Extintores em extinção

Cês tão de sacanagem…

Depois de toda a correria, de toda a gastança, de toda a multança, depois de o extintor ABC ter simplesmente desaparecido da face da Terra – gerando um “mercado paralelo” pra lá de lucrativo – agora o Contran me vem com essa?

Oi? Não estão sabendo? Então. Não é que o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) informou nesta última quinta-feira, 17 de setembro, que o uso da porra do extintor nos automóveis e veículos comerciais leves passará a ser facultativo? Pois é. Essa decisão foi anunciada por Alberto Angerami, presidente do órgão e diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Entretanto a obrigatoriedade do equipamento será mantida nos veículos de uso comercial, de transporte de passageiros e de produtos inflamáveis (líquidos e gasosos), tais como caminhões, micro-ônibus, ônibus e o escambau.

Olha só: é de conhecimento até do reino mineral que o brasileiro, de um modo geral, não tem nenhuma noção de como utilizar um extintor. Os exames para tirar habilitação são uma piada e não é realizado nenhum tipo de curso preparatório. Nem mesmo para utilização daquela idiotice dos kits de primeiros socorros “obrigatórios” (quem lembra?) – que continham dois rolos de ataduras de crepe, um rolo pequeno de esparadrapo, dois pacotes de gases, dois pares de luvas e uma tesoura sem ponta. No caso de um acidente com vítimas o que é que você faria com isso, hein McGyver?. Ora, invariavelmente, numa emergência qual é a primeira reação do motorista – ainda mais no caso de fogo? Sair correndo e o carro que se foda.

E sabem o porquê dessa decisão do Contran?

Simplesmente porque descobriram que as “inovações tecnológicas introduzidas nos veículos aumentaram a segurança contra incêndios”… Isso aliado ao fato de que, num levantamento feito pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, constataram que nos acidentes com incêndio somente cerca de 3% dos motoristas é que usaram o extintor. E, ainda assim, não se tem informação se usaram da maneira correta…

Aliás, consta que nos Estados Unidos e na maior parte da Europa não existe a obrigatoriedade – sabem o porquê? É que as “otoridades” consideram que a falta de treinamento e despreparo dos motoristas no manuseio gerariam ainda mais riscos que o próprio incêndio em si!

Enfim, a decisão foi tomada, mas, até onde sei, ainda não foi baixada portaria, resolução ou seja lá o que for. Enquanto isso não ocorrer “formalmente”, a fiscalização continua e a punição para quem não estiver com o equipamento ou para quem estiver com o equipamento com prazo de validade vencido implica numa multa no valor de R$127,69 e cinco pontos na carteira de habilitação.

Mas não demora muito, cedo ou tarde ainda poderemos dar outra utilização para aquele suporte do extintor…

Um comentário em “Extintores em extinção”

  1. Tem razão. Eu pelo menos fui beneficiado por contar com a inoperância do Estado e não ter tido a necessidade de comprar 3 extintores. Detalhe que o Opala já tem o ABC!
    Lamento por quem teve esse gasto hoje desnecessário, mas, convenhamos, era uma exigência sem sentido mesmo.
    Na verdade, o que mais se tem em automóvel é material altamente combustível (espumas, tecidos, plásticos e o combustível em si), e se fossemos considerar isso, o extintor deveria ter 20kg para dar conta de apagar um incêndio.
    Antes tarde do que nunca acabar com essa anomalia da legislação brasileira. Eu vou deixar o meu lá. Se o ponteiro cair para o vermelho, e for barato, compro outro. Melhor prevenir do que remediar.

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