O Decamerão

Muito bem, meu povo, em época de “confinamento” (êêêê, vida de gado…) nada melhor que ampliar um pouco os horizontes, largar do celular, das redes sociais e da informação fácil e mastigada, de modo a nos aprofundarmos um pouco em cultura e retomar bons e velhos hábitos – e não conheço nenhum hábito mais antigo que “ler um livro” (tá certo que existem profissões mais antigas talvez até mesmo que a escrita, mas este aqui é um blog de família e vou deixar pra falar disso noutra hora).

Quem aí já ouviu falar do Decamerão (ou Decameron), de autoria de Giovanni Boccacio?

Pois é, eu mesmo li esse livro lá pro início da década de oitenta e meio que já havia esquecido dele.

Até agora.

E vocês vão entender o porquê da lembrança.

Esse livro foi escrito por volta de 1.350, já quando começava o declínio da Idade Média. Tem por pano de fundo o encontro de dez jovens – 3 homens e 7 mulheres – que se isolaram em uma casa de campo em Florença, Itália, fugindo da pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu naquela época: a Peste Negra.

São cerca de cem contos divididos em dez jornadas (daí o nome “Deca”) narrados por esses personagens. São estórias de amor que vão do erótico ao trágico, contos de sagacidade, piadas e lições de vida – que rendeu ao livro a alcunha de “A Comédia do Sexo”. O livro retrata bem o ambiente daquele período em que viviam (sendo que alguns estudiosos dizem que muitos dos contos são meras transcrições de outros que já existiam na tradição oral da época), pois enquanto a Peste arrasava com cerca de 1/3 da população da Europa, a população reagia de duas formas distintas: ou se entregavam à luxúria desenfreada – bebedeira e busca irrestrita do prazer – ou se recolhiam a fim de orar e se voltar para a vida espiritual, mística, contemplativa – sendo que uma boa parte oscilava entre esses dois extremos… O próprio Bocaccio, para escrever sua obra, também isolou-se em fuga das mazelas da doença enquanto o mundo desabava lá fora.

Muitas pessoas, desorientadas e aparvalhadas, vagavam pelos campos e se ajuntavam nas igrejas em busca de uma ajuda que não viria, pois encontravam-se diante da perspectiva de uma morte horrenda face a uma ineficácia da religião católica (então dominante) e de uma medicina quase ou totalmente inexistente.

Bocaccio criticou a sociedade da época através de um retrato irônico e detalhista num mundo repleto de interpretações diferenciadas para as mesmas situações, desafiando a Igreja e os costumes da época com um tom debochado ao tratar de assuntos como religiosidade e a vida em coletividade. Ou seja, ele se desprendeu da até então reinante moral medieval e abriu rumo a um realismo no qual o centro das estórias estava voltado à conduta das próprias pessoas – o que ultrapassou seus antecedentes em complexidade, qualidade e capacidade narrativa. Essa obra foi tão relevante que chegou a inspirar diversos autores que vieram posteriormente, dentre eles Shakespeare, Cervantes, Lutero e outros.

“Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniquidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.

Os homens se evitavam […] parentes se distanciavam, irmão era esquecido por irmão, muitas vezes o marido pela mulher; ah, e o que é pior e difícil de acreditar, pais e mães houve que abandonaram os filhos à sua sorte, sem cuidar deles e visitá-los, como se fossem estranhos.” (BOCCACCIO. 1987, p. 35-36,38)

Entenderam agora?

O que estamos vivendo nos dias atuais reflete em parte algo que já aconteceu há mais de 700 anos!

É bem como aquela mais famosa frase da série Battlestar Galactica: “Tudo isso já aconteceu antes, e tudo vai acontecer novamente”.

Enfim, fica aí a dica do dia. E como se trata de uma obra que já está em domínio público, caso se interessem basta clicar neste link aqui para o download do livro em PDF.

Bem, por hoje acho que é só.

E lavem bem as mãos.

Sempre.

As duas portas

Existem duas portas para entrar em casa: a da sala e a da cozinha.

A primeira, de madeira, imponente, envernizada, com seu pomposo trinco e um suave girar nos gonzos.

A segunda, de segunda. Literalmente. É de lata e vidro, com uma portinhola que lhe ocupa a maior parte e que serve para arejar o ambiente e para o gato passar. Seu trinco quando não emperra, não tranca e o ruído dela abrindo ou fechando lembra muito o daquelas velhas portas dos antigos filmes de terror.

Quem eu não conheço muito bem recebo com a formalidade da porta da frente. A pessoa limpará seus pés num bonito capacho, com a sempre presente inscrição de boas-vindas. Poderá pendurar seu casaco ou bolsa no gancho que fica logo ao lado da porta e se estiver chovendo ainda terá um porta guarda-chuvas por perto. Ao entrar enxergará o espaço organizado do sofá e sua mesinha de centro, com uma bela televisão ao fundo ladeada de estantes de livros, de CDs e de DVDs. Provavelmente se perderá por ali por alguns momentos avaliando os títulos presentes. Eu a convidarei para se sentar, já me acomodando logo em frente e provavelmente devo até mesmo cruzar as pernas, isso depois de já ter aberto as cortinas para dar lugar à luz e à brisa. Ao som de uma suave música ambiente, deverei oferecer café em jogo completo de xícaras e bandeja de metal. Perguntarei se açúcar ou adoçante.

Apesar do extremo acolhimento, ainda assim não estarei à vontade. Pensarei com cautela cada palavra que direi e jamais correrei o risco de falar mal ou mesmo bem de alguém.

As visitas ganham o melhor da residência e o pior do anfitrião.

Já quem eu amo entra pela porta da cozinha, no meio da bagunça das panelas, da mesa ainda posta, do artesanato da Dona Patroa e dos jornais espalhados. É o umbral secreto do afeto, simples e despojado, sem tapete, com os saborosos perfumes vindos do fogão, dos temperos e dos alimentos descongelando. Se estiver chovendo, praguejando levarei o guarda-chuva pingando, correndo através da cozinha, para depositá-lo no tanque do lado de fora. Não haverá cerimônia nenhuma. Casacos e bolsas serão largados na cadeira mais próxima. Se quiser café já sabe onde estará e, à vontade, se servirá. O mesmo com as cervejas na geladeira e ainda vai soltar um palavrão porque não é da marca preferida dele.

Os amigos ganham a verdadeira face do lar e a sinceridade do anfitrião.

Ou seja, existirão duas versões de mim: aquele que abre a porta da frente e aquele que abre a porta dos fundos.

Na frente estarei de roupa social ou no mínimo formal, já tendo pensado nos detalhes e na cerimônia necessária para receber a visita. O cumprimento será, com olhos nos olhos, um firme aperto de mão. A conversa será em meio tom, moderada, circunspecta e voltada a assuntos que habilmente estarão direcionados ao motivo pelo qual a visita veio em minha casa.

Já nos fundos estarei de calção, camiseta regata e chinelo. Com um sorriso ou uma gargalhada, xingarei o amigo que entra já dizendo que está sumido e será recebido com um abraço de quebrar os ossos e com calorosos tapas nas costas. Aqui a alma também muda. Falo gritado e gesticulando, com a passionalidade de um bom filho de mineiro. Não importa o motivo pelo qual está ali – mas ainda bem que veio! – qualquer assunto será assunto, não meço as confissões e as fofocas e tampouco arrumo ou calculo as frases. Não me preocupo em absoluto com a expectativa de agradar, já que meus amigos fazem parte do meu lar.

Se tiver vindo para um almoço, a visita sentar-se-á à mesa e, enquanto conversa com os demais presentes, poderá se servir dos alimentos que já estão nos refratários postos à mesa enquanto aguarda chegar a carne preparada na churrasqueira lá nos fundos, a qual estará numa brilhante bandeja de metal, já assada e cortada no ponto certo.

Já os amigos estarão comigo na churrasqueira, aos quais ainda pedirei para pilotar enquanto vou ali na esquina buscar mais cerveja ou refrigerantes. Sentar-se-ão nas muretas do quintal e comerão na mesa que previamente foi levada lá pra fora. Se servirão diretamente das panelas que ainda estão no fogão, isso quando não tiverem eles próprios que botar a mão na massa e preparar uma salada, um arroz, um vinagrete que seja. A carne virá pingando diretamente da tábua para o prato ou para o pão, conforme se queira. Contaremos piadas, falaremos mal da vida alheia, de nós mesmos, comeremos, beberemos e brindaremos à vida!

A porta que mira a rua é a da sobriedade, da cerimônia, da conversa controlada e sentimentos ocultos.

A porta que beira o fogão e a geladeira é a da intimidade, dos risos e implicâncias, das gargalhadas e do choro apressado com um consolo sentido e sincero.

Só abrimos nosso coração e nos entregamos de alma para aqueles em que verdadeiramente confiamos…

(Copiado, colado, cortado, inserido, alterado e reformado de uma crônica do Fabrício Carpinejar.)

Sonhei com você!

Logo pelo raiar do dia acordei com o insistente chamado do maldito despertador.

Ainda assim não quis levantar, pois queria sorver um pouco mais da lembrança daquele sonho gostoso e suave, de como há muito não tinha, onde situações malucas, desconcertantes e nonsense se misturam e flertam com outras triviais e corriqueiras de nosso dia a dia…

Realmente foi um sonho bom…

Invariavelmente não costumo lembrar de meus sonhos, pois durmo apenas poucas horas por noite – costume há muito arraigado – e ainda que não adormeça rápido, durmo profundamente.

Só que desta vez foi diferente, lembrei de cada detalhe, de cada cheiro, de cada gesto, de cada toque, de cada tudo – e sabe por quê?

Sonhei com você!

Assim, do nada, ainda que há muito você sequer passasse próxima de meus pensamentos, tive esse sonho meio doido, onde eu estava num trabalho técnico, burocrático e enfadonho para uma cliente, mas estava feliz, pois você estava ali, presente, sentada do meu lado, conversando, proseando e rindo com esse seu sorriso com cheiro de luz do Sol a iluminar todo o ambiente.

Que bom poder matar essa saudade que eu nem sabia que ainda tinha, mesmo que dessa maneira surreal, lá no mundo onírico, onde tudo se mescla, onde passado, presente e futuro são uma só coisa, pois este meu coração – que ultimamente anda um tanto quanto árido – palpitou forte uma vez mais, com lembranças emocionais que estavam soterradas em algum canto perdido lá nas mais profundas catacumbas de meu ser.

Um tanto quanto exagerado, eu sei – mas fazer o que se sempre fui assim?…

Eu fiquei muito feliz em poder te encontrar novamente, pessoalmente, olhando bem fundo nesses seus olhos brilhantes, apesar de toda essa distância que nos separa, ainda mais porque estávamos daquele nosso jeito de sempre, meio que descontraídos, meio que se divertindo, meio que discutindo mas sempre se amando.

Sei que, para você, não é preciso explicar, mas para qualquer outra pessoa que venha a ler estas linhas é importante entender que quando eu digo clara e francamente que “eu te amo”, isso na realidade é muito mais profundo que um mero amor fraternal e absolutamente não quer dizer que seria daquele tipo de amor para vivermos como um casal.

Amar, nesse caso, é um querer bem de uma forma inenarrável, indescritível, é gostar de estar perto, de poder ajudar, é querer que a pessoa esteja bem, que esteja feliz, independentemente de com quem quer que seja ou onde quer que esteja, sabendo do fundo do coração que o sentimento que se tem por essa pessoa é tanto recíproco quanto de uma sinceridade à toda prova.

Um dia ainda haveremos de nos encontrar novamente – e dessa vez no mundo real – para conversarmos, rirmos, matarmos nossas saudades e lembrarmos com carinho de todas as bobagens que já fizemos enquanto vivíamos próximos um do outro.

Disso eu tenho certeza.

Até porque, como diria Richard Bach, “Se a nossa amizade depende de coisas como o espaço e o tempo, então quando finalmente ultrapassarmos o espaço e o tempo, teremos destruído a nossa fraternidade. Mas, ultrapassado o espaço, tudo o que nos resta é AQUI. Ultrapassado o tempo, tudo o que nos resta é AGORA. E entre AQUI e AGORA você não crê que poderemos ver-nos uma ou duas vezes?”

Devo agora me despedir, guardando com carinho essa sensação de proximidade e familiaridade que esse sonho me trouxe, ou melhor, que me resgatou lá de um passado que já estava começando a ficar pálido em minha memória, mas que, ao menos por enquanto, voltou a pulsar forte no meu peito.

E, por derradeiro, não posso me esquecer de quebrar o maldito despertador para que nunca mais volte a interromper um sonho como este que tive hoje!

😘

Ah, não!

E então eis que as duas amigas resolveram sair para tomar uns drinques. Ambas mulheres experientes, vividas, mesmo que não tivessem o assim chamado “frescor da juventude”, ainda contavam com uma nítida sexualidade e um charme todo próprio adquirido com o passar das estações…

Uma casada, a outra não.

E estavam elas instaladas numa confortável mesinha na calçada, naquele conversê de barzinho, bebericando seus drinques, falando de atualidades, do passado, do futuro, dos outros e – claro! – de homens.

Então, não mais que de repente, aparece aquela picape gigante, lentamente se movendo do outro lado da larga avenida, aguardando a liberação de uma vaga enquanto um outro sujeito desajeitadamente manobrava seu carro para ir embora. Não era possível ver com nitidez seu motorista, nem se estava com alguém, mas mesmo daquela distância era visível o bem delineado contorno de sua cabeça, o queixo proeminente bem como o nariz afilado. Enquanto espera ele dá uma olhadinha em direção a elas e discretamente sorri.

— Ai, amiga! Olha só! Aquele sujeito chegando ali, ele tá me paquerando!

— Hm? – perguntou a outra, lentamente levantando os olhos e perscrutando ao redor enquanto ruidosamente sorvia o final de sua caipirinha pelo canudinho.

— Ali, ó, naquela camionete estacionando…

— Ih, amiga, cuidado, hein? Normalmente gente que tem carrão grande assim é tudo baixinho.

— Credo, para de ser assim! Você tá aí, tranquilinha, bem casadinha e eu não. Se chega um sujeito bonitão querendo dar em cima de mim, deixa ele!

— Não é isso, minha linda! Olha pra você. Você tem bem mais de um metro e setenta – e só de pernas!

— Exagerada!

— Tô te falando. Você é alta, amiga, muito mais que a maioria. Sei que é difícil surgir um cara que combine com você, mas escreve o que eu tô dizendo: carro grande só vem com baixinho. Com certeza é um anão!

— Pelamordedeus, menina! Para! Deixa eu. Até porque ele já deu mais umas olhadinhas pra mim…

— Tá bom, tá bom. Mas nem deu pra ver se ele está com alguém. E se estiver? E se for um safado?

— Bom, daí azar dele, pois não vai poder usufruir da mamãe aqui! – disse enquanto descia as mãos pelo corpo, ressaltando as próprias curvas.

— Ai, você não presta mesmo! Mas ainda acho que o cara deve ser um baixinho, um anão. Você vai ver só.

Nisso finalmente o sujeito acabou de estacionar. Fechou o vidro semiaberto, entreabriu a porta ao mesmo tempo que virou-se de lado, parecendo que estava se debruçando sobre alguém.

— Ih, amiga, já vi tudo! Pode ir tirando esse sorrisinho besta do rosto que ele deve estar com alguém. De qualquer jeito sua noitada acaba aqui, pois pela maneira que deve estar desafivelando o cinto, o anão também está com uma criança.

— Além de despeitada, bocuda, hein? E daí que ele tenha uma criança com ele? Vai que dá certo, a gente se conhece e marca alguma coisa para um outro dia?

— Mas você não perde a esperança, né? Então deixa o baixinho vir, que agora até eu quero ver no que é que isso vai dar.

— Ai, para!

E então, pela porta, de fato desceu uma criança. Assim, de costas meio que escorregando pelo banco alto daquela picape mais alta ainda, até que seus pezinhos titubeantes tocaram o chão. E com um estrondo a porta se fechou.

— Nossa, será que ele vai deixar aquele menino ali na rua, assim sozinho?…

E então o garotinho se virou e sorriu.

Ativou o alarme enquanto começava a atravessar a rua com seus passinhos lépidos e gingados.

Era um anão.

Mussarelices

– Boa noite. Quero pedir uma pizza.

– Pois não, qual o sabor?

– Meia dois queijos e meia calabresa. Aqui diz que a calabresa vem com mussarela. Eu quero sem mussarela e com bastante cebola.

– Qual pizza o senhor quer?

– Meia Calabresa sem mussarela e meia dois queijos.

– O senhor não quer que coloque mussarela na calabresa?

– Por favor, não.

– Aqui colocamos mussarela, senhor.

– Vocês não podem tirar?

– Podemos sim, senhor. É que normalmente não fazemos isso.

– Minha querida, calabresa com mussarela se chama Sorrento. Pizza de Calabresa não vai mussarela.

– Sim senhor. Então o senhor não quer mussarela na calabresa?

– Não, querida, sem mussarela.

– E na dois queijos, vai querer a mussarela?

– Aqui no cardápio diz que a dois queijos de vocês é com provolone e catupiry.

– Ah. Mas como o senhor não quer mussarela na calabresa, pensei que queria na dois queijos.

– Ok, faz sentido, mas não, minha filha. Hoje não é um bom dia para mussarela, ok? Sem mussarela.

– Então sem mussarela na dois queijos, senhor?

– Isso! Sem mussarela na dois queijos e sem mussarela na calabresa! Entendeu?

– Sim senhor. O senhor então quer duas pizzas, uma meia calabresa sem mussarela e dois queijos e outra só de mussarela?

– …

– Senhor?

– Vamos lá… Eu quero UMA!!! UMA PIZZA METADE DOIS QUEIJOS E METADE CALABRESA SEM MUSSARELA!!!

– Ok, senhor. E a mussarela então não vai?

– Como?

– A pizza de mussarela, senhor.

– Sem mussarela, entendeu? Sem mussarela! Minha nossa!

– É que entendi o senhor dizer que não quer uma segunda pizza de mussarela.

– Vou repetir: quero uma pizza metade calabresa sem mussarela com bastante cebola. E outra dois queijos conforme está no cardápio.

– Entendi, senhor. Quarenta minutinhos.

– Tudo isso?

– É que estamos sem mussarela e vamos pegar na nossa outra unidade, senhor.

– Não. Peraí. Você tá me zoando?

– Não senhor, eu jamais faria isso.

– Eu pedi uma pizza dois queijos, catupiry e provolone e a outra metade calabresa SEM MUSSARELA!

– Eu entendi, senhor.

– Obrigado. Vou aguardar.

……………

Quarenta minutos depois a pizza chega. Abro a caixa. Era uma pizza de atum com mussarela.

Nota: Desconheço a autoria deste texto – mas adorei!!! 😀

Grogueadas oníricas

Situação recorrente que costuma acontecer comigo e a Dona Patroa é a de nos perdermos nos shoppings da vida. Isso porque eu só costumo entrar num shopping para comprar o que quero e já sair, enquanto que ela faz questão de entrar em cada uma das 1.469 lojinhas de promoções de dérreal que existirem por lá…

Pois bem.

Eis que hoje eu SONHEI que havíamos nos desencontrado num shopping. Procura daqui, procura dali, pergunta pra um, pergunta pra outro e nada.

Então decidi que já era hora de pegar meu celular e ligar para descobrir onde ela estava.

Ainda meio grogue, LEVANTEI DA CAMA, procurei meu celular pela casa e então liguei pra ela.

– Oi, amor! Onde é que você está? Já te procurei por tudo quanto é lugar!

E ela, também meio grogue, LEVANTOU DA CAMA e com o celular na mão veio até onde eu estava e me respondeu:

– Que é que você quer, seu louco?

Só então me caiu a ficha.

Só então eu percebi o que estava fazendo, o que já tinha feito e o quanto eu estou ferrado, pois ela vai fazer questão de me lembrar disso e tirar um sarro da minha cara – no mínimo – pela semana inteira!

Sósifôdo…