Dica de autoajuda

Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas

“O objetivo do poeta não é descobrir novas emoções, mas utilizar as corriqueiras e, trabalhando-as no elevado nível poético, exprimir sentimentos que não se encontram em absoluto nas emoções como tais.” (T. S. Eliot)

Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas
Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool.

Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a “linguagem coloquial”.

Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico “Daily Telegraph”, mostram que a atividade do cérebro “dispara” quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.

Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.
Os especialistas descobriram que a poesia “é mais útil que os livros de autoajuda”, já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.

“A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças”, explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.

Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.

Valorizando seu dinheiro – VI

O fim da Ditadura Militar
(e o começo da encrenca civil…)

Cruzado
(Cz$1,00 = Cr$1.000,00)

Marcando o fim da Ditadura Militar no Brasil, foi o presidente José Sarney que instituiu o Cruzado (Cz$) através do Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986, tendo havido novamente um corte de três zeros no sistema monetário nacional. O nome da nova moeda foi inspirado numa antiga moeda de ouro portuguesa que circulou durante o período colonial.

Assim como aconteceu com o Cruzeiro Novo no final da década de sessenta, parte das cédulas do Cruzado foi aproveitada do sistema anterior, quer seja na simples aposição de um carimbo identificador, quer seja na reedição da mesma arte com três zeros a menos. As primeiras emissões foram cédulas de 10.000, 50.000 e 100.000 cruzeiros aproveitadas com um carimbo circular com a nova denominação em cruzados, respectivamente 10, 50 e 100 cruzados.

Ainda em 1986 entraram em circulação as novas cédulas no valor de 10, 50 e 100 cruzados, “aproveitando” os elementos das cédulas lançadas anteriormente, apenas com a adaptação das legendas e do valor facial para o novo padrão.

Cz$10,00. Na face possuía Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923) à direita, e uma composição representando sua mesa de trabalho ao centro; no verso, Rui Barbosa discursando na Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia em 1907.

Cz$50,00. Na face possuía Oswaldo Cruz (1872-1917) à direita, e um microscópio óptico ao centro; no verso; no verso, o Edifício principal do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Cz$100,00. Na face possuía Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República de 1956 a 1961, à direita, bem como estradas e redes de transmissão de energia elétrica ao centro; no verso, o Congresso Nacional em primeiro plano; ao fundo, à esquerda, “Catetinho” e, à direita, o Palácio da Alvorada.

Entre 1986 e 1988 foram colocadas em circulação novas cédulas, desta vez no valor de 500, 1.000, 5.000 e 10.000 cruzados, acompanhando a vertiginosa escalada da inflação, à época…

Cz$500,00. Na face possuía o retrato de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), ladeado por representação de vitórias-régias, em alusão a Amazônia; no verso, Villa-Lobos regendo e, ao fundo, vista de uma floresta brasileira, fonte de inspiração permanente do artista, baseada em gravura de Rugendas.

Cz$1.000,00. Na face possuía o retrato de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), tendo a esquerda o emblema da Academia Brasileira de Letras; no verso, a estampa representativa da Rua Primeiro de Março, no Rio de Janeiro, (antiga Rua Direita), baseada em foto de 1905.

Cz$5.000,00. Na face possuía o retrato de Cândido Torquato Portinari (1903-1962), tendo, à esquerda, gravura com trecho final do painel épico “Tiradentes”, concluído em 1949; no verso, à esquerda, gravura baseada em foto que mostra Portinari desenhando o painel “Baianas”, e à direita, outra gravura lembra elementos do painel “Paz”, que evoca cenas da infância do artista em Brodósqui, SP.

Cz$10.000,00. Na face possuía o retrato de Carlos Chagas (1879-1934), baseado em foto de 1931, tendo, à esquerda, gravura representando esquema clássico do ciclo evolutivo do protozoário “Trypanosoma cruzi” (o barbeiro); no verso, uma gravura mostrando Carlos Chagas trabalhando em laboratório.

Essa Crise – com “C” maiúsculo – já vinha desde o final dos anos setenta e início dos oitenta, herança do modelo econômico adotado durante a Ditadura Militar e que trouxe como resultados a redução do investimento estatal, a expansão da dívida pública, altíssimas taxas de inflação, a deterioração do valor da moeda, perdas reais nos salários e ampla estagnação econômica.

Todos os planos de (tentativa de) estabilização econômica lançados durante o governo de Sarney – Plano Cruzado, Cruzado II, Bresser e Verão – fracassaram no que diz respeito ao combate à inflação e ao crescimento da dívida pública. Apesar de um certo otimismo por parte da população por finalmente haver um presidente civil após mais de duas décadas de Ditadura Militar, essa sensação rapidamente deteriorou, juntamente com os salários e a própria economia brasileira, destacando-se a estagnação dos setores produtivos, o sucateamento dos serviços públicos e a acentuação das desigualdades sociais.

Para se ter uma vaga ideia do que foi aquela época, considerando que em 2016 (pela variação anual acumulada do IPC-FIPE) tivemos uma inflação anual de 6,55% – o que para muitos é considerado um “absurdo” -, quando Sarney iniciou seu governo já teve que encarar a inflação de 1985, que havia fechado em 228,22%! Mesmo mudando a moeda e tomando as medidas que entendeu necessárias, seu primeiro ano de governo conseguiu fechar com uma inflação de “apenas” 68,08%… E no final desse mesmo ano os preços seriam congelados – assim como os salários dos brasileiros.

Entretanto o dragão da inflação voltaria a rugir – e forte! Em 1987 a inflação anual estava em 367,13%, em 1988 fechou em 891,67% e em seu último ano de governo atingiu o inacreditável percentual de 1.635,85% ao ano!!!

Mas, como veremos a seguir, nada nunca está tão ruim que não possa piorar…


(Início da Saga)

(Continua…)

Valorizando seu dinheiro – V

Ditadura Militar

Cruzeiro Novo
(NCr$1,00 = Cr$1.000,00)

O Cruzeiro Novo (NCr$) começou a circular em 13/02/1967, criado pelo Decreto-Lei nº 1, de 13/11/65 e pelo Decreto nº 60.190, de 02/02/67, já com o presidente Artur da Costa e Silva. O Cruzeiro Novo foi criado como um padrão de caráter apenas temporário, para vigorar durante o tempo necessário ao preparo das novas cédulas e à adaptação da sociedade ao corte de três zeros. Para isso não houve a emissão de novas cédulas, para circular com o Cruzeiro Novo simplesmente foram utilizadas exatamente as mesmas cédulas do padrão anterior, só que carimbadas pelo Governo com os novos valores. Os centavos foram também representados em moedas metálicas, criadas especialmente para esse padrão.

Isso se deu em decorrência, mais uma vez, da desvalorização do moeda – fruto da instabilidade política e das contas públicas em descontrole – de modo que era necessário criar um novo padrão de cédulas, o que ficaria a cargo do recém-criado Banco Central do Brasil (1964), mas era preciso algum tempo para esse preparo. Por isso o caráter temporário do Cruzeiro Novo, feito para durar apenas até o próximo ficar pronto.

Aliás, não só não houve a emissão de novas cédulas como algumas também já foram sendo paulatinamente tiradas de circulação (é o caso das cédulas de 1, 2, 5, 20 e 200 Cruzeiros). Com o corte de três zeros o que era Cr$10,00 passou a ser um NCr$0,01, o que era Cr$50,00 passou a ser NCr$0,05 e assim sucessivamente. Foram carimbadas as cédulas do padrão anterior de modo a colocar em circulação os valores de 0,01, 0,05, 0,10, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,00 Cruzeiros Novos.

     

     

     

Cruzeiro
(Cr$1,00 = NCr$1,00)

Como o padrão anterior foi apenas um intermediário para a volta do Cruzeiro (Cr$), o que se deu em 15/05/1970, já com o presidente Emílio Garrastazu Médici, através da Resolução 144, de 31/03/1970, do Conselho Monetário Nacional, não houve “tempo suficiente” para a inflação corroer o poder aquisitivo do dinheiro, de modo que um Cruzeiro era equivalente a um Cruzeiro Novo. Todas as cédulas do período anterior foram substituídas por outras com novas efígies e o dinheiro passou a ser impresso em definitivo somente pela Casa da Moeda do Brasil.

Ou seja, a moeda em vigor voltou a se chamar somente Cruzeiro e as cédulas em circulação foram substituídas pela nova série, nos valores de 1, 5, 10, 50 e 100 Cruzeiros.

Cr$1,00. Na face possuía a Efígie da República à direita; no verso, o Edifício da Caixa de Amortização à esquerda.

Cr$5,00. Na face possuía D. Pedro I à direita; no verso, a Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro, à esquerda.

Cr$10,00. Na face possuía D. Pedro II à direita; no verso, o “Profeta Daniel”, escultura em pedra sabão de Aleijadinho, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos-Congonhas do Campo, à esquerda.

Cr$50,00. Na face possuía o Marechal Deodoro da Fonseca, 1º Presidente da República de 1889 a 1891, à direita; no verso, “Embarque do Café”, Cândido Portinari, à esquerda.

Cr$100,00. Na face possuía o Marechal Floriano Vieira Peixoto, Presidente da República de 1891 a 1894, à direita; no verso, o Congresso Nacional à esquerda.

Em 1972, em comemoração aos 150 anos da Independência do Brasil, foi lançada a cédula de 500 Cruzeiros.

Cr$500,00. Na face possuía uma representação da evolução étnica brasileira; no verso, mapas histórico-geográficos.

Em 1978, já quase no final do mandato do presidente Ernesto Geisel, foi lançada a cédula de 1.000 Cruzeiros, que seria a primeira dessa segunda família do Cruzeiro, inspirada no padrão de cartas de baralho, ou seja, com imagens duplicadas tanto na frente quanto no verso, permitindo a leitura tanto num sentido quanto noutro. Popularmente foi quando se começou a chamar qualquer unidade monetária de dinheiro de “Barão”, por conta da efígie do Barão do Rio Branco na frente da cédula.

Cr$1.000,00. Na face possuía a figura de José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco (1845-1912); no verso, Delimitação das Fronteiras.

Mais tarde, em 1981, durante a presidência do último ditador (militar), João Figueiredo, novas cédulas foram incrementadas, com os valores de 100, 200, 500 e 1.000 Cruzeiros. Tanto a cédula de 100 quanto a de 1.000 foram reformuladas, mantendo o mesmo padrão de tamanho de desenho das demais, o que valeu à antiga cédula de 1.000 o apelido de “Barão Cabeção”…

Cr$100,00. Na face possuía Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias (1803-1880); no verso, a Pacificação Interna.

Cr$200,00. Na face possuía a figura da Princesa Isabel (1846-1921); no verso, a Abolição da Escravatura.

Cr$500,00. Na face possuía o Marechal Deodoro da Fonseca, 1º Presidente do Brasil de 1889 a 1891; no verso, a Proclamação da República.

Cr$1.000,00. Na face possuía José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco (1845-1912); no verso, Delimitação das Fronteiras.

Cr$5.000,00. Na face possuía Humberto de Alencar Castello Branco, Presidente da República durante a Ditadura Militar (1964-67); no verso, Usinas hidroelétricas e telecomunicações.

Em 1984, em decorrência de uma absurda inflação que não parava de crescer, as cédulas de 1, 5, 10 e 50 Cruzeiros deixaram de circular. Nesse mesmo ano houve a emissão de novas cédulas, nos valores de 10.000 e 50.000 Cruzeiros. Já em 1985 a cédula de 100.000 cruzeiros viria acompanhá-las.

Cr$10.000,00. Na face possuía Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923) à direita, e uma composição representando sua mesa de trabalho ao centro; no verso, Rui Barbosa discursando na Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia em 1907.

Cr$50.000,00. Na face possuía Oswaldo Cruz (1872-1917) à direita, e um microscópio óptico ao centro; no verso; no verso, o Edifício principal do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Cr$100.000,00. Na face possuía Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República de 1956 a 1961, à direita, bem como estradas e redes de transmissão de energia elétrica ao centro; no verso, o Congresso Nacional em primeiro plano; ao fundo, à esquerda, “Catetinho” e, à direita, o Palácio da Alvorada.

Aliás, estas são as cédulas que me acompanharam durante toda minha infância e boa parte da adolescência…

Esta quinta parte de nossa história durou 16 anos, que, somados aos 3 anos da época do Cruzeiro Novo, nos dá um total de 19 anos sem “cortes de zeros”. Mas o final da década de setenta trouxe a crise do petróleo e o premente fim da ditadura, já em meados da década de oitenta, levou a inflação do Brasil a patamares inimagináveis!


(Início da Saga)

(Continua…)