Categoria: Personalíssimo
Horoscopiando

E eis que estava lá a Dona Patroa consultando o horóscopo de 2012 em sua edição de janeiro da revista Bons Fluidos…
Quanta bobagem!
Fico a me perguntar como é que tem gente que acredita nesse tipo de coisa! Até porque usualmente o horóscopo de um acaba servindo pra qualquer outro, pois basta que escolham as palavras certas e teremos uma leitura plug and play, não importa em qual parte do zodíaco você esteja alojado.
Mas agora, cá entre nós – e, por favor, não espalhem! – aproveitei pra dar uma olhadinha na parte dos taurinos e vejam só o que me aguarda pra esse ano de 2012:
O exercício do desapego será algo a ser trabalhado por você em 2012. Sua paciência e tenacidade serão de grande valia quando faltar clareza de propósito e as dúvidas interferirem no seu desejo de seguir em frente, rumo aos objetivos firmemente traçados. Com serenidade, poderá buscar a estabilidade, mesmo em meio ao que estiver sendo transformado. Cercar-se daquilo que lhe traz segurança emocional será muito bem-vindo para que os demais processos possam caminhar de maneira produtiva. Aprender a amar sem posse e a capacidade de se adaptar às novas circunstâncias serão aprendizados fundamentais, conquistados com muito esforço e perseverança, com os quais nutrirá o que é de verdadeiro valor para você. Isso precisará acontecer de maneira livre, e não subordinada à insegurança e à necessidade de acumular. Pouco importa que sejam relações, bens ou ambos.
A área profissional tende a exigir muito mais de você. É um ano de bastante trabalho e estabelecer prioridades organizará e tornará mais fluídas suas ações e resultados futuros. Sim, não adianta nada apressarem você nem você se apressar, por isso, a administração do seu tempo é muito bem-vinda! Afetivamente, a compreensão do seu passado será de grande ajuda no desenvolvimento e na estabilidade dos seus sentimentos atuais. Persevere nessa reflexão e prepare-se para a colheita.![]()
E estamos em 2012…

E então chegamos a 2012…
Visual novo, nova vida nova, com todo o esforço possível para deixar de lado todas as neuras, e – segundo fui informado lá no meu horóscopo (“crer no credo, pero…”) – pronto para percorrer este ano que se inicia total e completamente focado.
Então, caríssimos, um Feliz Ano Novo e um ótimo 2012 para todos nós!
😀
Ômega e Alfa (ou… Resoluções para o Ano Novo)
Cidadão Cane
Bem, para aqueles que não se lembram – ou ainda não sabem – o joelho deste velho causídico não tem se comportado lá muito bem nos últimos dias…
Desde o malfadado acidente que azarou com os ligamentos deste que vos tecla, tem momentos em que meu joelho esquerdo está bem bão, digno mesmo de se pensar como um atleta. Entretanto tem outros momentos em que é, no mínimo, phowwdas… E recentemente ele me aprontou uma dessas!
Tudo bem que eu talvez tenha abusado um pouquinho. Tá, nem tão pouquinho assim. A questão é que eu estava feliz da vida de ter voltado a fazer minhas caminhadas e até mesmo algumas corridas curtas – tal qual como antigamente – ainda que, como me disseram, com o “calçado totalmente errado”. Bem, é que dentre as diversas opções que não tinha, a menos pior foi pegar um tal de “sapatênis” (que sempre enxerguei como tênis), cuja palmilha era a mais confortável e utilizá-lo para essa prática desportiva. Mas, consciente que sou, é lógico que comprei o tênis correto para isso. Aliás, correto mesmo: Asics, importado, solado emborrachado especial, forro acolchoado reforçado, sistema de amortecimento com gel e o escambau. E consegui usá-lo por apenas um dia. Acho que o joelho deve ter se acostumado com a passada dura. Pois bastou estar corretamente paramentado que ele resolveu sair fora do lugar. Totalmente. E, sim, SOZINHO.
E duma maneira tal como jamais antes – de não conseguir andar mesmo. Daí que a benfazeja bengala que ganhei em meu aniversário, mais por gozação que por utilidade, acabou se tornando verdadeiramente mais de utilidade que de gozação.
Se bem que a pergunta recorrente de quem me vê com ela é o porquê de ser tunada com “chamas” no melhor estilo Hot Wheels.
Pois bem, a resposta taí:
Aliás isso já ajuda a esclarecer a todos aqueles que teimam em me fazer a pergunta mais improvável do mundo (ao menos para quem realmente me conhece): “foi jogando bola, é?”…
Quente, quente, muito quente

No meio desse marasmo criativo em que mergulhei, nada como lembrar de mergulhos de verdade…
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Numa ligeira caminhada debaixo de um sol escaldante para pegar minha moto na oficina após uma indispensável retífica no motor (sim, motos precisam de óleo), pude rememorar com saudade meus tempos de infância.
Nos verões insuportáveis de outrora – há uns vinte e tantos anos atrás – a molecada costumava se reunir com suas bicicletas e pegar a chamada “Estradinha de Monteiro” (que vai pra cidade de Monteiro Lobato) pra dar uns mergulhos no rio.
Eram bicicletas de todos os tipos: Monareta, Berlineta, Barra-circular, Barra-forte, Caloi 10, Sprint 10, BMX (sem tanquinho) e as invejadas Caloicross… Toda a tropa pedalava coisa de uns cinco a dez quilômetros até chegar na hoje extinta ponte de madeira do Rio Buquira, onde nadávamos por toda a tarde.
Nós chegávamos, empilhávamos todas as bicicletas na margem do rio, arrancávamos a roupa (não toda, o short ficava), e nos posicionávamos sobre o corrimão da ponte para o merecido mergulho após toda aquela árdua pedalada.
Lembro-me como se fosse hoje. O sol quente batendo nas costas, ainda arfando e suando devido ao trajeto de bicicleta, eu subia no corrimão (sei lá a quantos metros de altura do rio) e preparava-me para o mergulho. Esticava-me todo, numa pseudo-preparativa (como um nadador olímpico), abaixava-me, jogando os braços para trás e… IMPULSO!
Indescritível aquele momento de vazio, em pleno ar, antevendo as águas geladas do rio…
O próprio “cair”, totalmente envolvido pelo vento, já era o início do processo para refrescar…
E então o choque!
O corpo mergulhava totalmente na água e – por um breve momento – todos os problemas do mundo simplesmente não existiam. Ainda submerso, tudo que importava era aquele frescor vivenciado num momento de puro êxtase.
É lógico que tínhamos que voltar à superfície algum dia. Muitas vezes perdíamos a noção do tempo e quando emergíamos já estávamos adiantados, sendo arrastados pela correnteza, além da curva do rio. O chato era ter que voltar até a ponte, pela margem, a pé. O divertido era que podíamos começar tudo de novo.
Ah, bons tempos…
Nota de Falecimento

“Egoísmo não é viver como queremos,
egoísmo é querer que os outros vivam como queremos que eles vivam.”
Oscar Wilde
(Outro tema tão atual… Outro resgate de texto… Desta vez, lá de 2006…)
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É sem nenhum pesar que comunico o início do falecimento, de morte matada, de uma notória personalidade que vinha ocupando um espaço pouco desejado em minha vida: o egoísmo.
Nascido da fertilidade da imaginação e acalentado pela solidão, sempre esteve presente no limiar dos corredores mais sombrios de meu viver. Até há pouco tempo era simplesmente uma sombra fugidia, daquelas perceptíveis somente na área limítrofe da visão, mas que desaparecia por completo ao se focar onde estava.
Entretanto, ultimamente, com desgosto percebi que se fazia cada vez mais presente. Foi chegando, se instalando, se acomodando e não lhe dei a devida atenção, preocupado que estava em meus afazeres. Quando finalmente percebi sua presença ele já estava sutilmente a ditar rumos que eu jamais deveria tomar em sã consciência.
Nada mais me restou senão começar a matá-lo…
Sim, pois ele é forte e não morre assim tão fácil. Tanto, que afeta totalmente o bom senso e a real percepção, fazendo com que se veja o mundo sob uma ótica distorcida. Assim, decidi sufocá-lo até sua extinção – senão completa, ao menos num nível que volte apenas a ser aquela sombra fugidia dantes citada (mesmo agora, sinto-o arranhar a tampa de seu esquife, nas catacumbas de meu ser, implorando por liberdade…).
Deixa por viúva a inveja, bem como as filhas cobiça e mesquinhez – outras personalidades que jamais tive o desprazer de conhecer.
Em tempo: descobri que havia ainda um pequeno órfão, parente distante dessa família, o amor-próprio, que vinha sendo mantido oculto pela insegurança. Informo a quem interessar possa que o mesmo foi resgatado e encontra-se bem, em fase de recuperação, eis que encontrava-se totalmente desnutrido…

