“Sometimes love is too big to be told”

Ontem, após (mais) um cansativo dia de trabalho, e também após a Dona Patroa ter voltado de uma reunião na escola dos filhotes, já lá pelas oito da noite, estávamos todos largados nos sofás, assistindo um filme pra relaxar – Asterix e Cleópatra.

De repente, não mais que de repente, lá do meu canto comecei a admirar aquela mulher que estava ali sentada abraçadinha com nosso filhote do meio, compenetrada na estória que se desenrolava na telinha. Pensei no tempo em que já estamos juntos, como éramos antes, como estamos agora. Constatei a felicidade da mera existência de nossos três filhos. Verifiquei o quanto mudamos nesse meio tempo, às vezes engordamos, às vezes emagrecemos, os cabelos ficaram (mais) brancos e algumas linhas surgiram em nossos rostos.

E, ainda assim, uma onda avassaladora, aconchegante e quente invadiu o meu coração e meu deu a certeza absoluta de que estou no lugar certo na hora certa e com a pessoa certa. Eu a amo de uma forma tão absoluta que não há como expressar em simples palavras.

E então, já tendo decorrido uma noite inteira de sono, sentado agora aqui no computador e repassando as mensagens, notícias e causos dos blogs alheios, encontro um post no É o seguinte… Tá bem? acerca da beleza da mulher madura e mais uma pequena história sobre o encanto de se conversar com os olhos nos olhos. O que já me deixou feliz, pois não só corroborou meus sentimentos da noite anterior como ainda me acresceu uma pontinha de orgulho (pois só sei conversar olhando diretamente nos olhos de alguém)…

Mas o que me deixou mais feliz foi um post no Fala, Lala!, que nada mais foi que o título do presente: “sometimes love is too big to be told”. Comecei a tecer naquele site um comentário acerca do que considero a diferença entre paixão e amor, como um dilacera e outro é perene, etc, etc, etc.

De repente parei. Percebi o tamanho da idiotice que estava fazendo. Se alguém está feliz com seus sentimentos, que importa o nome que se dê? Se é paixão, amor, tesão, seja lá o que for – não importa! Basta estar feliz. Como eu estava ontem à noite, ao admirar minha querida, linda, amada, idolatrada, salve, salve esposa.

E lembrar disso me trouxe aquele sentimento de volta.

E com esse sentimento aqui, palpitando, terei um dia bem melhor.

Pois é. Bastou resgatar um breve momento que já havia esmaecido após uma noite de sono.

Obrigado Lala!

Linux em máquinas (em tese) obsoletas

TuxEis alguns trechos interessantes de um flamewar ocorrido já há algum tempo numa lista de discussões sobre o Linux. A conclusão a que se chega vai ao encontro da linha que defendo no que diz respeito ao aproveitamento de computadores antigos aqui no Brasil (em tese, obsoletos).

E, detalhe: não estou falando de aproveitamento dessas máquinas como “terminais burros” de algum computador mais potente. Mas a verdadeira utilização das mesmas isoladamente. Pra se ter uma idéia, por falta de um Linux melhor, tenho um Pentium 100 com Windows 95 que faz tudo que seus irmãos mais novos e maiores fazem, desde acesso à Internet (via rede e também via dial up), compartilhamento de arquivos em rede, manuseio de textos, planilhas, arquivos gráficos, etc.

Pois bem. Segue a transcrição ipsis litteris. O assunto inicial da discussão versou sobre uma distribuição Linux compacta que rodava direto do CD…

Trombel:

Acho interessante este tipo de distribuição. Mas não vejo lá muito bem para que serve. Fico pensando que aqui no Brasil, quando se vai à qualquer escola de periferia, estadual ou municipal, que tenha a sorte de possuir um ou mais computadores, nota-se que são antigos 386 ou 486. A memória RAM nunca passa 16 MB, mas geralmente é de 8MB. O disco rígido não ultrapassa 200MB. Deste modo acho meio ridículo alguém montar uma distribuição de 100, 200, 300MB e incluir o KDE 3 ou superior. Nunca vai rodar. O verdadeiro desafio para se popularizar o Linux nas escolas públicas deste país é alguém lançar uma distribuição que possa rodar o X em 8MB de RAM. Que contenha um pacote Office leve, um browser rápido, um programinha de e-mail e mais algumas coisinhas…

Seria um linux simples e funcional, leve e útil.

Outra coisa importante: deve poder ser instalável por meio de disquete. Sim, meus amigos, os computadores das escolas públicas ainda não chegaram à era do CD-ROM. Lembro que em 1995, após vários travamentos, reinstalei meu Windows95 em meu notebook. O programa vinha todo em disquete (13 disquetes, se bem me lembro). O Windows 3.11 e Windows 95 rodam muito bem em computadores modestos como os que eu descrevi. E têm programas em profusão para rodar nestas máquinas. É verdade que um linux antigo, um Red Hat 5.0, de 1999 (ou será 2000?) também roda num computador de 16MB RAM, mas como instalá-lo com disquete? Obviamente, o ideal seria podermos usar programas modernos em micros antigos. Mas não podemos usar o melhor dos dois mundos. Precisamos encontrar um meio termo.

De qualquer sorte, lanço o desafio: Necessita-se de um Linux leve, capaz de rodar em computadores antigos (de 8MB a 16MB de RAM), com office, browser, um visualizador de imagens, etc., que possa ser instalado via disquete (via rede não vale: OK Morimoto?) Se o Windows pode, por quê não o nosso bem amado Linux??? Caros leitores, já se deram conta do alcance social que uma distribuição com estas características teria? E que imenso impulso nas mentes jovens dos nossos estudantes?

Parem de anunciar toda a hora estas distribuições pequenas “que cabem num CD que se guarda no bolso”, mas que no Brasil para quase nada serve.

O desafio está lançado.

Junior:

Caro Trombel:

Poucas vezes vi nesse sítio um comentário tão útil e profundo como o seu, e com tanto alcance social.

Baixei o Kurumin do Morimoto, e embora seja realmente muito bom, pois é todo em pt-Br e é direcionado para máquinas que realmente existem no parque brasileiro, ainda é pesado para máquinas simples.

Aqui no meu serviço temos três maquinas Pentium 100 e um 486 encostadas (não aguentam windows novo), mas que poderiam ter uma destinação social muito grande se pudessemos instalar um sistema operacional e doa-los para entidades ou escolas (pois se não tem dinheiro nem para comprar as máquinas, que dirá do sistema operacional) e acho que há muitas empresas e pessoas com equipamentos nestas mesmas condições.

Sei que há uma ONG em São Paulo que já faz um serviço parecido com este, mas não sei que sistema operacional instalam, e nem sei se é possível espalhar pelo país.

Portanto, Morimoto, pense no alcance social de um projeto que contemplasse estas máquinas, sendo que você já tem uma experiência muito bem sucedida com o seu Kurumin, que pode servir de base.

Veja bem, não precisa ser o novo e belíssimo KDE 3, estas pessoas nunca viram nada e o conceito você com muita competência já definiu com o Kurumin.

Imagine o grande parque de máquinas encostado no Brasil que poderia servir para inclusive ajudar na inclusão social de muitas comunidades, organizações e escolas pelo Brasil afora, pois como não possuem nada, um simples ambiente gráfico, com algum editor e planilha simples e um navegador seria suficiente para trazer cidadania a muitas pessoas.

Desde já conte com o meu apoio para esta iniciativa, que com certeza terá todo o apoio muitas organizações e de todos os frequentadores deste sítio, e parabéns ao Trombel pelo momento iluminado que ele teve.

Trombel:

Eu ja testei o Vector Linux 1.0 e 3.0. Sao mais leves, mas ainda estao longe do sistema que a escola precisa. Sem duvida, fazer uma distribuicao como a descrita eh um enorme desafio, mas acredito possivel. E creio que o lugar certo para propor a construcao deste linux “especial” eh aqui. Obrigado, Junior! Fico feliz que haja mais gente que entenda nossa realidade. Espero que alguem com “expertise” suficiente em Linux possa tornar, este pequeno sonho que tenho, rodar Linux para o pessoal de baixa renda, uma realidade.

Marcio:

Pessoal! Parabéns pela iniciativa!

Olhei os comentários e me lembrei que a uns dois anos atrás me deparei com uma mini distribuição com quatro disquetes que rodava o X e com o IceWM, não recordo o nome, mas é possível sim, desenvolver uma mini-distribuição em disquetes, inclusive para instalar no HD, basta unir as forças. Para quem não sabe o Debian pode ser instalado assim, mas não vem completo, precisa de uma conexão via rede o CD para completar com os programas mais sofisticados, mas levendo em cosideração o desempenho não acho viável para máquinas abaixo de 486.

Confesso que a muito tenho vontade de fazer sobre isto e convoco os ILUMINADOS a este desafio.

O projeto do Morimoto pode ser o inicio se ele concordar é claro.

Pedro:

Há muito tempo eu venho tentando mudar minha plataforma de sistema operacional. Linux seria uma boa opção mas vejo que a cada dia que passa mais distribuições são “inventadas” precisamos de um sistema que seja pequeno e facil de trabalhar…

A instalação do menor linux que conheço, (do Morimoto) consome 600MB (instalação) o bom e velho windows95 instala em 70MB e faz tudo que o linux faz (desproporcional né?) quando vamos ter um bom linux pequeno só com o necessário e sem esses pacotes horriveis que vem com ele?

Roger:

Olá pessoal, vi os comentários e resolvi dizer que consegui com sucesso e até com um bom desempenho rodar o kde 1.1.2, com seus utilitários, e como navegador Opera 5.5 e dillo, alguns joguinhos, entre outros utilitários, com kernel 2.2, a distribuição é slackware 7.0 num pentium 100 32MB, eu desativei alguns recursos e entre outras coisas que peguei na internet. Uma dica seria a distribuição Delilinu delilinux.berlios.de que roda em 486, ocupa 300MB vem com várias interfaces gráficas, como icewm, blackbox, windowlab e vem com programa de desktop vem discador ppp, fldesk que colcoca ícones no desktop, flwm gerenciador de arquivos, vem com kernel 2.2.25, xfree 3.3.6, siag office (um office com editor de texto, planilha eletronica, etc muito leve), dillo, links2, mutt, sylpheed (cliente e-mail muito leve), gcc 2.95 e outros programas.

Existe ainda outra distribuição mais leve ainda só que não me recordo agora. O que eu fiz e faço as vezes é procurar várias distribuições pequenas e ajunto o recurso de uma com outro.

Athayde:

Gostaria de informar que ando trabalhando exaustivamente em cima de uma distribuiçao que rode em 486, achei muito importante o comentário do trombel, minha intençao eh fazer a partir de disquetes o que eh muito dificil, também vejo que se utilizarmos distribuiçoes antigas obteremos um grande desempenho, a conectiva 4.0 eh um exemplo disso, enfim temos uma grande quantidade de PCs bastantes antigos que ainda podem ser utilizados, temos que parar com essa historia de que processador é Pentium-4, SO é win XP, quanta besteira, e o incrivel é q muitas vezes sao usuarios comuns que falam isso sendo que nao utilizam nem metade dos programas que o acompanham

Adriano:

Galera, não sei nem se alguém ainda lê esse fórum, mas achei o assunto muito bom. Testei o Vector sem muito sucesso, pois ele é pequeno mas não é nada leve para máquina com 16 de RAM. Testei agora mesmo o DSL e tive vários problemas com a memória. Se alguém achar alguma distro grite, mas grite muito alto pois ganhar do XP é fácil, o problema é bater o WIN95 ainda!!!!

Ismália

Segue uma pitada de boa, velha e bem antiga poesia pra quebrar um pouco o ritmo desses dias meio turbulentos pelos quais passamos…

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

Mudanças

Mudanças são difíceis. Sempre.

E não me venham dizer que “temos que estar preparados”, “que quem não muda fica estagnado”, “que a vida é assim mesmo”, etc, etc, etc. Concordo em gênero, número e grau que o estar preparado ajuda bastante, mas NUNCA é o suficiente.

Mas, de fato, mudanças são realmente necessárias. Às vezes gostamos ou não delas, às vezes concordamos ou não com elas, mas, de qualquer modo, ainda assim mudanças são necessárias.

Nos obriga a lembrar que estamos vivos, e, exatamente por esse motivo, que tudo é finito. Desde questões pequeninas, como uma vontade, um compromisso, um encontro, passando por questões maiores, como uma amizade, um relacionamento, um emprego, até mesmo as grandiosas, como a própria vida. Tudo é finito. Tudo é transitório. Tudo acaba.

“Então por que se importar?” – perguntaria o incauto. Pela prudência. Pela incerteza. Pela expectativa do que nos aguarda o amanhã. Sempre temos a equivocada certeza de que seríamos donos de nossos destinos, mas, como diria o poeta, a vida é algo que nos acontece enquanto estamos fazendo outros planos

Então, ladies & gentlemen, se me permitem extrapolar um pouco este nosso relacionamento virtual, aqui vai um conselho: aproveitem. Aproveitem a vida. Aproveitem o momento. Aproveitem a paixão. Aliás, quando digo aproveitar, estou me referindo sempre ao sentido benéfico de qualquer situação! Vê, lá, hein? Quem me conhece sabe que sou um opositor incansável da “Lei de Gérson”; então – por favor – não deturpem minhas palavras!

Somente gostaria que aproveitassem a vida, de um modo geral. Pode ser saboreando um café, um pastel ou até mesmo uma feijoada. Pode ser brincando com seus filhos (ainda que perca de dez a zero), bebendo com seus amigos ou fazendo algum passeio diferente. Pode ser, ainda, através da costumeira e habitual rotina que lhes dá segurança, concentrando-se em seu dia-a-dia, esmerando-se nos seus afazeres.

Mas, qualquer que seja a opção, faça com prazer, com carinho, com dedicação, com certeza de que o momento que está vivendo é único e não voltará mais. Nunca mais. Já passou a fazer parte de sua lembrança e agora somente vai lhe servir de referencial para sua vida futura. Até mesmo a leitura dessas linhas também é assim. Já passou. Pronto. Espero que tenha sido útil, pois o momento, o estado de espírito, a primeira impressão, todo esse conjunto não voltará mais a acontecer da mesma forma que nessa primeira leitura.

Enfim, qual a mensagem do dia? Ou da semana? Ou da vida? Estejam preparados para as mudanças, pois certamente elas IRÃO ocorrer. E o fato de estar preparado sempre fará com que encare melhor sua vida. Com mais segurança. Sem borboletas adejando em seu estômago. Como diria Horácio (não, não o dinossaurinho do Maurício de Souza – estou falando do poeta), não desperdice tempo, aproveita o dia:

Carpe Diem!

Sobre as idéias de propriedade

Estudando alguns textos acerca de Creative Commons, deparei-me com o seguinte trecho, muito elucidativo e surpreendentemente atual:

Se a natureza fez alguma coisa menos suscetível que outras de tornar-se propriedade exclusiva, é a ação do poder pensante chamado ‘uma idéia’ que um indivíduo pode possuir com exclusividade, enquanto a mantiver para si próprio; desde que essa idéia é divulgada, ela se torna posse de todos, e o receptor não pode despossuir-se dela. É característica peculiar dessa idéia, também, que ninguém a possui em parte porque qualquer outro a possui no todo. Aquele que recebe de mim uma idéia tem aumentada a sua instrução sem que eu tenha diminuída a minha. Como aquele que acende sua vela na minha recebe luz sem apagar a minha. Que as idéias passem livremente de uns aos outros no planeta, para a instrução moral e mútua dos homens e a melhoria de sua condição, parece ter sido algo peculiar e benevolentemente desenhado pela natureza ao criá-las, como o fogo, expansível no espaço, sem diminuir sua densidade em nenhum ponto. Como o ar que respiramos, movem-se incapazes de serem confinadas ou apropriadas com exclusividade. Invenções, portanto, não podem, na natureza, ser sujeitas à propriedade.

Thomas Jefferson

Ainda voltaremos a falar mais sobre isso por aqui…

“Mensagem para você”

Joselani SoaresEm mais um habitual copy & paste do Alfarrábio (juro que não é falta de criatividade!) temos uma mensagem recebida de uma amiga em comum, a repórter Jôse, que aproveitou uma noite de insônia e inspiração para um bom desabafo que pode render uma também boa reflexão.

Esta msg é para vc…

Esta msg é para vc que nunca gostou do Lula/PT ou que passou a não gostar depois desses quase quatro anos de governo, principalmente por tomar conhecimento de casos de corrupção trazidos à tona nesse período.

Esta msg específica não visa mudar seu voto. Vivemos em uma democracia (obtida a duras penas, vale dizer) e vc tem todo o direito de dizer que vai votar no Alckmin. Mas peço, por favor, que não justifique seu voto falando em “limpar” o Brasil de políticos corruptos, de resgatar a moralidade e a decência do país. Não, por favor.

Falar que vai votar no PSDB/PFL para “limpar o Brasil da ‘corja do PT'” é o mesmo que dizer que vai fazer faxina em sua casa utilizando excremento.

Por favor, pelo bem da moralidade e da decência, justifique seu voto no seguidor da Opus Dei, admitindo que não se importa com as privatizações que virão –o que, segundo Eduardo Galeano, significam a humilhação para a soberania de uma nação vendida a preço de banana.

Justifique seu voto admitindo que não se importa com o fato de a coligação PSDB/PFL pouco ou nada fazer para tentar diminuir a desigualdade social em nosso país (aliás, que se lixem os pobres, né não?).

Justifique seu voto admitindo que até podem ocorrer caso de corrupção, mas desde que a população não fique sabendo, afinal, é muito chato viver em um país com tantos escândalos, com tanta notícia de atos sujos em nossa política. Mas quanto a isso, realmente podem votar em paz, atos de corrupção não chegarão a ser chamados de “escândalos”, porque grandes veículos de imprensa são direta ou indiretamente ligados a grupos políticos como PSDB/PFL e por isso não terão interesse em divulgar (vide caso do dossiê: a origem do dinheiro é uma busca incessante, enquanto que o conteúdo do objeto de desejo de membros do PT não é sequer questionado. Estranho pensar que alguém pode querer pagar tanto por tão pouco…) e que políticos pagos (PSDB/PFL sabem o que é isso, pois souberam comprar a aprovação da reeleição para beneficiar FHC) não irão denunciar, e poucas (talvez nenhuma?) CPIs serão instaladas. Aliás, que tédio ver os telejornais mostrando aqueles depoimentos intermináveis no Congresso! Fora as notícias constantes de propinoduto, caminho do dinheiro sujo…

Enfim, para vc que não fez qualquer movimento pelo voto nulo (seria uma chance para vc tentar mudar o processo eleitoral e livrar o país de tantos escândalos) ou não optou por qualquer outro candidato/partido que não estivesse envolvido em casos de corrupção, não venha falar em limpeza/decência/moralidade na hora de justificar seu voto na coligação PSDB/PFL.

Como foi dito no início, essa msg não quer mudar seu voto, mas caso esteja em dúvida sobre qual o mal menor para o país, compare propostas (descubra quais são as do “desafiante”) e os números do atual governo com os oito anos comandados pela frente PSDB/PFL e faça o julgamento. Isso pode ajudar a obter novos e concretos argumentos para a justificativa do voto.

A não ser que queira falar como o senador Jorge Bornhausen (PFL) quando disse: “Vamos acabar com essa raça”, referindo-se ao PT. Dessa maneira simplista de “limpar” nosso país, não resgatamos valores como decência e moralidade e caímos em um discurso demagogo e vazio. Nada mais.

Joselani Soares

O passado bate à porta (II)

Irmãs Cajazeira1948. Seu Bento (vulgo Meu Pai) tinha, então, apenas onze anos de idade e veio do interior de Minas, juntamente com toda sua família, de trem, para o Vale do Paraíba, em São Paulo, onde seu pai (vulgo Meu Avô) resolveu tentar nova vida. Instalaram-se na zona rural de São José dos Campos, a família cresceu, fizeram amigos, conheceram o povo em geral. Pouco mais de dez anos depois seu Bento casou-se com Dona Dete (vulgo Minha Mãe) e instalaram-se na mesma cidade, no bairro de Santana (também conhecido como estância hidromineral – muita água em baixo e mais mineiro ainda em cima). Repetiu-se o ciclo, tiveram seus filhos e também eu nasci, sem saber que num futuro não muito distante teria a aparência física tão semelhante à de meu pai.

1988. Um ano que começou quente e abafado, com chuvas tão ligeiras que mal era possível se refrescar. Eu (vulgo Eu mesmo) havia me casado há pouco tempo e estava de mudança para uma casa nova, ainda em reforma, em Santana. Bairro antigo na cidade, onde a maioria dos moradores já remontava a outras épocas. Dentre estes, estavam as chamadas “Irmãs Cajazeira”. Quem se lembrar da antiga série “O Bem Amado”, com Odorico Paraguaçu, Zeca Diabo e outros personagens pra lá de caricatos também vai se lembrar dessas moçoilas.

Na vida real, lá em Santana, tratavam-se de três irmãs já idosas e solteironas convictas que moraram juntas a vida toda. Minha nova residência ficava a apenas algumas dezenas de metros da casa delas e, na época eu ainda não sabia, elas foram amigas de minha família e conheciam meu pai de longa data. Naquele entra e sai de mudança, organizando tudo, eu e a falecida (vulgo ex-esposa) estávamos a todo momento na calçada, sob a vistoria intrépida daquelas senhoras que tinham por missão particular de vida fiscalizar toda a vizinhança. E eis que entre elas surge o conversê (cujo teor só fiquei sabendo por elas mesmas, anos depois):

– Olha lá, vizinhos novos!

– Hmmm, parece casalzinho recém-casado…

– Já têm filho? Alguém viu algum bebê por ali?

– Não, não parece que têm não. Mas aquele rapaz ali até que é bem familiar, não é não?

– Agora que você falou, é sim. Quem será?

– Ah, não acredito que vocês não se lembram! É o Bentinho!

– Será?

– Ah, não pode ser!

– É sim!

– Mas tirou o bigode.

– E tá bem, não tá não?

– Tá sim. Bonitão, como sempre… E casado com aquela mocinha!

– Menininha de tudo!

– E a Detinha?

– Não sei não.

– Deve ter desquitado…

– Pouca vergonha.

– Puxa vida, mas que coisa. Como será que ele conseguiu ficar assim tão bem conservado – tanto que até casou de novo – e nós três aqui, ACABADAS!…