Antes de mais nada: este texto não é meu. Mas em determinados momentos ele expressa tão bem, mas tão bem os sentimentos que fervilham neste meu cansado coração pulsante, que não pude resistir em publicá-lo aqui neste nosso cantinho virtual.
Deleitem-se.
O caminho é tortuoso. Poderia ter feito como quase todo mundo. Não ter dado o primeiro passo ou simplesmente ignorado sua existência. Poderia ter continuado a atribuir tudo a sorte, azar, castigos, bênçãos. Poderia ter permanecido resignado, manso e justificar tudo como vontade d’Ele.
Mas não, insistiu em dar o primeiro passo. E então houve mais uma chance de recuar. Teria sido bem mais fácil voltar atrás e dizer a si mesmo que não era nada daquilo. Alguns fazem isso. Colocam o focinho para fora, sentem a brisa da mudança, mas voltam.
Contudo, você não ouviu o clamor que vinha de dentro de você. A voz que insistia em levar você de volta à famigerada “zona de conforto”. O “condomínio dos entorpecidos”, o local em que aqueles que sofrem menos e simplesmente acatam tudo residem.
Você deu mais um passo. Mais um simples passo. E percebeu então que era tarde demais para voltar atrás. Como pode um simples passo percorrer uma distância tão abissal?
Bem vindo ao caminho. Seus dias jamais serão os mesmos. Você não poderá mais atribuir tudo ao acaso. Você terá de olhar para si mesmo a cada segundo, a cada respiração. E vai doer. Mesmo se solicitar à ajuda d’Ele, ouvirá a Grande Voz sussurrando em teu ouvido que é VOCÊ que precisa manifestar aqui seus desígnios. Seja feita Vossa Vontade. Que você faça na Terra o que já existe no céu. Não dá mais para ficar parado, olhando para o alto e esperando.
O sentimento de responsabilidade sobre seu próprio destino só aumenta. E isso traz sofrimento. Bem feito. Ninguém mandou seguir adiante. Deveria ter continuado a dizer “amém” a todos os absurdos que te dizem. Deveria ter aceitado que “a vida é assim mesmo”, que “é difícil mudar”, que isso não pode, que aquilo não deve. Era muito melhor quando você era guiado.
Agora você tem recursos. Azar seu. Você se cobra mais. Se cobra porque sabe que pode intervir em sua realidade. Se cobra porque tem subsídios para mudá-la. E sofre porque não consegue. As pessoas jogam na sua cara, debocham e com olhares e sorrisos jocosos te dizem: “Ué, você não disse que era esse o caminho da iluminação? Cadê todo seu conhecimento? Cadê seu aprendizado? Se vira…”
Viu só? Não disse? Deveria ter continuado ignorante. Ninguém mandou querer trilhar essa jornada. Autoconhecimento? Bobagem…
Faz o seguinte: esquece tudo isso. Volte a ser como era antes. Não dá? Eu sei. Pode acreditar. Boa notícia: você JÁ está no meio do caminho. Má notícia: você AINDA está no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra. E um abismo. E um muro. E dúvidas, incertezas. É uma bênção ou uma desgraça? É o que é. É o caminho.
No meio do caminho existe um viajante. Existe um herói. Que às vezes possui companheiros de jornada, mas na maioria está solitário. Ou ao menos se sente como estivesse. O mestre disse. Você até acreditou. Mas não sabia que era assim. Faz parte. É a lei. O caminho é pessoal. Assim que é.
Mas é estranho. Parece que quando a luz está bem próxima, uma névoa toma conta de tudo. E uma escuridão sepulcral se instala. Luz e trevas. Sempre elas.
Olhar para dentro é mais difícil. Por que ninguém avisou que seria assim? Você foi avisado sim. Só não imaginou que a viagem seria tão longa. Aliás, a jornada nunca termina. É como um ciclo que vai e vem. E mais um passo adiante. E mais um. Mas, parece que os obstáculos ficam maiores. Será?
Viu só, quem mandou? Poderia ter ficado restrito às trevas. E o melhor: é bem provável que te dissessem que estava na luz, que este, aquele ou aqueloutro era o verdadeiro caminho. Eles podem estar lá, mas você é o SEU caminho. Estranho. Ou não?
Tarde demais. Como um paradoxo desconcertante os desafios aumentam. As vitórias também. Mas parece que demoram mais a chegar. Se as dúvidas incomodam, isso é uma certeza. Que você está no caminho. Certo. Assim é que é.
No mais é isso aí.
“O caminho se faz caminhando…”
Chegamos em 2015. Sejam bem-vindos.
E quanto a 2014?
Bem, até mais, e obrigado pelos peixes!