No apagar das luzes

E eis que chegamos ao último dia do ano!

Estamos a apenas algumas horas do Réveillon (é, eu também achei esquisito, mas é assim mesmo que se escreve) e resolvi dar uma passadinha por aqui para uma rapidinha – a última de 2007.

A bem da verdade já há alguns dias venho ruminando o que escrever no dia de hoje…

Primeiro pensei em fazer uma espécie de retrospectiva pessoal do ano que passou, os fatos marcantes, os grandes acontecimentos, as melhores histórias, etc. Percebi que não teria assunto para nem meia dúzia de linhas…

Então imaginei algo mais zen, falar sobre as grandes novas amizades que surgiram no decorrer desse ano, sobre aquelas que se consolidaram, bem como aquelas que continuam marcantes, apesar da distância e da falta de contato. A redescoberta de parte de minha própria família – tanto os que estão longe quanto os que estão perto – foi uma constante nesse período. Mas isso tudo é algo por demais intimista, que diz respeito ao carinho especial que tenho por cada um de meus amigos e amigas (quer sejam parentes ou não), e resolvi deixar isso de lado.

Pensei em dar uma repassada pela política. Cogitei em falar sobre tecnologia. Quase escrevi sobre música. Família. Crianças. Software livre. História. Genealogia. Língua portuguesa. Causos – jurídicos ou não. E(in)volução da legislação.

Tudo isso bailou em minha mente, mas nada se fixou.

Pensamentos que fluíram como folhas que rodopiam correnteza abaixo num pequeno e límpido riacho…

Pois é.

Já é a trigésima oitava vez que atravesso de um ano para outro. Acho que não tenho mais expectativas mirabolantes sobre o ano vindouro. Não é o simples encerramento de um ciclo solar que vai fazer com que um ser humano mude por completo seu caráter, sua personalidade, seus planos, seus anseios ou sua capacidade de dar com os burros n’água.

Pensando bem, creio que sequer lembro-me de meia dúzia ou mais passagens de ano. Assim, dos detalhes, ao menos. A maior parte – tenho certeza – foi em família. Qualquer que seja, minha, de outros, a antiga, a atual, mas em família.

Particularmente, tenho carinho especial por uma que passamos a três: eu a Dona Patroa e o filhote mais velho (único à época) – ainda baila na lembrança a carinha sorridente dele com toda aquela festança colorida só nossa…

Noutra oportunidade – creio que no ano anterior – estávamos também nós três em plena praia vendo a queima de fogos, milhares de pessoas (eu disse milhares de pessoas) perambulando para todos os lados e quem encontro? Meu amigo, compadre, companheiro e sócio Luisinho. Se tivéssemos combinado, não teria dado tão certo!

Muitas vezes passei com amigos. Muitas vezes na balada. Pelo menos duas (ou três) tenho certeza que fiquei zanzando sozinho pelas ruas da cidade, sem vontade alguma de participar de nada daquilo.

Mas, para quem ia dar apenas uma rápida passada, já estou me estendendo por demais. A Dona Patroa já está pressionando para sairmos e ainda preciso me trocar.

Então fica aqui uma simples pergunta para quem quiser ou ousar responder: alguém realmente se lembra de todas suas passagens de ano? Qual a melhor? Qual a pior? E que tal foi essa última, então?

Tá, eu sei, não foi apenas uma pergunta – mas vocês pegaram o espírito da coisa!

Pois bem, crianças, volto em 2008. Provavelmente mais pro final da semana…

Boas festas a todos!

Correndo, correndo, correndo

Quem disse que final de ano é época de descanso?

O fluxo de trabalho anda batendo recordes, o ponteirinho da pressão passou da margem vermelha de segurança, o vapor já começou a apitar e sair em disparada pelos ouvidos e a coisa não para.

Apesar da pertinaz ajuda das minhas meninas (as advogadas e a estagiária que trabalham comigo), já estou antevendo o momento em que elas vão acabar me tocando da sala, tal é o mau humor que venho demonstrando por estes dias…

A elas só posso pedir paciência. Tudo passa. Tudo tem limite.

Para deixá-las um pouco em paz (e livres de minha presença) hoje vou pra Capital (do Estado, não do País) para uma daquelas reuniõezinhas básicas. Além de lhes dar sossego, também vai servir para dar uma espairecida na cabeça…

Isso porque a parte divertida da coisa é que vou acompanhar o amigo Bellini para resolver um perrengue de um convênio. Ele é tenente-coronel da polícia militar, atualmente na reserva (uma espécie de aposentadoria), e figurinha ímpar no pedaço. Sempre vestido de preto da cabeça aos pés, com um longo rabo-de-cavalo que se contrapõe à calvície do topo, amante de um bom e velho rock pesado, de temperamento forte mas com um coração de ouro, possui assunto e disposição pra qualquer proseio que se possa imaginar. Em suma, é daquelas figuras antigas de cujo estofo se forjam lendas.

É. Apesar da correria, parece-me que talvez o dia de hoje possa vir a ser um pouco mais calmo…

Questão de ódio – IV

Acho que nem preciso mais lembrar que simplesmente odeio o Santander-Banespa. Já falei disso disso por umaduas e três vezes.

E agora estou MUITO bem acompanhado… TODA a população de uma cidade – vejam só!

Conforme já foi noticiado e como também fiquei sabendo por fontes pra lá de fidedignas, a agência do Banespa de Igaratá (diga-se de passagem, o ÚNICO banco da cidade) simplesmente vai fechar.

Nem é preciso dizer o quanto o povo de lá deve estar indignado com essa situação. Só pra se ter uma idéia, a agência bancária mais próxima fica a nada menos que uns vinte quilômetros da cidade!

Então, caso vocês, caros leitores, ainda tivessem alguma ínfima esperança de credulidade de que essa implicância seria algo pessoal, agora já podem repetir comigo (e com todo o povo de Igaratá):

“O-DI-A-MOS-O-SAN-TAN-DER-BA-NES-PA!”

“A Lua”

Depois de ler o que o Bicarato citou e o que o Pedro Dória escreveu, bateu uma saudade quando lembrei-me da letra dessa música…

“A Lua – MPB4 – Composição de Renato Rocha

A Lua
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua novamente
Diiiizz!…

Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua-Nova…

Mente quem diz
Que a Lua é velha…(2x)

Mente quem diz!

A Lua!
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua novamente…

Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua-Nova…

Mente quem diz
Que a Lua é velha…(2x)

Mente quem diiiiiz!

A Lua!
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua-Nova…

Mente quem diz
Que a Lua é velha…(2x)

Mente quem diiiiiz!

No youtube: http://www.youtube.com/watch?v=I40qbHFyRkc

Stanislaw Ponte Preta, pai do FEBEAPÁ

Talvez, se vivo fosse, e perguntassem-lhe acerca dessa atribuída paternidade com relação ao FEBEAPÁ, seria bem capaz de responder que pai seria somente em função do reconhecimento em cartório, mas a maternidade estaria muito bem distribuída entre as inúmeras donzelas de vida fácil (FÁCIL?) existentes por aí.

Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, cunhou de maneira indelével no imaginário brasileiro o termo FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assola o País. Em plena época da ditadura – e burlando de modo romancesco a censura que então reinava – ele conseguiu reunir em sua obra as mais variadas pérolas do jornalismo brasileiro.

Millôr Fernandes, amigo íntimo do autor, no prefácio de uma reedição de 2006 conta um pouco sobre essa figura ímpar, asseverando seu bom humor à toda prova: “Ele ria, saudável, e continuava recortando, no violento sol da praia, pedaços dos jornais que lia sem parar, aproveitando o tempo. Pois era, como quase todos os humoristas brasileiros, um terrível trabalhador braçal. (…) Tinha uma cultura surpreendente para a sua aparente leveza intelectual e os textos que assinava eram não só extraordinariamente bem escritos como humor, mas também tecnicamente, seu conhecimento formal da língua era bom, a ortografia precisa, até a datilografia era cuidada. De vez em quando, porém, a vida o solicitava demais e ele não tinha dúvida: mandava à merda a técnica, o cuidado, às vezes até a originalidade, porque o dia só tem 24 horas e a vida, como ficou provado, apenas 45 anos.”

De fato. Em 1968, com apenas 45 anos de idade, faleceu Sérgio Porto. Um sujeito que trabalhou duro, sob o lema de que o uísque de nossas noites é ganho com o suor de nossos dias…

Mas o FEBEAPÁ resiste bravamente. Sem sinal de esmorecer. Talvez já existisse desde as mais antigas garatujas ancestrais rabiscadas nas cavernas, revelando desde então a tosca capacidade do ser humano de cometer asneiras. Tanto faladas quanto escritas. Já nos dias de hoje, com o advento da Internet, essa capacidade assumiu proporções praticamente infinitas.

Mas a obra de Stanislaw (Santa Intimidade, Batman!), apesar dos mais de quarenta anos que nos separam dos eventos originais, permanece surpreendentemente atual. Vejam só:

Era o IV Centenário do Rio e, apesar da penúria, o Governo da Guanabara ia oferecer à plebe ignara o maior bolo do mundo. Sugestão do poeta Carlos Drummond de Andrade, quando soube que o bolo ia ter 5 metros de altura, 5 toneladas, 250 quilos de açúcar, 4 mil ovos e 12 litros de rum: “Bota mais rum”.

:)

Abril, mês que marcava o primeiro aniversário da “redentora”, marcou também uma bruta espinafração do Juiz Whitaker da Cunha no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que enviara seis ofícios ao magistrado e, em todos os seis, chamava-o de “meretríssimo”. Na sua bronca o juiz dizia que “meretíssimo” vem de mérito e “meretríssimo” vem de uma coisa sem mérito nenhum.

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Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no interior cearense, as autoridades dirigiram uma circular aos prefeitos, solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta, à circular: “Doutor Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo, com foguetes, passeata e festas.”

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No nordeste de Minas a cidade de Itaboim, que fica à beira da estrada Rio-Bahia, viria para o noticiário depois que o prefeito local plantou lindas e tenras palmeiras para enfeitar a estrada, e a Oposição – com inveja – soltou 100 cabritos de madrugada, que jantaram as palmeiras.

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Até o DASP, repartição criada para cuidar dos quadro de servidores da Nação, consumindo para isso bilhões de cruzeiros anualmente, nomeava para a coletoria de São Bento do Sul dois funcionários que já tinham morrido havia anos. Em compensação, para chefiar seus próprios serviços em Santa Catarina, o DASP nomeava um coitado que estava aposentado há três anos, internado num hospício de Florianópolis.

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Foi então que estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica “Electra”, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão, mas já falecido em 406 a.C.

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Nas prefeituras municipais é que o Festival se espraiava com maior desembaraço: o prefeito Tassara Moreira, de Friburgo (RJ), inaugurava um bordel na cidade “para incentivar o turismo”.

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Julho começava com a adesão do Banco Central à burrice vigente, baixando uma circular, relativa ao registro de pessoas físicas, na qual explicava: “Os parentes consanguíneos de um dos cônjuges são parentes por afinidade do outro; os parentes por afinidade de um dos cônjuges não são parentes do outro cônjuge; são também parentes por afinidade da pessoa, além dos parentes consaguíneos de seu cônjuge, os cônjuges de seus próprios parentes consanguíneos”.

:)

Em  Campos  ocorria  um  fato  espantoso:  a  Associação  Comercial  da  cidade  organizou  um  júri  simbólico  de Adolph Hitler, sob o patrocínio do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito. Ao final do julgamento Hitler foi absolvido.

:D

Só pra que não passe em branco: muito tempo atrás eu tinha uma das edições do FEBEAPÁ. Na minha recente viagem à Capital encontrei numa livraria a coletânea dos três primeiros livros, tudo numa única obra.

Não tive dúvidas ou remorso.

Comprei-os na mesma hora!

João Victor

Na primeira quinzena desse mês de setembro (que já passou) nasceu o João Victor, filho de minha amiga Simone. Apesar do curto tempo em que estivemos próximos, ainda assim “ouso” chamá-la de amiga, pois é a maneira pela qual trato todas as pessoas pelas quais tenho um carinho muito especial, que têm um cantinho reservado dentro de meu coração. Ela conquistou facilmente esse direito com sua sinceridade, sua humildade, seu bom humor à toda prova, sua garra, seu jeito sincero de brincar com meus filhos, sua maneira franca de conversar com a Dona Patroa, seu amor pela vida… Enfim, ela é daquelas almas iluminadas que a gente teve muita sorte de conhecer.

Parabéns ao casal pelo filhão lindo que tiveram!

Parabéns a você, Simone, pela determinação de trazer essa criança ao mundo!

É o que sentimos de coração, eu, a Dona Patroa e toda a tropinha de casa…