Desejo de matar – I

Não. Nada com relação aos antigos filmes do Charles Bronson (salvo o “desejo” em si). O negócio é pessoal mesmo.

Imaginem a seguinte situação hipotética: seu computador, já há muito tempo, tem um comportamento não muito comportado, desde que um raio mandou sua placa de fax-modem para o sétimo círculo do inferno. Parece que a alma da motherboard foi amaldiçoada e condenada por toda a eternidade, eis que nenhuma outra placa colocada em substituição fez com o que o computador voltasse a se conectar.

Pois bem.

Com muito custo (no Real – $$$ – sentido da coisa) você finalmente conseguiu colocar uma Internet veloz em sua casa e, sendo a conexão pela placa de rede, pensa que todos seus problemas acabaram.

Ledo engano.

O XP tenta acessar recursos da máquina que estão comprometidos, fazendo com que os travamentos persistam. Não sei o que é que o desgraçado busca, mas tenho certeza absoluta que não fui eu que mandei.

No frigir dos ovos a única coisa que faz com que o bichinho funcione razoavelmente sem problemas é a boa e velha instalação do antigo Windows 98, pois as sucessivas instalações do Windows XP (pasmem: original, com licença e tudo) , simplesmente restaram infrutíferas. Quando você pensa que tudo está funcionando, o FDP trava e reinicia. E seu coração também quase trava e reinicia junto, pois a cada vez que o amaldiçoado faz isso, leva consigo uma parte dos arquivos que estavam abertos, destruindo irremediavelmente qualquer possibilidade de nova tentativa de acesso aos mesmos.

Cansei (mas não no sentido daquela viadagem ursulina).

Vou de mala e cuia para o Linux. O que, diga-se de passagem, já devia ter feito há muito tempo. Manterei o Win98 até que todos os dispositivos estejam operacionais.

Depois, adeus.

E que Bill Gates arda no fogo do inferno.

Junto com o Windows XP.

Low-tech de alto custo

Aproveitando a deixa do flagrante que o copoanheiro Bicarato registrou outro dia, acho bastante curiosa a inversão de valores que temos vivido nos últimos tempos.

No meu “começo de carreira”, há uns dez anos (credo: tô velho!), lá no escritório tínhamos uma boa e velha impressora matricial LX (acho que 810) que, pouco tempo depois, foi substituída por uma moderníssima LX 300 com – pasmem! – capacidade de imprimir em páginas avulsas! As impressoras jato de tinta eram admiradas com respeito, pois eram muito caras para nós, pessoas comuns. E as impressoras laser, então? Veneradas e cultuadas a distância! Totalmente sem acesso para meros mortais. “Quando eu estiver bem, e o escritório estiver rendendo, ainda vou ter uma!” – era o que dizíamos.

Apesar de ter uma história interessante lá nos idos de 1984 sobre um terreno de meio lote num bom bairro que meu pai trocou por um vídeo cassete – novo, diga-se de passagem – , esse equipamento foi caindo de preço até que levou uma estocada que muitos pensavam ter sido a derradeira quando da popularização do DVD. Essa situação piorou mais ainda quando os gravadores de DVDs também começaram a se multiplicar no mercado.

E as vitrolas, então? Bem no começo da década de oitenta tínhamos na sala, em lugar de honra na recém comprada estante, um poderoso três-em-um preto da Sanyo. Detalhe: o aparelho possuía um pino central com uma trava para acumular alguns discos, um sobre o outro, e permitia fazer uma boa sequência musical. Ééééé… Coisa fina! Até hoje ainda rende boas lembranças, como a que comentei com a Ana Téjo, já há uns três meses, lá no Pensatriz. Mas os discos de vinil – pobres coitados – foram substituídos pelos CDs. E mesmo estes já têm sua hegemonia balançada em função do MP3.

Então tudo isso seria lixo, concordam? Todo esse equipamento antigo, velho, ultrapassado, obsoleto, já não serviria para mais nada, certo?

ERRADO.

Procurem qualquer um dos itens supra no mercado e ficarão de queixo caído. Talvez o vídeo cassete seja o único que ainda não tenha um preço absurdo, mas impressoras matriciais não são encontradas por menos que uns quinhentos contos, e algumas vitrolas ultrapassam com folga a casa dos mil!

“Mas quem iria comprar essa velharia” – perguntaria o incauto.

Respondo.

Comerciantes, para utilização da impressora matricial para emissão de notas fiscais, por exemplo.

DJs, que trabalham com suas centenas de discos de vinil e que precisam operá-los num sistema próprio, de confiança, que não vá estragá-los. Para isso foram lançadas vitrolas moderníssimas, mas, que ainda assim, não deixam de ser vitrolas. No caderno Link, do Estadão, no último dia 3 saiu uma boa matéria a esse respeito.

Ou seja, tudo equipamento low-tech de alto custo.

Enquanto isso os high-tech vão caindo de preço – cada vez mais.

É ou não é uma verdadeira inversão de valores?…

Piloto Automático – VII

( Direto das catacumbas do Legal… )

(…)

Como continuo (sempre) em desenfreada correria e o dever me chama, segue uma pequenina estória bastante interessante que, apesar de já meio velhinha, continua proporcionando boas risadas. Atentem ao detalhe dos horários…

(…)

DIÁRIO DE UM ANALISTA DE SUPORTE

SEGUNDA

8:05 am
Usuário chama dizendo que perdeu a password. Eu disse a ele para usar um utilitário de recuperação de senhas chamado FDISK. Ignorante, ele me agradeceu e desligou. Meu Deus! E a gente ainda deixa essas pessoas votarem e dirigirem?

8:12 am
A Contabilidade chamou para dizer que não conseguiam acessar a base de dados de relatórios de despesas. Eu dei a resposta Padrão dos Administradores de Sistema #112: “Engraçado… Comigo funcionou…”. Deixei eles pastarem um pouco enquanto eu desconectava minha cafeteira do No-Break e conectava o servidor deles de volta. Sugeri que eles tentassem novamente. Ah… Mais um usuário feliz…

8:14 am
O usuário das 8:05 chamou dizendo que recebeu a mensagem: Erro no acesso ao drive 0. Disse a ele que isso era problema de SO e transferi a ligação para o microsuporte.

11:00 am
Relativamente calmas as últimas horas. Decidi reconectar o telefone do suporte para ligar pra minha namorada. Ela disse que os pais dela virão pra cidade nesse fim-de-semana. Pus ela “em-espera” e transferi a ligação para o almoxarifado. Que é que ela está pensando? Os torneios de “Doom” e “Myst” são neste fim-de-semana!

12:00 pm
Almoço.

15:30 pm
Retorno do almoço.

15:55 pm
Acordei da soneca. Sonhos ruins me dão tremores. Empurrei os servidores sem razão. Voltei pra soneca.

16:23 pm
Outro usuário liga. Quer saber como mudar fontes em um formulário. Perguntei que chip eles estão usando. Falei pra eles ligarem novamente quando descobrirem.

16:55 pm
Resolvi rodar a macro “Criar Salvar/Replicação de Conflitos” para que o próximo turno tivesse algo a fazer…

TERÇA

8:30 am
Terminei a leitura do log de suporte da noite anterior. Pareceram ocupados. Tempos terríveis com Salvar/replicação de Conflitos…

9:00 am
Gerente de suporte chega. Quer discutir minha atitude. Cliquei no PhoneNotes SmartIcon. “Adoraria, mas estou ocupado”, gritei enquanto pegava as linhas de suporte, que (misteriosamente) acenderam.

9:35 pm
O chefe da equipe de P&D precisa de ID para novos empregados. Disse a ele que precisava do formulário J-19R=3D9C9DARRK1. Ele nunca tinha ouvido falar de tal formulário. Disse a ele que estava no banco de dados de FORMULÁRIOS ESPECIAIS. Ele nunca ouvira falar de tal banco de dados. Transferi a ligação para o almoxarifado.

10:00 am
Ana ligou pedindo um novo ID. Eu disse que precisaria da matrícula, nome de departamento, nome do gerente e estado marital. Rodei @DbLookup nos bancos de dados de Controle de Doenças e não achei nada. Disse a ela que o novo ID estaria pronto de noite. Relembrando as lições de “Reengenharia para Parceria de Usuários”, ofereci-me para entregar pessoalmente em sua casa.

10:07 am
O cara do almoxarifado passou por aqui dizendo que estava recebendo ligações estranhas ultimamente. Ofereci a ele um treino em Notes. Começando agora. Deixei ele olhando a console enquanto sai para fumar.

13:00 pm
Voltei da pausa para o cigarro. O almoxarife disse que, como os telefones ficavam tocando demais, ele passou a transferir as ligações pra moça do café. Começo a gostar desse cara.

13:05 pm
Grande Comoção! Gerente de suporte cai num buraco aberto onde eu tinha tirado os tacos, na frente da porta do seu escritório. Falei pra ele da importância de não entrar correndo na sala do computador, mesmo que eu grite “Meu Deus – Fogo!!”

14:00 pm
A secretária do departamento jurídico liga e diz que perdeu a password. Pedi a ela que cheque sua bolsa, chão do carro e no banheiro. Disse que provavelmente caiu das costas da máquina. Sugeri que ela ponha durex em todas as entradas de ar que ela ache no PC. Grunhindo, ofereci-me para lhe dar nova ID enquanto ela colava os durex…

14:49 pm
O almoxarife voltou. Quer mais aulas. Tirei o resto do dia de folga.

QUARTA

8:30 am
Detesto quando os usuários ligam pra dizer que o chipset não tem nada a ver com fontes em um formulário. Disse a eles “claro, vocês deviam estar checando o ‘bitset’ e não ‘chipset'”. Usuário bobo pede desculpa e desliga.

9:10 am
Gerente de suporte, com o pé engessado, volta ao escritório. Agenda um encontro comigo para 10:00 am. Usuário liga e quer falar com o gerente de suporte sobre um suposto péssimo atendimento na mesa de suporte. Disse a ele que o gerente estava indo a uma reunião. Às vezes a vida nos dá material…

10:00 am
Chamei o Luiz do almoxarifado pra ficar no meu lugar enquanto vou no escritório do gerente. Ele disse que não pode me demitir, mas que pode sugerir vários movimentos laterais na minha carreira. A maioria envolvida com implementos agrícolas no terceiro mundo. Falando nisso, perguntei se ele já sabia de um novo bug que pega texto indexado dos bancos de dados e distribui aleatoriamente todas as referências. A reunião foi adiada…

10:30 am
Disse ao Luiz que ele está se saindo muito bem. Ofereci-me para mostrar-lhe o sistema corporativo de PBX algum dia…

11:00 am
Almoço.

16:55 pm
Retorno do almoço.

17:00 pm
Troca de turno. Vou pra casa.

QUINTA

8:00 am
Um cara novo (Jonas) começou hoje. “Boa sorte”, disse a ele. Mostrei-lhe a sala do servidor, o armário de fios e a biblioteca técnica. Deixei-o com um PC-XT. Falei pra ele parar de choramingar. O Notes rodava igual, tanto em monocromático quanto em cores.

8:45 am
Finalmente o PC do novato deu boot. Disse a ele que iria criar novo usuário pra ele. Setei o tamanho mínimo de password para 64. Sai pra fumar.

9:30 am
Apresentei o Luiz ao Jonas. “Boa Sorte”, comentou o Luiz. Esse cara não é o máximo?

11:00 am
Ganhei do Luiz no dominó. Luiz sai. Tirei o resto das peças da manga (“tenha sempre backups”). Usuário liga, diz que o servidor de contabilidade está fora do ar. Desconecto o cabo Ethernet da antena do rádio (melhor recepção) e ligo de volta no hub. Disse a ele que tentasse novamente. Mais um usuário feliz!

11:55 am
Expliquei ao Jonas a política corporativa 98.022.01 “Sempre que novos empregados começam em dias que terminam em ‘A’ estão obrigados a prover sustento e repouso ao analista técnico sênior do seu turno”. Jonas duvida. Mostrei o banco de dados de “políticas corporativas”. “Lembre-se, a pizza é de peperoni, sem pimenta!”, gritei enquanto Jonas pisa no taco solto ao sair.

13:00 pm
Oooooh! Pizza me dá um sono…

16:30 pm
Acordo de uma soneca refrescante. Peguei o Jonas lendo anúncios de emprego.

17:00 pm
Troca de turno. Desligo e ligo o servidor várias vezes (Teste do botão ON-OFF…). Até amanhã…

SEXTA

8:00 am
Turno da noite continua tendo problemas para trocar unidade de força do servidor. Disse a eles que estava funcionando direito quando sai.

9:00 am
Jonas não está aqui ainda. Decidi que deveria começar a responder as chamadas eu mesmo.

9:02 am
Chamada de usuário. Diz que a base em Sergipe não consegue replicar. Eu e Luiz determinamos que é problema de fuso horário. Mandei eles ligarem para Telecomunicações.

9:30 am
Meu Deus! Outro usuário! Eles são como formigas! Dizem que estão em Manaus e não conseguem replicar com Sergipe. Falei que era fuso horário, mas com duas horas de diferença. Sugeri que eles ressetassem o time no servidor.

10:17 am
Usuário do Espírito Santo liga. Diz que não consegue mandar e-mail pra Manaus. Disse pra eles setarem o servidor para 3 horas adiantado.

11:00 am
E-mail da corporação diz para todos pararem de ressetar o time dos servidores. Troquei o “date stamp” e reenviei para o Acre.

11:20 am
Terminei a macro @FazerCafe. Recoloquei o telefone no gancho.

11:23 am
O Acre liga, perguntando que dia é hoje.

11:25 am
Gerente de suporte passa pra dizer que o Jonas pediu pra sair. “Tão difícil achar boa ajuda…”, respondi. O gerente disse que ele tem um horário com o ortopedista essa tarde e pergunta se eu me importaria em substitui-lo na reunião semanal dos administradores. “No problems”, eu respondo.

11:30 am
Chamo Luis e digo que a oportunidade bateu à sua porta e que ele foi convidado para um encontro essa tarde. “Claro, você pode trazer seu jogo de dominó”, digo a ele.

12:00 am
Almoço.

13:00 pm
Começo backups completos no servidor Unix. Redireciono o device para NULL para o backup ser mais rápido.

13:03 pm
Backup semanal completo. Cara, como eu gosto da tecnologia moderna!

14:30 pm
Olho o banco de dados de contatos de suporte. Cancelo o compromisso de 2:45 pm. Ele deve ficar em casa descansando.

14:39 pm
Outro usuário ligando. Diz que quer aprender a criar um documento de conexão. Digo a ele para rodar o utilitário de documentos CTRL-ALT-DEL Ele disse que o PC rebootou. Digo a ele para chamar o microsuporte.

15:00 pm
Outro usuário (novato) liga. Diz que a macro periódica não funciona. Disse a ele para incluir a macro @DeleteDocument no final da fórmula e prometi mandar-lhe o anexo do manual que indica isso.

16:00 pm
Acabei de trocar a cor de frente de todos os documentos para branco. Também setei o tamanho da letra para 2 nos bancos de dados de ajuda.

16:30 pm
Um usuário liga pra dizer que não consegue ver nada em nenhum documento. Digo a ele para ir no menu Edit, opção Select all, e apertar a tecla Del e depois refresh. Prometi mandar-lhe a página do manual que fala sobre isso.

16:45 pm
Outro usuário liga. Diz que não consegue ver os helps dos documentos. Digo a ele que irei consertar. Mudei a fonte para WingDings.

16:58 pm
Conectei a cafeteira no hub Ethernet pra ver o que acontece… Nada… (muito sério).

17:00 pm
O turno da noite apareceu. Digo a eles que o hub está agindo estranho. Desejo um bom fim-de-semana.

* Publicado originalmente em 29/DEZ/2004

O que é que custa R$6.000,00/litro?

Comparativo bastante interessante enviado pelo amigo Marcelo (aquele das extensões de arquivos). Tem toda a cara de um daqueles e-mails que são repassados infinitamente pra sempre pra todo mundo, mas, apesar disso, desenvolve um raciocínio pra lá de correto. Segue, ipsis litteris, o texto recebido:

O que é que custa quase R$6.000,00/litro e não é nem para beber?

Resposta: TINTA DE IMPRESSORA !!!

Há não muito tempo atrás, as impressoras eram caras e barulhentas. A primeira impressora doméstica barata, a Elgin Lady 80, era bonita, minúscula e lenta, mas mesmo assim acessível. Com o advento das impressoras jato de tinta, o mercado matricial doméstico morreu mais rápido que os dinossauros, pois todos foram seduzidos pela qualidade, velocidade e facilidade de uso da Canon BJ600, da HP Deskjet 420C, entre outras.

Aí veio a grande sacada dos fabricantes: oferecer impressoras cada vez mais e mais baratas, e cartuchos cada vez mais e mais caros. Nos casos dos modelos mais baratos, o conjunto de cartuchos pode custar mais do que a própria impressora… Olha só o cúmulo: pode acontecer de compensar mais trocar a impressora do que fazer a reposição de cartuchos. VEJA ESSE EXEMPLO:

Uma HP DJ3845 é vendida nas principais lojas por R$170,00. A reposição dos dois cartuchos (10ml o preto e 8ml o colorido), fica em torno de R$130,00.

Daí você vende a sua impressora semi-nova sem os cartuchos por uns R$90,00 (pra vender rápido), junta mais R$80,00 e compra uma nova impressora e com cartuchos originais de fábrica e ainda economizará R$50,00! Os fabricantes fingem que nem é com eles, dizem que é caro por ser tecnologia de ponta, transformam o simples ato de fabricar tinta em algo mais complexo do que coletar a 3ª lágrima da Deusa-Loba dos Campos Elíseos, ou algo assim. Enquanto a indústria de recarga viceja, vemos HP, Epson, Canon e Lexmark jurando que a tinta deles é melhor e que você não deve recarregar. Para piorar, de uns tempos para cá passaram a diminuir a quantidade de tinta (mantendo o preço)…

Um cartucho HP, com míseros 10ml de tinta custa R$55,99. Isso dá R$5,59 por mililitro. Só para comparação, Champagne Veuve Clicquot City Travelle custa R$1,29 por mililitro. QUASE SEIS MIL REAIS POR UM LITRO DE TINTA! Parece brincadeira, NÉ???? MAS É A TRÁGICA REALIDADE, O PREÇO EXTORSIVO QUE PAGAMOS. UM ESPANTO!!! Só acrescentando… As impressoras HP1410, 3920 que usam os cartuchos HP 21 e 22, estão vindo somente com 5 ml de tinta!!! Mas não é só HP. Com a Lexmark é a mesma coisa. Isso deve ser combinado. É UM ABUSO!

Extensões de arquivos

A frase a seguir foi dita pelo amigo Marcelo para seu chefe, o também amigo e copoanheiro Evandro. Só pra situar: o chefe (Evandro) tinha acabado de passar uma daquelas “missões impossíveis”, algo como fazer o levantamento de todos os contratos do ano anterior e planilhá-los de uma determinada forma. O funcionário (Marcelo) deu um longo suspiro, pensou no trabalho que teria pela frente, e, por fim, soltou a seguinte pérola:

– Sabe, se chefe fosse arquivo de computador, a extensão seria .FDP !

Uma questão de tecnologia

E então, eis que no fim-de-semana dei uma rápida passada na casa de meus pais. Ao chegar, já no portão fui recebido pela minha mãe, com uma certa carinha de preocupação.

Achei estranho, mas – conhecendo-a como conheço – deixei pra lá.

Entrei, proseei um pouco com meu pai, tomei um café e já estava saindo, quando minha mãe me interpelou. Parece que ela havia emprestado um DVD de uma amiga e tinha sumido a legenda na hora em que estava assistindo. Expliquei-lhe que provavelmente era alguma configuração no aparelho. Bastava procurar o menu e ativar as legendas ou subtítulos ou seja lá que nome tivesse naquele DVD.

– Mas o som é em italiano e a legenda é em português – e sumiu!

– Tudo bem, mãe. Peça pro pai acessar o menu e ativar a legenda.

– Mas ele já tentou, se enfezou e não conseguiu.

– Uai? A senhora já não assistiu o DVD?

– Já.

– Entendeu tudo que queria entender?

– Entendi, até porque sei um pouquinho de italiano.

– Então, qual é o problema?

– Mas filho! Quando minha amiga me emprestou o DVD estava com legenda! Como é que eu vou devolver agora SEM a legenda?…

Só então entendi o imbróglio da coisa. Ela estava achando que o fato de estar sem legenda no aparelho dela significava que tinha “tirado” a legenda do DVD. Só depois que eu lhe garanti que não tinha problema, que todas as informações necessárias AINDA estavam lá dentro do DVD e que era só uma questão de configuração de cada aparelho – aí ela se tranquilizou. Um pouco.

Enfim, só posso concluir que estamos tão, mas tão acostumados com a tecnologia em nosso dia-a-dia que acabamos deixando de perceber o quão rápido nossa vida vem sendo permeada por essa mesma tecnologia, assim como deixamos também de perceber que nem sempre todos a nossa volta conseguem ter a mesma facilidade para captar e assimilar tudo isso.

É mais ou menos como li na última edição da revista Língua Portuguesa. Era uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: o analfabeto do futuro não será aquele que não souber ler ou escrever; será aquele que não conseguir esquecer o que já sabe e reaprender tudo de novo.