Jornalismo, diploma e software livre

Ainda ontem conversava eu com o copoanheiro Bicarato – caboclo que, apesar de ter o diploma, é jornalista (não meramente está jornalista) – acerca da necessidade ou não de formação profissional para determinadas áreas. Na prática, com toda essa balbúrdia que estão fazendo por aí (aliás, maior sacanagem com os cozinheiros, pô!), o que parece que vai acontecer é que o próprio mercado vai destilar esse canavial de pretensos jornalistas.

O fato é que não é o diploma que faz o profissional.

Tá, eu sei que na maior parte das “profissões” (na minha, inclusive) sem o diploma não dá sequer para trabalhar. Mas o ponto é que o verdadeiro profissional está além de seus anos de faculdade. Uma boa parte do povo encontrado lá nos “templos do saber” visa simplesmente ter paciência suficiente para acabar de pagar pelo diploma para poder sair no mercado – não estão nem um pouco interessados em realmente aprender. Assim como boa parte dos professores também não estão realmente interessados em ensinar. Aliás, posso contar nos dedos de uma mão os professores que tive que efetivamente puderam (ou quiseram) ensinar de verdade, ou seja, além das questiúnculas catedráticas – mas sim partindo para o que seria a verdade lá fora

Qual a conclusão?

Não tem.

Ou melhor, tem sim.

“Quem tem competência se estabelece” – não é o que diz o ditado?

Pois é, concordo.

Aliás, tudo isso era simplesmente para transcrever aqui (talvez um futuro lembrete para mim mesmo, caso um dia seja necessário) uma “oportunidade de trabalho” que saiu há algum tempo para um profissional de software livre lá no ABC Paulista. Achei muito bem estruturada a maneira de descrever o tipo procurado, principalmente no tocante à sua “formação”. Segue, na íntegra:

Empresa especializada em serviços baseados em softwares e soluções livres, baseada no ABC paulista, em Santo André, oferece oportunidade de trabalho para Analista de Suporte Pleno.

O candidato à vaga deve possuir o seguinte perfil :

– Autodidata. Não necessariamente é exigida formação de nível superior, mas sim que o candidato tenha experiência na resolução de problemas (troubleshooting), na implantação e administração de soluções baseadas em softwares livres e que tenha facilidade de aprendizado de novas tecnologias e tópicos avançados relacionados a tecnologias já conhecidas;

– O candidato deve ter facilidade em pesquisar e filtrar informações sobre novos problemas encontrados no dia-a-dia e, com base em suas pesquisas, desenvolver e/ou saber eleger e aplicar soluções para os problemas que lhe forem apresentados;

Adicionalmente, o candidato deve possuir os seguintes conhecimentos específicos :

– Redes de computadores e protocolos (LAN, WAN, TCP/IP, roteamento, cabeamento básico, redes wireless);

– Conhecimentos avançados em implantação e administração de sistemas operacionais GNU/Linux, especialmente nas distribuições Debian GNU/Linux e Red Hat Enterprise Linux;

– Experiência na resolução de problemas e em tópicos avançados da administração de sistemas, como desenvolvimento de scripts shell para automatização de tarefas de administração rotineiras;

– Conhecimentos avançados na compreensão, criação e administração de soluções de firewall baseadas em iptables/netfiler e em soluções de proxy baseadas no servidor proxy Squid;

– Conhecimentos avançados na compreensão, criação e administração de soluções de VPN baseadas nas soluções OpenVPN e OpenSWAN;

– Conhecimentos avançados na compreensão, criação e administração de soluções de e-mail, baseadas nos softwares Postfix, Dovecot/Courier-IMAP, amavisd-new, SpamAssassin e ClamAV;

– Bons conhecimentos na implantação e administração de servidores de arquivos Samba, incluindo integração do mesmo a serviços de diretórios LDAP;

– Bons conhecimentos em servidores DNS, DHCP, TFTP, XDMCP, servidores Web (Apache), bancos de dados (MySQL e PostgreSQL) e servidores de impressão (CUPS);

– Bons conhecimentos em soluções de virtualização baseadas na solução de virtualização Xen e em ambientes de alta disponibilidade envolvendo as ferramentas heartbeat, mon e DRBD;

Aos interessados, currículos e maiores informações podem ser conseguidas enviando mensagens para rh@…

What?

Esse negócio de “mundo globalizado” já tá começando a ficar meio que complicado…

Como se não bastasse a criançada agora, desde a mais tenra idade, já começar a aprender inglês na escola – pô, eu fui ter meus primeiros passos de inglês lá pela quinta série, com o malfadado Book One, bem no estilo “what is this? / this is a pencil / what is that? / that is a book / the book is on the table” e por aí afora.

E, além disso, onde outrora reinava o francês (ainda no tempo de meus irmãos mais velhos), temos também o espanhol, que cada vez mais foi ganhando seu espaço e garantindo sua presença nas salas de aula. O mais próximo que chego dessa língua é o famoso “uno pão com mortaduela e una cueca-cuela”

Ou seja, NADA.

Pois bem, agora a Dona Patroa entendeu que a criançada de casa, a famosíssima Tropinha de Elite, deve ter seu nível elevado a Pequenos Ninjas ou Mini Samurais ou Changeboys ou seja lá o raio que for.

Começou a ensinar japonês para eles.

Tudo bem que eu concordo em gênero, número e grau com essa decisão – afinal é uma herança cultural que eles têm todo o direito de possuir e quanto antes puderem aprender, melhor.

Mas nessa brincadeira quem ficou solitário perante os filhotes foi este velho lobo que vos escreve.

É um tal de onegaishimassu daqui, tadaimá dali, shirimassen numa geral, que, não demora muito, creio que não vou conseguir prosear nem mesmo com o caçulinha de cinco anos, ou seja, vou acabar ficando totalmente como um kitigai nessa história (ha!)…

Definitivamente.

O termo ultrapassado obsoleto acabou de ser elevado a um novo patamar…

Gravando DVDs – Widescreen (formato 16:9)

Confesso que deu trabalho.

Tudo começou com um filme baixado pelos torrents da vida e que estava em formato widescreen. É que o padrãozão que vemos por aí é 4:3, sendo que esse formato widescreen – que é o 16:9 – é o mesmo que encontramos nas grandes telas de cinema – digamos que “encompridado”…

O primeiro dilema: extensão RMVB.

Bastou dar uma fuçada básica na Internet e baixar (sempre trabalhando com os frees da vida) o programa Real Alternative. Executou perfeitamente o arquivo e na telinha do computador tudo ficou às mil maravilhas.

Só que a criançada também queria assistir.

E uma coisa é você assistir um filme sozinho no seu computador, outra – BEM DIFERENTE – é aninhar no seu minúsculo escritório três pequerruchos com seus 5, 7 e 10 anos para tentar assistir alguma coisa.

Inviável.

Nem tentei.

Melhor seria optar pelo Plano B

– Pódexá. O Papai* vai dar um jeito de passar isso para um DVD, ok? Daí assistiremos todos lá na sala!

Besta que eu sou.

Por que é que eu vivo prometendo essas coisas?

Enfim, aproveitando a calmaria do final de semana lá fui eu passar o filme para um DVD. Uso normalmente um programa simprão de tudo, o PowerProducer Gold, que veio com o leitor de CD/DVD, tem umas funçõezinhas básicas e grava DVDs sem maiores dores de cabeça.

Começou mal.

O programa sequer “enxergava” o arquivo com o filme.

– Ah, é lógico! Tem que estar num formato que ele “entenda”.

E lá vai o Dom Quixote que vos escreve fuçar novamente atrás de um conversor. Tenho certeza absoluta que já existe algum programa desse tipo perdido nas catacumbas do meu computador, mas, do jeito que está (des)organizado,  seria mais fácil achar algo na Internet que no meu próprio disco rígido. Assim resolvi ficar com o RMVB Converter, que não só converte arquivos RMVB para outros formatos, como também de outros formatos para outros formatos. Sei que parece confuso, mas até que é simples. Pra mim, pelo menos, é.

Beleza. Converti o arquivo para MPEG2 e voltei lá para o PowerProducer para gravar o DVD. Gravei. Sem menus, que é para não complicar. Fui checar. Deu merda.

O programa “esticou” a imagem. Transformou o filme em 4:3. E isso, dentre outras coisas, ainda implica na perda de qualidade do vídeo.

E como esse programa é, como eu já disse, simprão de tudo, não consegui encontrar nenhuma opção para alterar esse formato (ou ratio se preferirem). Então o negócio seria arranjar um programa que fizesse a coisa certa.

Fóruns de cá, fóruns de lá, Google, Yahoo, Baixaki, AltaVista, orações, promessas, ameaças, incenso, búzios, despachos, pactos de sangue… Só sei que deu trabalho para achar algo que fosse free e que efetivamente funcionasse. Testei pelo menos uns dez programas. Perdi uma meia dúzia de DVDs. Mas – ufa! – teve um que resolveu.

Trata-se do Express Burn.

Copia discos, grava CDs de áudio, de dados, DVDs, Blu-Ray, HD-DVD e sei lá que outros perrengues mais. Mas, além de tudo isso – e o que mais interessava – é que ele tem um botãozinho ali do lado, simplezinho de tudo: Aspect Ratio.

Indiquei a origem do filme (arquivo do computador), escolhi o formato widescreen e mandei gravar.

Demorado.

Levou pelo menos 2/3 do tempo de execução do filme para concluir a gravação.

Mas, pelo menos, parece que ficou bom.

Agora, se me dão licença, vou me reunir com o resto da criançada, lá na sala, com uma boa bacia de pipocas e curtir esse friozinho de domingo à tarde assistindo um bom (espero) filme…

* Perguntinha digna de Júlio César: por que com os filhos referimo-nos a nós mesmos sempre na terceira pessoa?

Emenda à Inicial: é, com todas as limitações que podem advir de um arquivo de filme que foi compactado ao extremo, ainda assim o resultado final até que foi razoável (sim, sou BASTANTE crítico quanto à qualidade). Na prática isso até me animou para buscar uma ou outra coisinha aí pela Internet… Já ouviram falar do filme Cannonball – aquela corrida maluca com o Burt Reinolds, Roger Moore, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jackie Chan e o impagável Captain Chaos? Tem também o Il buono, Il brutto, Il cattivo – mais conhecido por aqui como Três homens em conflito, ou melhor, O bom, o mau e o feio… Também bastante divertido Smokey and The Bandit, ou então Agarra-me se puderes (tudo a ver, não?) – só de ver aquele Trans Am queimando o chão já tá pago!…

Na terça, uma foto

Tá.

Eu sei.

“Mas é quinta…”

Tô meio corrido, tá bom?

Mesmo assim, vamos lá. Nessa foto de São José dos Campos – dá pra ver a Igreja Matriz lá no fundo – apesar de estar escrito “Béla Vista” (esqueçam, por favor, as atuais regras ortográficas), a coisa talvez seja um pouquinho diferente. É que hoje o chamado bairro Bela Vista, na realidade, fica à esquerda de quem passa pelo “Viaduto de Santana”, sobre a estrada de ferro, que liga o bairro ao Centro.

Já deu pra perceber que o viaduto ainda não existia quando a foto foi batida…

Apesar de na época ter o nome de Rua Paraíba, trata-se da hoje conhecida Av. Rui Barbosa (aquele morro lá na frente é o ponto onde ela chega na Rodoviária Velha) e a foto deve ter sido tirada perto de onde atualmente está o carrinho de lanches Pascoaleto’s, de meu amigo Edilson (roaylties, please).

Ali à direita, uns cinquenta metros adiante de onde está aquela casinha com um arco na entrada, hoje fica o CooperRhodia Coop, lá de Santana (e eu aqui, sem cobrar nada dessa propaganda gratuita para meus milhares de leitores).

Aliás, essa mesma casinha ainda existia até pouco tempo atrás e foi uma das residências da Dona Victória, uma senhora já idosa quando da minha adolescência, mas com um bom humor insuportável. Ela fazia salgadinhos para vários bares da região e um de meus primeiros empregos foi justamente entregar, de bicicleta e ainda de madrugada, esses salgadinhos – os quais muitas vezes eu mesmo ajudava a fazer…

Tecnologia Social

Só para lembrar que estão abertas as inscrições para a 5º edição do  Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Mais informações sobre regulamento, etc, podem ser obtidas bem aqui.

Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.

É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras.

As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala.

São exemplos de tecnologia social: o clássico soro caseiro (mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil); as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os problemas de acesso a água de boa qualidade à população do semi-árido, entre outros.