Barata mumificada

Sei que essa história já é até meio velhinha, mas ainda tem gente que não conhece…

Despacho do representante do Ministério Público em uma promoção ministerial, em ação na 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro:

O Ministério Público Federal sugere seja desentranhada a barata mumificada às fls. 02, em homenagem à boa higiene dos cartórios da comarca ou a substituição de tal pena.

Mais à frente, nos mesmos autos, eis a decisão do juiz da causa, em 27/10/1995:

Não creio que a barata tenha sido mumificada, como afirma o culto membro do MPF, pois a Justiça Federal não tem meios nem recursos para submeter tais insetos, ou mesmo os camundongos que por aqui pontificam, a tratamento próprio para sua conservação, até porque esta prática, para conservação, supunha a crença na passagem do morto para uma vida eterna, o que não creio que ocorra com baratas. Acolho a promoção do Parquet Federal e determino o desentranhamento do inseto e sua destruição.

MP3 x CDs

Sempre tem alguma notícia que a gente vai guardando, vai guardando, vai guardando, pensando em uma hora dessas publicar e acaba esquecendo. Daí já virou notícia velha.

Mas aproveitando alguns posts distintos – mas quase subsequentes – lá do Remixtures, deu pra fazer uma compilação interessante.

Quando começou a se difundir a comercialização dos discos de vinil e sua audição passou a ser um entretenimento de massas os músicos que ganhavam a vida tocando ao vivo, dando concertos pelas cidades, viram no toca-discos um inimigo mortal que iria acabar com a sua subsistência.

Hoje são aqueles que não dão concertos e que produzem música destinada principalmente a ser desfrutada sob a forma de um álbum de estúdio que veem o seu futuro em “risco” em função do MP3, P2P e da facilidade de acesso à música que as novas tecnologias digitais permitem.

Entretanto, um estudo recentemente publicado concluiu que o impacto do compartilhamento de músicas nas vendas de discos seria até positivo, pois quanto mais downloads se faz, mais CDs se acaba por comprar – algo que muitos defensores dos downloads “ilegais” através das redes P2P vêm alardeando desde há muito.

Outra conclusão interessante é que foi verificado que metade das faixas disponíveis no P2P foram baixadas para que os usuários pudessem ter uma ideia do álbum antes de o comprar (dããã…) e um quarto porque essas músicas não estavam disponíveis nas lojas de discos.

Por fim, já no item do compartilhamento “legal” de músicas, recentemente algumas grandes gravadoras começaram a vender músicas no formato MP3 sem medidas de proteção tecnológica – vulgo DRM. Outro estudo (pessoal estudioso, esse…) comprovou que essas músicas sem proteção vendem bem mais que as faixas com DRM – coisa de quatro vezes mais

Ou seja: há espaço para todos. Basta querer compartilhar!

Inovação e compartilhamento de informação

Já esses trechos foram pinçados lá do blog do Pedro Dória e compartilhado na íntegra pelo Bicarato – desta vez não pelo Marcelo, do Johnnie Blunder, mas por seu irmão Paulo, do Alfarrábio (ô confusão dos diabos!)…

(…)

A estratégia deu errado. Nos especializamos tanto que chegamos ao ponto de enxergar os mínimos detalhes das peças de um quebra-cabeças e perdemos a noção de como essas peças se encaixam. Há quem saiba tudo de cada peça, mas ninguém é capaz de, como Leonardo (da Vinci), ver o todo. Nem seria possível. Estamos próximos de saber cada detalhe do universo mas não saberemos como cada detalhe se relaciona com o outro.

(…)

Mas há uma saída: informação. Assim como a linguagem nos lançou num mundo de informação, outro conjunto de inovações já começam a fazer grande diferença. A Internet. Telefonia celular. Todas as tecnologias de comunicação digital que se integram numa grande rede. Este conjunto põe cientistas, engenheiros, criadores – todo mundo – em contato imediato.

Para que a rede tenha eficiência máxima, para que quem precise de informação encontre quem pode informar, é preciso munir a rede de informação. De toda informação que temos. Todos os livros, todos os artigos, todas as ideias estão sendo lentamente digitalizadas e postas online. Um médico que procura a solução para um problema misterioso e complexo poderá, no futuro, entrar num Google da vida e descobrir que um físico já lidou com algo muito semelhante. Informação disponível de forma ilimitada permitirá que comecemos a montar este quebra-cabeças.

Mas há um pequeno problema.

Nem toda informação é pública ou livre. Nem toda informação estará disponível. Governos de presto vão argumentar que certas coisas são delicadas demais, devem permanecer como segredos de Estado. Empresas alegarão que investem na criação de conhecimento e que têm direito de manter controle sobre o uso deste seu conhecimento. Gravadoras ou editoras ou estúdios de cinema dirão que a arte que financiam e distribuem é propriedade privada e ponto: é preciso pagar para consumi-la, de resto o nome disso é pirataria. Sem este financiamento dos consumidores, dizem, não haverá mais inovação. Nós mesmos dizemos que há informação a nosso respeito que queremos preservar. Chamamos a isso privacidade. E todos temos razão dentro de nossas razões, evidentemente.

Mas, assim, impomos um limite às possibilidades de a grande rede global reunir toda a informação para que seja usada por todos. Nós criamos uma barreira para que funcione da melhor forma possível.

O segredo que todos já começaram a entender mas recusam a aceitar é que esta grande rede é incontrolável. Segredos de Estado vazam. A toda hora. Segredos industriais também. Pirataria nem se fala. E privacidade? A privacidade está começando a acabar. Estamos entrando numa era de plena informação, uma era na qual toda informação é acessível. Há quem argumente que eleitores ganharão com a transparência de seus governos. Ou que a indústria é gananciosa demais ao cobrar, por exemplo, dinheiro em excesso que impede gente de ter acesso a remédios que podem lhes salvar. Plena informação criou um ambiente de plena inovação em tempos passados.

Quanto tempo vai demorar para chegarmos ao tempo da informação plena? Vinte anos? 50? 150? Não há resposta mas há pistas. Há 15 anos não tínhamos celulares. Há 10, muitos ainda não ouvíramos falar da Internet. Até 10 anos atrás, países como a Líbia não tinham como conseguir acesso a informação sobre como fazer bombas nucleares. Há 7 anos ninguém imaginava que piratear música seria tão trivial e que a indústria não teria qualquer esperança de controle sobre isso. Está tudo se transformando muito rápido.

Há um mundo novo surgindo que nos apresenta a todos, pessoal e profissionalmente, um número incrível de desafios.

Bizarrices ao gosto das patricinhas

Logo após o último post sobre ações bizarras, tive conhecimento de fonte pra lá de fidedigna sobre mais dois causos

Num deles uma moçoila entrou com uma ação para processar o Rotary Club de sua cidade. O motivo: ela participou de um intercâmbio e alega que foi enganada, pois teve seus direitos restringidos. A situação: a família da casa em que ela ficou a proibiu de usar livremente o telefone e a Internet, de fato restringindo sua utilização a uma determinada quantidade por semana. A verdade: assim que a moçoila foi pra casa dessa família ficou pendurada no telefone em ligações para o Brasil, mandando a conta lá pra estratosfera. E em dólares.

Noutro caso a parte processada foi uma companhia aérea da Inglaterra. Uma filha de magistrado também foi participar de um intercâmbio e alega que a companhia aérea perdeu sua mala, pelo que teria direito à indenização pois teve que comprar roupas novas por lá. O detalhe: segundo informado, das roupas em sua mala só os sutiãs custavam R$450,00. Cada

Ações para todos os gostos

Essa foi pinçada lá do Terra Popular e compartilhada pelo Bicarato – não o Paulo, do Alfarrábio, mas por seu irmão Marcelo, do Johnnie Blunder, o que comprova que família que bloga unida permanece unida! :D

“Advogado lista ações mais bizarras da história

Domingo, 11 de novembro de 2007, 10h43

Quem trabalha em escritórios de advocacia, sabe que às vezes as pessoas procuram advogados para as causas mais estranhos que acabam virando processos um tanto bizarros. O jornal britânico Times fez uma pesquisa e listou uma classificação dos 20 processos judiciais mais estranhos da história. Mas nem é preciso dizer que muitos desses processos, embora tenham realmente sido analisados pela Justiça, foram arquivados sem uma solução definitiva.

TV e orgasmo

A causa considerada mais estranha pelo professor Gary Slapper, que assessorou o Times na pesquisa, foi iniciada em 2004 pelo americano Timothy Dumouchel contra uma emissora de televisão, porque segundo ele, o canal era o culpado pela obesidade de sua mulher e pela grande quantidade de cigarros que ele fumava. Dumouchel defendeu assim suas razões: “Bebo e fumo demais e minha mulher é uma obesa porque há cerca de 4 anos assistimos a TV todos os dias”. Mal havia sido iniciado, o processo foi arquivado pela Justiça.

Entre os casos compilados por Slapper, há também a história de uma brasileira que entrou na Justiça contra o parceiro porque ele nunca a fazia chegar a um orgasmo. A mulher, natural de Jundiaí, em São Paulo, afirmava que o companheiro interrompia as relações sexuais depois das ejaculações precoces, deixando-a sempre instaisfeita.

Conta salgada e sexo selvagem

A terceira controvérsia selecionada por Slapper tem como protagonista o advogado alemão Juergen Graefe, que defendeu um aposentado de Bonn, ao qual o Estado alemão havia equivocadamente apresentando uma multa de 287 milhões de euros alegando não pagamento de impostos. O advogado conseguiu facilmente demonstrar o erro, já que o seu cliente recebia uma aposentadoria de 17 mil euros. No entanto, quando o profissional apresentou a conta, o aposentado levou um susto: ele pedia 440 mil euros, ressaltando que havia sido o responsável por uma economia de quase meio milhão de euros do cliente.

Outro caso bizarro é de um homem de Yorkshire, dono de uma empresa de demolição. Ele destruiu um prédio abandonado com objetivos pessoais e roubou 24 toneladas de uma estação de trem. O homem admitiu a culpa, mas alegou que o trabalho tinha sido feito por ordens de uma terceira empresa, que nunca foi encontrada. O caso acabou sendo arquivado.

Slapper também incluiu o caso de uma americana que, sem consentimento do parceiro, durante uma relação sexual, quebrou o seu pênis. A corte arquivou o caso, afirmando que, mesmo que o comportamento na cama possa ser controlado, a fratura foi apenas um acidente.

Processando Deus

A história mais inverossímil talvez seja uma que tem como protagonista um prisioneiro italiano, condenado a 20 anos por homicídio. Ele teve a “brilhante” ideia de processar Deus, porque, segundo ele, Deus não havia respeitado as suas promessas. De acordo com o detento, ele havia firmado um acordo com o Criador: em troca de orações, Deus faria com que ele não entrasse em confusões. O italiano estava se sentindo traído.

O caso se repetiu neste ano, nos Estados Unidos. O senador do Estado de Nebrasca resolveu processar o “criador” por causar inumeráveis mortes e horror, além de ameaças terroristas. Ernie Chambers, furioso por outro processo que considera frívolo, diz que quer mostrar que qualquer um pode processar quem queira nos Estados Unidos.

Outros casos

Na lista de Slapper, há outros casos estranhos, que vão desde uma astróloga russa que pedia uma indenização de 200 milhões de euros à Nasa, que, segundo ela, seria a culpada pela destruição do “equilíbrio do universo” até um episódio em que um tribunal indiano teve que decidir se uma camisinha que vibrava seria um contraceptivo ou um “brinquedinho” sexual, o que é proibido na Índia.

No top 20 apresentado no Times, há também a história de um chinês que, depois de ter colocado à venda a sua alma, teve que decidir em um tribunal de quem realmente seria a propriedade do seu espírito; a de um cidadão americano que pedia uma indenização de US$ 5 milhões à cidade de Nova York porque a descarga de um banheiro público explodiu enquanto ele fazia as suas necessidades, deixando-o ferido; e aquela de um pai chinês que queria colocar um “@” no nome do filho. A corte decidiu que isso não seria possível, porque todos os nomes no país devem ter possibilidade de tradução para o mandarim.

Outros absurdos no mesmo sentido:

» Lei proíbe morte dentro do Parlamento
» Senador processa Deus por estragos
» Preso processa Deus por quebra de contrato

Vida e morte citadina

Em casa temos um quintal relativamente grande – ao menos se comparado ao usual padrão que costuma ser encontrado por aí. Já o descrevi, com alguns detalhes, um bom tempo atrás.

E como lá existem muitas árvores frutíferas, a passarinhada costuma ferver. Pela manhã e logo ao entardecer fica que é uma beleza.

E, de quando em quando, também costuma aparecer algum passarinho morto. Da última vez foi um pardalzinho.

Preparávamo-nos para sair, quando o filhote do meio veio avisar:

– Paiê! Tem um passarinho morto lá no fundo!

Fui checar e encontrei o pobrezinho já estatelado, começando a ser consumido pelas formigas. O primeiro impulso foi de pegar uma pá e transferi-lo para o usual jazigo que as pessoas lhe dão num caso desses: a lata de lixo.

Mas, num relampejo, mudei de ideia. Falei pro filhote, que a esta altura já estava acompanhado do curioso caçula:

– Péraê!

Peguei uma dessas colheres de jardineiro (é esse mesmo o nome?), fui até a extremidade do quintal, logo após o gramado, e fiz um buraquinho fundo o suficiente para enterrá-lo. Recolhi o aquele corpinho, depositei-o na covinha improvisada e comecei a cuidadosamente ajeitar a terra sobre  ele.

– Paiê? Por que ele tá com esse cheiro ruim?

– É porque ele já está se decompondo, filho. Toda a carne é passageira. Uma casquinha que ficou vazia.

– Mas agora ele vai morar aí?

– Não é bem assim filho. Olha só. A gente não sabe o porquê, mas ele morreu. Não sei se de velhice, de doença, porque algum outro pássaro maior o atacou, simplesmente não sei. Mas ele morreu. O espírito dele foi descansar lá no Céu dos Passarinhos. O corpinho dele agora virou uma casquinha vazia, que vai se decompor e voltar pra natureza. Ao enterrá-lo ele vai acabar de se desmanchar, vai fazer parte da terra, adubando-a, e pode até ser que venha a ajudar a alimentar alguma sementinha, que pode virar uma árvore, que pode dar frutinhas, que vão servir para outros passarinhos comerem. É o ciclo da natureza. A morte é necessária para dar continuidade à vida.

Sei que parece um tanto quanto filosófico para uma criança de apenas cinco anos, mas garanto que ele entendeu (quase) tudo muito bem. Isso porque ao final ele ainda me perguntou:

– Mas pai, e se vier outro passarinho igualzinho ele pra comer essa frutinha?

– Ué? Qual o problema?

– Mas então o outro passarinho vai comer ele?

Patch Adams e Capitão Nascimento

Que tal um Ctrl-C/Ctrl-V do Ctrl-C/Ctrl-V?

Pois é.

Estava lá no Blog do João David, que por sua vez trouxe o texto do Blog da Rosana Hermann. Um pouco de lucidez – que coincide com o final do texto – já havia sido trazido antes à Net pelo Marco Aurélio já em 21/10. Segundo suas palavras: “Capitão Nascimento é um bandido. É carismático, pai de família, bem intencionado? Hitler também era. Bandido. Se perdermos a noção de que um policial que asfixia pessoas com um saco plástico é um bandido, podemos abrir mão da civilização.”

Mas vamos ao dito cujo:

Eu vi o Roda Viva com Patch Adams, o médico que criou o conceito dos Doutores da Alegria.

O programa via ser reapresentado hoje na TV Cultura, acho que às 7 da noite.

Mas o post é sobre outra coisa. Eu vi o programa.

E, logo no inicio, ele foi apresentado pelo Cunha Jr, muito competente, através de um texto em português que, entre outras coisas, dizia que rir é o melhor remédio.

Tão logo ele ouviu o texto traduzido em seu ouvido, Patch manifestou-se.

Discordou de toda a apresentação, todo o texto, gastou um bom tempo explicando que este conceito de fazer rir, de rir como o melhor remédio é totalmente errado e não tem nada a ver com o trabalho que ele desenvolveu.

Todo o discurso de Patch Adams foi sobre ‘caring’. Cuidar, importar-se. Sobre a atenção e a amizade. Não tem nada a ver com ‘alegria e bom humor’ como cura ou panaceia do mundo. Pelo menos foi o que eu ouvi e entendi. Vou até ver de novo para conferir.

Fato é que a chamada da rádio CBN contém exatamente as mesmas coisas que ele negou.

A chamada é superficial, com musica de circo que remete a palhaços e repete que ‘rir é o melhor remédio’.

Deve dar muito raiva quando todo mundo entende o que você criou de forma errada.

Zé Padilha disse o mesmo sobre o capitão Nascimento.

Não era pra vê-lo como um herói, o filme criticava seu comportamento e coloca em cheque o personagem entre sua atividade profissional violenta e os problemas domésticos e afetivos na formação de um núcleo familiar.

Mas agora é tarde.

O povo entendeu o contrário e elegeu Capitão Nascimento como Chuck Norris ou Jack Bauer brasileiro, um heróis.

E Patch Adams será só um palhaço provando quer rir cura tudo.

A superficialidade tomou conta de tudo.