Volta ao Mundo em 80 Horas – VIII

VIII – E quando você acha que tudo acabou…

(Para os desavisados de plantão: esta é a conclusão da narrativa de uma de minhas desventuras que comecei a contar no final de 2016 – já há quase quatro anos! – e que até agora ainda faltava um desfecho. Nada demais, apenas um pré-infarto pelo qual passei. Se quiserem saber como tudo isso começou ou rememorar o causo desde o princípio, desçam direto lá para o final deste texto e cliquem no link “Início da Saga”.)

(Mais um recadinho do coração para um avisado de plantão: o amigo Hideki me cobrou por mais de uma vez quando sairia a continuação desta “saga” e, brincando, lhe disse que seria antes do capítulo final da Caverna do Dragão (entendedores entenderão). Pois é, meu amigo. Falhei com você. Pois finalmente esse capítulo saiu (está disponível aqui) e eu ainda não tinha conseguido terminar estas mal traçadas linhas. Perdoe-me. Agora que já fiz a média com meu vasto público de uma pessoa, continuemos de onde paramos!)

E finalmente chegamos na manhã de sábado! Durante quatro incompletos dias estive internado, numa viagem em torno de mim mesmo que durou cerca de 80 horas (Júlio Verne que me perdoe o infame trocadilho) e agora estava eu ali, com a alta na mão, uma lista de remédios a comprar e exames a fazer e sem ter como ir pra casa (dramático, não?).

Sinceramente não me lembro mais o motivo pelo qual a Dona Patroa não poderia me buscar naquele horário matutino – com certeza alguma correria com a criançada – mas, como diz o ditado, “quem tem amigo, não morre pagão”. As mesmas amigas que vieram tripudiar de minha internação também estavam disponíveis para me dar uma carona para minha casa, na cidade vizinha de onde eu estava “hospedado”.

Mas antes mesmo de voltar para meu abençoado lar e para os braços de minha amada, idolatrada, salve, salve, Dona Patroa, ainda precisava comprar a batelada de medicamentos que teria que tomar por algum tempo. Passamos em uma farmácia próxima do hospital e fui encantadoramente apresentado ao Programa Farmácia Popular, uma iniciativa criada pelo Governo Federal para distribuição de medicamentos com custos reduzidos, ou mesmo de forma gratuita, e que visa a universalização do acesso aos serviços voltados à saúde – principalmente no que diz respeito aos medicamentos referentes à diabetes e hipertensão arterial – de modo que não haja interrupção no tratamento dos pacientes em decorrência de uma eventual falta de dinheiro.

E como sou usuário de carteirinha do SUS e aparentemente “hipertensão arterial” tinha tudo a ver com o que passei, é lógico que saí dali com toda uma farmacopeia digna de fazer inveja a qualquer indústria química…

Pois bem. Apesar de ter tido alta e ter perdido (desinchado) uns cinco quilos no processo, ainda existem mais duas intercorrências dignas de nota.

Como acabei de lhes dizer, além dos remédios em si, também saí com a missão de fazer alguns exames específicos. O primeiro deles foi um teste ergométrico, ou seja, enfrentar uma esteira de forma monitorada para ver a quantas andam as batidas do combalido e sempre apaixonado coração deste que vos tecla.

Agendamento feito, no horário marcado compareci na câmara de tortura no consultório onde iria fazer o teste. O atendente-enfermeiro, muito atencioso, me explicou detalhadamente como seria: começaria com uma caminhada tranquila na esteira e, aos poucos, ele iria aumentando o ritmo e monitorando os resultados até uma determinada velocidade específica (ou até que eu fosse atirado pela janela por não ter conseguido acompanhar essa velocidade). Simples, prático e aparentemente indolor. “Então vamo que vamo!” Ato contínuo ele pediu para que eu tirasse a camisa para colocar os eletrodos.

– Xiiiii…

Caráy! De novo? Lembram-se lá no começo da saga que eu lhes falei dos meus nada ralos pelos no peito? Então. Ele coçou a cabeça, fez alguns testes para tentar colar um ou outro eletrodo, deu um passo pra trás e sentenciou:

– É. Não tem jeito. Vai ter que raspar.

– CUMÉQUIÉ???

– Eu tenho mais de uma dezena de eletrodos que preciso espalhar em diversos pontos específicos de seu corpo para que o teste possa ser validado. Eles têm que ficar bem firmes. Só que com toda essa Mata Atlântica aí não vai ter jeito.

– (Suspiro resignado) Quer dizer que vou ter que virar um atleta da natação, com peito pelado e tudo mais?

– Não! Basta raspar somente nos pontos que vou colocar os eletrodos, não precisa ser tudo não. E isso cresce rapidinho, você vai ver só!

Bem, como diz outro ditado, “já que está no inferno, abrace o capeta”. E lá foi ele dar uma “raspadinha” nos tais dos pontos específicos. Nem quis olhar. Depois de tudo colado e eu me sentindo uma daquelas marionetes do Cirque du Soleil de tanto fio que saía de mim, começamos o teste. Não vou entrar em detalhes de quanto tempo durou ou como foi minha (nada) atlética performance sedentária perante uma esteira que, eu nem sabia, podia chegar à velocidade de uns oitenta quilômetros por hora. Ao menos foi isso que me pareceu.

Concluído o teste e eu, com algumas pontadas nas costelas e com o coração parecendo que tinha acabado de participar de uma competição de taikô (aqueles tambores japoneses), ainda estava tentando recuperar o fôlego enquanto pontinhos prateados bruxuleavam à minha frente, e o atendente-enfermeiro-demônio-torturador já começou a arrancar todas as centenas de eletrodos que havia espalhado pelo meu corpo (provavelmente tendo colado com SuperBonder). Assim, sem cerimônia nenhuma. Já foi puxando e descolando na raça um por um. Sem um chamego. Sem um carinho. Sem um “vem cá meu bem”… Que puxa.

Só então tive coragem de dar uma olhada para baixo e ver o que sobrou do meu estofamento.

Lembram daqueles antigos filmes de guerra, com crateras gigantescas das explosões dos campos minados? Ou uma mata que tenha sido bombardeada e foram abertas clareiras nos locais mais inusitados? Ou um avião com horrendos buracos na fuselagem? Então. Foi mais ou menos essa a impressão que tive quando olhei para minha pobre caixa torácica.

Resultado disso tudo? “Arritmia não constante nos picos de esforço.” Ou seja, NADA. Normal. Segundo ele, qualquer pessoa que coleciona anos de sedentarismo e se submete a um teste de esforço como aquele vai ter esse mesmo diagnóstico. E, no mais, até que eu tinha aguentado bem, já que ele tinha dado um gás a mais no final só para ver se eu aguentava. Foi assim que, enquanto me despedia, olhos nos olhos, sorri carinhosamente enquanto pensava “fiadaputa!”

Ainda cansado, o fôlego irregular, fui para o carro pensando em mil coisas e no próximo exame que ainda teria que fazer. Ao colocar o cinto de segurança senti uma violentíssima fisgada, assim, bem aqui do ladinho, abaixo das costelas. Fiquei lívido. Num átimo de segundo inúmeras situações se descortinaram à minha frente. Será que eu tinha me esforçado demais? Será que prejudiquei algum órgão interno? Afinal de contas o que é mesmo que a gente tem aqui do lado? Não entendo bulhufas de anatomia! Soltei o cinto e enquanto levantava a camisa para apalpar onde doía fiquei imaginando o que seria. Será o baço? Será o rim? Será o fígado?

ERA UM ELETRODO!!!

O desinfeliz do Torquemada 2.0 havia esquecido um eletrodo na minha carroceria e quando ajustei o cinto fui espetado de uma maneira espetaculosa que eu nem sabia que era possível!

Arranquei o eletrodo e a pele que o forrava, joguei no lixo e, praguejando, fui pra casa.

Mas ainda faltava mais um exame.

O derradeiro exame seria o de cateterismo. Basicamente trata-se de enfiar uma mangueira (e vamos parando com esse pensamento pecaminoso aí!) em uma artéria até alcançar as vizinhanças do coração e soltar um líquido especial – o tal de “contraste” – para verificar se há algum entupimento no encanamento.

Me foi esclarecido que, basicamente, seriam quatro as hipóteses acerca da minha situação: normal; veias com paredes finas; com entupimento leve (até uns 20%); ou com entupimento pesado (70% ou mais de obstrução). Nesse último caso é considerado pra lá de preocupante e seria um forte candidato a algum tipo de cirurgia de desobstrução.

Apesar de ser um procedimento relativamente simples, essa “mangueira” – ou melhor, “cateter” – deve ser introduzida (sem gracejos, você aí do fundo) pela artéria da coxa ou do braço. Na maioria dos casos a probabilidade maior é que seja mesmo através da artéria femural, na coxa, o que implica em algumas restrições pós-procedimento: três dias sem esforço nenhum, sete dias sem esportes, e oito dias torcendo para que a Dona Patroa não expulse aquele vagabundo do sofá.

Mas não deixa de ser um “procedimento”. E com isso sempre há alguma preocupação. Amigos e família ficaram sabendo pelo que eu iria passar e não deixaram de me encaminhar diversas mensagens de ânimo:

– Vai dar tudo certo.

– Tenha fé em Deus.

– A gente confia na ciência, mas, ainda assim, boa sorte!

– Deixa o cesto de roupa suja pra fora quando for tomar banho.

E no dia marcado lá estou eu na clínica, de novo com a porra do avental de bunda de fora – mas ao menos agora com direito a touquinha e sapatinhos… Uma graça que vocês nem imaginam…

A enfermeira veio me posicionar no equipamento e avaliar por onde seria a introdução (óóóiii…). Concluiu que eu tinha uma veia boa, com uma pressão boa (“de menino!”, ela disse) e poderíamos fazer pelo braço mesmo. Vou lhes contar: não é uma dor, é uma espécie de desconforto. É como se uma longa minhoca viesse se esgueirando braço acima, parece que se aproxima da garganta e então, de repente, mergulha em direção ao coração. Muito esquisito. Na sequência é baixada aproximadamente meia tonelada de equipamento sobre o peito e tudo que lhe resta é ficar ali, quietinho e imóvel, com mais de um metro de mangueira enfiada pelo seu braço e torcendo para que a) o resultado do exame seja benéfico, b) que o braço mecânico que segura aquela parafernália não desmonte sobre você, e c) será que vai dar tempo de passar no boteco e tomar uma breja antes de ir embora?

Bão, enfim, pouquíssimo tempo depois, uma vez que injetado o contraste e feitas as chapas, o exame já estava concluído e enquanto eu me vestia o médico me veio com os resultados.

– Parabéns!

– Pelo quê, messs? Vou ganhar uma ponte de safena ou algo do gênero?

– Não, nada disso, muito pelo contrário. Seu exame foi excelente. Suas veias estão limpas e saudáveis. Lisas como um bumbum de bebê!

– Não!

– Sério!

– Doutor, eu tenho, hoje, 47 anos. Disso, quase uns 35 de esbórnia. O que o senhor está me dizendo é que estou garantido para mais uns 35 anos de farra?

– NÃO, não foi isso que eu disse, eu só comentei que…

Mas eu já não estava mais ouvindo. Para o desespero Dona Patroa, que estava na expectativa que minhas veias estivessem equiparadas a um cano de esgoto pantanoso após tantos anos de patuscadas, não teria mais como ela implicar com minhas eventuais cervejinhas. Não que ela vá deixar de implicar com minhas (nada) eventuais cervejinhas!

Mas com esse último exame concluímos toda essa desventura que me deu um belo susto, me fez passar três dias na UTI e me fez chegar a conclusões, no mínimo, interessantes.

Ora, minhas veias estavam perfeitas, sem entupimentos (apesar da ferrugem de Opaleiro que por ali circula). Meu coração continuava batendo forte (fraco somente para as paixões que a vida nos apresenta). Meus pulmões estavam em dia e com a respiração normal (exceto para tudo aquilo que me tira o fôlego). Ou seja, então por que catzo eu passei tão mal e fui parar no hospital?

Olhando pra trás creio que a resposta seja uma só: ansiedade.

O que muito provavelmente eu tive foi uma GIGANTESCA crise de ansiedade, ainda que não tenha percebido. Isso porque quem sinalizou foi meu corpo, pois na minha cabeça tudo estava normal. Vejam só: após longos 16 anos trabalhando na Prefeitura, 8 cuidando de todas as licitações do Município e outros 8 como Secretário de Assuntos Jurídicos, eu meio que me acostumei a trabalhar sob pressão. Pressão absoluta. Tudo é pra agora e não há como delegar. E no final de 2016 o nosso partido perdeu na cidade, o que significava que no dia 31 de dezembro cada qual tomaria seu rumo. Mas nesse meio tempo era minha obrigação ajudar a preparar tudo para a transição, disponibilizando todas as informações necessárias para o novo governo. E pensar no que fazer a partir de 1º de janeiro. E como pagar as dívidas que ainda estavam em aberto. E como dar o melhor encaminhamento para a parte de minha equipe que também estava saindo (servidores comissionados). E como lidar com a arrogância e despeito da parte da minha equipe que ficou na Prefeitura (servidores de carreira). E mil e uma outras pequeninas coisas com que eu teria que lidar antes do final do ano e depois que ele acabasse.

Como eu disse, na minha cabeça estava tudo normal, pois trabalhar sob pressão já era o meu padrão no dia a dia. Mas meu corpo abriu o bico. Não aguentou. E me obrigou a desacelerar mais que bruscamente antes que entrasse em colapso total. Pura ansiedade.

Desde então não tenho mais levado a vida tão a sério. Não que eu fuja de minhas responsabilidades, mas sempre procuro fazer avaliações acerca daquilo que me compete. Isso é realmente urgente? Isso é realmente necessário? Eu preciso mesmo disso? Tenho aprendido a viver mais tranquilo, com menos esforço, ganhando o que me é suficiente, compartilhando mais, convivendo mais com outras pessoas…

Acho que ainda estou longe da qualidade de vida que eu consideraria ideal, mas, cá entre nós: o que é “ideal”? Pois é, eu também não sei. Mas enquanto não descubro, só sei que vou levando. Me preocupando e cuidando com aquilo que está ao meu alcance, sem sofrência por aquilo que não me compete.

E com isso encerramos nossa volta ao meu próprio mundo e que resultou nessa bagunça toda que vocês tiveram a pachorra de acompanhar, sendo que, em verdade, em verdade vos digo: nem doente eu estava!

E só sei que foi assim!… 😉

(Início da Saga)                        (…acabou!)

Veja se você está velho…

Em dias de pandemia, distanciamento social e forçada reclusão domiciliar o que nos resta é caprichar nas faxinas – tanto materiais quanto virtuais. E eis que limpando os antigos e-mails acumulados nas catacumbas de meu computador, encontrei estas 100 perguntas enviadas no início de 2003 pela querida amiga Larissa – só porque eu era dez anos mais velho que ela. Bem, continuo sendo… Enfim, o que me chamou a atenção é que eu tive a pachorra de respondê-los! 😀

1. Antes do Ferrorama, que tal o Hit Train (e o Hit Car, que ninguém tinha…)
Lembro bem do Ferrorama, mas nunca tive um…

2. Ouvia o USA For África, cantando We Are The World?
“We are the world, we are the children…” – Adorava as partes com a Cindy Lauper e com o Bruce Springsteen.

3. E o Band Aid, cantando Do They Know It’s Christmas?
Esse eu já não gostei tanto…

4. Assistiu o Rock’n Rio (“-Se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso de vez…”)
Olha só! Me lembrei da melodia! Não só assisti, como gravei. Acho que até hoje tenho a fita (de 1985).

5. Passava a tarde na Sessão Desenho da Record.
Lembro-me disso e mais: dos desenhos da TV Tupi, antes do Sílvio Santos comprar a Record.

6. A atração era o desenho do Jambo e Ruivão, com seus longos episódios de 2 minutos.
Esse eu achava sacal.

7. Você teve um Relógio Casio Rei e os com joguinhos (Batalha espacial, batalha naval e pirâmide).
Desse não me lembro.

8. E o joguinhos dos números dos Casio com calculadora?
Nem desse.

9. Jogava Game & Watch, principalmente os com tela dupla.
???

10. Tentava imitar o saque Jornada nas Estrelas do Bernard.
O pior é que eu conseguia (estava na sétima série), mas nem sempre a bola caía dentro da quadra.

11. Assistia o Clip Clip da Globo, o Clip Trip da Gazeta e o Som Pop da Cultura, morrendo de inveja da MTV (lançamento nos EUA).
Oooooo! Gravei uma porrada de clips desses aí! Na gazeta tinha o Mr. Sam, com o boneco Capivara.

12. Fazia origami no Bambalalão.
Nãããão!

13. Não perdia o Globinho Repórter, com a Paula Saldanha.
Não era “Globinho Repórter”, era só “Globinho”. E tinha a música de entrada: “Não existe nada mais antigo do que caubói que dá cem tiros de uma vez…”

14. E assistia A Linha, Miu e Mau, família Barbapapa…
Tudo do Globinho…

15. Para variar, assistia o Amaral Netto, o Repórter.
Putz! Assistia.

16. Ficou emocionado no final de “A Incrível Fábrica de Chocolates.”?
E como não? Mr. Wonka e a Fantástica Fábrica de Chocolates, com Gene Wilder.

17. Usou calça OP verde limão com a camiseta Hang Loose laranja, achando que estava combinando.
Ah, vamos lá! Na época combinava…

18. Para arrematar, o tênis quadriculado.
Com a gente não tinha tênis quadriculado, pintávamos os quadradinhos com caneta esferográfica no Bamba branco que usávamos…

19. E o gel New Wave no cabelo.
Isso não!

20. Tentava imitar o ‘andar para trás’ do Michael Jackson (que ainda era negro).
E nunca consegui…

21. Andava de Caloicross Extra Light, com banco concorde e adesivos Kuwahara.
Que nada! Eu tive uma BMX, aquela com um tanquinho amarelo (é lógico que eu o tirei…).

22. Ou então, andava de Caloi C3, aquela com o cambio de 3 marchas. E a Peugeot com bancos de mola?
Essas são do tempo em que eu trabalhava em bicicletaria. As Peugeots eram ótimas pra sacanear com quem estava andando: um tranco atrás e a bicicleta empinava!

23. Ou então de Ceci ou dobrável.
Tinha a Ceci (feminina) e a Peri (masculina – uma bosta). A dobrável se chamava Berlineta.

24. Assistiu todos os filmes do Jerry Lewis e do Trinity.
Do Jerry Lewis até hoje eu rio. Já do Trinity tem apenas uns poucos realmente engraçados.

25. Assistia (escondido) a Sala Especial nas noites de sexta na Record, para tentar pegar a Vera Fisher nua.
Que nada! Aquilo era a maior enganação! Nunca aparecia nada! Eu mudava para a Bandeirantes para assistir aos filmes B de Terror.

26. Levava o material escolar numa sacola da Tiger.
Nãããão. O que era da hora era a Knapsack.

27. Brincava com o Falcon (olhos de águia) contra o Torak, com a ajuda do Condor.
É. Pois é. Eu tinha um Falcon desses. Aliás tinha também um pessoal que me enchia o saco, tentando me apelidar de Falcon, por causa da cicatriz que tenho no rosto (igual à do boneco). Ainda bem que não pegou.

28. Colecionou as figurinhas do Paulistinha.
Com certeza não.

29. Você se lembra quando inauguraram a TV Manchete?
Perfeitamente! A primeira coisa que passou foi o filme Contatos Imediatos.

30. Você se lembra quando Tancredo morreu e ficavam tocando “Coração de Estudante” o dia todo na TV?
Ô! Fora a teoria da conspiração sobre esse episódio, envolvendo, inclusive, a sem sal da Glória Maria.

31. Você não achava o Bozo um idiota?
Sem chance. Aquilo sempre foi ridículo.

32. Lembra da TV POW, que um mané ficava gritando PAU! no telefone para acertar as naves espaciais?
Lembro. E era mais ridículo ainda.

33. Você ia domingo ao “Jack in the box”?
Não tenho nem ideia do que seja isso.

34. Você chorou com o ursinho da abertura da Olimpíada de Moscou?
Não mesmo.

35. Tem o primeiro número da Superinteressante? E se lembra de Ciência Ilustrada?
Não tenho. Mas colecionei todos os fascículos da Ciência Ilustrada, inclusive as 4 capas duras.

36. Você ouviu Imagine milhares de vezes na semana da morte de John Lennon?
Lembro-me que desenhei um quadro com o rosto dele, em negativo. Onde será que foi parar?…

37. Você aprendeu a desenhar com Daniel Azulay?
Nah! Aprendi sozinho mesmo.

38. Já ouviu falar em contaminação por Radiação em Goiânia?
Para sua informação foi com Césio 147. Você nem imagina quantas piadinhas isso rendeu com relação ao Fiat 147…

39. Relógios Gran Prix para homens e Champions para mulheres (aqueles que trocavam de pulseira) faziam parte do seu dia a dia?
Dei um desses de presente para a ex. Mas as pulseiras eram beeeem vagabundinhas.

40. Assistia com sua vó o Cassino do Chacrinha?
Que nada! Minha avó me excomungaria! Mas desde aquela época eu já não gostava de programas de auditório (mas as chacretes…)

41. Você teve o forte apache e o circo do Playmobil?
Pô! O Forte Apache era caro pra caramba! Eu morria de inveja de um amigo meu que o tinha. Mas até hoje tenho um Playmobil que restou guardado em casa.

42. Você se lembra quando a União Soviética se dissolveu?
Perfeitamente. Passei a noite toda consolando a Evanilda, que chorou amargamente…

43. Você usava discos de vinil?
Tinha uma senhora de uma coleção…

44. Você adorava o lanche paulista no McDonald’s?
Quê! Sou do interior! NO McDonald’s na época.

45. Depois de ter um Stratus, pediu um carrinho de controle remoto como o Pegasus série ouro e prata ou o Colossus vermelho?
Não. Dinheiro era um negócio meio complicado na minha infância.

46. Brincava de autorama com o TCR ou de Ferrorama?
Nem um, nem outro.

47. Você gostava mais de Ultraman, Spectroman ou Ultra Seven?
Ultraman. O resto foi imitação.

48. Você assistiu filme dos Trapalhões no cinema na época em que eles ainda tinham cabelo preto? E Bambi?
Não só esses, como também A Bela Adormecida…

49. Você ria com Guerra dos Sexos, Dancing Days e Roque Santeiro?
Pra caramba!

50. Comprou a fita K-7 do Plunct-Plact-Zum?
Não. Eu emprestava os discos de quem comprava e gravava em casa.

51. E a Blitz, não tinha documentos ou instrumentos? Ia ao aquário de Santos nos tempos áureos do leão marinho?
Tenho minha fitinha K7 da Blitz até hoje. Já em Santos nunca fui quando era pequeno.

52. Usava caneta de 10 cores com cheiro ?
Isso existiu?

53. Comia geleia de mocotó Embasa pela manhã (aquela que a mãe ficava com o copo)?
Bleeaaarghhh! Nossa finíssima coleção de copos era de massa de tomate (o famoso Cristal-Cica).

54. Dava seus pulinhos com o Pogobol?
Com o quê?

55. Pagava um pau para a Gigi do Bambalalão?
Quem?

56. E cantava junto com o Zecão, Lili, Macarrão?
Eeeh. Não conheço esse pessoal não.

57. Ia na matinê da Up-Down?
Não tenho nem ideia do que seja isso.

58. Colecionou o Álbum de figurinhas Amar é…?
Autocolantes, diga-se de passagem. Não colecionei, mas sempre comprava para colar nos cadernos das meninas de classe…

59. Seu pai tinha um Puma e o Miura era o carro importado mais moderno que você via na rua?
Não. Meu pai tinha uma Variant. Aliás, tem até hoje. Lembro-me que, uma vez, o chefe dele na Johnson levou um Miura para arrumar alguma coisa. Era cinza e o supra-sumo da modernidade.

60. Assistia na sessão comédia Super Vicky e Caras e Caretas?
Ela era um robô e Caras e Caretas era com o… fugiu o nome. Aquele do “De Volta para o Futuro”.

61. Chips para você não eram batatas, mas dois policiais?
California HIghway Patrol, com John Baker e Francis Poncherello.

62. Assistia desenhos do Brucutu?
Era meio sem graça…

63. E do homem 6 milhões de dólares e da mulher biônica?
TU-TU-TU-TU-TU-TU… Se eles se moviam super-rápido, por que aparecia tudo em câmera lenta?

64. Você sabe quem é o Tatoo da Ilha da Fantasia?
“Eu sou Holk, seu anfitrião. Bem-vindos à Ilha da Fantasia!” Desse eu gostava.

65. Você se lembra do Halleyfante?
De jeito nenhum.

66. Foi na estreia dos Caça Fantasmas e Goonies no cinema?
Siiiiiim! Ghostbusters! Parará-pá-pá!

67. E na de Tron, War Games e a trilogia de Guerra nas Estrelas?
Lembro-me de todos, com detalhes.

68. Assistia Armação Ilimitada depois que chegava da escola?
Naquela época o André Di Biasi e o Kadu Moliterno ainda tinham cabelo. E tinha a (ahh…) Andréa Beltrão…

69. Depois da novela a sua mãe queria ver o Casal 20 e Dallas?
Não. Era eu mesmo.

70. Sabe com detalhes sobre a reportagem do Jacques Cousteau fez sobre o Pantanal e que passou no Globo Repórter, que era apresentado pelo Hélio Costa?
Desse não.

71. O Jô antes não era tão inteligente e fazia o Capitão Gay na Globo.
Não esqueça seu assistente: Carlos Sueli! O nome do programa era Viva o Gordo.

72. Você jogava Genius?
Sempre ganhava, mas achava um porre.

73. Colecionava Mad?
E ainda era a versão americana, muito mais engraçada que a brasileira.

74. Queria um Kichute, pois era uma chuteira confortável?
É. Tive um sim. Por quê? Vai encarar?

75. Se agoniava quando no domingo no parque trocavam uma bicicleta por uma caixa de fósforos? Ou pelo famoso “milhão”?
Siiiiiiim! Nãããããão! Põe agonia nisso!

76. Se lembra que o tênis Montreal era antimicróbios? E qual era o Slogan?
Não tenho nem ideia.

77. Brincava de Acquaplay?
Outro que era um porre.

78. Sabe o que era Trovão Azul?
Grande seriado de um super-helicóptero. Xarope, mas um grande seriado. Particularmente eu preferia a super-máquina.

79. Se lembra da briga entre VHS e Betamax ? E entre Odissey e Atari?
Venceram os padrões VHS e Atari. Sifudeu quem comprou o resto.

80. Carregou joguinhos de computador com fita-cassete?
Isso foi antes dos microcomputadores. Usávamos os PC-300 e PC-500.

81. Você sabe quem foi O Incrível Hulk? Que cor ele era?
O curioso é que o verdão só se transformava duas vezes em cada episódio.

82. Você se lembra quem matou Odette Roitman? E o Barbosa (TV Pirata)?
Grande atuação de Beatriz Segall. E não tem como esquecer o Barboooooooooosa…

83. Você já usou roupas US TOP?
E LEVIS também!

84. Você já teve uma sandalinha Ortopé? Ou um tênis Bubble Gummers com cherinho de chiclet?
Nai.

85. Você assistia Fantástico, só pra ver as garotas do final?
Nai, também.

86. Você foi ver a Monga no Playcenter? E Nandú e Samôa, a baleias assassinas?
Levei um PUSTA susto quando estourou a jaula da Monga…

87. Você usou o Passaporte que vinha no disco do Bozo para ir ao Playcenter?
Insuportável Sem chance de comprar um disco do bofe.

88. Você comia Cremogema?
Não, mas me lembro da musiquinha: cre-cremo-cremo-cremoge-ma…

89. Você assistia “As aventura de Cacá” no SBT, durante seu café da manhã?
De quem?

90. Você assitia Clube da Criança na Manchete, só pra ver a Lucinha Lins naquelas roupinhas brilhantes?
Nossa! Isso foi antes da Xuxa!

91. E o Programa do Palhaço Carequinha?
Cacirda! Desse eu me lembro!

92. Você já usou Conga? E Conguinha?
Antes mesmo do Kichute…

93. Assistia o Fusquinha Herbbie?
Quando passava na Disneylândia, aos sábados, na Globo.

94. Você se lembra do “Balança Mas não Cai”?
Sim, desde quando ainda era um programa de rádio.

95. Tinha medo do “Homem do Saco”?
Não. Mas a “loira-com-algodão-na-boca” que se escondia no banheiro deixava a gente meio cabreiro.

96. Teve um patins de rodas paralelas?
Não, mas já caí com uma porcaria dessas que tinha emprestado de uma amiga.

97. Já foi ameaçado pelos seus pais, de ter que comer pimenta ou lavar a boca com sabão?
Acredite em mim: o gosto do sabão é horrível!

98. Brincava de Barra-Manteiga, Balança Caixão e Alerta?
Pra caramba!

99. Gostava do picolé Fura Bolo?
Não. Era sem graça.

100. Assistia o Clube do Mickey (aquele que aparecia várias crianças brincando com o famoso chapeuzinho de orelhas do ratinho)?
Siiim! Tinha, inclusive, uma japonesinha linda, pré-adolescente, que eu adorava…

Você sabe qual é a origem da arroba?

Reinaldo Pimenta
No livro: A Casa da Mãe Joana

Na Idade Média os livros eram escritos pelos copistas à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava naquele tempo). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um “m” ou um “n”) que nasalizava a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a letra, pode olhar.

O nome espanhol Francisco, que também era grafado “Phrancisco”, ficou com a abreviatura “Phco.” e “Pco”. Daí foi fácil Francisco ganhar em espanhol o apelido Paco.

Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de “Jesus Christi PaterPutativus”, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adotar a abreviatura “JHS PP” e depois “PP”. A pronúncia dessas letras em sequência explica porque José em espanhol tem o apelido de Pepe.

Já para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como “e comercial” e em inglês, tem o nome de ampersand, que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.

Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de “casa de”.

Veio à imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço – por exemplo: o registro contábil “10@£3” significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido como, em inglês como at (a ou em).

No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contábeis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo seria uma unidade de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:

1 – a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo “a” inicial lembra a forma do símbolo;

2 – os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de “10@£3” assim: “dez arrobas custando 3 libras cada uma”. Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.

Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa “a quarta parte”: arroba (15 kg em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe (quintar), o quintal (58,75 kg).

As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados). O teclado tinha o símbolo “@”, que sobreviveu nos teclados dos computadores.

Em 1872, ao desenvolver o primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido “@” (at), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim “Fulano@Provedor X” ficou significando “Fulano no provedor X”.

Em diversos idiomas, o símbolo “@” ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma, em italiano chiocciola (caracol), em sueco snabel (tromba de elefante), em holandês, apestaart (rabo de macaco); em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: shtrudel, em Israel; strudel, na Áustria; pretzel, em vários países europeus.

Perda de tempo (ou Panapaná)

[Não lembrava mais de ter escrito isso… Faz parte daquelas coisas que eu escrevinhava daqui e dali antes mesmo de começar a blogar “oficialmente”. Este foi um texto que enviei para alguns amigos, lá em meados de 2003, e foi encontrado nas sombrias catacumbas de meu computador durante uma faxina de e-mails decorrente desse modorrento ócio imputado pela pandemia.]

Buenas!

Hoje pela manhã, correndo até à padaria para compra de meus pãezinhos matinais, apressado para não perder tempo, quase fui atropelado por uma bicicleta.

Naquele milésimo de segundo de indecisão entre sair para um lado e a bicicleta para o outro, tudo que a ciclista pôde fazer foi sorrir.

E aí eu soube o que fazer.

Saí calmamente de lado e lhe sorri de volta.

Perdi segundos de minha vida sorrindo para uma completa estranha – e isso me fez bem!

Aí decidi perder meu tempo.

Perdi meu tempo no meio do caminho, olhando para uma árvore e ela sorriu pra mim, me revelando uma ninhada(1) – será mesmo esse o nome? – de borboletas que se abrigava sob suas folhas.

Perdi meu tempo espreguiçando e olhando para o céu, o qual sorriu pra mim através de sua limpidez azul.

Perdi meu tempo sorrindo para a balconista, que, sorrindo, escolheu os melhores e mais quentinhos pães.

Perdi meu tempo afagando a cabeça de um cachorro na rua, que, grato, me acompanhou por dois quarteirões, abanando seu rabinho – sorrindo.

Perdi meu tempo fazendo cócegas na barriga de meu filho caçula, que também sorriu – ou melhor, gargalhou – pra mim.

Perdi meu tempo ajudando meu filho mais velho a resolver o quebra-cabeça de uma revista, e, com o resultado, ganhei um iluminado sorriso.

Perdi meu tempo, quando saía para o trabalho, num longo beijo em minha esposa, recebendo de volta um sorriso apaixonado.

Perdi meu tempo, enquanto dirigia, pensando em coisas boas e soluções práticas para os problemas no trabalho, e sorri para mim mesmo.

E querem saber?

Não perdi nem um minuto de minha vida, chegando no mesmo horário de sempre, encontrando os mesmos problemas de sempre, e as mesmas pessoas de sempre. Mas, como o sorriso é um vírus contagioso, tudo está um pouco melhor hoje.

Portanto, ladies and gentleman, melhorem sua qualidade de vida:

Percam tempo.

Sorriam.

E comam morangos(2) !

Notas:

(1) Comentário do brother-san Adilson:

Verbete: borboleta (ê) [De *belbellita, calcado em belo.] S. f.
1. Designação comum aos insetos lepidópteros diurnos, cujas antenas são clavadas. [As larvas das borboletas não tecem casulos, passando o período ninfal sob forma de crisálidas. Sin.: panapaná, panapanã. Cf. mariposa (1).]

Verbete: panapaná [Do tupi panapa’ná.] S. m. Bras.
1. Migração de borboletas em certas épocas, que chega a formar verdadeiras nuvens.
2. Bando de borboletas.
3. V. borboleta (1).

Ou seja, panapaná, que é sinônimo de borboleta, também é a palavra para o coletivo…

(2) Não tenho nem ideia do porquê dos morangos!

Pais e Filhos

Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais
(…)
São crianças como você
‘O que você vai ser quando você crescer?’
(Pais e Filhos, Legião Urbana)

        

O cartaz de meu primeiro Dia dos Pais com o Kevin, a tampa da caixinha porta-treco
(que uso até hoje) que ganhei do Erik e “arte” feita pelo Jean…

Dia dos Pais… Trata-se de uma data comemorativa para homenagear a paternidade, atualmente celebrada no segundo domingo de agosto – e que neste ano de 2020 cairá no próximo dia nove.

Ainda que em outros países seja celebrado em datas diversas, no Brasil somente foi comemorado pela primeira vez em 1953 – tendo sido “pensado” por um publicitário chamado Sylvio Bhering, à época diretor do jornal O Globo (do grupo empresarial de Roberto Marinho), um tanto com objetivos sociais – homenagear, de fato, os pais – quanto com nada nobres objetivos comerciais – movimentar a sociedade de consumo em busca de presentes para esse dia. Inicialmente a tentativa foi associar a data ao dia de São Joaquim, pai de Maria, mãe de Jesus Cristo (16 de agosto no calendário litúrgico da Igreja Católica), mas já nos anos seguintes a data também foi deslocada para um domingo, certamente por ser um dia mais fácil de se reunir a família, no caso o segundo domingo do mês de agosto – e assim permanece até hoje.

Apesar de seu apelo inicial ao consumismo, a comemoração do Dia dos Pais acabou ficando arraigada na sociedade brasileira, sendo uma data em que muitos filhos, ainda que distantes, se lembram de mandar ao menos um “oi” para seus pais – o que se torna muito mais relevante nestes tempos de pandemia e de forçado isolamento social. É, enfim, uma data em que um pai gostaria de se sentir amado e lembrado por seus filhos.

Mas, na minha livre interpretação da letra da música Pais e Filhos, do Legião Urbana, todo pai já foi também um filho. E mais: também teve por sua vez seu próprio pai. E suas diferenças. E discussões. E reconciliações. Aquele que hoje deveria ter todas as respostas também já foi ontem um garotinho cheio de perguntas. É um ciclo que se repete. Ou melhor, são ondas, tais como as ondas do mar, que vêm e vão. Explico.

Quem me conhece minimamente sabe que também é do conhecimento até do Reino Mineral o quanto gosto de história e genealogia. Então, para manter o foco genealógico do que tenho a dizer, vamos ficar somente na minha linha paterna – sem entretanto deslembrar os acontecimentos históricos, sociais e econômicos de cada época para que possamos compreender como veio se dando a relação de pais com filhos desde então. Somente assim a conclusão deste texto deverá ficar menos ininteligível…

Apesar de ter traçado minha ascendência nesse ramo até o ano de 1629, comecemos já com meu trisavô, Joaquim Theodoro de Andrade, que em fins do Século XIX foi um dos herdeiros das diversas fazendas deixadas por seus pais na região de Madre de Deus, MG. Ora, pela tradição familiar não é muito difícil cogitar que ele provavelmente também tenha se dedicado à vida no campo, nos tratos de lavoura e de gado. Estamos falando do ano de 1868 (quando da abertura do inventário), em pleno Brasil-Império ainda governado por Dom Pedro II, mas já em pleno declínio da cultura cafeeira, principalmente pela falta da mão de obra escrava – o que já vinha ocorrendo desde os anos seguintes à proibição do tráfico de escravos (1831) e que ainda iria se agravar com o advento da Lei do Ventre Livre (1871) e a própria Abolição da Escravatura (1888). Diante desse quadro cabe supor que, diferente de seu pai, e em conjunto com seus 11 irmãos, Joaquim deve ter vivido muito mais para tentar manter (e ver se desfazer) um patrimônio que não foi construído por ele.

“Pai rico, filho nobre, neto pobre”. Este é um antigo ditado que parece retratar bem o que aconteceu em diversas famílias não só pelo Brasil, mas também pelo mundo afora.

O filho de Joaquim, nascido em 1877 na cidade de Madre de Deus, MG, foi meu bisavô João Agnello de Andrade. Há notícias de que teria falecido cedo, com cerca de apenas 40 anos. Apesar de seus ancestrais terem sido fazendeiros na região de Sul de Minas – e diante da falta de documentação da época – num gigantesco exercício de suposições é plenamente possível imaginar que a fortuna amealhada nas gerações passadas não veio a agraciar essa nova geração. Ora, logo após a Proclamação da República (1889) e com as sucessivas crises do café, na virada do Século XIX para o XX tivemos o começo da Revolução Industrial no Brasil (com cerca de cem anos de atraso em relação à Inglaterra) bem como a Crise do Encilhamento, conjunto de fatores que veio a resultar no início da industrialização no Rio de Janeiro (então Capital do País). Assim, em que pese a cultura familiar de fazendeiros, é bem provável ter sido esse o motivo que fez com que meu bisavô tenha migrado ainda mais para o Sul, para a cidade de Santa Rita de Jacutinga, MG, onde em 1901 casou-se. Há registros de que não só ele como também parte de seus filhos, tenham trabalhado na cidade vizinha de Valença, no Rio de Janeiro. Ou seja, diferente de seu pai, quebrou uma tradição, saiu do campo e, talvez com um quê de esperança, para criar seus 10 filhos resolveu abraçar aquele novo mundo que se lhe surgia.

Mas ainda estamos falando da virada do século. Num curto período de tempo o mundo ainda seria flagelado pela Primeira Guerra Mundial (1914), pela Gripe Espanhola (1918), pela Grande Depressão (1929) e pela Segunda Guerra Mundial (1939). Como resultado direto desses acontecimentos, em cerca de apenas 30 anos, foram diretamente consumidas mais de 140 milhões de almas por todo o planeta. Restaram ainda outros tantos milhões de mutilados e com sequelas. Não deve ter sido um período nada fácil para aqueles que sobreviveram e só posso imaginar uma densa falta de esperança que pairava no ar por esses tempos. Algo como tudo isso que estamos vivendo especificamente neste ano de 2020 em virtude do Coronavírus.

E o filho de João Agnello, meu avô nascido em 1909 em Santa Rita de Jacutinga, MG, Antonio de Andrade passou por tudo isso. Não o conheci, pois faleceu em 1970, quando eu tinha apenas um ano de idade. Até onde pude descobrir, diferente de seu pai, foi um homem que tinha um pé na cidade e outro no campo (talvez mais para este último). Ao que tudo indica o que lhe interessava era tentar possuir seu próprio canto para poder criar os 12 filhos que viria a ter, de modo que abraçava as oportunidades que se lhe apresentassem. Tanto o é que montou e manteve um salão de barbeiro próximo à estação ferroviária local, o que lhe garantia tanto o sustento como o dinheiro para as cachaças que tanto gostava.

Mais tarde, no final da década de 40, veio de trem com toda a família para São José dos Campos, SP, após seu irmão já ter vindo e se certificado de que haveria trabalho para ele. Antes de ter sua própria terra, morou em diversos locais na zona rural, entre São José e Igaratá, sempre cultivando a terra (feijão, milho, arroz, etc) e criando um “gadinho”… Mas nem só da terra viveu, pois também empregou-se pelas fazendas da região, onde fazia serviços diversos, principalmente de marcenaria. E apesar da vida sofrida, era bem animado, adorava os arrasta-pés, foguetórios e tomar umas e outras sempre que podia.

A cidade de São José dos Campos (que agora em 2020 completou 253 anos) até então era classificada como estância climatérica, pois desde 1918, com a construção do Sanatório Vicentina Aranha (assim como de várias outras casas depois), foi o centro de migração de centenas de doentes vindos de várias regiões do país para tratamento da tuberculose. Aqui ficavam todos aqueles que não tinham posses suficientes para serem tratados na estância de Campos do Jordão, escolhidas à época pelo fato de ambas serem cidades afastadas dos grandes centros urbanos, o que minimizava o risco de contágio. Essa fase sanatorial durou até cerca de 1950, quando começou a transformação de São José dos Campos em um polo industrial e tecnológico, tendo início com a instalação do Centro Técnico de Aeronáutica – CTA (1950), do Parque Industrial da Johnson & Johnson (1954), do Complexo Industrial da General Motors do Brasil (1958), bem como de diversas outras empresas e indústrias dos mais diversos setores. Foi um período de prosperidade para a região e ainda levariam alguns anos para que se instalasse a Ditadura Militar no Brasil.

E foi por essa época que o filho mais velho de Antonio, nascido em Santa Rita de Jacutinga, MG, em 1937, José Bento de Andrade (também conhecido como meu pai), resolveu que já era hora de deixar o campo e seguir seu rumo para a cidade. Meu avô foi contra, pois queria que ele tivesse uma “profissão de sucesso”, o que no seu entender era ser tropeiro pela região e pelo Brasil afora. Mas esse “sonho” era dele e não de seu filho. Do alto de seus cerca de 20 e tantos anos ele lhe disse que não queria nada com isso não, que a vida ali era muito sofrida, que queria ir para a cidade tentar a sorte. E assim o fez. Apesar de ser um homem de estudos primários escassos, fez-se a si mesmo. Construiu-se. Com um inafastável esforço próprio no desejo de ser alguém, veio para cidade, arranjou emprego numa mecânica, casou-se, levantou sua casa no bairro de Santana (onde vive até hoje), teve três filhos, e por fim mudou-se para outro emprego numa indústria onde ficou até sua tranquila aposentadoria. Ele nunca foi de mudanças drásticas, de vida atribulada no campo, nem nada disso, e, ainda, apesar de à sua época até ter tomado suas cervejinhas, nunca gostou de bebida alcoólica em excesso – ou seja, ordenou toda sua vida de um modo bem diferente de seu pai

A assim chamada Geração X abrange aqueles que nasceram no início dos anos 60 até o final dos anos 70 (pegando, talvez, o comecinho dos anos 80). É considerada como um grupo de pessoas sem identidade aparente, mas que enfrentariam um mal incerto, sem definição, um futuro hostil de pós-guerra, num tempo de incertezas e de Guerra Fria (a longeva polarização entre Estados Unidos e União Soviética). Essa geração nasceu, cresceu, passou pela fase hippie, teve ideais, esqueceu-se dos mesmos e foi fazer carreira no mercado de trabalho. Atravessou todo o período de evolução tecnológica, tendo presenciado o surgimento e desenvolvimento dos modernos meios de comunicação, viu surgir o computador pessoal, a Internet, o celular, a impressora, o e-mail, etc. O mundo ao seu redor mudou muito e adaptação nunca foi uma opção, mas sim uma necessidade.

Eu, filho do Seo Zé Bento, pertenço a essa geração. Nasci em São José dos Campos, SP, em 1969. Tive uma boa infância, meio de nerd, meio de pé descalço. Minha família era da chamada “classe média” (quando essa ainda existia), de modo que vivi plenamente minha adolescência, viajei um tanto (normalmente de carona) e paquerei outro tanto – pois ainda não existia o termo “ficar” e aqueles relacionamentos esporádicos não podiam ser chamados de namoro. Desde o início da adolescência aprendi a beber, a fumar, a teimar e a ser dono do meu próprio nariz. Sempre adorei estar com os amigos, no meio de gente, de falar alto, de curtir a vida. Eu e meu pai tivemos discussões homéricas por conta disso, pois eu não concordava com o modo e opção de vida dele, assim como ele também não concordava com o meu. Foi somente alguns anos após meu primeiro casamento (casei aos 18) e depois de um tanto de lambadas existenciais que finalmente entendi que ambos estávamos errados: não fazia sentido nos compararmos. Ele, com todos seus defeitos, era ele, assim como eu, também com todos os meus, era eu. Apesar de aparentemente contraditório, foi somente com essa compreensão que veio a aceitação de que eu não precisava gostar de meu pai para amá-lo. Pois não adianta: eu sempre fui, sou e serei diferente de meu pai.

Do meu primeiro casamento, que durou cerca de dez anos, não tive filhos. Se os tivesse, provavelmente seriam da Geração Y, também conhecidos como Millenial: aqueles nascidos do começo dos anos 80 até meados da década de 90. Uma geração que desenvolveu-se em uma época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica, tendo crescido com muito do que seus pais não tiveram, como TV a cabo, videogames, computadores, vários tipos de jogos e muito mais. Internalizaram a tecnologia desde pequenos, acostumaram-se à multitarefa e a conseguir o que queriam, não gostando de se sujeitar às tarefas subalternas de início de carreira e por isso sempre trocando de emprego com frequência em busca de oportunidades que oferecessem maiores desafios e crescimento profissional.

Não, meus três filhos, todos de meu segundo (e último) casamento, pertencem à Geração Z, também chamada de Centenial. São aqueles nascidos a partir do final dos anos 90 até aproximadamente 2010 – o que é justamente o caso deles: Kevin em 1999, Erik em 2001 e Jean em 2004. Os que pertencem a essa geração são “nativos digitais”, pois nunca viram o mundo sem computador. São multitarefa, mas seu tempo de atenção é muito breve. Como informação não lhes falta, estão sempre um passo à frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. Seu conceito de mundo é desapegado de fronteiras geográficas, pois para eles a globalização não foi um valor adquirido no decorrer do tempo e a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela já na infância. Daí serem desapegados de conceitos históricos ou mesmo da história em si, pois o que interessa é que o presente é a estrada a ser pavimentada para o futuro. Seus maiores problemas são relacionados à interação social, pois, paradoxalmente, por estarem tão conectados virtualmente acabam por sofrer de falta de intimidade com a comunicação verbal.

Quando pequeninos e ainda cabiam em meu colo e eu em seus corações.

Acho que já perceberam onde essa história vai dar, né?

Sim, é isso mesmo: meus filhos são diferentes de mim. E principalmente com a chegada da adolescência essa diferença aumentou de forma exponencial. Tenho absoluta certeza de que a responsabilidade é só minha, pois no decorrer de sua infância até que fomos bastante parceiros, mas quando estavam crescendo e provavelmente mais precisavam de minha presença, eu estava ausente. Seria muito cômodo de minha parte alegar que foi em razão do trabalho, das responsabilidades, da política, ou do que quer que seja. Foi tudo isso, também. Mas na sua essência, não. Não mesmo. Eu estava muito ocupado (ainda) sendo e fazendo tudo aquilo que meu pai não gostava e não queria e não percebi que estava mais uma vez repetindo um ciclo de gerações. Ou sendo apenas o refluxo de mais uma onda na areia, afastando-me cada vez mais da margem. Não só o fosso que começou a nos distanciar acabou por se transformar num imenso vale, como eu ainda tive a capacidade – ainda que involuntária – de queimar todas as pontes pelas quais passei.

Kevin, Jean e Erik em 2020: Geração Z.

Talvez por sermos de gerações tão distintas – afinal “pulamos” toda a Geração Y – essa situação estivesse fadada a acontecer. Não sei. Não posso ter certeza. Mas sei que foi n’o ano que passei fora que tudo se consolidou pra pior, quando minha ausência começou a se fazer presente e nosso distanciamento de gostos e coisas se acentuou. Afinal, diferente de meus filhos, eu vivo com um pé nos dias de outrora pois acredito que a história, o passado, é que verdadeiramente nos ensina o caminho para o futuro para que não cometamos os mesmos erros – nem os nossos, nem os de nossos pais (ainda que, mesmo conscientes disso, acabemos por fazê-lo). Acredito também que a vida é feita de momentos (e mesmo assim, com eles, eu os estou perdendo um a um devido à minha própria negligência), por isso tenho uma profusão deles na minha memória: situações tanto corriqueiras quanto inusitadas que vivenciamos, momentos de carinho e de amor, circunstâncias de dor e de sofrimento, mas principalmente aqueles especiais, marcantes, o primeiro passo, a primeira palavra, a primeira conquista… Não os tenho todos de memória, mas esforço-me para guardá-los.

E é por isso que escrevo. Porque sei que a memória é curta e delével. Não conseguirei reter para sempre esses momentos, pois tudo é inconstante e passageiro. Até nós mesmos. Então é preciso deixar registrado. Porém a comunicação se torna tão mais difícil já que as poucas paixões que tenho (veículos antigos, motos, mecânica, história, genealogia, a família) sequer lhes interessam. E pela falta de interesses comuns até mesmo nosso diálogo restou comprometido. Ou praticamente inexistente. Quero ter a certeza de que meus filhos me amam, mas também sei que meramente me toleram. Então guardo tanto os meus quanto os nossos momentos em palavras impressas para que fique registrado que, de fato, existiram. Ainda que não se lembrem. Ainda que não se interessem. Ainda que não queiram. Mas essa foi a maneira que encontrei de conservá-los para mim, para eles e para quem mais queira apreender desse passado. Pois, independentemente de todos os meus erros, tenho um orgulho gigantesco de cada um de meus filhos, cada qual a sua maneira, e meu maior desejo é que algum dia eles venham também a ter orgulho de mim.

Essa é, hoje, a nossa realidade.

Talvez algum dia mude, não sei.

Como já havia dito, queimei as pontes pelas quais passei e não há retorno fácil, pois é preciso reconstruí-las. Sei que reconstruir pontes é uma tarefa árdua e difícil, mas também sei que tem que ser feito através de esforço mútuo a partir de ambas as margens que se encontram isoladas.

E é esse o desafio que devo me impor… É bem como diz a música: “É preciso amar as pessoas / Como se não houvesse amanhã / Por que se você parar pra pensar / Na verdade não há”. Estou desperdiçando tempo, idade, saúde e sanidade sem dar um passo sequer para consertar essa situação. É difícil. É doído. Mas é necessário ao menos tentar reconstruir o diálogo enquanto ainda há tempo. E mudanças drásticas serão necessárias. Rogo sinceramente para que eu tenha perseverança e que me seja concedida oportunidade para isso – bem como dizem as primeiras linhas da Oração da Serenidade:

“Deus,
Conceda-me a serenidade
Para aceitar aquilo que não posso mudar,
A coragem para mudar o que me for possível
E a sabedoria para saber discernir entre as duas.
Vivendo um dia de cada vez,
Apreciando um momento de cada vez (…)”

PS1: Tenho em casa muito bem guardada uma pasta que contém a maioria dos desenhos e recadinhos que meus filhotes costumavam me deixar antigamente, quando ainda tínhamos diálogo. Dentre eles tenho esta “planta da casa” – segue com a planta em escala (da época) para fins de comparação…

         

Legenda: no gramado do fundo nós jogando bola, à direita a churrasqueira soltando fumaça, no corredor à esquerda nossa cachorrinha Léa, no corredor à direita os latões de lixo, os quartos identificados com os móveis dispostos nos exatos lugares, o escritório com dois computadores, no banheiro alguém no chuveiro com sabonete na mão, a cozinha com sua bancada externa e na sala a mesa redonda que costumávamos ter.

PS2: A partir dessa música veio boa parte da inspiração para este texto. Ouçam a letra, com calma e atenção, do começo ao fim. Vale a pena.

Deixando a vida mais colorida…

Em tempos de confinamento há que se arranjar o que fazer… Então descobri o site http://www.myheritage.com.br/incolor para colorir aquelas fotos preto e branco (sim, elas ainda existem!) em apenas alguns segundos e com apenas um clique!

Confiram o resultado comparando as originais com as colorizadas:

       
Casamento de meus pais, Bernardete e José Bento.

       
Casamento de meus tios, Dionísia e Lélio.

       
Casamento de meus sogros, Satiko e Sussumu.

       
Meu avô paterno, Antônio de Andrade.

       
Meu avô materno, Bernardo Claudino Nunes.

       
Dona Bernardete.

       
Seo Zé Bento.

       
Los Tres Hermanos: Adauto, Adilson e Anselmo.

       
Outra de Los Tres Hermanos…

       
Outra de meus sogros.

       
E aquela famosa foto de meu pai em sua motoca!