Coisas que advogados NÃO precisam para amar seu trabalho

Vendo o que a Renata escreveu outro dia aqui, me deu vontade de tentar fazer algo no mesmo estilo mas que dissesse respeito aos advogados. Sei que já rolou pela Internet algumas coisas parecidas, mas resolvi dar um foco mais pessoal ao texto. Vamos lá:

1. Advogados têm seu tempo e modo certo de operação. Não se desespere porque o seu advogado ainda não entrou com aquela ação ou ainda não fez aquela petição. A maior parte dos assuntos precisa ser estudado, pensado, revisto, até que se dê origem a uma linha de raciocínio que deverá ser a melhor possível para atender àquela demanda específica. E isso leva tempo. Como diria Calvin, nossa experiência, nosso talento, nossa criatividade não pode simplesmente ser ligada e desligada a qualquer momento. Temos que estar no modo certo de operação. E esse modo é nada mais nada menos que o pânico do último minuto…

2. Outra coisa: se seu advogado disser que o processo está concluso, sob análise do juiz, tramitando no cartório, aguardando publicação, etc, acredite. É verdade. Tá, vá lá, em 99% dos casos, então. Lembre-se que a legislação fixa prazos rígidos, os quais os advogados têm que cumprir. Ao contrário dos juízes. Se aquele seu amigo que entrou com uma ação idêntica à sua e na mesma época já resolveu o problema dele, MUITO provavelmente o juiz que julgou não terá sido o mesmo que está cuidando de seu caso. Sorte do seu amigo. Excesso de processos tramitando, necessidade de estudos maiores pela complexidade do caso, mudança de varas, pauta de audiências lotada, alteração de professor da academia, cachorrinho (poodle, com certeza) que ficou doente, mudança no horário da programação da TV, chegada do Horário de Verão, bem como quaisquer outras situações de relevante interesse (público?) são alguns dos motivos que implicam no atraso dos juízes na elaboração de sentenças. Deixe o pobre de seu advogado fora disso.

3. Advogados atendem consultas em seu escritório. Alguns cobram por isso, outros não. Se você encontrar um advogado no shopping, ele estará fazendo compras; se você encontrá-lo numa festa, ele estará se divertindo; se você encontrá-lo no escritório, ele estará atendendo. É importante não inverter ou misturar essa ordem. Nada é mais irritante que aquela famosa frase: “Doutor, só uma perguntinha..”. E o sujeito começa a contar tudo o que aconteceu desde Adão e Eva, meio que exigindo que você tenha todas as respostas jurídicas DO MUNDO ali, na hora. Nesses momentos, por favor, deixe-nos em paz. Por incrível que pareça, também somos filhos de Deus e temos direito a um descanso de vez em quando. Garanto que se eu fosse um ginecologista ninguém chegaria no meio de uma festa dizendo: “Doutor, você poderia só dar uma olhadinha…”

4. Aliás, esse negócio de “Doutor” é mais uma questão de ego que qualquer outra coisa. E muitas vezes um ego plantado por terceiros, pois originalmente o bacharel nem ligava. Mas existem advogados que fazem questão de que os chamem de “doutor”. Isso é caso a caso, uma questão de opção que – talvez – deve ser respeitada. Particularmente acho uma bobagem muito grande. Não é uma alcunha dessa que vai fazer com que o sujeito seja melhor ou pior, mais competente ou não. Sou da opinião que devemos ser simplesmente chamados pelo próprio nome – é bem mais fácil. Mas, se por um acaso, ao proceder assim, seu advogado der uma emendada do tipo: “Fulano, não – DOUTOR Fulano”, desconfie. Egos inflados nem sempre revelam profissionais competentes.

5. Falando em profissionais competentes, vale a antiga máxima: “o hábito não faz o monge”. Como já foi dito ali em cima, advogados têm vida própria – não advogam 100% do tempo (ainda que eu conheça alguns que fazem o tipo). Se encontrar seu advogado após o expediente (ou até mesmo durante ele) de bermudão, chinelo de dedo, camiseta, barba por fazer, entenda que mesmo advogados podem ter seu momento de relaxar. Isso também vale para as advogadas (com exceção do “barba por fazer”, ok?). Advogados também bebem cerveja, falam palavrão, discutem na mesa. Somos seres humanos. Na maior parte do tempo, pelo menos. Nossa competência não está vinculada a um Armani. Podemos ter a possibilidade de resolver todos os problemas jurídicos do mundo e ainda assim sermos encontrados dirigindo um mero Opala 79. Respeite nossa individualidade.

6. Como já dizia Juca Chaves: “Parente, amigo da gente e vizinho da frente é que nem dente: quanto mais separado, melhor pra ser tratado”. Se você se encaixar em alguma dessas situações com relação a seu advogado, não fique chateado se ele recusar a causa. Não só é uma coisa natural, como um meio eficaz de auto-defesa. Para si e para os outros. Se, numa situação dessas, o advogado ganhar a causa – que pela situação peculiar, sequer deve ter cobrado honorários – sob os olhos do cliente ele não fez mais que a obrigação. Ah, mas se perder… Também sob os olhos do cliente vai ser porque não deu a devida atenção, porque era amigo mesmo, se tivesse recebido teria feito um serviço melhor, quem mandou procurar um advogado quebra-galho, se tivesse falado com fulano ou beltrano teria sido diferente… Enfim, de qualquer jeito o infeliz do advogado leva na cabeça. Então é melhor não fazer. Compreenda, aceite e procure outro, certo?

7. Falando em honorários, entenda que um advogado não necessariamente cobra caro por aquilo que faz. Tá certo, tem alguns que cobram, mas vamos pensar um pouco melhor. Cobrar, sei lá (tô sem a tabela aqui), mil reais por uma reintegração de posse, não é necessariamente caro. “Mas basta fazer uma ‘petiçãozinha’ pro juiz e pronto”, poderiam argumentar. É, só que o processo não acaba ali. Mesmo uma “açãozinha simples” dessas pode ficar tramitando durante anos – eu disse ANOS – pela justiça. E quem é que tem o dever, obrigação e responsabilidade de acompanhar pari passu a bendita da ação? Sim, o advogado que você contratou. Durante todos os anos vindouros. Sem cobrar absolutamente nada a mais por isso. Você já entrou no imóvel, reformou, usufruiu, muitas vezes até vendeu. E o marmitão continua lá, tendo que ir ao Fórum, umbigo no balcão, vendo o que está se passando no processo. Tenha consciência disso e peça desculpas pelas vezes que já reclamou do valor dos honorários cobrados por seu advogado.

8. Inclusive, existe uma tabela para cobrança de honorários, que fixa o valor mínimo – e, às vezes, o máximo – que pode ser cobrado, de acordo com cada ação. Advogados sérios e responsáveis obedecem os parâmetros da tabela. Parcelamos, facilitamos, fazemos até mesmo algum tipo de “carnêzinho-Casas-Bahia”. Mas não deixamos de cobrar o que é justo. Tá certo que sempre algum cliente vai falar algo do tipo: “Mas aquele outro advogado ali cobra a metade do preço”. Tãotáintão. Vai lá. Contrate-o. E boa sorte. Tomara que dê tudo certo. Mas, quando, quer dizer, se der algo errado e você voltar ao advogado anterior, não tenha dúvidas: ele não só vai cobrar exatamente a mesma coisa que tinha lhe falado antes, como talvez ainda tenha algum adicional para desfazer as cagadas os erros de seu antecessor. Portanto não regateie. Se você confia em seu advogado, também deve confiar que ele vá ter bom senso o suficiente para fixar honorários de acordo com o que é justo para a situação específica que você se encontra. Tenha também consciência disso e peça desculpas novamente pelas vezes que já reclamou do valor dos honorários cobrados por seu advogado.

9. Advogado é um bicho de extrema confiança. Aliás, confiança é a palavra-chave para designar a relação cliente-advogado. E confiança implica em não ficar perguntando para outros advogados se o que o seu advogado está fazendo está certo ou não. É uma situação extremamente chata, pois, eticamente falando, outros advogados não teriam que ficar dando palpite (mesmo assim, o fazem). E se seu próprio advogado contratado descobre que você anda fazendo essas perguntas (pois temos uma rede de comunicação maior do que se possa imaginar), pode chegar a atitudes extremas, como até renunciar à causa. Se você confia em seu advogado, não questione. Se não confia, destitua-o e contrate outro. Se seu advogado o prejudicou de alguma forma porque não trabalhou a contento (pois péssimos profissionais existem em todas as áreas), além de destitui-lo e contratar outro, denuncie. A Ordem dos Advogados não é nenhuma “máfia” que teria por função proteger seus membros. Se o caboclo for tão ruim, tem mais é que ser investigado mesmo, de modo que se abram vagas para outros profissionais competentes que existam no mercado.

Pois bem, é isso. Tô saindo para um curso. Volto daqui dois dias para responder eventuais comentários…

Frase do dia

Essa eu recebi da amiga Paula, que está lá em Santo André, e achei ótima:

“Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.”

Nota dez pra ela.

PS.: Como meu outro grande amigo Paulo (coincidência, não?) faz aniversário hoje, fica aqui registrado os parabéns para ele. Só espero que o bolo não ceda sob o peso das velas…

😀

Madrinha de guerra

Uma das premissas básicas normalmente utilizadas na escolha de quem vai ser madrinha de alguém é que deverá ser aquela pessoa que, na falta dos pais, tenha condições de assumir esse papel. E, no meu ponto de vista, não estamos falando da questão material, mas sim sob a ótica da moral, da idoneidade da pessoa. O próprio dicionário já traz como acepções da palavra “madrinha” os termos “protetora, auxiliadora”.

Pois bem.

A Fernanda, uma grande amiga, tem a Carol como afilhada. E, por uma série de eventos, ela (a afilhada) foi parar numa competição de basquete contra um time que detinha nítida vantagem na quadra. Mesmo assim, não esmoreceu. Foram até o fim. Amargo fim. Heróico fim.

As palavras de consolo da madrinha para a afilhada são de uma sensibilidade ímpar. Dignas de serem gravadas numa placa. Feliz dela por ter uma madrinha assim, tão dedicada.

Eis, na íntegra, sua ode:

E a criança meiga, de sorriso alegre e coração ‘gigantesco’, venceu mais uma etapa.

Dia 18 de março de 2007.

Um dia que poderia ser comum, sem grandes acontecimentos.

Um domingo qualquer na folhinha do calendário.

Mas não, foi um dia pra lá de especial.

Um dia, que mesmo com derrota no placar, vai ficar guardado em nossos corações.

E tudo começou assim:

Acorda cedo, corre pra não perder a hora, pega tudo meio que atravancando e segue para o Antigo Trianon.

Chega lá e olha o tamanho das meninas do outro time, são gigantes, mas só na estatura.

Gigante foi você, que aceitou o desafio e entrou em quadra.

Vestiário, técnico, equipe, tudo ali começa a formar o dia especial.

O Secretário de Esportes fala ao microfone dando boas vindas às equipes e explica que o time da casa está há apenas um mês treinando, mas isso também é só mais um detalhe.

Aí vem o hino, presente em competições oficiais.

Quando escuto o hino sempre me emociono, ele é lindo.

Mas em 18 de março de 2007 foi o dia que escutei o hino da maneira mais diferente.

Nem sei explicar direito, foi mais emocionante do que ouvir com alguma seleção brasileira de alguma modalidade.

Mas não, era você que estava lá. Dando mais um passo rumo ao crescimento pessoal e moral.

Nem se assustou com tanta gente. Estava concentrada e linda, como sempre.

Deus permita que seu caminho seja trilhado no bem.

É gratificante ver o resultado da dedicação das pessoas que te acompanham e o que está acontecendo em sua vida.

Não perca essa luz, com sabedoria e respeito ao próximo você vai longe.

149 x 7 .

Isso é apenas um detalhe.

O que importa mesmo é a vitória pessoal.

E bola pra frente que outros dias virão e com certeza o placar será diferente, é só você acreditar.

Eu te amo minha querida afilhada, que eu me permito chamar de filha, mais do que você pode imaginar.

SUCESSO.

E choooove nesta Terra de Deus…

Imagine a seguinte situação hipotética: você tem um carro que está reformando, o qual está totalmente sem bancos, carpetes, nada. Somente o assoalho e o banco do motorista. Quando muito os quatro tapetes de borracha. E só.

E está assim justamente porque você precisa consertar (leia-se “tapar os buracos”) o dito assoalho. Os maiores buracos estão exatamente próximo às rodas traseiras e no piso, sob onde estariam os tapetes de borracha.

E então você resolve ir trabalhar de carro porque está chovendo. Ao olhar pra trás, dentro do carro, vendo o pneu rodando lá do lado de fora, percebe que esse mesmo pneu está arremessando rios de água pro lado de dentro.

O que fazer?

Fácil.

Basta levantar o tapete de borracha logo em frente, deixando à mostra os buracos que ali estão. A água entra por um lado, escorre para a parte mais baixa, e sai fora. E ainda te proporciona o prazer de ter uma fonte móvel dentro do próprio carro!

Simples assim.

É como dizem: “Se o mundo só lhe dá limões… Faça uma limonada!”

Ou uma caipirinha, conforme o caso…

Direto do túnel do tempo

1968. Marília. Dessa vez decidiu nascer no seio de uma pequena família japonesa. Agricultores. Vida difícil…

Mas foi criada, juntamente com o casal de irmãos mais velhos, com todo amor e firmeza necessários, típicos da cultura nipônica. Sua infância foi na fazenda. Pé descalço. Bonequinhos de argila na beira do riacho. Subindo em árvores e se enfiando em buracos de tatu para encontrar ninhadas de cachorrinhos.

O tempo passou e, mesmo após algumas mudanças, uma grande reviravolta: a família toda se transferiu para o litoral norte. Centenas de quilômetros de distância. Horas e horas de viagem. Sua adolescência se deu caminhando descalça na areia da praia e assistindo o pôr-do-sol passeando entre refrescantes ondas à tarde.

Nova mudança, agora mais sutil. Simplesmente subiram a serra. Início da vida adulta, muitos empregos, concursos e namorados (não necessariamente nessa ordem). Mas há que se estabelecer. Há que se ter segurança. Há que se ter recursos. E toca pro Japão, trabalhando em belíssimos gramados num campo de golfe por quatro anos.

Na volta, completou seus estudos. Terminou o estágio. Terminou a faculdade. Terminou o noivado.

E então surgiu um novo namoro. Meio que foi chegando, se instalando, participando, e – quando deu por si – já estavam juntos. Dali também veio casamento, vida a dois, um filho, outro filho e – pasmem – mais um filho.

Três pequerruchos.

Três razões de viver.

Três esperanças para o mundo.

A vida continua difícil. Às vezes pregando peças, às vezes assustando. Traz desânimos tanto quanto traz alegrias. Felicidades e tristezas. Coragem e medo. Enfim, a vida como ela é.

2007. Treze de março. Muitos anos se passaram (não serei deselegante, façam as contas) e ela continua tão linda quanto no dia em que a conheci. Inteligente como sempre foi. Cada vez mais sábia, cada vez mais perspicaz. Seu caráter é tão ou mais forte que antes. Sua alegria continua arrebatadora. Me perco em seu sorriso. Me afogo em seu olhar. Me deleito em seus cabelos.

Eu a amo mais do que seria possível mensurar.

Mãe de nossos filhos. Mulher de minha vida.

E sempre serei eternamente grato porque me foi permitido fazer parte de sua vida.

Feliz aniversário, Mi.

Era uma vez uma cama…

AGORA É GUERRA !!!

Não tem mais jeito. Não dá mais pra ficar só no “controle genérico” de meu sobrepeso. Tá certo, tá certo, sou relativamente alto (1,90m) e pesar em média 100kg não aparece muito no visual. Mas ainda assim estamos falando de três digitos!

E o porquê dessa repentina revolta?

Gostaria de dizer que teria sido em função das crianças ficarem brincando de pula-pula na minha cama. Ou que a dita cuja já estava muito velha e acabada. Ou até mesmo em função de algum ápice de uma maratona sexual…

Mas não.

A merda da cama tinha que quebrar do meu lado!

E das madeiras partidas não sobrou o suficiente pra sequer eu tentar colocar em prática meus parcos dotes de marcenaria. Ou seja, durante algum tempo será colchão no chão mesmo.

E pra garantir que a próxima cama não sofra a mesma triste sina, desde já estou me colocando em alerta vermelho. A meta? 90kg. Vamos ver se minha força de vontade anda boa. E, na pior das hipóteses, posso usar de toda a argumentação que a Lala ensinou no seu Guia de Sobrevivência dos Gordos em Dietas