Vento, ventania

Causticante domingo se passou… Na realidade um cansativo repouso pontuado com os afazeres de sempre, as realizações de nunca e os devaneios de quando em quando…

Ponto alto do dia é o fim da noite quando, da varanda, me ponho a apreciar um pouco da rua e da lua matando a sede numa geladíssima cerveja e vendo a espirais da fumaça de meu cigarro se desmancharem ao vento.

Vento…

O que foi um dia seco e quente começou a se desfazer numa quase que fria noite, com o soprar de um vento refrescante, a espalhar meus pensamentos tal qual essa fumaça que desaparece. As copas das árvores, inertes até então, balouçando-se ao bel-prazer dessa agora ventania, quando até mesmo seus troncos fazem-se levemente envergar.

Fecho os olhos e sinto na face o frescor desse sopro divino, inundando-me, oxigenando-me, expulsando pensamentos e sentimentos mesquinhos arraigados na fina galharia do marasmo, nascida na mesmice da alma. E penso e concluo como é bom o vento, o ventar, a ventania, que nos reforça a frágil sensação de simplesmente estarmos vivos. Ventos de mudanças, mudanças de dependência única e exclusiva de nossos próprios méritos e ações. Em meu pensar revisito costumes que viraram hábitos, hábitos que viraram manias, manias que viraram vícios. Costumes que merecem ser revistos, hábitos que demandam ser mudados, manias para serem abandonas, vícios para serem extirpados.

Venta.

Venta e me faz pensar cada vez mais nessas mudanças, do que é possível e plausível, bem como do que deve ser perene e estático. Vento que sopra e varre a poeira, enverga e molda a árvore, contorna e se perde na rocha. Mas, afinal, o que é poeira, o que é árvore, o que é rocha? Onde cada uma dessas metáforas se encaixam na minha vida em particular?

Não sei, com certeza, nunca saberei. A ansiedade por mudanças que se avizinham se conjugam com a necessidade de me expressar que se completam com o conforto e a segurança sem surpresas. Nenhum tipo de surpresa.

Venta!

E na ventania que me varre, que me molda, que me contorna, vejo meus insensatos sonhos de despertar em manhãs que passam muito rápido, de avelhantadas visitas a lugares que jamais irei, de dias que se passaram, que passam e que passarão. E, com tudo isso, com minhas ansiedades, necessidades e seguranças, ainda assim o vento, por mais benfazejo que seja, não me demove de minha certeza acerca da mantença do que não é fácil – e como não! -, do conforto, do carinho e da ternura de a cada dia poder acordar onde desejo estar.

E, fora isso, o que sobrar, por inquebrantável que sou, que o vento envergue em minha vida.

E, além disso, o que restar, por desnecessário que seja, que o vento varra de minh’alma.

Shall we dance?

Muito mais que um filme.

Somente assim posso defini-lo…

É o conto de um advogado – bem sucedido, até – estagnado em sua vida, mas que nem se apercebia disso. Seu trabalho, seus filhos, seu dia-a-dia, seu relacionamento. Estagnados. Todos.

Então, eis que um lampejo surge!

Uma alma gêmea? Distante. Presa em sua própria dor. Triste. Solitária. Estagnada.

Munido mais de ousadia que bom senso ou mesmo coragem, ele decidiu correr atrás daquela pequenina chama.

E acabou por se descobrir capaz de, por si só, produzir uma chama muito maior!

Há humor. Há compaixão. Há ternura. Há tensão.

E, a seguir, um dos momentos mais tensos do filme…

 
Mas, como eu mesmo já disse antes, “o mundo é feito de escolhas; toda escolha leva a uma decisão; toda decisão traz consequencias. É bom ter isso em mente…”

E foi necessário que nosso herói descobrisse onde estava para que pudesse descobrir onde queria estar.

E sair daquela estagnação.

E compartilhar sua própria chama…

 
Impossível não se emocionar.

Afinal, “todo mundo precisa de alguém para resgatar e por quem possa ser resgatado”

Enfim, assistam.

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

( C&P daqui. )

O que é uma briga

Existem brigas e brigas.

Discussões e discussões.

E existem brigas nas quais sequer um dedo é levantado.

Essas são as piores.

Sem nem entrar no contexto da estória – pois “O Reino do Amanhã”, com desenhos do fantástico Alex Ross, é simplesmente imbatível – dá pra perceber toda a tensão nessa curta sequência de quadrinhos na qual, num futuro apocalíptico, Superman e Mulher Maravilha discordam de um ponto de vista…

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