Ainda sobre mudanças

Apesar do romantismo no ar que tem assolado este humilde integrante de um CPLF (leia-se: Casal Pra Lá de Feliz), o tema “Mudanças” continua perene, impregnado à minha volta. E, curiosamente, ainda que por vias transversas, hoje tive contato com um texto muito bom que também tem a ver com o tema em pauta e foi publicado lá no Anjos de Prata, um site que vem disponibilizando textos desde 2000. Segue o conto.

Auto-retrato

Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Provavelmente o poeta urbano deve ter tido um dia daqueles quando versou esta preciosidade. Por outro lado, já sem o peso das laboriosas decisões que fazem a roda do nosso mundinho girar, peso que a morte me desobriga carregar agora, talvez eu consiga finalmente falar sinceramente sobre mim. Finalmente estou me sentindo mesmo como quem partiu ou morreu.

Cá estou eu, espectadora do meu próprio velório. Já acompanhei todo o perereco do transporte do meu corpo até São Paulo. Fui sentadinha no banco de passageiros tentando puxar conversa com o motorista que insistiu sistematicamente em ignorar-me. Não esqueçam meu último endereço em vida: Joinville/SC. Portanto, foram quase dez horas de rejeição até o velório municipal de Rio Claro/SP. Magnífico exercício de paciência para quem tem a mania da perfeição forjada pelo desejo irracional e constante de ser aceita neste mundo véio sem porteira. Interessante notar que a gente continua com exatamente os mesmos defeitos quando morre. Nem queria que ele me respondesse mesmo. Aposto que ele tinha bafo e um papo chatíssimo. Me desculpem o comentário maldoso, mas ainda estou ligada às coisas terrenas, sabem como é.

Passeando entre as pessoas presentes no meu velório, fico realmente espantada com a multidão. Será que sou mesmo uma defunta querida? Claro que a maior parte são curiosos cronicamente mórbidos que migraram dos velórios vizinhos. Morreu um bocado de gente esta noite. Mas de longe o meu velório parece ser o mais concorrido dentre as capelas. Afinal, sou uma defunta importada, vim do sul! Noto uma senhora de cabelos obviamente tingidos de loiro-escuro-médio-238 com um escandaloso avental florido. Descascando batatas duma bacia imensa aos seus pés, transborda-se numa torrente desatada e chorosa de lamúrias que parece ter origem num tempo em que o próprio tempo ainda ensaiava existir. “Merda, bosta e cagalhão, que gajo atropelou minha estrela? Também, sempre aluada, ensimesmada, menina calada, só podia dar com os burros, merda, bosta e cagalhão…”. Minha avó. Encosto a cabeça no seu colo e sorrio. Só ela sobre a terra foi capaz de colocar tanta porcaria na mesma frase. Salvo talvez George W. Bush.

Rindo dos poucos modos de minha avó, beijo-lhe as mãos e afasto-me atrapalhadamente. Assim como teria feito se estivesse viva: tropeçando em todos os pés que aparecem e que imagino aparecer no caminho. Uai, morto tropeça, sim! Estabanada a vida inteira não seria diferente na morte. Sempre tive coleção de hematomas pelo corpo. Um jeito pouco salutar mas eficaz de chamar a atenção: todos riam de mim enquanto eu imaginava que riam para mim. A necessidade atroz de ser aceita.

Pode até ser que minha auto-estima sempre foi meio baixa, mas por incrível que possa parecer, nunca tive problemas com ela. Bem, ou quase isso. Sentimentos que considerava menores nunca tomaram conta de mim. Mas não por possuir sentimentos ou alma elevados. Teimosia pura mesmo. Vou lá eu deixar de fazer minhas coisas por causa dessas bobagens? Meto o pé e vou em frente! Mas aviso ao navegantes: isso é ruim, viu? E agora que sou só alma e não tenho mais o corpo a reclamar por desejos imperiosos que desviam minha atenção das dores da alma… ui! A gente devia morrer e levar o analista junto, porque tudo é mais intenso agora.

Me vi no centro de um grupo de primos, muitos que não via há anos, contando piadas sujas e escondendo o riso das tias carpideiras. Eu mesma já participei desta rodinha muitas vezes. Era só tio fulano bater as botas e nos encontrávamos. Minha família é uma das famílias paulistanas mais espalhadas que já se viu. Todo mundo nasce e é enterrado em São Paulo (depois do meu irmão, sou o segundo membro da família que não é enterrado na capital!). Mas tem gente espalhada em Minas, Espírito Santo, Mato Grosso. Tem até um tio avô maluquérrimo, abandonado no altar pela noiva o que o levou a nunca mais bater bem dos pinos, que mora em Roraima. Velório e meio ele aparece. De repente bate um medo-pânico de ser citada na rodinha… É claro que gostavam de mim… precisam gostar de mim! Mas o tom das risadinhas e os olhares na direção do caixão não me encorajam a continuar por ali. Negar sempre foi muito mais confortável do que encarar a realidade. Mania a minha desistir de tudo que começa a ficar mais difícil. Meu mundo era cor-de-rosa sabiam? Estaria com uma taquicardia louca se meu coração não estivesse lá bem mortinho com o meu corpo no caixão. E por falar nisso (fuga estratégica), ainda não fui me espiar. Deixa ver.

Fora um roxão no queixo, tudo em ordem. Tô bonita lá! Tô usando aquele vestido de lã que guardei por anos e só consegui inaugurar quando me mudei para Santa Catarina. Nossa! Nunca pensei que tivesse olhos tão grandes… Todo mundo vive dizendo que são puxadinhos, e para mim puxadinhos ficaram sendo. Ou o espelho me enganou por anos, ou meus olhos cresceram depois que morri. Olha só, estou de batom! Ao menos tiveram o pudor de não usar os vermelhos que usava quando ainda era viva. Sempre achei melhor chamar atenção para a boca do que para o que saía dela. Vai que alguém descobrisse que eu era apenas normal? Vai que alguém descobrisse que nunca entendi nada sobre os arcos góticos perniceais na arquitetura ao sul de Flandres? Jamais!

Minha mãe está sentada na cabeceira de meu caixão. Séria, abatida, mas muito bonita. Sempre achei minha mãe bonita em meio a tragédias. Não que estar morta, para mim, seja uma tragédia. Não que minha família tenha passado por muitas. Até porque tragédias só o são quando acontecem com o vizinho. Ela não chora e fica linda assim. Aprendi com ela e por isso também não estou chorando agora, e olha que quem morreu fui eu, hein? Lágrimas desidratam a pele. Além do mais a gente nasce com um estoque limitado de água para chorar. Se chorar a toa, não sobra lágrima para chorar por um grande amor. Morri sem chorar por um grande amor.

E por falar em amor, olha lá meu primeiro namorado! Ah, se eu soubesse namorar na época teria dado um bom trato no sujeito. Ele parece muito envelhecido. Ou será que minha memória congelou aos 12 anos? Sabe por que nosso namoro acabou? Eu dei um soco nele. Bem no centro do nariz. Pau! Minhas amigas me disseram que ele estava espalhando que tinha me beijado de língua. Fiquei cega de raiva. Essa foi a primeira vez que me deixei dominar por um sentimento tão ruim. A segunda e última foi quando despejei uma menina que morava comigo. Abri a janela e joguei tudo que achei pela frente: copo, discos, livros, cama, vídeo cassete, só não joguei a menina porque a cegueira passou na hora H e sai correndo com ódio de mim e vergonha do mundo. Dentre vários outros fatores ainda não descobertos pela ciência, esses dois rasgos de irracionalidade me fizeram uma pessoa controlada. Emoção é coisa de gente de cortiço, oras!

Ih! Estão fechando o caixão! Ainda não vi meu marido, ou meu viúvo, ou sei lá eu. Imaginava-o compungido e chorando muito. Ele sempre chorou muito. Acho lindo homem que chora. Acho que foi por isso que me casei, alguém tinha que chorar na família, porra! Onde estará nesta…

Sinto alguém me segurando pela mão. Olho para trás. Um moço muito branco, de pestanas muito grandes, lábios muito vermelhos. Seus olhos são iluminados e tem um fio de sangue escorrendo pelo nariz. Meu irmão! Ele ri, e diz como se fosse a revelação que salvará a humanidade: “Se a gente coloca a letra B na frente de Estados Unidos fica ‘Bestados Unidos!’ Mas se a gente coloca a letra B na frente de Egito fica ‘Begito!'”. E me sapeca um em cada bochecha para que não restem dúvidas. Em seguida quase re-morre de falta de ar. Meu irmão sempre teve um senso de humor muito particular.

Saímos dali de mãos dadas. Ele me pergunta se não vou ver o enterro. Dou de ombros. Que diferença faz agora? Nada do que fui poderá ser mudado. O que me resta agora é esperar o próximo bonde. E rogar a Deus para que eu reencarne mais humilde da próxima vez.

Aviso: esta louca que lhes escreve encontra-se sob tratamento médico e sob o efeito de drogas fortíssimas; não representa nenhum perigo para integridade física, psicológica ou moral dos que convivem com ela ou para a sociedade.

Ainda não.

LUCIANA PRIOSTA

Ah… L’amour…

Clark Gable & Vivien Leigh. Richard Gere & Julia Roberts. Patrick Swayze & Demi Moore. Antonio Banderas & Catherina Zeta Jones. James Stephens & Samantha. Bruce Willis & Cybill Shepherd (quem lembra da “Gata e o Rato”?). Neo & Trinity. Sr. Fantástico & Sue Storm. Fantasma e Diana Palmer. Clark Kent & Lois Lane (e antes mesmo disso, pra quem conhece quadrinhos – ou assiste SmallVille -, Lana Lang). “V” & Eve. Peter Parker & Mary Jane Watson.

Tudo bem que são apenas estórias, seriados, personagens e HQs. Tudo do mundo ficcional. Mas, se pensarmos em vida real, que estou bem acompanhado, ah, estou!

A transcrição / A coragem por baixo do pano

Tendo aprendido o caminho para o Blog do Mino Carta, por indicação do Zé Luiz, e pra não ter que repetir o que já foi dito pelo próprio lá no Lente do Zé do dia 15, bem como no Alfarrábio do dia 17 sobre o comentário do Luis Nassif acerca do episódio publicado na revista Carta Capital (e mais ainda pode ser visto no site Vermelho), seguem dois interessantes comentários do Mino feitos hoje:

Paulo Henrique Amorim divulga em seu blog, no iG, a transcrição da gravação da conversa do delegado Bruno com os repórteres da Globo, Folha, Estadão, O Globo e Jovem Pan. Naquela fatídica véspera do primeiro turno, quando o Jornal Nacional divulgou a foto do dinheiro do dossiê, antecipando a imagem à noticia do acidente com o avião da Gol. Ali morreram 154 pessoas, mas a turma do plim-plim achou a foto da lavra do próprio Bruno mais importante. Aqui vai outra informação das mais representativas dos comportamentos globais. No dia 28 de setembro, o infatigável delegado entregou as fotos ao repórter da Globo que atende pelo sobrenome de Tralli, o qual, solerte, as entregou aos superiores. Logo a emissora tomou a decisão de evitar ser acusada de repetir a ação golpista perpetrada contra Lula em 1989, na vergonhosa manipulação do debate com Collor. Donde, sugeriu ao Bruno que chamasse os repórteres de outros jornais e emissoras, e que repartisse o tesouro entre eles. Diligente, o delegado atendeu a sugestão no dia seguinte.

Estou a descobrir o valor da Internet. A reportagem de capa de Carta Capital, de autoria de Raimundo Pereira, conta aí com uma repercussão impressionante. para este velho jornalista ainda preso à Olivetti e temeroso do computador, capaz de engolir a humanidade em peso pela bocarra do vídeo, é surpresa encantadora. É deslumbre. Mesmo porque a larga maioria daqueles que se manifestam louva a reportagem de CartaCapital. Algo assim como 95%.

Além disso, o meio se oferece à aprovação de alguns entre os jornalistas que honram o jornalismo brasileiro, tão feroz na defesa dos interesses da minoria pela ação de tantos outros.

Cito, entre os colegas que respeito e agradeço, Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Tão Gomes Pinto, Teresa Cruvinel. Quero também citar Luiz Weiss, de quem não tenho, infelizmente, boas lembranças, remotas, a bem da verdade, e que neste momento porta-se, a meu ver, com extrema dignidade.

O jornalismo on-line, ao menos no Brasil, é melhor do que o impresso e o eletrônico.

“Sometimes love is too big to be told”

Ontem, após (mais) um cansativo dia de trabalho, e também após a Dona Patroa ter voltado de uma reunião na escola dos filhotes, já lá pelas oito da noite, estávamos todos largados nos sofás, assistindo um filme pra relaxar – Asterix e Cleópatra.

De repente, não mais que de repente, lá do meu canto comecei a admirar aquela mulher que estava ali sentada abraçadinha com nosso filhote do meio, compenetrada na estória que se desenrolava na telinha. Pensei no tempo em que já estamos juntos, como éramos antes, como estamos agora. Constatei a felicidade da mera existência de nossos três filhos. Verifiquei o quanto mudamos nesse meio tempo, às vezes engordamos, às vezes emagrecemos, os cabelos ficaram (mais) brancos e algumas linhas surgiram em nossos rostos.

E, ainda assim, uma onda avassaladora, aconchegante e quente invadiu o meu coração e meu deu a certeza absoluta de que estou no lugar certo na hora certa e com a pessoa certa. Eu a amo de uma forma tão absoluta que não há como expressar em simples palavras.

E então, já tendo decorrido uma noite inteira de sono, sentado agora aqui no computador e repassando as mensagens, notícias e causos dos blogs alheios, encontro um post no É o seguinte… Tá bem? acerca da beleza da mulher madura e mais uma pequena história sobre o encanto de se conversar com os olhos nos olhos. O que já me deixou feliz, pois não só corroborou meus sentimentos da noite anterior como ainda me acresceu uma pontinha de orgulho (pois só sei conversar olhando diretamente nos olhos de alguém)…

Mas o que me deixou mais feliz foi um post no Fala, Lala!, que nada mais foi que o título do presente: “sometimes love is too big to be told”. Comecei a tecer naquele site um comentário acerca do que considero a diferença entre paixão e amor, como um dilacera e outro é perene, etc, etc, etc.

De repente parei. Percebi o tamanho da idiotice que estava fazendo. Se alguém está feliz com seus sentimentos, que importa o nome que se dê? Se é paixão, amor, tesão, seja lá o que for – não importa! Basta estar feliz. Como eu estava ontem à noite, ao admirar minha querida, linda, amada, idolatrada, salve, salve esposa.

E lembrar disso me trouxe aquele sentimento de volta.

E com esse sentimento aqui, palpitando, terei um dia bem melhor.

Pois é. Bastou resgatar um breve momento que já havia esmaecido após uma noite de sono.

Obrigado Lala!

Linux em máquinas (em tese) obsoletas

TuxEis alguns trechos interessantes de um flamewar ocorrido já há algum tempo numa lista de discussões sobre o Linux. A conclusão a que se chega vai ao encontro da linha que defendo no que diz respeito ao aproveitamento de computadores antigos aqui no Brasil (em tese, obsoletos).

E, detalhe: não estou falando de aproveitamento dessas máquinas como “terminais burros” de algum computador mais potente. Mas a verdadeira utilização das mesmas isoladamente. Pra se ter uma idéia, por falta de um Linux melhor, tenho um Pentium 100 com Windows 95 que faz tudo que seus irmãos mais novos e maiores fazem, desde acesso à Internet (via rede e também via dial up), compartilhamento de arquivos em rede, manuseio de textos, planilhas, arquivos gráficos, etc.

Pois bem. Segue a transcrição ipsis litteris. O assunto inicial da discussão versou sobre uma distribuição Linux compacta que rodava direto do CD…

Trombel:

Acho interessante este tipo de distribuição. Mas não vejo lá muito bem para que serve. Fico pensando que aqui no Brasil, quando se vai à qualquer escola de periferia, estadual ou municipal, que tenha a sorte de possuir um ou mais computadores, nota-se que são antigos 386 ou 486. A memória RAM nunca passa 16 MB, mas geralmente é de 8MB. O disco rígido não ultrapassa 200MB. Deste modo acho meio ridículo alguém montar uma distribuição de 100, 200, 300MB e incluir o KDE 3 ou superior. Nunca vai rodar. O verdadeiro desafio para se popularizar o Linux nas escolas públicas deste país é alguém lançar uma distribuição que possa rodar o X em 8MB de RAM. Que contenha um pacote Office leve, um browser rápido, um programinha de e-mail e mais algumas coisinhas…

Seria um linux simples e funcional, leve e útil.

Outra coisa importante: deve poder ser instalável por meio de disquete. Sim, meus amigos, os computadores das escolas públicas ainda não chegaram à era do CD-ROM. Lembro que em 1995, após vários travamentos, reinstalei meu Windows95 em meu notebook. O programa vinha todo em disquete (13 disquetes, se bem me lembro). O Windows 3.11 e Windows 95 rodam muito bem em computadores modestos como os que eu descrevi. E têm programas em profusão para rodar nestas máquinas. É verdade que um linux antigo, um Red Hat 5.0, de 1999 (ou será 2000?) também roda num computador de 16MB RAM, mas como instalá-lo com disquete? Obviamente, o ideal seria podermos usar programas modernos em micros antigos. Mas não podemos usar o melhor dos dois mundos. Precisamos encontrar um meio termo.

De qualquer sorte, lanço o desafio: Necessita-se de um Linux leve, capaz de rodar em computadores antigos (de 8MB a 16MB de RAM), com office, browser, um visualizador de imagens, etc., que possa ser instalado via disquete (via rede não vale: OK Morimoto?) Se o Windows pode, por quê não o nosso bem amado Linux??? Caros leitores, já se deram conta do alcance social que uma distribuição com estas características teria? E que imenso impulso nas mentes jovens dos nossos estudantes?

Parem de anunciar toda a hora estas distribuições pequenas “que cabem num CD que se guarda no bolso”, mas que no Brasil para quase nada serve.

O desafio está lançado.

Junior:

Caro Trombel:

Poucas vezes vi nesse sítio um comentário tão útil e profundo como o seu, e com tanto alcance social.

Baixei o Kurumin do Morimoto, e embora seja realmente muito bom, pois é todo em pt-Br e é direcionado para máquinas que realmente existem no parque brasileiro, ainda é pesado para máquinas simples.

Aqui no meu serviço temos três maquinas Pentium 100 e um 486 encostadas (não aguentam windows novo), mas que poderiam ter uma destinação social muito grande se pudessemos instalar um sistema operacional e doa-los para entidades ou escolas (pois se não tem dinheiro nem para comprar as máquinas, que dirá do sistema operacional) e acho que há muitas empresas e pessoas com equipamentos nestas mesmas condições.

Sei que há uma ONG em São Paulo que já faz um serviço parecido com este, mas não sei que sistema operacional instalam, e nem sei se é possível espalhar pelo país.

Portanto, Morimoto, pense no alcance social de um projeto que contemplasse estas máquinas, sendo que você já tem uma experiência muito bem sucedida com o seu Kurumin, que pode servir de base.

Veja bem, não precisa ser o novo e belíssimo KDE 3, estas pessoas nunca viram nada e o conceito você com muita competência já definiu com o Kurumin.

Imagine o grande parque de máquinas encostado no Brasil que poderia servir para inclusive ajudar na inclusão social de muitas comunidades, organizações e escolas pelo Brasil afora, pois como não possuem nada, um simples ambiente gráfico, com algum editor e planilha simples e um navegador seria suficiente para trazer cidadania a muitas pessoas.

Desde já conte com o meu apoio para esta iniciativa, que com certeza terá todo o apoio muitas organizações e de todos os frequentadores deste sítio, e parabéns ao Trombel pelo momento iluminado que ele teve.

Trombel:

Eu ja testei o Vector Linux 1.0 e 3.0. Sao mais leves, mas ainda estao longe do sistema que a escola precisa. Sem duvida, fazer uma distribuicao como a descrita eh um enorme desafio, mas acredito possivel. E creio que o lugar certo para propor a construcao deste linux “especial” eh aqui. Obrigado, Junior! Fico feliz que haja mais gente que entenda nossa realidade. Espero que alguem com “expertise” suficiente em Linux possa tornar, este pequeno sonho que tenho, rodar Linux para o pessoal de baixa renda, uma realidade.

Marcio:

Pessoal! Parabéns pela iniciativa!

Olhei os comentários e me lembrei que a uns dois anos atrás me deparei com uma mini distribuição com quatro disquetes que rodava o X e com o IceWM, não recordo o nome, mas é possível sim, desenvolver uma mini-distribuição em disquetes, inclusive para instalar no HD, basta unir as forças. Para quem não sabe o Debian pode ser instalado assim, mas não vem completo, precisa de uma conexão via rede o CD para completar com os programas mais sofisticados, mas levendo em cosideração o desempenho não acho viável para máquinas abaixo de 486.

Confesso que a muito tenho vontade de fazer sobre isto e convoco os ILUMINADOS a este desafio.

O projeto do Morimoto pode ser o inicio se ele concordar é claro.

Pedro:

Há muito tempo eu venho tentando mudar minha plataforma de sistema operacional. Linux seria uma boa opção mas vejo que a cada dia que passa mais distribuições são “inventadas” precisamos de um sistema que seja pequeno e facil de trabalhar…

A instalação do menor linux que conheço, (do Morimoto) consome 600MB (instalação) o bom e velho windows95 instala em 70MB e faz tudo que o linux faz (desproporcional né?) quando vamos ter um bom linux pequeno só com o necessário e sem esses pacotes horriveis que vem com ele?

Roger:

Olá pessoal, vi os comentários e resolvi dizer que consegui com sucesso e até com um bom desempenho rodar o kde 1.1.2, com seus utilitários, e como navegador Opera 5.5 e dillo, alguns joguinhos, entre outros utilitários, com kernel 2.2, a distribuição é slackware 7.0 num pentium 100 32MB, eu desativei alguns recursos e entre outras coisas que peguei na internet. Uma dica seria a distribuição Delilinu delilinux.berlios.de que roda em 486, ocupa 300MB vem com várias interfaces gráficas, como icewm, blackbox, windowlab e vem com programa de desktop vem discador ppp, fldesk que colcoca ícones no desktop, flwm gerenciador de arquivos, vem com kernel 2.2.25, xfree 3.3.6, siag office (um office com editor de texto, planilha eletronica, etc muito leve), dillo, links2, mutt, sylpheed (cliente e-mail muito leve), gcc 2.95 e outros programas.

Existe ainda outra distribuição mais leve ainda só que não me recordo agora. O que eu fiz e faço as vezes é procurar várias distribuições pequenas e ajunto o recurso de uma com outro.

Athayde:

Gostaria de informar que ando trabalhando exaustivamente em cima de uma distribuiçao que rode em 486, achei muito importante o comentário do trombel, minha intençao eh fazer a partir de disquetes o que eh muito dificil, também vejo que se utilizarmos distribuiçoes antigas obteremos um grande desempenho, a conectiva 4.0 eh um exemplo disso, enfim temos uma grande quantidade de PCs bastantes antigos que ainda podem ser utilizados, temos que parar com essa historia de que processador é Pentium-4, SO é win XP, quanta besteira, e o incrivel é q muitas vezes sao usuarios comuns que falam isso sendo que nao utilizam nem metade dos programas que o acompanham

Adriano:

Galera, não sei nem se alguém ainda lê esse fórum, mas achei o assunto muito bom. Testei o Vector sem muito sucesso, pois ele é pequeno mas não é nada leve para máquina com 16 de RAM. Testei agora mesmo o DSL e tive vários problemas com a memória. Se alguém achar alguma distro grite, mas grite muito alto pois ganhar do XP é fácil, o problema é bater o WIN95 ainda!!!!

Ismália

Segue uma pitada de boa, velha e bem antiga poesia pra quebrar um pouco o ritmo desses dias meio turbulentos pelos quais passamos…

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

Mudanças

Mudanças são difíceis. Sempre.

E não me venham dizer que “temos que estar preparados”, “que quem não muda fica estagnado”, “que a vida é assim mesmo”, etc, etc, etc. Concordo em gênero, número e grau que o estar preparado ajuda bastante, mas NUNCA é o suficiente.

Mas, de fato, mudanças são realmente necessárias. Às vezes gostamos ou não delas, às vezes concordamos ou não com elas, mas, de qualquer modo, ainda assim mudanças são necessárias.

Nos obriga a lembrar que estamos vivos, e, exatamente por esse motivo, que tudo é finito. Desde questões pequeninas, como uma vontade, um compromisso, um encontro, passando por questões maiores, como uma amizade, um relacionamento, um emprego, até mesmo as grandiosas, como a própria vida. Tudo é finito. Tudo é transitório. Tudo acaba.

“Então por que se importar?” – perguntaria o incauto. Pela prudência. Pela incerteza. Pela expectativa do que nos aguarda o amanhã. Sempre temos a equivocada certeza de que seríamos donos de nossos destinos, mas, como diria o poeta, a vida é algo que nos acontece enquanto estamos fazendo outros planos

Então, ladies & gentlemen, se me permitem extrapolar um pouco este nosso relacionamento virtual, aqui vai um conselho: aproveitem. Aproveitem a vida. Aproveitem o momento. Aproveitem a paixão. Aliás, quando digo aproveitar, estou me referindo sempre ao sentido benéfico de qualquer situação! Vê, lá, hein? Quem me conhece sabe que sou um opositor incansável da “Lei de Gérson”; então – por favor – não deturpem minhas palavras!

Somente gostaria que aproveitassem a vida, de um modo geral. Pode ser saboreando um café, um pastel ou até mesmo uma feijoada. Pode ser brincando com seus filhos (ainda que perca de dez a zero), bebendo com seus amigos ou fazendo algum passeio diferente. Pode ser, ainda, através da costumeira e habitual rotina que lhes dá segurança, concentrando-se em seu dia-a-dia, esmerando-se nos seus afazeres.

Mas, qualquer que seja a opção, faça com prazer, com carinho, com dedicação, com certeza de que o momento que está vivendo é único e não voltará mais. Nunca mais. Já passou a fazer parte de sua lembrança e agora somente vai lhe servir de referencial para sua vida futura. Até mesmo a leitura dessas linhas também é assim. Já passou. Pronto. Espero que tenha sido útil, pois o momento, o estado de espírito, a primeira impressão, todo esse conjunto não voltará mais a acontecer da mesma forma que nessa primeira leitura.

Enfim, qual a mensagem do dia? Ou da semana? Ou da vida? Estejam preparados para as mudanças, pois certamente elas IRÃO ocorrer. E o fato de estar preparado sempre fará com que encare melhor sua vida. Com mais segurança. Sem borboletas adejando em seu estômago. Como diria Horácio (não, não o dinossaurinho do Maurício de Souza – estou falando do poeta), não desperdice tempo, aproveita o dia:

Carpe Diem!