máquina Analítica e utilizava um sistema de cartões perfurados que davam instruções à máquina, também de uma maneira completamente mecânica. Esses cartões são considerados os primeiros Programas de Computador e foram escritos na sua maioria por Augusta Ada Byron (filha do poeta inglês Lord Byron; veio a tornar-se a Condessa de Lovelace após o casamento), que criou toda a lógica de programação que necessitava. Em homenagem à primeira programadora da história, deu-se o nome de ADA a uma linguagem de programação para uso científico e comercial, desenvolvida nos anos 80 pelo Departamento de Defesa americano.

Apesar de genial, a Máquina Analítica não passou de um projeto, não chegou a ser construída por não corresponder às necessidades da época, ou seja, não havia utilidade prática que justificasse o alto investimento necessário. O próprio governo inglês, por intermédio do primeiro-ministro Robert Peel, rejeitou as pesquisas de Babbage com a seguinte pergunta: “Que tal botar essa máquina para calcular quando ela mesma terá alguma utilidade?”

Entretanto a lógica criada por Babbage em seu projeto foi adotada nos modernos computadores eletrônicos, quer sejam: o dispositivo de entrada, um local de armazenamento de dados, um processador, uma unidade de controle para direcionamento de tarefas e um dispositivo de saída. Com base nessa herança é que Babbage é tido como Pai da Computação.

Necessário se faz citar, também, a contribuição de George Boole (1815-1864), matemático inglês, que em 1854 desenvolveu a Teoria da Álgebra de Boole, que permitiu a seus sucessores a representação de circuitos de comutação e o desenvolvimento da chamada Teoria dos Circuitos Lógicos (a Álgebra Booleana consiste em um sistema de regras que visam definir, simplificar ou manipular funções lógicas com base em afirmações que são verdadeiras ou falsas – AND, NOT, OR).

O mesmo princípio dos cartões perfurados empregado por Jacquard e Babbage foi também utilizado por Hermann Hollerith (1860-1929), imigrante alemão, funcionário do U.S. Census Bureaux, por volta de 1880 na construção de um sistema para o processamento de dados do censo populacional norte-americano (encomendado pelo próprio governo). O resultado demorou 7 anos para ser obtido – muito menos do que o normal – graças à Máquina de Recenseamento ou Tabuladora de Hollerith. Em 1890 Hollerith inovou o sistema, diminuindo o tempo de processamento para 2 anos.

Graças a esses esforços, Hollerith fundou em 1896 uma empresa para comercializar tais máquinas: a Tabulating Machines Company (TMC).

Entretanto Hollerith era, na realidade, melhor inventor que administrador, e acabou por vender sua empresa, em 1914, à Computing-Tabulating-Recording (CTR).

A CTR, por sua vez, era uma espécie de conglomerado organizado a partir de 1911, dirigido por Charles Flint (“The Trust King”), que abrangia três tipos de negócios: o que fabricava balanças, moedores de café e cortadores de queijo; o que fabricava relógios de ponto; e, como sua última aquisição, o que fabricava separadores mecânicos (uma espécie de máquina de tear e calculadoras).

Tom Watson foi contratado em 1914 como gerente-geral na CTR. Mais tarde, na época da Depressão, conseguiu comprar ações suficientes da empresa para dirigi-la. Em 1924 Watson mudou o nome da empresa para International Business Machine Corporation (IBM).

Começa assim a escalada ao sucesso da “Big Blues” (referência ao logotipo da IBM), que atingiria seu apogeu em meados da década de 60 e 70 e encontraria seu nêmesis na figura do microcomputador, imcompatível com a filosofia interna de mainframes (grandes computadores) da empresa. Mas estou me adiantando…

Historicamente temos, também, a presença de William Burroughs, que em 1892 inventou uma máquina que daria origem à indústria de calculadoras de escritório.


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Ismália

Segue uma pitada de boa, velha e bem antiga poesia pra quebrar um pouco o ritmo desses dias meio turbulentos pelos quais passamos…

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

Sobre as idéias de propriedade

Estudando alguns textos acerca de Creative Commons, deparei-me com o seguinte trecho, muito elucidativo e surpreendentemente atual:

Se a natureza fez alguma coisa menos suscetível que outras de tornar-se propriedade exclusiva, é a ação do poder pensante chamado ‘uma idéia’ que um indivíduo pode possuir com exclusividade, enquanto a mantiver para si próprio; desde que essa idéia é divulgada, ela se torna posse de todos, e o receptor não pode despossuir-se dela. É característica peculiar dessa idéia, também, que ninguém a possui em parte porque qualquer outro a possui no todo. Aquele que recebe de mim uma idéia tem aumentada a sua instrução sem que eu tenha diminuída a minha. Como aquele que acende sua vela na minha recebe luz sem apagar a minha. Que as idéias passem livremente de uns aos outros no planeta, para a instrução moral e mútua dos homens e a melhoria de sua condição, parece ter sido algo peculiar e benevolentemente desenhado pela natureza ao criá-las, como o fogo, expansível no espaço, sem diminuir sua densidade em nenhum ponto. Como o ar que respiramos, movem-se incapazes de serem confinadas ou apropriadas com exclusividade. Invenções, portanto, não podem, na natureza, ser sujeitas à propriedade.

Thomas Jefferson

Ainda voltaremos a falar mais sobre isso por aqui…