Tatoo de tatu?

– E então, galera o que é que vocês acham?

E lá estava o fanfarrão, gente boa à toda prova, em sua sala, com a turma do trabalho, num animado proseio. Uma roda de uns quatro ou cinco.

– Mas, como assim? Outra, cara?

– Ah, gente, nem vem! Tá, tá certo que eu já tenho uma tatuagem, mas tô pensando em fazer outra, aqui assim, mais pra cima no ombro.

– Pô, até que ele tem razão, acho que vai ficar da hora.

– Aí, tão vendo. Escutem esse rapaz que ele sabe o que fala! Obrigado, viu, meu querido!

– Já eu vejo com reservas… Pode até ser que fique bacana, mas tem que achar um desenho bem legal.

– E você acha que eu já não tenho umas ideias em mente? Ichi! E você, Ma? Tá aí, com a cabecinha longe… Que é que você acha?

– Oi?

– Tatoo, sua linda. Que é que você acha de tatoo?

– Ah, eu gosto. Acho muito legal. Um bichinho bem bonitinho – não foi ele o símbolo da Copa?

(…)

Depois disso o clima na sala ficou insustentável. Após os 17 minutos de risadas até as lágrimas, resolveram que o negócio era voltar ao trabalho, pois não tinham mais como retomar aquela conversa…

Emenda à Inicial: Ainda conseguiram chegar à conclusão que nosso outro amigo do grupo, mestre zen em tiradas ingênuas e fora de hora, inadvertidamente baixou no corpo da moça quando ela foi responder. Desde então ficou, dali pra sempre, criada uma nova hashtag: #aponísticas…

 
 

O Bicarato que não era Bicarato

Quebra-cabeças.

Definitivamente, eu gosto desse tipo de desafio.

E, pior, aventureiro genealogista que sou, os quebra-cabeças que me atraem são aqueles que dizem respeito ao misterioso passado das famílias. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Qual o porquê desse desgraçado calor insuportável?

Enfim, como já costuma dizer a amiga virtual Regina Cascão, sempre estou na busca dos “meus mortinhos”…

Mas minha curiosidade extrapola minha família! Basta eu ouvir um nome diferente e já fico pensando de onde é que veio, qual sua história, como se formou.

E com o amigo e copoanheiro Bicarato não foi diferente. Paulo Henrique de Almeida Bicarato. Sim, um nome de família com todo jeitão de ser italiano, mas de onde? Ninguém nunca descobriu. E resolvi assumir esse desafio já tem um bom tempo – mas as correrias do dia a dia sempre foram deixando essa pesquisa para trás. Até agora.

Tudo (re)começou quando o Bica me encaminhou a transcrição da certidão de nascimento de seu avô, Bento, nascido em 09/10/1913. Filho de Giovanni Bicarato e Colomba Muscini. A notícia é que esse Giovanni quem teria vindo da Itália para trabalhar no Brasil.

Mas o raio é que esse nome, “Bicarato”, teimava em se esconder em todas as pesquisas que fiz, pois jamais encontrei qualquer referência genealógica fora do contexto da própria família no Brasil. Daí resolvi ir atrás das ilações sobre a grafia errada do nome – coisa muito comum na virada do século, quando a grande maioria dos imigrantes aportou neste nosso país. Poderia ser Bicaratto, Biccarato, Bigarato, ou qualquer outra coisa do tipo. Mas a luz no fim do túnel começou a surgir quando, das pesquisas detetivescas de meu amigo, cogitou-se a possibilidade de, de repente, ter existido alguém cujo nome seria B. Carato e daí, da corruptela da escrita e da pronúncia, ter surgido o atual Bicarato. Idéia interessante a ser explorada, até porque existem vários núcleos de famílias Carato na Itália.

Resolvi tentar essa hipótese através de uma busca no acervo digital do Museu da Imigração. Lancei o nome Carato, apertei a tecla Enter e cruzei os dedos. De cara surgiram 37 ocorrências espalhadas por várias páginas e justamente num dia em que a conexão estava péssima! Paciência. A busca retornou a parte final do nome de várias famílias, além de Carato, tais como Boscarato, Macarato, Zacarato e por aí afora.

Fui pacientemente avançando, página por página, já sem esperanças mas ainda munido da minha habitual teimosia. Espera, carrega página, consulta nome a nome, nada; espera mais um pouco, carrega nova página, consulta, nada… E assim foi indo. Quando cheguei na última página, passando pelos nomes, justamente no penúltimo registro, lá estava ele: Giovanni! Seria ele mesmo? Fui conferir a cidade de destino: conferia. Fui conferir se, nos membros da família que vieram com ele, estaria o nome de sua mulher: também conferia! Só podia ser ele!

Mas o mais curioso e a revelação do dia foi outra: Ele não era um Bicarato, mas sim um RICARATO!

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Como esse negócio de escrita antiga é complicado, ainda fiquei com uma pulguinha atrás da orelha com a grafia utilizada. Aquilo seria mesmo um “R”? Poderia, na prática, se tratar de muitas outras letras… Mas a essa altura do campeonato, feliz com minha “descoberta”, mais que prontamente comuniquei a alvissareira notícia ao amigo e copoanheiro! Juntos, explorando um pouco mais, ele percebeu o nome do navio em que viajou seu antepassado: “Re Umberto”. Lembrei-me que poderia constar seu nome na lista de passageiros e lá fomos explorar. Sucesso!

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Apesar de ter sido ticado bem em cima da primeira letra, vendo a letra de baixo, nitidamente um “B”, não tem como confundir. Aquilo é um “R”!

Enfim, mais algumas peças foram encontradas nesse quebra-cabeças familiar que é o nome Bicarato. Dali teremos condições de explorar novas alternativas, audaciosamente indo onde nenhum Bicarato jamais esteve! Os becos sem saída continuam, pois o nome Ricarato, na Itália, parece ser tão misterioso quanto sua versão brasileira.

Mas tempo ao tempo, paciência e perseverança. Tenho certeza que ainda vou encontrar mais alguma coisa por aí afora.

Agora, a pergunta que não quer calar: devo notificar todos os atuais membros da família Bicarato para que providenciem a alteração de seus nomes para a correta forma Ricarato?…
 
 

Era uma vez uma perna…

Invariavelmente vocês já me ouviram aqui reclamando do meu joelho. Pra quem não sabe – ou não lembra – isso foi desde o acidente. Mas isso é só por conta de meu crônico e houseriano mau humor, pois tem gente neste mundo que, Pollyannas à parte, conseguem sempre ver o lado bom das coisas.

Ou seja, é isso mesmo, crianças: senta que lá vem história!

Essa minha amiga, Milena, tem um tio que tinha um problema na perna. Não me perguntem qual – não sei! A única coisa que sei é que essa perna sempre doía, o tempo todo. Aliás, que nem meu joelho. Mas, no meu caso, trata-se de uma dor constante mas suportável, diferente da dele, que incomodava e muito.

Ainda assim era um cara de um bom humor insuportável. Sabem aquela figura de tiozão legal que, invariavelmente, encontramos em toda família? Então. Ele era assim. Bom humor à toda prova. Aliás, mais até do que poderíamos imaginar, como vocês vão ver…

Pois bem. Com a perna sempre o incomodando e após passar por diversos médicos, segundas e terceiras opiniões, veio o inafastável diagnóstico: teria que amputá-la.

E lá foi ele para a cirurgia.

E, logo depois, tio querido que era, lá se foi também a Milena para visitá-lo. Ela e o maridão. Chegaram no quarto apreensivos, com cuidado e cheio de melindres, afinal – caramba! – ele teve uma perna amputada! Qual seria sua reação? Será que entraria em depressão? Como ele passaria a encarar o mundo a partir de então? Foi com essas preocupações na cabeça que, receosos, foram entrando…

– Oi tio…

– Oi! E aí, crianças? Tudo bem?

– Errr… Com a gente tá, sim… E o senhor, tá tudo bem?…

– Olha, filha, vou te falar uma coisa: se eu soubesse que esse negócio era desse jeito, minha decisão com certeza teria sido outra!

– Ai, tio! Como assim?

– Ora, se eu soubesse que ia parar de doer, já tinha cortado essa perna faz tempo!

– CUMÉQUIÉ???

– É sério! Pela primeira vez em muito tempo é que consigo estar relaxado. Você já deu uma topada com o mindinho numa perna de mesa? Sabe aquela dor excruciante que a gente sente na hora? Então. Agora imagina que essa dor NUNCA passasse. Era mais ou menos isso que eu sentia na minha perna. Agora que não tem mais perna, não tem mais dor. Olha que maravilha!

– Caramba, tio. A gente veio aqui esperando tudo, menos esse tipo de reação! Quer dizer, então, que está tudo bem?

– Olha, na verdade, na verdade não está não…

– Ué? Por quê?

– Tá vendo aquele camarada ali?

Foi então que notaram, no outro canto do quarto, mais uma cama. E, nela, um sujeito que fazia questão de se deitar de costas para eles, nitidamente não querendo participar de nada daquilo e, provavelmente, embalado num mau humor dele só.

– Ahn… Tá. Que é que tem ele, tio?

– Então. Vocês não vão acreditar na coincidência! Esse sujeito também teve um problema na perna e também teve que amputá-la. E até é por isso que estamos aqui no mesmo quarto. Só que ele não está nadica de nada conformado com isso, não! E eu fiquei ontem o dia inteiro tentando animá-lo e reconfortá-lo, sabem? Até que estava indo tudo mais ou menos bem, só que agora ele não quer mais falar comigo!

– Por que, tio? O que foi que você disse pra ele?

– Não foi nada demais, oras! Sabem o que acontece? É que a perna dele que foi amputada foi a direita, enquanto que, no meu caso, foi a esquerda.

– Tá, e daí?

– Daí que, conversa vai, conversa vem, eu descobri que a gente calça o mesmo número! Olha só que legal!

– Como assim “legal”, tio?

– Caramba, vocês não estão entendendo? Antes desse nó cego enfezar e ficar amuado, ali no canto, eu tinha feito a seguinte proposta pra ele: já que a gente calça o mesmo número poderíamos sair sempre juntos pra comprar sapatos, oras! A gente racharia a conta e cada um ficaria com um pé…
 
 

Chá de boldo amargo medicinal e sem açúcar

Então tem essa figuraça com quem trabalhei durante muitos anos. Por incrível que pareça, um sujeito tímido. E, justamente para enfrentar essa timidez, sempre foi um cara pra lá de bem humorado, sempre propenso a “pegadinhas” e coisas do gênero, o que somente foi aumentando cada vez mais a aura de cara sacana que sempre orbitava a sua volta. Mas, em verdade, em verdade, não era assim. Bem, quase. Vamos chamá-lo de “Japa”.

E dos inúmeros causos que me contou em inúmeras situações, teve um que jamais me esqueci. Ele trabalhava num banco, concursado, cargo de gerente ou algo que o valha.

Numa era pré-informática, quando mais se trabalhava com papel que com pessoas, tinha lá a sua própria mesa, com a famosa “mesinha de café” logo atrás. E quem já trabalhou em banco sabe: lá dentro somos todos movidos a café. Aliás, fora do banco também. Mas não é esse o caso.

O caso é que nessa mesinha havia uma garrafa térmica. E, na garrafa térmica, uma etiqueta colada com os seguintes dizeres:

“Chá de boldo amargo medicinal e sem açúcar.”

Intimidador, não?

E quem passasse por ali, já pensando em serrar um cafezinho, se deparava com aquela garrafa e já ia perguntando, com nariz torto:

– Pô, Japa! Quiéisso, hein? Algum tipo de remédio, por acaso?

E sempre que alguém fazia essa pergunta, já com uma cara toda lamentosa, o Japa buscava um daqueles copinhos de café descartáveis, suspirava fundo, se servia de um tanto da garrafa térmica e dizia:

– Estômago, cara. Sabe como é, né? Tenho que ficar o dia inteiro tomando esse troço…

E, ato contínuo, virava aquilo numa golada só, fazia careta e buscava um olhar de compreensão – que sempre lhe era retribuído, pois ninguém estava a fim de tomar aquele negócio, ainda mais o dia inteiro. E deixavam-no em paz, com seu “chá de boldo amargo medicinal e sem açúcar”.

Só tem um detalhe.

Era uísque.

História de uma multa

E então o caboclo, sabe-se lá por quais motivos, precisou transportar a moto de um lugar para outro.

Fez o de praxe: tirou a máquina da garagem, trancou tudo, deu partida, aguardou um tempinho pra esquentar (sim, ele sempre foi cuidadoso), colocou o capacete, afivelou, refez o trajeto mentalmente, engatou a primeira e foi.

Mas não foi longe – na realidade bem ali perto. Isso porque o transporte ia ser feito usando o reboque de um amigo. Chegou, deu uma buzinadinha, foi atendido – o carro e reboque já estavam na rua – colocou uma prancha, subiu com a moto, prendeu-a de modo bem firme, desceu do reboque, agradeceu o amigo, pegou a chave, ligou o carro, engatou a primeira e foi.

Um dia até fresco num bairro tranquilo, abriu a janela, cotovelo apoiado, um olho na rua, outro no retrovisor e seguiu seu caminho…

Mas a cada semáforo percebeu que as pessoas invariavelmente apontavam em sua direção e algumas até mesmo riam. Esquisito aquilo. Olhou pra trás: a moto estava bem firme lá no reboque. Paciência. Gente esquisita, essa. Continou seu caminho.

De repente – já viu de longe – um comando lá na frente. “Tudo bem”, pensou consigo mesmo. “Toda documentação está em ordem, tanto do carro, quanto da moto e até mesmo do reboque. Se me pararem vão perder seu tempo comigo.”

E não é que mandaram que parasse?

Sorriu, deu uma acenadinha, reduziu a marcha, ligou a seta, encostou o carro, puxou o freio de mão, desligou o motor, abriu a porta, desceu, já meteu a mão no bolso, tirou a carteira, puxou os documentos e, ali na rua mesmo, dirigiu-se ao guarda.

– Documentos, né? Tá tudo aqui, ó: os do carro, da moto, do reboque, minha habilitação…

– Meu senhor, está tudo bem?

– Uai, tá sim.

– O senhor tem certeza?

– Claro que tenho certeza. Que coisa! Olha, se o senhor puder já conferir os documentos e me liberar, é que eu tô meio com pressa, sabe?

– Meu senhor, por favor venha aqui para a calçada. Precisamos conversar.

– Seu guarda, não estou entendendo. O que é que tá pegando? Por que é que o senhor está me tratando assim?

– O senhor tem certeza que não sabe?

– Claro! Não estou entendendo nada!

– Olha, quando vi o senhor vindo já achei esquisito. Por isso que pedi pra que encostasse o veículo. Agora que o senhor desceu e está aqui conversando comigo, estou achando muito mais estranho ainda. Por favor, insisto, venha aqui para a calçada.

– Seu guarda, faça o favor de explicar o que é que está acontecendo!

– Então vamos fazer o seguinte: primeiro, acalme-se. Agora, se o senhor fizer o favor de tirar esse capacete então poderemos conversar com calma, tá certo?

Só então, só daí, já morrendo de vergonha, foi que ele percebeu o que realmente estava acontecendo desde o momento que saiu de casa…

Quié?

Vocês estão achando que tudo isso é invenção, é?

Bem, com multas como essa abaixo, já dá pra perceber que não…

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Orando por quem mesmo?…

Então.

Eu sempre costumo dizer que não precisamos de roteiristas ou ficcionistas, pois a vida nos dá munição… Segue mais um causo que ouvi recentemente para que vocês confirmem se estou certo ou não.

Coisa de umas duas décadas atrás. Um grupo de jovens reunia-se na casa de um deles para sua oração diária, como então era comum. Às vezes somente eles, às vezes com alguns amigos ou convidados, esse era o costume de então.

Para “não dar trabalho” um deles já chega na frente, um dos mais esforçados e, às vezes, atrapalhado do grupo, organiza tudo e faz os devidos arranjos num improvisado altar. Acende as velas, coloca um quadro, enfim, prepara o local para as visitas que virão orar.

Um a um vão chegando, se cumprimentando e já se preparando, também, para dar início à reza. Nesse dia, em especial, como convidado, um amigo do grupo, conhecido professor de história.

No instante em que começa a oração, eis que o professor pede um momento!

Confusos e sobressaltados eles param e olham em direção ao convidado, curiosos.

– Me digam uma coisa: estamos aqui para orar, certo?

– Sim, responde um deles.

– Mas, desculpem-me, é em intenção a alguém em especial?

– Não, viemos orar para Jesus, como sempre fazemos.

– Ah, por isso então desse quadro no altar?

– Sim, isso mesmo.

– Entendi. Mas vocês têm consciência que Jesus foi crucificado, não é mesmo?

– Claro, claro, vão respondendo um a um, maneando suas cabeças, ainda meio que confusos.

– Então podem me explicar o porquê desse quadro de um sujeito que não foi crucificado, mas sim enforcado, no caso, TIRADENTES???

Marilyn

Esta é mais uma daquelas coisas inusitadas, da qual nunca soube, mas quando descubro acaba me fascinando!

Nunca fui lá tão fã assim desse ícone chamado “Marilyn Monroe”, mas que a danada sabia onde (e, muitas vezes, em quem) pisar, ah sabia!

Numa dessas eis a sequência de fotos em que, para uma campanha publicitária à época, foi dito algo como “mostrou aos que a criticavam que poderia ser sensual mesmo vestindo um saco de batatas”

   

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