Nas asas da Graúna

Para quem ainda não conhece (assim como eu também não conhecia), esta é a galera que está à frente da Rede Graúna de Cultura, Diversidade e Solidariedade, atualmente capitaneada pela Sara e pela Stella. Sinceramente não sei bem como descrever essa entidade além daquilo que seu próprio nome já deixa bem evidente – mas, para simplificar, ela mesma se apresenta como uma “rede multiplicadora de afeto”.

Fundada em 13/10/2021, já foi anteriormente dirigida pela Vivian Pelodan e pelo Matheus Korting (foi o que acho que descobri, mas se eu estiver errado, me corrijam!), e o espaço que hoje ocupa foi inaugurado em 10/12/2021, onde, desde então, vem desenvolvendo suas atividades culturais, artísticas, sociais e outros quetais – às vezes aos trancos e barrancos, outras tantas, graças ao abnegado time do voluntariado, avançando a largos passos. Mas, vejam só: já passou de dois anos de existência, então provavelmente seu futuro deve, a cada vez mais, se estabilizar!

Mais do mesmo vocês podem encontrar no espaço virtual, em suas páginas do Facebook (aqui e aquimas algum dia alguém me explica do porquê de existirem duas…) e em sua conta no Instagram.

E em seu espaço físico, uma ampla dependência cedida pelo Carlos Alberto Leal (o CAL, ou CAU, ou CAO – eu nunca consigo me lembrar!), há um bom tempo já existia a Sala de Leitura Paulo Bicarato. Mas, pelo visto, a quantidade de livros foi crescendo, se avolumando, e, ao mesmo tempo, foram sendo organizados, chegando a um ponto que não fazia mais sentido ser tratada apenas como “sala de leitura”, pois já se tornara muito mais que isso. Era uma biblioteca. E, além: uma Biblioteca Comunitária!

Então, nada mais justo que essa árvore de livros, nascida daquelas sementes de leitura, permanecesse com o mesmo nome de seu patrono. Mas é preciso formalizar, é preciso inaugurar, é preciso ter festa, é preciso ter proseio, recordação e emoção!

E assim foi feito.

Bica, Bicarato, Paulo, Pô, Biquinha – e talvez até outras tantas alcunhas que eu ignoro -, esta é a mais justa homenagem para quem te conheceu. Você sabe. Você estava lá, conosco, comemorando e bebemorando. Um espaço que é a sua cara e, provavelmente, seria praticamente sua moradia se ainda estivesse por aqui. Nos reunimos e proseamos e rimos e rememoramos algumas de suas desventuras. De quando você foi “vendido” de uma redação de um jornal para outra pelo preço de duas cervejas; de uma de suas primeiras matérias – e ainda nem era contratado – que rendeu a primeira página do jornal (bem como uma rápida passagem pelo cárcere); de como você tão bem sabia escrever “com a letra dos outros” a partir do roteiro básico que lhe fosse dado (impossível não comparar, nos dias de hoje, com o prompt a ser passado para alguma inteligência artificial generativa executar suas tarefas); de suas sugestões, simples e desinteressadas, que acabavam rendendo a execução de projetos sociais e culturais que preenchiam a cidade; e de outros tantos causos que não vem ao caso elencar, pois aqui é um blog de família e não interessa a ninguém xeretar sobre essas histórias. Mas, se quiserem realmente saber, me perguntem no particular…

E confesso que foi com uma pontinha de orgulho (mas não muito, que é pra não estragar) que fiquei sabendo que algumas de minhas palavras, copiadas lá do prefácio  do seu livro O Alfarrábio – Elucubrações Diárias de um Roseano (2001 a 20204), acabaram integrando sua “minibiografia”:

Mas, afinal de contas, quem foi Paulo Bicarato? Ele foi um jornalista, fã incondicional da obra de Guimarães Rosa, riponga, palmeirense, ativista, canhoto, blogueiro das antigas, viajandão, mochileiro, temulento, amante da língua portuguesa, agitador de movimentos sociais, dono de um texto impecável, apaixonado pelo Brasil, de uma inteligência fora de série, um cara sincero, poeta de guardanapo de boteco, humilde, teimoso, com um coração de ouro, o senhor das crases, extremamente confiável, excelente copoanheiro, desapegado, de fina verve humorística e o melhor escritor que já conheci. Foi tudo isso e muito mais. Porém, sobretudo – ao menos para mim – o mais importante: Paulo Bicarato foi meu amigo.

Pô, Bica (e sua família, que estava presente, vai facilmente enxergar a redundância dessa expressão), foi uma noite muito Legal. E mesmo sabendo que você estava conosco, faltou você!

E eu não podia deixar de transcrever aqui a Balada para um Louco. Não vou nem explicar, pois só quem estava lá para entender…

Num dia desses ou, numa noite dessas
você sai pela sua rua ou, pela sua cidade ou,
ou, sei lá, pela sua vida, quando de repente,
por detrás de uma árvore, apareco eu!!!

Mescla rara de penúltimo mendigo
e primeiro astronauta a por os pés em vênus.
Meia melancia na cabeça, uma grossa meia sola em cada pé,
as flores da camisa desenhadas na própria pele
e uma bandeirinha de táxi livre em cada mão.

Ah! Ah! Ah! Você ri… Você ri porque só agora você me viu.
Mas eu flerto com os manequins,
o semáforo da esquina me abre três luzes celestes.
E as rosas da florista estao apaixonadas por mim, juro,
vem, vem, vamos passear.
E assim meio dançando, quase voando eu
te ofereço uma bandeirinha e te digo:

Já sei que já não sou, passei, passou.
A lua nos espera nessa rua é só tentar.
E um coro de astronautas, de anjos e crianças
bailando ao meu redor, te chama:
bem voar.

Já sei que já não sou, passei, passou.
Eu venho das calcadas que o tempo não guardou.
E vendo-te tão triste, te pergunto: O que te falta?
…talvez chegar ao sol, pois eu te levarei.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco! Foi o que me disseram
quando disse que te amei.
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
e com versos tão antigos, eu quebrei teu coração.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco, louco!
Como um acrobata demente saltarei
dentro do abismo do teu beijo até sentir
que enlouqueci teu coração, e de tão livre, chorarei.

Vem voar comigo querida minha,
entra na minha ilusão super-esporte,
vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor.
Ah! Ah! Ah!
Do Vietnã nos aplaudem:
Viva! viva os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, o soldado e uma criança repetem a ciranda
que eu já esqueci…
Vem, eu te ofereço a multidão, rostos brilhando, sorrisos brincando.
Que sou eu? Sei lá, um…
um tonto, um santo, ou um canto a meia voz.

Já sei que já não sou, nem sei quem sou.
Abraça essa ternura de louco que há em mim.
Derrete com teu beijo a pena de viver.
Angústias, nunca mais!!! Voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ama-me como eu sou, passei, passou.
Sepulta os teus amores, vamos fugir, buscar,
numa corrida louca o instante que passou,
em busca do que foi, voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ah! Ah! Ah! Ah!…

Viva! Viva os loucos!!! Viva!
Viva os loucos que inventaram o amor!
Viva! Viva! Viva!

Deixando a vida mais colorida…

Em tempos de confinamento há que se arranjar o que fazer… Então descobri o site http://www.myheritage.com.br/incolor para colorir aquelas fotos preto e branco (sim, elas ainda existem!) em apenas alguns segundos e com apenas um clique!

Confiram o resultado comparando as originais com as colorizadas:

       
Casamento de meus pais, Bernardete e José Bento.

       
Casamento de meus tios, Dionísia e Lélio.

       
Casamento de meus sogros, Satiko e Sussumu.

       
Meu avô paterno, Antônio de Andrade.

       
Meu avô materno, Bernardo Claudino Nunes.

       
Dona Bernardete.

       
Seo Zé Bento.

       
Los Tres Hermanos: Adauto, Adilson e Anselmo.

       
Outra de Los Tres Hermanos…

       
Outra de meus sogros.

       
E aquela famosa foto de meu pai em sua motoca!

Um projetor

Sim, um projetor. No caso, de “slides”.

Hm?

Você não tem nem a mais afastada idéia do que seja isso?

Bem, confesso que já vi muitos slides, utilizei alguns projetores, mas nunca me perguntei o porquê de fazerem aquelas “fotinhos” daquele tamanhinho, já que podiam fazer uma “normal” e revelar…

Mas nada como uma pequena busca na Internet para entender as coisas!

Enfim, o que sempre chamei de slides na realidade eram filmes positivos. Mas até que eu (e toda minha geração) não estava tão errado, pois esse bichinho tem uma infinidade de nomes, sendo conhecido também como cromos, películas positivas, transparências, filmes reversíveis e por aí vai.

São, literalmente, “filmes positivos” (dãããã…), ou seja, ao contrário dos negativos coloridos – que precisam ter suas cores invertidas para mostrar o resultado final – esse tipo de filme (após revelado) ao ser contraposto à luz já permite ver a imagem exatamente como ela deve ser. É uma foto já pronta para ser impressa ou projetada. Sei que nestes tempos de máquinas digitais, câmeras, celulares, tablets, isso pode soar pra lá de esquisito – mas ele tinha lá suas vantagens!

É que essas películas possuíam altíssimo contraste, reproduzindo bem melhor as cores, mantendo ainda uma granularidade muitíssimo boa. Dizem os especialistas que esses seriam os filmes que melhor reproduzem as cores (ainda que comparado aos melhores negativos profissionais).

À sua época foram largamente utilizados nas principais áreas profissionais de fotografia, em catálogos de imagens, publicações de alta definição, grandes ampliações, em exposições, bem como outros trabalhos que exigissem uma expressividade muito boa das cores. Para que as imagens pudessem ser projetadas em série, o filme era cortado e encapsulado em molduras brancas – eis aí os slides! – e, assim, ficavam prontos para para serem colocados na devida ordem no “carrosel” do projetor. Sim, aquela máquina esquisita na foto lá em cima.

Muito bem, era isso.

Assim encerramos a aula de cultura inútil de hoje…