Você sabe que está ficando velho quando começa a encontrar com os parentes de sua geração mais em enterros que em casamentos…
Categoria: Personalíssimo
E 2007 chegou!
Mas tinha que ser numa segunda-feira?…
E 2007 está chegando…
Primeiro eu pensei em fazer um apanhado do que já escrevi nos últimos dias dos anos anteriores para uma reflexão sobre o ano que está por vir.
Depois resolvi criar alguma espécie de parábola com uma mensagem otimista e construtiva, tentando trazer renovadas esperanças para essa nova etapa.
E então, pensando melhor, talvez fosse o caso de simplesmente escrever um texto bem-humorado – talvez com a sempre querida presença dos pequerruchos – mostrando o porquê devemos enfrentar com segurança, determinação e alegria os percalços que a vida eventualmente venha a nos trazer.
Mas daí a porta abriu…
Querem saber?
Feliz Ano Novo.
Mensagens e desejos de praxe.
Nos veremos novamente ano que vem.
Simples assim.
Slow down
Então.
Já vou avisando que a produção literária (ou devo dizer “blogária”?) dos próximos dias será bastante restrita. Lembram-se do malfadado acidente do final do ano passado? Ainda continua rendendo “frutos”…
Ontem fiz uma pequena cirurgia para retirar um cisto que cresceu no pulso direito em função do trauma da batida. E isso é só uma preparação para a próxima: reconstruir o ligamento do joelho esquerdo.
Heh… Agora eu sei como se sentia o “homem de seis milhões de dólares” – todo remendado…
Como é horrível ter que ficar digitando só com uma mão, limitar-me-ei mais a referências que a textos propriamente ditos. Mas, ainda assim, tentarei não faltar por aqui!
Dia difícil
E eu aqui, rezando pra que chegue logo a sexta-feira…
Dreaming
O que mata um sonho?
Vindo de fora: ceticismo, falta de estímulo, desencorajamento, ironia, desinteresse, etc.
Vindo de dentro: desistir.
É bem como eu disse outro dia:
Nunca lhe dão
um desejo sem também
lhe darem
o poder de realizá-lo.
Você pode
ter de trabalhar por ele,
porém.
Questão de relevância
De repente, não mais que de repente, lá estava eu envolvido numa reunião de condomínio. Num prédio de mais de cem apartamentos conseguiu-se reunir o número mínimo legal de representantes suficientes para votar a destituição do síndico. Resolveram acabar com o jugo arbitrário que até então ele vinha exercendo, tomando decisões a seu bel prazer, desrespeitando a própria convenção do condomínio, fazendo terrorismo com os condôminos, falsificando atas de reuniões, faltando para com a verdade de um modo mais amplo possível e imaginável. A gota d’água aconteceu minutos antes dessa assembléia, quando não foi possível que os presentes entrassem no salão de reuniões pela porta da frente (sendo-lhes relegada a entrada pela copa), eis que o síndico – sabedor desse encontro – simplesmente pegou a chave do salão na portaria, enfiou no bolso e saiu, como se fosse dono e senhor absoluto do pedaço.
Mas isso não é relevante.
Num ato comemorativo à destituição do síndico (deposto por unanimidade dos presentes) eis que sentamo-nos à mesa de uma movimentada padaria, rodeados pelos mais diversos tipos de pessoas, falantes, caladas, tristes, alegres, sóbrias, bêbadas, e de repente, não mais que de repente, meu amigo, chapa, camarada e copoanheiro, recebeu uma ligação de uma antiga paixão e, depois de muitos anos, parece que uma pequenina chama ainda arde no peito de ambos. É o tipo de coisa que se percebe pelas palavras ao telefone, pelo olhar perdido no vazio, pelo sorriso que involuntariamente escapa dos lábios, pela alegria com que fala da pessoa após a ligação, rememorando os velhos tempos.
Mas isso também não é relevante.
Estando lá eu sentado, aguardando o fim da ligação do parceiro (e eventualmente metendo meu bedelho na conversa), eis que de repente, não mais que de repente, o rapazola da mesa ao lado, nitidamente bêbado (ou talvez cheirado, pelo jeitão dos olhos e das narinas), virou pro meu lado, se apresentou e resolveu puxar um proseio sobre política. Comigo. Resolvi dar trela pro desinfeliz. Tentou portar-se de modo democrático, fazendo parecer num primeiro momento que ouvia algo do que eu falava, mas logo em seguida passou a defender uma linha de raciocínio de que existiam políticos sacrossantos, quase merecedores de canonização de tão dedicados, desinteressados e incorruptíveis. Argumentei que na vida real não era bem assim, que é lógico que na política da mesma maneira que existe gente muito boa também existe gente muito ruim, mas que não deveríamos ver o mundo de um modo simplista, em preto e branco, mas sim de acordo com suas diversas nuances de cinza. Ainda assim, continuou com seu palavrório falando do “nosso querido” governador e futuro presidente (“seu”, eu corrigi), do “nosso querido” prefeito e futuro governador (“seu”, corrigi novamente), mas acabou por perder a esportiva quando fizemos (a essa altura a ligação já havia acabado) perguntas simples acerca de medidas óbvias que os “queridos” políticos dele simplesmente não tomaram, ainda que cientes. Chegou ao ponto em que resolvemos deixar o ébrio de lado, viramos as cadeiras e voltamos à nossa conversa, deixando-o a resmungar consigo próprio. Suas últimas palavras foram algo do tipo “todo petista é nordestino, analfabeto e ladrão”.
Mas nada disso é relevante.
O que de fato tem relevância é quando você vê que o caboclo que passou os últimos dez minutos enchendo o saco com seu discurso teocrático direitista xiita simplesmente derramou um copo inteirinho de cerveja no próprio colo (sim, a calça parecia ser de marca) e levantou meio que escorregando para ir embora. E mais. Passados outros dez minutos, quando também decidimos ir embora, estavam o frangote e seu amigo anabolizado brigando, meio que de escanteio, ali na área do caixa porque não conseguiam ter coordenação motora o suficiente para passar o cartão na maquininha. “Eu sei que você até tem o direito de chamar a polícia, mas sem pagar a conta daqui vocês não saem”, foi o que ouvimos. Não tivemos dúvida. Pagamos nossa conta, olhamos para os olhos injetados e furiosos do rapazelho, e, sorridentes, em uníssono dissemos para a moça do caixa: “ENTÃO TÁ TUDO CERTO E PAGO. OBRIGADO, VIU?”.
Há muito tempo que eu não ria tanto ao sair de algum lugar…