“As dez mais”

Numa conversa de ontem estávamos – pra variar – falando mal da vida alheia… Aí me lembrei de um e-mail que tinha escrito e enviado já há algum tempo sobre o tema em questão. Fuçando nas catacumbas de meu computador, achei-o! Foi enviado originalmente em 25/05/2004, pontualmente às 17h05min. Assim, ipsis litteris, direto do Túnel do Tempo, ei-lo:

Muitas vezes nós meros mortais ficamos chateados (pra não dizer emputecidos) com algumas atitudes tomadas pelos profissionais do departamento de informática.

Mas acontece que o que ninguém sabe é que existe um treinamento secreto padrão ao qual todos são submetidos antes de começar qualquer tipo de atendimento.

Assim, visando esclarecer alguns pontos controversos na prestação de serviços por parte dos profissionais de qualquer departamento de informática de qualquer empresa, seguem algumas explicações.

Todo profissional de atendimento enquadra-se, basicamente, em dois tipos:

a) “Testemunha de Jeová”. Senta em seu computador e NUNCA MAIS sai. Clica daqui, clica dali, abre janela, fecha janela, reinicia a máquina, começa de novo e… nada. Não adianta implorar, chorar, espernear, gritar, ou ameaçar. Somente após testar todas as possibilidades (como se verá a seguir) é que – talvez – ele devolva sua máquina para utilização. E ainda assim a deixará desfragmentando ou passando um anti-vírus, o que, segundo ele, não poderá ser interrompido em hipótese alguma, senão ele não se responsabiliza.

b) “Mocinha da Zona Azul”. Não adianta procurar. Não adianta ligar. Não adianta esperar. NUNCA vai aparecer ninguém, a menos, é lógico, que você saia de sua sala – que é quando alguém PODERÁ aparecer e dizer: “Ué, não tem ninguém aqui? Mas avisa que eu vim, tá?”.

Fora isso, temos os dez posicionamentos padrão que são adotados sempre que seu computador está com problemas:

1. “É vírus.”
2. “Já reinicializou a máquina?”
3. “É, tá muito estranho. Depois do Scandisk vou desfragmentar pra ver se resolve…”
4. “É que caiu a rede.”
5. “Ah! O problema é que esse programa não é original.”
6. “A placa está com problema.”
7. “Quem foi que mexeu na configuração?”
8. “Vamos ter que enviar para manutenção.”
9. “Com certeza o problema não é aqui. Deve ser no servidor deles.”
10. “É que a rede tá com vírus.”

Particularmente, hoje eu acrescentaria mais dois posicionamentos:

11. “Ah, o seu é Linux? Então vou ter que chamar outra pessoa.”
12. “Vai ter que formatar…”

Virus Genealogicus

E, pra quem não sabe, há anos venho montando a árvore genealógica de nossa família. Já consegui muito material e informação, não só relativo aos parentes atuais, como também dos antepassados. E olha que isso não é pouco, considerando que meu pai é o mais velho de doze irmãos, que meu avô materno se casou três vezes, assim como meu bisavô (também três vezes), sendo que só de um desses casamentos teve dezoito filhos.

Na linha direta dos “Andrade”, por enquanto, consegui rastrear até fins do século XVII, e nas linhas auxiliares já cheguei na Idade Média. Ainda preciso explorar mais o lado da Dona Patroa, pois ela é descendente legítima de verdadeiros samurais da época feudal do Japão – acho que isso explica seu temperamento…

Sim, isso é coisa de doido. É um hobbie que não tem fim. Mas não tem como explicar. A esse respeito, do muito que já li em diversos textos e obras me identifiquei com o posicionamento do Padre Reynato Breves, no artigo Novas Revelações da Genealogia, publicado no Jornal da Cidade, de Barra do Piraí, em sua edição de 12 de setembro de 1998. Diz o seguinte:

Há pessoas que não apreciam ‘Genealogia’, não se interessam por saber quem é seu avô, bisavô ou trisavô; não querem saber de onde vêm, quais são os seus ascendentes. Ora, a Genealogia é a Ciência da nossa racionalidade, da marca indelével das nossas origens; diz de onde viemos, diz quem somos, diz quais são as nossas raízes, mostra-nos a nossa importância. A Genealogia exige paciência, perseverança e intercâmbio, mostra a necessidade da comunicação com outros Genealogistas e causa grandes surpresas e grandes emoções. Enfrenta grandes obstáculos, terríveis barreiras, surpreendentes interrogações. A Genealogia é uma paixão e quem nela entra dela não sai mais. A Genealogia é amor; amor aos antepassados. A Genealogia é gratidão; gratidão aos que nos antecederam nesta vida. A Genealogia é memória imperecível. A Genealogia quase se confunde com a Heráldica. A Genealogia atesta a importância de uma Família. A Genealogia é como o Livro; conserva a memória das gerações passadas contra a tirania do tempo e contra o esquecimento dos homens, que ainda é a maior tirania, e enaltece as gerações hodiernas. A Genealogia move os ânimos e causa grandes efeitos.

Pois é. Ainda voltaremos a falar sobre isso por aqui…

Horror, horror, horror!

Empregador é condenado por exibir partes íntimas ao empregado

Publicado em 4 de Julho de 2006 às 15h58 no clipping da Síntese Publicações

Em audiência realizada no dia 28/06, o Juiz do trabalho, Marcelo Segal, da 26ª VT/RJ, julgou procedente o pedido de indenização por dano sofrido pelo empregado, em decorrência da prática dolosa do empregador contra a sua moral.

Na inicial, o autor afirmou que era maltratado pelo gerente da empresa e pelo titular da acionada, que “tinha o péssimo hábito de mostrar seu pênis em estado rígido para o autor e demais empregados, com a finalidade de se exibir, dizendo sempre que possuía uma enorme hérnia”.

Ao prestar depoimento, a testemunha da própria empresa confirmou os fatos ao dizer que o titular da empresa ficava excitado diante dos empregados, mostrando o seu órgão sexual a todos e que isto era feito para descontrair o ambiente. Não vejo nada demais nisso,- declarou. Em sua defesa, a empresa negou todos os fatos.

De acordo com Marcelo Segal, se o titular da empresa tem uma atitude desse quilate, não espanta que seu gerente seja a pessoa cruel que destrata e humilha os empregados. No mais, a testemunha do empregado, confirmou integralmente os fatos descritos em relação a ambos (gerente e titular da empresa).

Para o magistrado, pelo aspecto jurídico, danos morais são lesões sofridas pelas pessoas em algum aspecto da personalidade. Traduzem-se, via de regra, em constrangimentos, dores íntimas ou situações vexatórias. É de clareza o dano intencionalmente praticado contra a moral do reclamante, que se obrigou através de contrato a labutar nas tarefas para as quais foi contratado. Porém, o empregado não pode se ver obrigado a periodicamente deparar-se com as partes íntimas de seu patrão.

Sentenciou o Juiz pela existência do dano moral, e acrescentou que “a condenação também poderá se revelar um poderoso impotente sexual, o que também atende aos reclames da justiça, ainda que por via reflexa”. Na decisão, a empresa foi condenada ao pagamento de indenização fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais) em favor do reclamante. (dados do processo não informados na fonte)

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

E não é que Orwell tinha razão?

Página no Orkut é citada em decisão que negou assistência judiciária gratuita

Publicado em 30 de Junho de 2006 às 13h40 no clipping da Síntese Publicações

“Verifica-se que a situação financeira dos agravantes (…) efetivamente não é verdadeira – isso porque, quem passa por dificuldades financeiras, evidentemente, não tem condições de efetuar viagens ao Velho Continente anualmente, consoante demonstram as fotos obtidas no site www.orkut.com (…) em cidades como Veneza, em junho de 2005 e 2006, e Paris em junho de 2005”. A Desembargadora Elaine Harzheim Macedo assim considerou e depois arrematou em seu voto: “Ou seja, para se valer do erário público, não há condições financeiras, situação diversa quando se trata de viagens à Europa”.

A magistrada, entendendo que não houve comprovação da necessidade de assistência judiciária gratuita, havia negado seguimento ao recurso contra a decisão da Justiça de Esteio que indeferira o pedido de um casal que discute a compra e venda de um imóvel. Contra a decisão, as partes propuseram recurso ao Colegiado da 17ª Câmara Cível.

O entendimento da Desembargadora foi acompanhado pelos Desembargadores Alexandre Mussoi Moreira e Alzir Felippe Schmidt. (dados do processo não informados na fonte)

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

Curiosidades

E o que fazer num feriado prolongado? De minha parte tive que acertar algumas pendências da vida profissional, bem como resolvi também colocar parte da leitura em dia. Assim, pude ler (na verdade dar uma passada crítica d’olhos) cerca de 4.000 mensagens pendentes das listas de discussão de genealogia das quais participo. Também rendeu uma pequena (até que enfim!) atualização do site, especificamente no link O BUCÉFALO, onde coloquei mais algumas dicas para quem gosta de escrever.

E, com tanta leitura, obtive algumas pérolas de curiosidades, que nunca interessam a ninguém, mas que me ajudam a manter o título de “Príncipe da Cultura Inútil” – entendo que a coroa ainda é do meu amigo e recém-pai, Sylvio…

1. Genealogia de verdade

Para os bantos (ou mesmo não-bantos, como os iorubas da Nigéria que ocuparam a Bahia), a linhagem é tudo – os ancestrais perduram nos vivos e a reencarnação ocorre no clã, o avô reencarnado no filho e nos netos – até quando ainda vivo.

2. Índio, de bobo, não tem nada

Entender a linha dos índios e adaptar conceitos para promover o cristianismo nos trópicos não foi suficiente para os jesuítas portugueses e espanhóis serem assimilados. Encontraram muita resistência pela frente. Eles precisavam procurar os detalhes, as nuances e as expressões que evidenciassem a superioridade católica. Nem sempre conseguiam.

Uma manhã os caciques dos charruas procuraram o missionário de plantão para dizer que não queriam nada com um Deus que “vê tudo e sabe tudo o que nós fazemos”. E foram embora, deixando o jesuíta com cara de bobo. Com sincera surpresa e muitas risadas, os índios da fronteira do Brasil com o Paraguai se deram conta de que estavam fadados ao inferno, quando foram os brancos que mataram Jesus Cristo. O crime não era deles, afinal. E quando alguns tupis e guaranis descobriam que, após a morte, os portugueses e os espanhóis também iriam para o céu, perdiam o interesse na ressurreição. Não queriam tal companhia por toda a eternidade.

3. Guinada de 180 graus

O termo “abrigo” significava “estar exposto ao sol” nos tempos do imperador Nero, o exato oposto do sentido atual dado à palavra. O termo vem de apricare (aquecer ao sol), que por sua vez gerou apricus (exposto ao sol para retirar a umidade). Com o tempo, a idéia deslizou para o sentido mais específico de “pôr em lugar seguro” e, por fim, o de “agasalhar, proteger”.

4. Língua Brasílica

O Brasil tem cerca de 180 línguas nativas que ainda são usadas. Já foram mais de 1.200 no século 16. O tupi reinava nos primeiros séculos de Brasil. Deu a primeira unidade nacional até o século 17. Numericamente inferior e tendo de relacionar-se e tocar negócios com os índios, o colonizador passou a usar tupi, mas ao seu modo. Os invasores europeus passaram a usar um dialeto prático para a comunicação imediata, misto de português e tupi, o tupinambá, língua geral, brasílica ou nheengatu. No século 17, acredita-se que só dois de cada cinco moradores da cidade de São Paulo falassem português. Em meados do século 18 só um terço da população usava o português e todos eram bilíngues.

Bem que eu disse!

Eu sei que parece mais frase de velho gagá (se bem que não estou longe disso) – ou então daquela lambretinha do antigo desenho Carangos e Motocas – mas… bem que eu disse!

Sempre alerto com o cuidado que devemos tomar com esses textos da Internet. Luís Fernando Veríssimo costuma ser a vítima preferida – já vi sua assinatura até em mensagem religiosa! Há não muito tempo eu recebi um subscrito por ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade. Detalhe: o texto era de 2005. Psicografado, talvez?

Mas, sinceramente, do Millôr eu não sabia. Inclusive eu mesmo já repassei por aí o texto a que se refere com sua assinatura (acho que até aqui no site também). Essa entrevista foi dada na revista Língua Portuguesa nº 1:

LP – É atribuído a você um texto que circula na Internet, uma apologia ao palavrão. Terem acreditado que se tratava de um texto de sua autoria o ofendeu em que medida?

Millôr – É a pior coisa pegarem um texto que não é seu, que você escreveria melhor, e atribuir a você. Já escrevi muito sobre palavrão, e não para fazer gracinha. Em 1978, quando fiz a tradução de A Volta ao Lar, do Harold Pinter, O Globo vei em cima, dizendo que eu inseri palavrões para torná-la picante. Escrevi um artigo enorme contestando. Tudo que penso sobre o assunto está lá. Não preciso fazer gracinha com a questão. Mas Internet é terra de ninguém. Não fiquei ofendido, nem fui lá reclamar. Isso me mata de tédio.

Uma hora dessas vou ver se ainda acho esse texto sobre palavrões (o verdadeiro) a que ele se referiu…

Mundo HQ

Quem disse que quadrinhos são pra crianças? O mundo HQ (Histórias em Quadrinhos) há muito vem se profissionalizando, explorando novos nichos, tanto que acaba sendo vítima de sua própria ousadia. Vejam o que saiu na Wizard de maio:

O longa-metragem de animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n Roll”, baseado nas histórias em quadrinhos do paulistano Angeli, ganhou uma mídia extra bastante interessante. O Ministério da Justiça classificou o aguardado desenho como impróprio para menores de 18 anos.

A produtora do filme, Marta Machado, ficou indignada e disse ao jornal Folha de São Paulo que ‘os gaúchos da Otto Desenhos Animados entram para a história por produzirem a primeira animação brasileira proibida para menores’.

Para quem não sabe, Wizard é uma revista especializada no tema, trazendo toda e qualquer notícia voltada ao mundo dos quadrinhos, quer seja relacionada a novas publicações, filmes em cartaz, circuito alternativo, etc.