Questão de ódio – IV

Acho que nem preciso mais lembrar que simplesmente odeio o Santander-Banespa. Já falei disso disso por umaduas e três vezes.

E agora estou MUITO bem acompanhado… TODA a população de uma cidade – vejam só!

Conforme já foi noticiado e como também fiquei sabendo por fontes pra lá de fidedignas, a agência do Banespa de Igaratá (diga-se de passagem, o ÚNICO banco da cidade) simplesmente vai fechar.

Nem é preciso dizer o quanto o povo de lá deve estar indignado com essa situação. Só pra se ter uma idéia, a agência bancária mais próxima fica a nada menos que uns vinte quilômetros da cidade!

Então, caso vocês, caros leitores, ainda tivessem alguma ínfima esperança de credulidade de que essa implicância seria algo pessoal, agora já podem repetir comigo (e com todo o povo de Igaratá):

“O-DI-A-MOS-O-SAN-TAN-DER-BA-NES-PA!”

Organize-se!

Sei que todo mundo já deve ter recebido essa sequência de “recomendações” por e-mail ou, ao menos, visto pendurado em algum lugar. Às vezes é até meio grossa. Mas ainda assim acho válida. Parece que posso me ver falando tudo isso para meus filhos… Desconheço a autoria, mas segue, na íntegra.

– Você abriu? Feche.

– Acendeu? Apague.

– Desarrumou? Arrume.

– Sujou? Limpe.

– Está usando algo? Trate-o com carinho.

– Quebrou? Conserte.

– Não sabe consertar? Chame quem o faça.

– Quer usar o que não lhe pertence? Peça licença.

– Pediu emprestado? Devolva.

– Não sabe como funciona? Não mexa.

– É de graça? Não desperdice.

– Não lhe diz respeito? Não se intrometa.

– Não sabe fazer melhor? Não critique.

– Não veio ajudar? Não atrapalhe.

– Ofendeu? Desculpe-se.

– Prometeu? Cumpra.

Alterações na Lei de Licitações: reta final (será?)

Não é de hoje que está rolando uma proposta de alteração na Lei de Licitações, a Lei nº 8.666/93 (hein? “666″?). Já começou a um bom tempo, com o Projeto de Lei nº 146/2003, que alterava a Lei integralmente, mas que foi sendo mutilado, cortado e adicionado, e hoje encontra-se sob estudo do Senado sob o nº 00032/2007.

Na Câmara dos Deputados o projeto original recebeu mais de uma centena de propostas de alteração e, já no Senado, a elas vieram somar-se outras 69 (numerozinho sugestivo, esse…). Destas apenas17 foram aprovadas total ou parcialmente.

Seu último andamento “oficial” se deu no último dia 5 de novembro, com o Parecer nº 1004, de 2007-CAE, cujo relator é o Senador Eduardo Suplicy, o qual concluiu favoravelmente ao projeto de lei da Câmara, nos termos do Substitutivo (Emenda nº 97-CAE). É LÓGICO que fucei até onde pude e ainda não consegui esse danado. Sua publicação teria se dado em 06/11/2007 no Diário do Senado Federal (DSF), mas o mesmo ainda não está disponível na Web.

Boisé, gente. Parece que agora vai. Pra onde, eu não sei – mas vai.

Aguardemos…

Famílias ( I )

Não é de hoje que tenho a pretensão de passar a limpo – na forma de um livro – minhas anotações genealógicas. Siiiiiim, ladies & gentlemen, eu admito: sou um viciado. Um viciado em genealogia. Enquanto muita gente coleciona selos, figurinhas, chaveiros, revistas, carros, mulheres, ou qualquer que seja seu objeto de desejo, eu coleciono “gente”. Especificamente gente de minha família.

Existem diversas maneiras de montar uma árvore genealógica. Dentre elas as que mais utilizo são: 1) o genograma, que é a representação gráfica de um conjunto familiar, e 2) a árvore de descendentes, também conhecida como árvore de geração, ou ainda como árvore genealógica direta, que é a árvore formada pelos descendentes de um indivíduo – partindo do passado ela avança no tempo, multiplicando-se, geração após geração, e facilita a visualização do antepassado comum de vários indivíduos na atualidade; sua estrutura é orgânica e aleatória, pois não há como racionalizar o número de filhos de cada indivíduo.

Dentre as diversas famílias que, de tempos em tempos, colocarei por aqui, as que são diretamente relacionadas com este vosso escriba são as seguintes: Andrade, Maia, Nunes, Antunes, Santos, Casaes, Mizoguti e Miura.

E, ainda, apesar de o antepassado mais antigo ao qual cheguei remontar à Idade Média, relacionarei somente o que foi fruto de minha pesquisa direta. Na realidade tudo isso talvez seja uma maneira de não deixar todas essas anotações “mofando” nas catacumbas de meu computador. Sei que existem outros membros da família que também se interessam pela matéria e assim já seria uma maneira de compartilhar essas informações (e também de receber ajuda para complementá-las).

Um último detalhe: a indentação, ou seja, essa tabulação que perceberão na descrição das famílias, serve para – juntamente com a numeração – indicar os membros de um mesmo núcleo familiar.

Bem, então, comecemos com a Família Andrade.

Até onde minhas modestas pesquisas me levaram, essa história alcança meados de 1850, na cidade de Santa Rita de Jacutinga, interior de Minas Gerais. Somente a partir desse ponto é que me foi possível ligar esse estudo a outros já existentes, permitindo assim a elaboração da árvore de costados da família Andrade (noutra hora explicarei o que seria exatamente uma árvore de costados).

Foi provavelmente por essa época que nasceu o menino JOAQUIM THEODORO DE ANDRADE, meu trisavô, que na sua mocidade viria a casar com sua sobrinha MARIA DA GLÓRIA TEIXEIRA, filha de seu irmão mais velho, também encontrada com o nome de TEIXEIRA GUIMARÃES. Não se assustem. Há quase duzentos anos atrás o casamento entre membros da mesma família não só era comum, como, muitas vezes, desejável. Era uma maneira de manterem o núcleo familiar unido e de não permitir que a fortuna da família se espalhasse em mãos alheias. Dentre outros filhos, o casal teve:

1. JOÃO AGNELLO DE ANDRADE, nascido em 1877, registrado em Madre de Deus, MG, que viria a casar-se com IRIA RITA DE BEM, nascida em 1883 na cidade de Santa Rita de Jacutinga. Foi nessa mesma cidade que se deu o enlace matrimonial destes meus bisavós, em 13/02/1901.

É pela ascendência paterna de Iria, cujos genitores eram BRAZ CARNEIRO DE BEM e LUIZA GONZAGA DE NOVAES, que nossa família deve se ligar às lendárias (e prolíferas) Três Ilhoas, as irmãs açorianas que, em fins do século XVII vieram para as Minas Gerais, dando início aos troncos familiares mais tradicionais da região.

Há notícias, também, de um provável irmão desse Braz, tio de Iria, o sr. MANOEL TEODORO DE BEM, casado com CECÍLIA, talvez Cunha, que foi professora de meu pai, conforme veremos oportunamente. Esse casal teve pelo menos dois filhos: JOSÉ DE BEM e GERALDO, sendo que este último faleceu solteiro. E de bebida.

Voltando a nossa linha de raciocínio, João Agnello e Iria Rita tiveram muitos filhos, dentre eles:

1.1. JOSÉ THEODORO DE ANDRADE, falecido em 29/09/1980, que casou-se com CAROLINA MARQUES MACHADO, natural de Santa Rita de Jacutinga, MG, onde casaram-se, e falecida em São José dos Campos, SP, em 14/06/2003, com cerca de 95 anos. Era filha de BENEDICTO MARQUES DE OLIVEIRA e JULIA VIRGÍNIA DE JESUS, naturais de Minas Gerais. Tiveram:

1.1. JOSÉ ANDRADE FILHO, nascido em 1929, que, apesar de ter se casado, separou-se cerca de um mês depois, jamais tendo regularizado a situação. Não voltou a se casar, mas também nunca deixou de namorar “meninas mais jovens”. Nada bobo, esse José…

1.2. CARLOS DE ANDRADE, já falecido, casou-se com ANA.

1.3. ADOLFO DE ANDRADE, nascido em 1935, que se casou com MARIA, irmã de sua cunhada Ana (sim, a mesma Ana dali de cima, casada com Carlos). Outro detalhe bastante comum nos tempos de antanhos: irmãos costumavam casar-se com irmãs.

1.4. LUIZA DE ANDRADE, nascida em 1938, foi casada com OLÍMPIO SOBREIRA, já falecido.

1.5. MARIA ANDRADE, nascida em 1940, casou-se com MAMUD CARNEIRO, também já falecido.

1.6. JOÃO BATISTA DE ANDRADE, nascido a 30/01/1944, sendo que em 23/12/1972 casou-se com ZENAIDE APARECIDA DE CARVALHO, esta nascida a 08/11/1948. Vivem em São Bento do Sapucaí, onde criaram seus filhos.

João herdou de seu pai a habilidade de trabalhar com a madeira, passando a fazer, como fazia seu pai antes dele, os pequeninos bois, cavalos e outros animais, com selas e arreios quando o caso, todos com cerca de trinta centímetros, e com um impressionante grau de perfeição. Um de seus trabalhos mais belos é um pequenino carro de boi, com três parelhas de bois, os quais colocou sobre uma prancha com rodas para que pudessem “andar”. O que mais chama a atenção é que esse carro de boi “canta”, da mesma maneira que “cantam” os carros de boi fabricados no Sul de Minas e região.

Tal habilidade lhe rendeu o apelido de “João do Boi”, sendo conhecido ainda como “Joãozinho Andrade”. Estando na cidade, basta perguntar por algum desses nomes que todos já sabem onde mora, dando como dica a curiosa frase: “É a casa onde tem um gato deitado no muro”. Acontece que João entalhou também um gato, em tamanho natural, deixando-o preguiçosamente deitado sobre o muro de sua casa, verdadeiro marco para quem o procura…

João e Zenaide tiveram:

6.1. MADELEINE APARECIDA DE CARVALHO ANDRADE, nascida em 05/01/1974, que de seu casamento com ÉVERSON MARQUES FROES, teve:

1.1. GUSTAVO ANDRADE FROES, nascido em 23/11/2001.

6.2. MILEIDE DONIZETI CARVALHO ANDRADE, nasceu em 25/08/1975, casou-se com VLADIMIR MARQUES DE ARAUJO, com quem teve:

2.1. JOÃO PEDRO CARVALHO ARAUJO, nascido em 20/06/2000.

6.3. JOÃO BATISTA DE ANDRADE JUNIOR, que nasceu em 24/07/1976 e, até início de 2003, solteiro.

6.4. MILEINE CAROLINA CARVALHO ANDRADE, nascida em 25/10/1978, casada com ROBERTO CARLOS DA ROSA, pais do casal:

4.1. EVELIN CAROLINA ANDRADE ROSA, de 03/01/1998.

4.2. CARLOS HENRIQUE CARVALHO ROSA, de 01/05/2002.

1.7. SEBASTIÃO ANDRADE, nascido em 1946, casado com “Cota”.

1.8. JOAQUIM MACHADO DE ANDRADE, nascido em 1948, o “Quinzote”, marido de ROSELI. Também ele artesão, como seu pai, capaz de fazer belos trabalhos de escultura na madeira.

1.9. BENTO DE ANDRADE, nascido em 1955, que casou-se com JOCELINA.

1.2. SEBASTIÃO ANDRADE, o “Tio Tatão”, falecido em 20/06/1988, e que casou-se com a cunhada de seu irmão (olha aí o casamento entre irmãos de novo!), MARCIANA CAROLINA DE JESUS, falecida em 15/08/1996, filha dos já citados JÚLIA VIRGÍNIA DE JESUS e BENEDICTO MARQUES DE OLIVEIRA.

1.3. TEÓFILO ANDRADE, casado com MAEDI, pais de:

3.1. MURILO, marido de DAMARES, com:

1.1. TIAGO.

1.2. FELIPE.

3.2. MAURÍCIO.

3.3. MARILETE.

3.4. MARILENE.

1.4. JOÃO ANDRADE, casou-se primeiro com LUCINDA, e, depois com MARIA. Com sua primeira mulher teve:

4.1. IRIA.

1.5. LUZIA ANDRADE, casou-se com DIONÍSIO e teve:

5.1. IRIA (outra coisa também bastante comum em famílias antigas – principalmente as mineiras – dar o nome dos antepassados aos filhos, ainda que outros da mesma família já o tenham feito).

5.2. JACÓ, que foi açougueiro em Santa Rita de Jacutinga, tendo recebido ajuda em seu negócio do prefeito da cidade, um certo João Andrade, provavelmente nosso parente.

5.3. JOÃO.

1.6. BRÁS ANDRADE, marido de MARIA DE OLIVEIRA.

1.7. MARIA ANDRADE, casada com PEDRO AREDES, conhecido como “Nhonhozinho”.

1.8. ANTONIO DE ANDRADE, meu avô, nascido em Santa Rita de Jacutinga em 06/03/1909, mesmo local onde, por volta de 1936, casou-se com SEBASTIANNA (sim, seu nome era só esse mesmo, só o primeiro nome – foi dessa maneira que foi registrada), nascida em 13/04/1920 e falecida aos 80 anos, em 10/10/2000. Mais dados referentes a minha avó serão vistos no capítulo da família MAIA.

(continua…)

“Seo” Sionar

E então eu fui resolver um problema para um cliente lá no setor de dívida ativa da Prefeitura de São José.

Sentado num dos inúmeros guichês do primeiro subsolo, enquanto eu aguardava a boa vontade de um estagiário em tentar resolver meu problema, pude ouvir a conversa de um senhorzinho com a estagiária do guichê ao lado.

– Tá, então, minha filha. Mas me diz só mais uma coisinha: pra eu vender minha casa parece que eu preciso do habita. Tem como você ver se eu já tenho o habita?

– Hein? Ah! “Habite-se”, né? Só um minutinho…

Virando-se para o colega do lado perguntou:

– Você sabe onde ele pode ver esse negócio do habite-se?

– É lá no sexto andar.

E o velhinho, com seus óculos de lentes fundo de garrafa, apertando uma sacola contra o peito, acompanhava a conversa com interesse e curiosidade, virando um pouco a cabeça para escutar melhor.

– Então, meu senhor. É lá no sexto andar.

– Cuméquié, minha filha?

– Sexto andar. Para ver o habite-se o senhor tem que falar lá no sexto andar.

– Discurpa, com quem?

– SEXTO ANDAR! TEM QUE SER NO SEXTO ANDAR!

– Ah, tá. (Mas não tinha cara de que tava coisíssima nenhuma). Escuita, será que é muito difícil falar com ele? Será que tem que marcar hora?

– Como assim, meu senhor?

– Com esse tal de ”Seo” Sionar. Aliás, onde é que ele fica?…

Formigas levam o fumo; eu, o vinagre

“Jamais discutas, pois perderás.”

Essa deveria ser uma recomendação expressa em toda e qualquer cerimônia de casamento. Dirigida aos homens, é claro.

Tudo começou porque caí na BESTEIRA INOMINÁVEL de falar – durante o preparo de uma salada – que “Péraê, péraê, vinagre não. Prefiro sem”.

Foi o suficiente.

Ela até deixou uma porçãozinha à parte da salada para mim – sob meus próprios protestos, depois que percebi o tamanho da bobagem que havia feito.

Tivesse tudo acabado aí, maravilha.

Jamais eu voltaria a cometer essa gafe de novo.

Mas não.

Mais tarde, enquanto eu estava na garagem, ela me perguntou lá do alto das escadas: “Benhê! Posso pegar um cigarro seu?”

– Cuméquié? – perguntei, incrédulo.

– É que preciso fazer um preparado pra matar ou espantar essas formigas pequenininhas. E um dos ingredientes é o fumo de um cigarro. Afinal você sabe o quanto esse negócio é venenoso…

Tive que concordar, resignado, com essa última parte. Era o lado bruxa Morgana dela que, de quando em quando, aflora. Cedi, de bom grado o “ingrediente” para sua poção natureba e voltei aos meus afazeres funilariais.

Final do dia. O guerreiro, cansado, exausto, mas certo e feliz de seu dever cumprido, sobe as escadas lenta e compassadamente de volta ao seu lar, à sua toca, ao seu ninho de conforto.

Mas, eis que depara-se com uma cena inusitada: todos os móveis meio que afastados, as cadeiras sobre a mesa (tal qual num bar que já houvesse fechado), nenhum brinquedo espalhado pelo chão.

Antes mesmo que pudesse raciocinar e concluir logicamente sobre a “operação limpeza” que passou por ali, veio o cheiro.

Não surgiu de algum lugar específico, mas de toda parte, simultaneamente. Atingiu-me como uma bomba. Aquele conhecido odor agridoce, que faz coçar o fundo da parte de cima das narinas e imediatamente enche a boca com seu sabor, causando um imediato arrepio de compreensão.

“Vinagre!”

Ela estava em nosso quarto, distraída, enxugando nosso menor pequerrucho após o banho.

– Amôoor…

– Oi?

– Me diz uma coisa, tô sentindo um cheiro meio diferente… O que é?

– Ah! É aquele preparado pras formigas!

– Não era para suas plantas, lá fora?

– É que tinham alguns pontinhos de formigueiro aqui dentro de casa também.

– Ahn… Entendi… Só por curiosidade: vai VINAGRE nesse coiso?

– Sim!

Seus olhinhos nipônicos estavam brilhantes e um sorriso bailava, teimoso, em seus lábios.

– Pôxa! Só porque eu não quis vinagre na hora do almoço?

– Imagiiiiiiina… É que faz parte da receita…

A essas alturas já não procurava mais disfarçar o sorriso.

Pro bem das formigas, espero que elas tenham desaparecido.

Ôôôô boca maldita!