Aprenda a ser educado no trabalho

AVISO AOS NAVEGANTES: Tirem as crianças de frente do computador…

UTILIZAR: NO LUGAR DE:
Não tenho certeza se vai ser possível. Nem fudendo!
Não vejo razão para preocupações. Tô cagando e andando!
Inicialmente, eu não estava envolvido nesse projeto. Mas que porra eu tenho a ver com esta merda?
Interessante, hein? Caralho !
Há razões de ordem técnica que impossibilitam a concretização da tarefa. Foda-se, não vai dar nem a pau!
Precisamos melhorar a comunicação interna. Puta merda, viado nenhum me fala nada!
Talvez eu possa trabalhar até mais tarde. E na bundinha, não vai nada?
Ele não está familiarizado com a situação. Aquele cara é um bunda-mole mesmo!
Desculpe. Vai pra puta que o pariu!
Desculpe, senhor. Vai pra puta que o pariu, seu viado!
Eles não ficaram satisfeitos com o resultado do trabalho. Bando de filho da puta!
Infelizmente não posso ajudar. Foda-se, se vira!
Adoro desafios Puta trabalhinho de corno!
Finalmente reconheceram sua competência. Ah, deu pro chefe?
Está muito bom, mas , por favor, refaça esta parte do trabalho. Enfia essa merda no cu!
Precisamos reforçar nosso programa de treinamento. Ah, se eu pego o filho da puta que fez isso!
Nossos índices de produtividade estão apresentando uma queda sensível. Esta merda tá indo pro buraco!
Esse projeto não vai gerar o retorno previsto. Agora fudeu de vez!
Desculpe, eu teria avisado, se tivesse sido previamente consultado. Eu sabia que ia dar merda!
Apesar do imenso esforço, teremos outra não conformidade. Cacete, vai sair cagada de novo!



Manifesto

Clique na imagem para ampliar!
( Publicado originalmente no blog etílico Copoanheiros… )

Bicarato

[copy&paste lá do Alfarrábio, mas perfeitamente justificado por uma questão de pertinência para com os princípios aqui do Copoanheiros]

Tem de tudo lá na MetaRec, podem crer. Mais um exemplo notório dessa diversidade fantástica veio pelas mãos da Lelê [cansô de blogar, muié?], numa convocação pra uma *desconferência intergalática que trata sobre “mulheres e  tecnologia: mulheres de antenas e suas panelas de expressão”*. Diz a Lelê que o Chico Buarque gostou da idéia e deu aval pra fazermos uma nova versão da música: *…mirem-se no exemplo daquelas mulheres de antenas…*

Mas, na convocatória, a Lelê deixa claro que a desconferência não quer ser nenhum encontro de luluzinhas, e chama também os *masculinistas*. Ok, dirão vocês, mais um *ismo* pra encher o saco, né? Concordo, também não tô a fim de embarcar nessa, mas de qualquer maneira vale o Manifesto Masculinista que a Lelê anexou, com a ressalva de que é de 1985 — relevem-se alguns exageros e expressões, portanto. Destaque pra um item importantíssimo: *Pelo amparo aos pais solteiros e abandonados pelas mulheres amadas desalmadas: creches nos bares*.

[O manifesto (semi)original tá aqui.]

1 – CABECINHA
Nas questões ligadas à discriminação e aos papéis sexuais, as mulheres já estão na sua, os homossexuais idem, os bi também, e até os machões se organizam e se solidarizam, como se viu no caso daquele cara que ferrou a mulher no rosto e teve apoio da Associação dos Maridos Traídos, fundada no Ceará. Todos os setores se mobilizam. E como ficamos nós, que não somos mulheres, nem homossexuais, nem bi, e rejeitamos o modelo machista que nos é imposto desde criancinhas como a marca da masculinidade? A resposta está no masculinismo — uma movimentação crítico-autocrítica, reivindicativa, desfrutativa, solidarista e convivencial.

Sabendo que de carta de princípio e discursos generosos a humanidade já está de sacos e ovários repletíssimos, colocamos os dedos nas feridas através de um manifesto e proclamamos, indicativamente, o que rejeitamos e pretendemos transformar para viver melhor.

2 – COMEÇO DE PENETRAÇÃO
MMN – Movimentação Masculina Nordestina.
Símbolo: um cacto ereto ou em repouso.
Observação: um cacto sem espinhos.

* contra o terror machista.
* contra a ditadura clitoriana.
* contra o homossexualismo autoritário.
* pela reconciliação do espermatozóide com o óvulo.

Renunciamos a todas as prerrogativas do poder machista.

Que omem seja escrito sem “H”.

Não nos consideramos superiores nem inferiores às mulheres, aos homossexuais e aos bi: somos diferentes e iguais.

Rejeitamos todos os modelos pré-fabricados de sexualidade, caretosos ou vanguardeiros, partindo de três princípios: 1) carência não se inventa; 2) receita, somente de bolo; 3) vanguarda também é massa.

Somos solidários com qualquer saída (ou entrada) sexual que a humanidade venha a inventar e curtir, desde que não haja imposição e violência. E exigimos que se respeite a nossa opção fundamental: gostamos é de mulher.

3 – APROFUNDANDO A ENTRADA

* Abaixo o guarda-chuva preto. Não somos urubus.
* Abaixo as exigências do paletó e da gravata.
* Contra o relógio bolachão.
* Pelo direito de mijar sentado.
* Pelo respeito ao pudor masculino: mictórios privativos.
* Pelo amparo aos pais solteiros e abandonados pelas mulheres amadas desalmadas: creches nos bares.
* Queremos pensão por viuvez, auxílio alimentação e licença paternidade.
* Não amamentamos mas podemos trocar fraldinha.
* Pela liberação da lágrima masculina.
* Contra o fechamento do mercado de trabalho aos homens: queremos ser secretários, telefonistas, babás, etc.
* Não queremos ser “chefes” de família nem regentes sexuais. Igualdade fora e em cima da cama.
* Queremos trepar mais por baixo.
* Queremos ser tirados pra dançar.
* Queremos ser cantados e comidos.
* Pelo nosso direito de dizer não sem grilos nem questionamentos da nossa masculinidade.
* Pelo direito de brochar sem explicação. Mulher também brocha. Aquele ou aquela que nunca brochou que atire a primeira pedra.
* Abaixo a máscara da fortaleza masculina. Queremos ter o direito de assumir nossas fragilidades.
* Abaixo o complexo de corno. Por que mulher não é corna? Fidelidade ou infidelidade recíproca.
* Cavalheirismo é cansativo e custoso. Delicadeza é unissex. Que seja extinto o cavalheirismo ou se instaure, também, o damismo.
* Queremos receber flores.
* Exigimos a modificação do Pai Nosso:
a) Pai e Mãe nossos que estais no céu…;
b) bendito seja o fruto do vosso ventre, do nosso semen.
* Pela capacitação dos homens, desde a infância, para as tarefas tidas como “essencialmente feministas”. Reciclagem geral. Queremos aprender corte e costura, culinária, cuidado de crianças etc. Em contrapartida, ensinaremos às mulheres: trocar pneu de carro, bujão e fusível; dar porrada, atirar e espantar ladrão; matar barata e rato.
* Pela paternidade responsável e contra a gravidez e os filhos serem utilizados como elementos de chantagem sentimental sobre nós.
* Pelo respeito à intuição masculina.
* Denunciamos a utilização depreciativa das expressões “cacete”, “caralho”, “pra cacete”, “pra caralho”. Exigimos que cada um ou cada uma se posicione: cacete/caralho é bom ou não é? Se é bom, respeitem como ao seu pai ou a sua mãe.
* Protestamos contra o fato do nosso órgão do amor ser representado, simbolicamente, por espadas, canhões, porretes, e outros instrumentos de agressão e guerra. Só aceitamos a simbolização a partir de coisas gostosas e sadias: chocolates, biscoitos, bananas, batons, picolés, pirulitos, etc.
* Denunciamos como principais vias condutoras do machismo: as vovozinhas cândidas, as mulherezinhas dondocas, as mãezinhas possessivas e as professoronas assexuadas.

4 – EMPURRADINHA FINAL
Considerando que muitos masculinistas trabalham dois expedientes, estudam e frequentam um milhão de reuniões e eventos, sem falar das poligamias possíveis, não iríamos incorrer na atitude fascista de inventar mais uma reunião para a comunidade masculinista. Portanto, o nosso princípio de organização é o seguinte: grupos de um, cada grupo obedece a seu chefe. Assembléias gerais com ego, id e superego. Voto de minerva para ego.

Convencidos de que a perfeição não é uma meta e é um mito, procuramos fazer um esforço no sentido de romper com 70% do nosso machismo atual e acrescentar sempre novos itens neste manifesto, aceitando a contribuição crítica e propositiva de todos os masculinistas e outros segmentos sexuais, preservada a nossa opção fundamental pelas mulheres.

Denunciamos os machões enrustidos, que utilizando o discurso masculinista, pretendem apenas dar os anéis para não perder os dedos: recuam em 30% de machismo para manter os 70%. É a Nova República do machismo.

Somos todos oprimidos. E sendo os homens, estatisticamente, minoritários diante das mulheres, isto já nos caracteriza como minoria oprimida. Nós, homens masculinistas, sofremos a pressão dos machões, das feministas sectárias e dos homossexuais autoritários — o que nos caracteriza como a menor minoria oprimida. Requeremos, portanto, o apoio extremo e a solidariedade máxima por parte da sociedade inservil.

Alimentos e emoções

Essa eu poderia catalogar numa série com o nome de “inutilidades indispensáveis”

Na dúvida, eis aí a lista.

Qualquer coisa, meninas, vocês me avisem!

Banana
contra a ansiedade

Se você anda mais ansiosa que o normal, aposte na banana para elevar os níveis de serotonina. Quando os níveis desse neurotransmissor estão baixos, falha a comunicação entre as células cerebrais. Aí você fica irritada e especialmente ansiosa. A fruta combina doses importantes de triptofano e vitamina B6. Juntas, as duas substâncias se tornam poderosíssimas na produção da serotonina.

Quanto consumir: 2 unidades por dia

Mel
pura alegria

Triste sem motivo? De novo a causa pode ser a serotonina de menos. Nesse caso, o mel funciona como um calmante natural, pois aumenta a eficiência da serotonina no cérebro. Mas não é só aí que ele atua. Quando alcança o intestino, ajuda a regenerar a microflora intestinal. Resultado: o ambiente se torna mais propício para a produção de serotonina. Surpresa? Pois é, cerca de 90% do neurotransmissor do bom humor é produzido no intestino.

Quanto consumir: 1colher (sopa) / dia.

Abacate
amigo do sono

Dormir é tão importante para viver bem quanto comer direito e fazer exercícios. Tem noite que o sono não vem? Põe fé no abacate. Tudo bem, ele tem gordura, mas é da boa. E oferece vitaminas que ajudam você a se entender melhor com o travesseiro. A vitamina B3 equilibra os hormônios que regulam as substâncias químicas cerebrais responsáveis pelo sono. Já o ácido fólico funciona como se fosse uma enzima, alimentando os neurotransmissores que fazem você dormir bem.

Quanto consumir: ½ abacate pequeno, 3x / semana.

Salmão
levanta o astral

Mau humor constante pode ser sinal de falta de ômega 3 no prato. O representante oficial dessa gordura amiga é o salmão. Mas existem outros peixes (atum, arenque e sardinha) que jogam seu astral lá para cima. O ômega 3 melhora o ânimo porque aumenta os níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina – substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar. Estudos também comprovam que este ácido graxo tira os radicais livres de cena e assim protege o sistema nervoso central.

Quanto consumir: 1 porção, 3x / semana.

Lentilha
afasta o medo

Angústia e medo podem estar relacionados ao desequilíbrio de cálcio e magnésio. Essa dupla atua no balanceamento das sensações. Além de incluir alimentos com cálcio (queijo e iogurte) e magnésio (acelga) na dieta, consuma mais lentilha. Ela tem efeito ansiolítico, ou seja, tranquiliza e conforta. Isso porque é precursora da gaba, neurotransmissor que também interfere nos sentimentos.

Quanto consumir: 3 conchas pequenas / semana.

Nozes
mantém você concentrada

São muitos os nutrientes das nozes. Mas é a vitamina B1 a responsável por essa fruta oleaginosa melhorar a concentração, pois a B1 imita a acetilcolina, neurotransmissor envolvido em funções cerebrais relacionadas à memória.

Quanto consumir: 2 nozes, 4x / semana.

Chá verde
espanta o estresse

Essa erva, a Camellia sinensis, tem fitoquímicos (polifenóis e catequinas) capazes de neutralizar as substâncias oxidantes presentes no organismo que, em excesso, deixam você cansada e estressada e acabam desorganizando o funcionamento do organismo. O estresse é capaz de desencadear a síndrome metabólica, culpada por doenças como a obesidade e a depressão. Beber chá verde, conforme alguns estudos, melhora a digestão e deixa a mente lenta.

Quanto consumir: 4 a 6 xícaras (chá) / dia.

Brócolis
deixa a mente esperta

É comum você demorar alguns segundos para lembrar o número do seu telefone? Este alimento é rico em ácido fólico, acelera o processamento de informação nas células do cérebro, consequentemente, melhorando a memória. Porções extras desta verdura vão fazer você lembrar de tudo rapidinho.

Quanto consumir: 1 pires / dia.

Clorela
controla a preocupação

Comportamento obsessivo pode ser sinal de que as células do organismo estão desvitalizadas. A alga clorela funciona como um poderosíssimo reparador celular, melhorando as funções fisiológicas e o sistema imunológico. E mais: contém vitaminas (B3, B6, B12 e E) e minerais (cálcio, magnésio e fósforo) e aminoácidos (triptofano) que ajudam a estabilizar os circuitos nervosos, acabando com a aflição e aumentando a sensação de conforto.

Quanto consumir: de 2 a 4g / dia (cápsula)

Óleo de linhaça
dribla o apetite voraz

O óleo extraído da semente de linhaça e prensado à frio é uma fonte vegetal riquíssima em gordura ômega 3, 6 e 9. Melhor: é um dos poucos alimentos com ômega numa proporção próxima do ideal, o que é imprescindível para que exerça suas funções benéficas. Uma delas é regular os hormônios que ajudam a manter o sistema nervoso saudável. Com isso, a ansiedade perde espaço e a cumpulsão a comida fica bem menor.

Quanto consumir: 1 colher (sobremesa) / dia, antes das refeições principais.

Gérmen de trigo
acaba com a irritação

Assim como as nozes, o gérmen de trigo tem vitamina B1 e inositol, que reforçam a concentração. Mas por ter uma boa dose de vitamina B5, o gérmen é especialmente indicado como calmante, já que melhora a qualidade de impulsos nervosos, evitando nervosismo e irritabilidade.

Quanto consumir: 2 colheres (chá) / dia.

Tofu
espanta o desânimo

O queijo de soja tem o dobro de proteínas do feijão e uma boa dose de cálcio. Também é rico em magnésio (evita o enfraquecimento das enzimas que participam de produção de energia) e ferro (combate a anemia). Quando estes minerais estão em baixa no organismo, você se sente fraca e sem ânimo. Mas é a colina, substância que protege a membrana das células cerebrais, que dá ao tofu o poder de acabar com o cansaço mental.

Quanto consumir: 1 fatia média / dia.

Reminiscências escolares

Ao ler as Palavras Soltas do Renato – em especial este post aqui – por indicação do Copoanheiro, bateu uma nostalgia de minha infância.

Diferente do que vemos hoje, a escola efetivamente começava aos sete anos para a criançada. Até os cinco anos não se cogitava em absoluto nenhuma vida escolar, sendo que aos seis anos, quando muito, havia a figura do “prézinho” (sim, eu sei que a paroxítona tá brigando com o acento da proparoxítona, mas é assim mesmo que chamávamos as pequenas unidades pré-escolares).

Berçários? Infantil 1, 2, 3, o escambau? Nada disso. Tá certo que o mundo era bem outro e numa cidade do interior o comum era que as mães cuidassem da casa e dos filhos enquanto que os pais trabalhavam. E mesmo assim elas ajudavam como podiam. Lá em casa, por exemplo, enquanto meu pai era mecânico de caminhões, minha mãe era costureira. E, enquanto não saía para o mundo, sendo o caçula de três (cujos mais velhos já eram adolescentes à época), tive a sorte de ter um quintal enorme para brincar e criar minhas próprias aventuras. Tá, vendo hoje o quintal nem era tão grande assim. Mas vá explicar isso a uma criança de seis anos…

Mas, de volta à vida escolar, estudei numa única escola da primeira à oitava série – a “E.E.P.G. Dr. Rui Rodrigues Dória” – numa época em que sequer se pensava em “progressão continuada”, ou seja, simplesmente quem não estudava não passava. Isso foi entre 1976 e 1983. A escola ficava a três quarteirões da casa em que eu morava (e onde até hoje meus pais moram) e desde sempre fui a pé para as aulas. Talvez seja por isso que hoje, mesmo com uma escola relativamente perto de minha atual casa, me causa uma certa estranheza toda a logística montada pela Dona Patroa para levar e trazer as crianças. Não sei precisar se efetivamente “os tempos eram outros”, pois vivíamos num regime militar propriamente dito (ainda que em seu final), essa coisa de segurança pública era uma grande piada (alguém aí se lembra das baratinhas e camburões?) e policiamento era uma coisa que não se via. Mesmo hoje, nos bairros, a criançada continua indo a pé para escola e – pasmem! – sobrevivem.

Mas estou divagando.

Não tive pré, mas ainda assim entrei na escola já sabendo ler e escrever, graças a meu irmão mais velho que teve paciência de me ensinar como juntar aquela sopa de letrinhas que até então eu enxergava nos livros. Confesso que só tive problemas com o ponto de exclamação (“!”), pois toda frase que terminava com ele, eu terminava com “i”.

– Mas isso não é a letra “i”.

– É sim.

– Não, isso se chama “ponto de exclamação” e serve para indicar que alguém está, por exemplo, gritando.

– Não, não é.

– E o que é então?

– É um “i”. Mas está de cabeça pra baixo…

Teimoso e turrãozinho desde pequeno.

Assim, aos sete anos de idade, já com alguma vantagem com relação a maioria dos meus colegas, não me foi difícil aprender a ler, escrever, estudar e tomar gosto pela coisa. Confesso que por essa experiência às vezes me assusto com meu caçulinha que, com seus recém completados seis anos, já sabe ler alguma coisinha. Tanto eu quanto a Dona Patroa nos esforçamos para que nossa criançada não perca o momento de brincadeira que, nessa idade, a eles pertence, mas é preocupante a carga de “responsabilidades” que já lhes é despejada desde tão cedo.

E então fui aprendendo a ter um certo senso de organização e de rotina, pois desde sempre ao tocar do sino (sim, um sino mesmo, na mão da Inspetora de Alunos) os alunos se reuniam no pátio, cada classe em fila dupla (meninos e meninas), do menor para o maior (desde então eu já era o mais alto, lá no final da fila). Dali vinha algum recado que eventualmente fosse necessário o Diretor passar e, após, toca todo mundo pra sala de aula.

Toda quarta-feira era dia de hasteamento das bandeiras, quando então cantávamos o Hino Nacional – ritmo quaternário, segundo a Dona Clélia, Professora de Educação Artística (mas, antes disso, lecionava Música). Aliás, o respeito que se tinha com o pavilhão era bem outro. Não que nós, brasileiros, não devamos nos apropriar e até mesmo brincar um pouco com as cores e geometria da bandeira, como hoje fazemos, até porque vejo isso como uma forma de divulgação e orgulho. Mas, naquela época, era uma coisa quase sacrossanta. Ao final do dia tínhamos a cerimônia de arriamento e a bandeira era recolhida e guardada, sendo devidamente dobrada da “forma certa” (não me perguntem qual, não lembro mais). Esses detalhes aprendíamos com o Professor Bosco, de Educação Moral e Cívica.

Aliás, lembro-me pouco das professoras de primário (primeira a quarta série), quando havia uma única por sala de aula para lecionar todas as matérias. Posso citar somente a Dona Maria Antônia e, mais tarde, a Dona Geni – cuja música recém-lançada à época pelo Chico causou uma saia justíssima quando, certa vez, nossa classe inteira começou a cantá-la durante uma ausência temporária da professora (que não foi tão temporária assim).

De vez em quando apareciam alguns professores substitutos, e destes lembro-me de apenas dois. Um deles foi o Professor Aristóbulo – e é só pelo nome que me vem à lembrança. Outra foi a Professora Bete. Um amor de pessoa. Totalmente despirocada e divertida, não tinha quem não gostasse dela. Mais tarde, já formado, encontrei-a por diversas vezes no Fórum, pois hoje ela é advogada. E continua do mesmo jeitinho.

Entretanto tenho um pouco mais de lembranças dos professores do ginásio (quinta a oitava série). Além dos dois que já citei, tínhamos a Dona Ana Lúcia, Professora de Língua Portuguesa (antigamente dava aulas de Francês e era conhecida como “Merci Bocu” – o que mais tarde foi “traduzido” pelos alunos), com quem aprendi regras gramaticais que até hoje tenho na cabeça. O Professor Rotschild, de História, responsável por uma profunda mudança em minha cabeça ao ensinar a história como ela foi e não necessariamente como contavam os livros. O Professor Jaime (mais tarde fiquei sabendo que também foi Diretor da escola), de Ciências – sacana pra caramba em pleno momento de adolescência dos estudantes.

E só.

Lamento profundamente não conseguir me lembrar dos demais professores que, com certeza, ajudaram a influenciar quem hoje sou – e se isso é bom ou ruim, também não sei aquilatar.

E, ainda, minha formação vem da convivência que tive com os demais colegas e amigos com os quais passei esses oito anos, quer tenham estudado comigo ou não. Eis alguns, de cabeça (e desde já peço perdão àqueles que, assim à queima-roupa, deixei de citar): a pequenina Vilma, o também miudinho Jorge, o Fernando Kamezawa – amigo de toda jornada, sua irmã Edna, Marco Antônio, Celsinho, Marcelle (e olhe que não nos dávamos de jeito nenhum), a Alexandra – filha do Cuitelo, do supermercado, Fátima, Regina, Valnice e outras primas, a Ana Lúcia (ah, a Aninha), a Ana Maria, Rosele, Rosália, o Fábio (com quem briguei muito), Paulo César (sempre sacana), Josimara, Rose, Eduardo Rosa, Zezé (que, parece, também se tornou professor), Sílvio Alexandre, Sílvia Helena, João Carlos Dellu – meu mentor baguncístico para a adolescência, Vantuil, Kalil, Alexandre, Lucimara, Sirlei – a ruivinha, Izabel Cristina Coelho, Edlaine, Edvânia, os gêmeos Márcio e Maurício (também sacanas como eles só), Karla (essa mesma, mãe dos meus sobrinhos) e Edilson Roger Pascoaleto, amigo até os dias de hoje de aventuras e desventuras inomináveis.

Acho que a grande vantagem de se estudar numa mesma escola durante um longo tempo é que seu referencial se torna mais sólido. As amizades são mais duradouras. O terreno é mais conhecido. Afinal, creio que havia uma certa segurança em função disso. E essa “segurança” não só norteia minha vida como também tento passá-la aos meus próprios filhos.

Enfim, são apenas reminiscências deste velho contador de causos que vos tecla. Mas, no próximo dia três de outubro, com certeza ainda vou matar algumas saudades. Até hoje não mudei meu título de eleitor e continuo votando na mesma escola que me viu crescer. Já não é mais exatamente a mesma, mas sempre tem algum detalhe, aquele enfeite, aquela rachadura, aquela marca, que acaba me transportando a uma época em que tudo era bem mais fácil e divertido…

Advogado pode receber honorário por cartão

Direto daqui:

Os 632 mil advogados do país já podem receber honorários por meio de cartão de débito ou de crédito. O Órgão Especial do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu ontem que o uso dessas formas de pagamento não configura infração ético-disciplinar. O entendimento foi adotado pela maioria dos 27 conselheiros, que analisaram uma consulta formulada pela seccional baiana da entidade.

A questão chegou ao Conselho Federal da OAB depois de a seccional paulista aprovar, em junho, o uso de cartão de crédito. O tema estava na pauta de outras regionais. O relator da matéria, Luiz Carlos Levenzon, conselheiro pelo Rio Grande do Sul, foi vencido na votação. Ele foi contra a adoção das máquinas nos escritórios, apesar de o Estatuto da Advocacia – Lei nº 8.906, de 1994 – e o Código de Ética e Disciplina da OAB não proibirem expressamente a prática. Ele entende que a utilização de cartões mercantiliza a profissão.

O voto divergente, seguido pela maioria, foi do conselheiro Miguel Cançado, representante de Goiás. “Não há como fugir. São apenas novas formas de pagamento de honorários”, diz o advogado, acrescentando que o cheque, aceito pelos escritórios, está sendo substituído gradativamente pelo dinheiro de plástico.

Cançado alerta, no entanto, que os escritórios não podem usar a informação de que aceitam cartões como uma forma de captação de clientes, o que violaria o código de ética da categoria. “O profissional deve seguir o que determina o Provimento 94, que trata da publicidade na advocacia.”

Arthur Rosa, de São Paulo