Lema do dia

E com tanta coisa acontecendo, sempre do tipo tudo-aqui-ao-mesmo-tempo-agora, eis que boas novidades ainda teimam em surgir a este velho causídico-contador de causos de plantão…

Então, como “lema do dia”, nada melhor que uma mineirice para fechar (ou abrir) tudo isso com chave de ouro:

Libertas quae sera

Hein?

Acharam que está faltando algo?

Mas num tá não. Veja aqui

Projetos de lei pitorescos

Direto do clipping da AASP:

Projetos de lei pitorescos são rejeitados pela Câmara

Noivos obrigados a plantar mudas de árvores ao se casar. Venda de antisséptico bucal só com receita. Proibição de lutas marciais na TV. São alguns dos projetos que foram rejeitados ou arquivados nos últimos quatro anos pela Câmara dos Deputados.

Nesse período foram propostos 8.044 projetos. Desses, cerca de 228 se transformaram em normas jurídicas, e 1.300 foram arquivados.

Entre os projetos pitorescos que receberam sinal vermelho está o que prevê o plantio de árvores por construtoras e cidadãos que se casam, se divorciam ou compram carro 0 km.

O projeto, de Carlos Mannato (PDT-ES), foi vetado pela Comissão de Meio Ambiente e será arquivado se não houver recurso. Mannato diz que não vai recorrer.

Ele estabeleceu uma cota para cada uma dessas atividades. Noivos teriam que plantar dez mudas para se casar, e os casais que pretendem se divorciar, 25.

Segundo Mannato, todas essas atividades contribuem para o aumento do aquecimento global. No caso de divórcios, os casais “se dividem, aumentam o número de residências e consomem mais energia e água”.

Ele diz que pretende reapresentar o projeto na próxima legislatura. “Vou incluir outras atividades. Organizadores de shows de grande porte também terão que plantar mudas”, diz.

Outros projetos ficaram no sinal amarelo: foram rejeitados por comissões, mas ainda serão analisados por outras e poderão sobreviver.

Projetos que tramitam de forma conclusiva e são rejeitados por uma comissão são arquivados caso haja rejeição também nas outras comissões -ou se tiverem parecer contrário da Comissão de Finanças ou de inconstitucionalidade da Comissão de Constituição e Justiça.

JEAN-PHILIP STRUCK
LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO

Lição de vida

Esse causo já deve ter uns bons cinco ou seis anos…

E então fomos para uma reunião – daquelas escabrosas – que, por algum motivo que não me lembro, minha presença e opinião talvez fossem necessárias.

Mesa cheia. Da grande. Todos os figurões mais importantes estavam lá. Sentei-me onde pude, tendo à minha esquerda o Davi e à minha direita meu chefe à época – o Lelis.

E ferve o povo na discussão.

Nesse meio tempo peguei o processo sobre o qual estavam discutindo e comecei a folhear, pra tentar me atualizar sobre o perrengue que estava acontecendo. E então, não mais que de repente, algo assim como num segundo plano desfocado, lá ao fundo ouvi ecoar meu nome. Era o Doni.

– Hein?

– É você, mesmo, Adauto.

– Errr…

– Diga-nos o que acha sobre tudo isso que acabamos de falar?

E como eu iria dizer que não tinha a mínima idéia sobre o que estavam falando porque não estava prestando atenção? Afinal, estavam esperando algo de mim! Não lembro patavina sobre o que discorri, só sei que até aos meus próprios ouvidos – naquele momento mesmo – tudo já soava como uma enrolação sem tamanho… Mas ainda assim falei. E com cara de convicto.

E, quando terminei, silêncio.

Até que o Davi, bem do meu lado, com aquele tamanho todo, ruidosamente espalma as duas mãos na mesa!

– E eis que do meu lado reencarna o Doutor Tancredo! “Onde está Minas? Minas está onde sempre esteve!*” Disse tudo e não disse nada! Meu filho, vá ler com calma esse processo e quando tiver alguma opinião, daí a gente conversa…

Não preciso nem dizer que ali mesmo me senti a mais insignificante das criaturas.

Desse dia em diante aprendi de maneira irrefutável uma das lições mais importantes para toda e qualquer reunião que se vá participar: se você, sabe, diga; se não sabe, encha o peito e, com orgulho, brade a todos “NÃO SEI”. É infinitamente melhor dizer que não sabe, que vai estudar o assunto, que vai perguntar para alguém, que vai pesquisar – qualquer coisa! – mas jamais, JAMAIS, sequer pense em fazer o que fiz daquela vez. Aliás, frise-se que foi a ÚLTIMA vez NA VIDA que fiz algo do gênero…

* Numa pesquisa básica a frase na realidade é atribuída a Otto Lara Resende. O que não muda em absoluto seu efeito…