William Harley & Arthur Davidson – 1914
Autor: Adauto
O início do fim…
…dessa etapa!
E eis que na usual visita semanal, uma grata surpresa me aguardava…
Mas antes vamos falar um pouco da situação geral e dos porquês das coisas. Muita gente já me questionou – ao vivo e online – se eu não estava sendo “enrolado”. Sempre fui muito veemente e categórico em deixar claro que NÃO, não era nada disso, que o meu “acordo” com o Seo Waltair era de que trabalhasse absolutamente sem pressão, no tempo e no modo dele. Tá certo que ficamos um bom tempo de molho à procura de um câmbio de cinco marchas (lembram?), até que desisti. Ao menos, por enquanto.
Ainda assim restava o motor, que já tinha sido enviado para retífica e nunca que voltava. Tem coisa de umas duas semanas que, num proseio com o Seo Waltair ele me contou o que havia corrido. Isso porque até mesmo ele já estava ficando encafifado com essa demora toda e resolveu ir até lá para saber o que estava acontecendo.
E o caso, ao que parece, foi que o dono dessa retífica tinha dois funcionários de extrema confiança, um que cuidava do administrativo e outro que o ajudava no dia a dia com os motores. Caboclo bão de serviço e que era o braço direito dele. E eis que o cara do administrativo, assim de uma hora pra outra, resolveu sair, deixando-o na mão. Só com isso já não foi nada fácil ter que conciliar tudo, toda aquela papelada, compromissos, pagamentos e mais as retíficas. Mas ainda assim foi tocando seu negócio. Até que o cara da mecânica também resolveu sair. Aí o mundo ficou muito mais complicado – até por conta de que não seria nada fácil encontrar outro sujeito desses no mercado ou, pior, ter que treinar alguém do nada!
E então veio o golpe de misericórdia.
O desinfeliz do mecânico entrou com uma reclamação trabalhista contra ele! Aí sim a coisa despirocou de vez. Ele que já havia ficado magoado com a saída do rapaz, ficou então totalmente desacorçoado. Perdeu o rumo, a mão, a vontade. E levou tempo para se recuperar. Um bom tempo. Mas como tudo na vida tem um limite (inclusive o cheque especial), ele conseguiu superar esse abalo e, aos poucos, foi voltando à sua normalidade, seu dia a dia, seus compromissos e assim por diante. E, dentre esses compromissos, um deles era exatamente a retífica do meu motor. Que foi entregue!
E quem veio me contar, todo pimpão, foi o filho do Seo Waltair!
Disse-me que ainda faltavam outras partes, como o pistão, anéis, etc – ou seja, o kit completo – mas que agora eles iam começar a montagem.
E, só pra constar, com a retífica, ainda que imperceptivelmente, a cilindrada do motor aumentou. Pois fazer uma retífica nada mais é que “alargar” um pouquinho os cilindros, no caso em 0,25mm (padrão para a primeira retífica). Aliás, para que entendam um pouco melhor essa história, saibam que “cilindrada” tem a ver com o “tamanho de motor” e é a medida do volume total dos cilindros em centímetros cúbicos. Assim, 1.000cc equivale a 1 litro. Por exemplo, um motor de 500cc com 2 cilindros significa que num cilindro, com seu pistão na posição mais baixa, cabe o conteúdo de um copo de 250ml, ou seja, cada cilindro é de 250cc, o que multiplicados por 2 cilindros somam as 500cc.
No caso do Opala seis cilindros (4.1) a “cilindrada oficial” é de 4.095.336mm³; com a primeira retífica, vai para 4.137.048mm³. Se é que não errei na conta…
Mas o mais legal foi ver a animação do rapaz, pois ele veio me perguntar se eu iria querer pintar o motor com a cor original – já sugerindo que o motorzão todo vermelho no Opala laranja poderia ficar esquisito. Como eu percebi que ele já havia pensado bem no assunto, lembrei-o de que eu estava reformando o Titanic, e não restaurando. “Desembucha”, eu lhe disse.
Então ele me levou para um outro canto da oficina e me mostrou como estava a tampa, pintada de preto.
E já sugeriu fazer a mesma coisa com as tampas laterais do motor, porque daí daria uma quebrada e ficaria muito mais bonito. Fiquei feliz com a empolgação dele e garanti que ele poderia dar asas à imaginação, pois no meu íntimo eu já tinha certeza que ele seria tão caprichoso quanto o pai.
E só pra completar ele já sugeriu fazer uma fina linha vermelha nas letras da tampa…
Enfim, é isso. Aguardem cenas dos próximos capítulos – que, garanto-lhes, em breve virão! 😀
Em tempo: Caso queiram saber como foi a conta matemágica para se chegar na cilindrada do motor, eis a fórmula:
(PI x r² x h) x n, onde:
PI = 3,1416
r = raio do pistão ao quadrado (metade do diâmetro, que é de 98,43mm)
h = curso do pistão no cilindro (que é de 89,7mm)
n = número de cilindros (que são os 6 canecos do 4.1)
Aiô, Silver!
Olá comunidade Opaleira!!!
Bem, ao menos aos quatro ou cinco que ainda “ousam” passar por aqui…
Estava preparando um longo texto acerca das últimas ocorrências com o nosso querido, amado, idolatrado Titanic, em especial acerca da dificuldade de encontrar as buchas necessárias para a retífica do motor, já com imagens e minhas pseudo-explicações técnicas sobre o que são e o que fazem, mas… a vida é uma caixinha de surpresas! Ou seja, o trabalho tem me consumido e nos finais de semana o ânimo para escrever tem me fugido…
Mas o que aconteceu hoje necessitava ser compartilhado!
Fui até lá na mecânica do “Seo” Waltair para a semanal visita ao moribundo, saber a quantas anda tudo, se precisava de algo ($$$), enfim, coisas do gênero. Tudo sob controle e a montagem do motor (talvez) comece na próxima semana. E sempre que falo isso vou me lembrar do filme Um dia a casa cai… Quanto tempo para ficar pronto? “Two weeks”. Sempre.
Mas, enfim, já estava até indo embora quando o bom velhinho, com um olhar maroto, me perguntou:
“Já te mostrei o Opala que está lá embaixo?”
Por “lá embaixo” entenda-se a casa ao lado da oficina, com uma frente gigantesca toda gramada.
“Não.”
“Então vamos lá!”
Fiquei curioso e o acompanhei. E ele animado para me mostrar o que queria mostrar – tanto que, naquele momento, chegou uma cliente pedindo para ele dar uma voltinha com ela para ouvir um barulho diferente no carro. Ele pediu para que ela esperasse um pouquinho, que já voltava. E lá fomos nós.
Já do portão entendi o porquê ele queria me mostrar aquele Opala…
Lindo! Ainda mais se considerarmos a capota de vinil, que acentuou ainda mais seu charme todo próprio!
Por mais que olhasse e procurasse (à exceção da letrinha “R” faltando na frente), o carro realmente estava impecável em todos os detalhes!
Se não original, tudo ao menos em perfeitíssimo estado de conservação!
E mesmo eu, que não sou lá muito fã de bancos de couro, não pude deixar de apreciar – e muito – os detalhes e o esmero do estofamento…
Mas, por incrível que pareça, esse ainda não era o ponto.
O que ele queria mesmo me mostrar era outra coisa.
Depois de admirar o carro e dar uma e outra e outra volta em torno do mesmo (com a cliente lá na oficina ainda esperando e ele sem pressa nenhuma), então me pediu para abrir o capô.
“Zuzo bem…”
Procurei a alavanquinha, bem escondidinha lá no fundo e puxei.
Enquanto isso ele levantou e apoiou a tampa do capô.
Saí de dentro do carro e fui dar uma olhada…
É brincadeira????
Um belo de um motor de Silverado, perfeitamente adaptado dentro da criança!
Eu sempre costumo dizer que os motores de Opala são plug-and-play, pois são possíveis de adaptar em praticamente qualquer carro. Até num Fusca, eu já vi! Mas que o cofre do motor do Opala também tinha a capacidade de receber “monstros” como esse, juro que eu não sabia que era possível!
Enfim, ainda que não tenha notícias frescas de nossa aventura opalística, ao menos pude compartilhar essa linda visão que tive hoje pela manhã…
🙂
O Tanque
Não.
Péra.
Não é nada disso.
Estamos falando de tanque, sim, mas é de combustível…
Em particular o do Titanic.
Que nada deve para uma peneira. Das boas.
Explico. Como agora retomamos a montagem do carro… Hein? O quê? Eu não havia falado disso? Pois é, vejam só… Tendo abortado a busca ao sagrado câmbio perdido, foi questão de tempo – e pouco – para finalmente darmos o próximo passo, qual seja, a retífica. Ainda pretendo falar um pouco mais disso por aqui, mas por enquanto basta saber que ela já foi providenciada. Nesse meio tempo o Seo Waltair saiu à busca de suportes para o radiador (mudamos o motor para 6 cilindros, lembram?) e cuidou de dar um trato no tanque.
Mas nem foi preciso muito…
Ao simplesmente tirar o excesso de barro e pó que se acumularam no decorrer dos últimos anos, já ficaram nítidos os furos. A corrosão veio de dentro pra fora. Nem foi preciso uma escova de aço para que os malditos furinhos aparecessem…
Faltou dar um zoom, mas creiam-me: eles estavam lá. Como se algum tipo de cupim de metal tivesse feito alguma reinação no pobre do tanque. Estrago digno de um Megatron avariado…
Bem, constatado o óbvio, o negócio é seguir em frente. A busca por um outro tanque, de metal mesmo. Segundo ele, adaptar um de “plástico” teria mais inconvenientes que vantagens, desde a fixação até mesmo a regulagem do marcador de combustível. E já concordamos que nada de buscar tanque usado. Se é pra fazer certo, que seja novo, então.
Ele vai fuçar do lado dele e eu do meu.
E, cá do meu lado, numa fuçadinha básica encontrei um de 65 litros lá na Jocar. Da marca Igasa, recomendado para Opalas de 82 a 84. Quase quatrocentos contos! Mas, se servir, bem, pelo menos em dez vezes no cartão eles fazem. E, na atual conjuntura, com tudo mais que ainda precisaremos para que o Titanic volte à vida, isso já me daria um fôlego gigantesco…
Encavalando o proseio…
Depois de já ter concluído este post lembrei-me que em algum lugar já havia visto uma matéria um pouco mais completa sobre tanques. Não tive dúvidas: fui dar uma fuçada na minha modesta biblioteca e encontrei o que queria lá na revista Opala & Cia nº 27. Muito boa e única do gênero que se mantém. Royalties, please. Aceito na forma da revista nº 2 que é a única que falta na minha coleção! 🙂
Mas voltemos ao assunto – e, pra variar, com um pouco de história.
Quando foi lançado no mercado o tanque da linha Opala não fugia do tradicional. Os modelos da época, tanto o 3.800 quanto o 2.500, possuíam um tanque feito com chapa de aço estampada e bocal metálico, com capacidade para 55 litros. Em 1975, com a reestilização da linha, houve alterações nas tampas dos reservatórios, mas não com relação aos tanques em si. Mais tarde, em 1979, por conta da crise do petróleo, a capacidade do tanque foi ampliada para 65 litros para garantir uma maior autonomia – principalmente porque surgiu a versão com motor a álcool, cujo consumo era bem maior
Os tanques da época – tanto para motores gasolina quanto para motores a álcool – tinham a chapa tratada com estanho para evitar a corrosão. Em 1984 a autonomia melhorou ainda mais, pois o Opala a álcool passou a ser equipado com um tanque ainda maior, de 88 litros. Já a partir de 1990 foi adotado para toda a linha o tanque plástico de 93 litros, de polietileno de alta densidade e alto peso molecular.
Já ouvi dizer que existiriam tanques até maiores, de modelos especiais, mas sinceramente não encontrei nada sobre o assunto.
O que não dá pra deixar de lado é, no caso de mudança do tanque, mudar também a boia de combustível, colocando um modelo que seja compatível, sob risco de ser enganado pelo marcador…
Deuce of Spades
Deuce of Spades (2011)
Título original: Deuce of Spades
Lançamento: 2011
Direção: Faith Granger
Roteiro: Faith Granger
Gênero: Drama
Duração: 150 min
Elenco:
Faith Granger – Faith
Timothy Luke – Johnny Callaway
Alexandra Holder – Bettie Thompson
“Quando uma jovem encontra uma misteriosa carta, que remonta aos anos cinquenta, escondida no roadster que acabou de comprar – e que estava abandonado há décadas num galpão – ela fica com dúvidas e curiosa em saber do que se trata. É então que decide tentar descobrir o que aconteceu e reconstruir o passado conturbado de seu veículo em busca da resposta: quem foi Johnny Callaway?”
Gostei muito do filme. Somente o fato de ser ambientado – em parte – nos anos cinquenta e tratar das famosas corridas de roadsters já teria tudo para atrair minha atenção. Adicione um pequeno mistério, flashbacks, muita mecânica, muita velocidade e um suave romance… Bem, todos os elementos estão aí. Em especial, no que diz respeito às cenas de mecânica explícita, somente fazem é ferver a ferrugem que – não se enganem! – ainda corre nas veias deste velho opaleiro! Ainda que seja um filme “autoral” (dirigido, escrito, interpretado – e sabe-se lá mais o quê – por uma única pessoa), a trama se sustenta muito bem e, lá do meio para o final, não deixa de trazer uma interessante surpresa… Recomendo!
Família 1978
Dentro em breve voltaremos aqui com algumas novidades… Finalmente o Projeto vai andar! Milimetricamente, talvez… Mas vai! Os comentários pendentes serão liberados, textos serão atualizados, a poeira será espanada, o blog engatará a primeira e milhares e milhares de opaleiros poderão voltar a dormir! 😀
Enquanto isso fiquem com essa imagem da linha 78, que particularmente considero uma das mais lindas já lançadas em termos de propagandas da família Chevrolet!
O Fusca Trailer
Simplesmente fantástica essa ideia! Não sei se “pegou” – até porque o comercial é de 1974… Mas que é legal, isso lá é!