Nas asas da Graúna

Para quem ainda não conhece (assim como eu também não conhecia), esta é a galera que está à frente da Rede Graúna de Cultura, Diversidade e Solidariedade, atualmente capitaneada pela Sara e pela Stella. Sinceramente não sei bem como descrever essa entidade além daquilo que seu próprio nome já deixa bem evidente – mas, para simplificar, ela mesma se apresenta como uma “rede multiplicadora de afeto”.

Fundada em 13/10/2021, já foi anteriormente dirigida pela Vivian Pelodan e pelo Matheus Korting (foi o que acho que descobri, mas se eu estiver errado, me corrijam!), e o espaço que hoje ocupa foi inaugurado em 10/12/2021, onde, desde então, vem desenvolvendo suas atividades culturais, artísticas, sociais e outros quetais – às vezes aos trancos e barrancos, outras tantas, graças ao abnegado time do voluntariado, avançando a largos passos. Mas, vejam só: já passou de dois anos de existência, então provavelmente seu futuro deve, a cada vez mais, se estabilizar!

Mais do mesmo vocês podem encontrar no espaço virtual, em suas páginas do Facebook (aqui e aquimas algum dia alguém me explica do porquê de existirem duas…) e em sua conta no Instagram.

E em seu espaço físico, uma ampla dependência cedida pelo Carlos Alberto Leal (o CAL, ou CAU, ou CAO – eu nunca consigo me lembrar!), há um bom tempo já existia a Sala de Leitura Paulo Bicarato. Mas, pelo visto, a quantidade de livros foi crescendo, se avolumando, e, ao mesmo tempo, foram sendo organizados, chegando a um ponto que não fazia mais sentido ser tratada apenas como “sala de leitura”, pois já se tornara muito mais que isso. Era uma biblioteca. E, além: uma Biblioteca Comunitária!

Então, nada mais justo que essa árvore de livros, nascida daquelas sementes de leitura, permanecesse com o mesmo nome de seu patrono. Mas é preciso formalizar, é preciso inaugurar, é preciso ter festa, é preciso ter proseio, recordação e emoção!

E assim foi feito.

Bica, Bicarato, Paulo, Pô, Biquinha – e talvez até outras tantas alcunhas que eu ignoro -, esta é a mais justa homenagem para quem te conheceu. Você sabe. Você estava lá, conosco, comemorando e bebemorando. Um espaço que é a sua cara e, provavelmente, seria praticamente sua moradia se ainda estivesse por aqui. Nos reunimos e proseamos e rimos e rememoramos algumas de suas desventuras. De quando você foi “vendido” de uma redação de um jornal para outra pelo preço de duas cervejas; de uma de suas primeiras matérias – e ainda nem era contratado – que rendeu a primeira página do jornal (bem como uma rápida passagem pelo cárcere); de como você tão bem sabia escrever “com a letra dos outros” a partir do roteiro básico que lhe fosse dado (impossível não comparar, nos dias de hoje, com o prompt a ser passado para alguma inteligência artificial generativa executar suas tarefas); de suas sugestões, simples e desinteressadas, que acabavam rendendo a execução de projetos sociais e culturais que preenchiam a cidade; e de outros tantos causos que não vem ao caso elencar, pois aqui é um blog de família e não interessa a ninguém xeretar sobre essas histórias. Mas, se quiserem realmente saber, me perguntem no particular…

E confesso que foi com uma pontinha de orgulho (mas não muito, que é pra não estragar) que fiquei sabendo que algumas de minhas palavras, copiadas lá do prefácio  do seu livro O Alfarrábio – Elucubrações Diárias de um Roseano (2001 a 20204), acabaram integrando sua “minibiografia”:

Mas, afinal de contas, quem foi Paulo Bicarato? Ele foi um jornalista, fã incondicional da obra de Guimarães Rosa, riponga, palmeirense, ativista, canhoto, blogueiro das antigas, viajandão, mochileiro, temulento, amante da língua portuguesa, agitador de movimentos sociais, dono de um texto impecável, apaixonado pelo Brasil, de uma inteligência fora de série, um cara sincero, poeta de guardanapo de boteco, humilde, teimoso, com um coração de ouro, o senhor das crases, extremamente confiável, excelente copoanheiro, desapegado, de fina verve humorística e o melhor escritor que já conheci. Foi tudo isso e muito mais. Porém, sobretudo – ao menos para mim – o mais importante: Paulo Bicarato foi meu amigo.

Pô, Bica (e sua família, que estava presente, vai facilmente enxergar a redundância dessa expressão), foi uma noite muito Legal. E mesmo sabendo que você estava conosco, faltou você!

E eu não podia deixar de transcrever aqui a Balada para um Louco. Não vou nem explicar, pois só quem estava lá para entender…

Num dia desses ou, numa noite dessas
você sai pela sua rua ou, pela sua cidade ou,
ou, sei lá, pela sua vida, quando de repente,
por detrás de uma árvore, apareco eu!!!

Mescla rara de penúltimo mendigo
e primeiro astronauta a por os pés em vênus.
Meia melancia na cabeça, uma grossa meia sola em cada pé,
as flores da camisa desenhadas na própria pele
e uma bandeirinha de táxi livre em cada mão.

Ah! Ah! Ah! Você ri… Você ri porque só agora você me viu.
Mas eu flerto com os manequins,
o semáforo da esquina me abre três luzes celestes.
E as rosas da florista estao apaixonadas por mim, juro,
vem, vem, vamos passear.
E assim meio dançando, quase voando eu
te ofereço uma bandeirinha e te digo:

Já sei que já não sou, passei, passou.
A lua nos espera nessa rua é só tentar.
E um coro de astronautas, de anjos e crianças
bailando ao meu redor, te chama:
bem voar.

Já sei que já não sou, passei, passou.
Eu venho das calcadas que o tempo não guardou.
E vendo-te tão triste, te pergunto: O que te falta?
…talvez chegar ao sol, pois eu te levarei.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco! Foi o que me disseram
quando disse que te amei.
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
e com versos tão antigos, eu quebrei teu coração.

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco, louco!
Como um acrobata demente saltarei
dentro do abismo do teu beijo até sentir
que enlouqueci teu coração, e de tão livre, chorarei.

Vem voar comigo querida minha,
entra na minha ilusão super-esporte,
vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor.
Ah! Ah! Ah!
Do Vietnã nos aplaudem:
Viva! viva os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, o soldado e uma criança repetem a ciranda
que eu já esqueci…
Vem, eu te ofereço a multidão, rostos brilhando, sorrisos brincando.
Que sou eu? Sei lá, um…
um tonto, um santo, ou um canto a meia voz.

Já sei que já não sou, nem sei quem sou.
Abraça essa ternura de louco que há em mim.
Derrete com teu beijo a pena de viver.
Angústias, nunca mais!!! Voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ama-me como eu sou, passei, passou.
Sepulta os teus amores, vamos fugir, buscar,
numa corrida louca o instante que passou,
em busca do que foi, voar, enfim, voaaaarrr!!!

Ah! Ah! Ah! Ah!…

Viva! Viva os loucos!!! Viva!
Viva os loucos que inventaram o amor!
Viva! Viva! Viva!

Já que é Halloween: você é uma bruxa?

Texto (levemente) adaptado de uma publicação de 1971,
no Catálogo de Livros e Revistas Ocultistas,
da Editora Llewellyn Worldwide, Inc.

As atitudes sociais em relação às bruxas estão mudando rapidamente. Há apenas alguns anos, a palavra “bruxa” costumava evocar aquela imagem padrão de uma velha feia misturando alguma poção fétida sob uma lua nublada. Pensávamos em ingredientes fantásticos, como sangue de morcego engarrafado ou miniaturas rústicas de cera em forma de pessoas, e considerávamos a bruxaria absurda, maligna ou ambas.

Não mais! Socialmente, paramos a perseguição às bruxas e, em particular, começamos a nos perguntar do que se trata a bruxaria. A bruxa imunda dos contos foi substituída pela imagem da bruxa sedutora e glamourosa de Hollywood.

A bruxaria se tornou aceitável e, junto com a astrologia, passou a ser praticada com entusiasmo por devotos em praticamente todo os lugares.

Mas, afinal de contas, o que é uma bruxa? Algumas pessoas acreditam que uma verdadeira bruxa deve descender de uma longa linhagem de bruxas, tendo nascido em uma encruzilhada, com o Sol em Escorpião, ou então pertencer a um Coven (um grupo de bruxas sob o comando de um sumo sacerdote ou sacerdotisa); enquanto que outras pessoas afirmam com a mesma ênfase que qualquer pessoa que desejar pode se tornar uma bruxa. Todos concordam, no entanto, que uma bruxa é alguém que molda os eventos de acordo com sua própria vontade. Afinal de contas, uma bruxa pratica feitiçaria, quer seja para o bem, quer seja para o mal.

Independentemente do que se acredite sobre as qualificações necessárias de uma verdadeira bruxa, de alguma forma todos nós já conhecemos certas pessoas que parecem ter um grande magnetismo pessoal e que conseguem projetá-lo para exercer poder ou influência sobre aqueles ao seu redor. Essas pessoas podem ser encontradas nos lugares mais improváveis: no seu trabalho, durante as compras, em festas; até mesmo, talvez, em seu próprio espelho…

Afinal de contas, você é uma bruxa? Você conseguiria realizar um feitiço com sucesso? Se você puder responder sim à maioria das perguntas a seguir, provavelmente deve ter mais do que um mero interesse passageiro nessa arte ancestral e, quem sabe, já deve possuir algumas habilidades para a bruxaria!

– Você carrega amuletos para dar sorte?
– Há alguma marca de bruxa em algum lugar do seu corpo?
– Você já experimentou algum déjà vu, aquela sensação de já ter estado no mesmo local ou na mesma situação antes?
– Você acredita no poder da sua própria vontade?
– Você é essencialmente uma pessoa forte e magnética?
– Você já tentou usar sua força psíquica para tentar direcionar eventos (por exemplo, para conseguir que alguém diga ou faça algo que você quer)?
– Você acredita que as palavras têm poder?
– Você acredita no poder da sugestão?
– Você se sente atraída pelas ciências ocultas (talvez sentindo, simultaneamente, medo e encanto por elas)?
– Algum de seus ancestrais já esteve envolvido com o ocultismo?
– Você consegue respeitar a bruxaria, reconhecendo-a como uma espécie de religião antiga?
– Você é capaz de sentir sensações ou energias vindas de objetos pessoais de terceiros (como joias ou roupas)?
– Você acredita em superstições ligadas a como essas coisas são manuseadas e cuidadas?
– Você mantém um diário secreto?
– Você é fascinada pelo uso de ervas e especiarias, na culinária e acredita em seu antigo uso medicinal?
– É capaz de sentir que certos lugares têm um poder especial para você?
– Você se sente mais natural, mais confortável, mais você mesma, sem roupas (já que algumas bruxas fazem seus feitiços nuas)?
– Você acredita em reencarnação?
– Você tem um nome secreto pelo qual sempre se chamou ou que gostaria que fosse seu verdadeiro nome?
– Você conversa com suas plantas, seu gato ou cachorro e acredita que essas e outras coisas em sua casa têm suas personalidades e identidades próprias?
– Você acredita que um grupo de pessoas juntas (por exemplo, em oração) pode gerar uma força psíquica poderosa?
– Alguma vez alguém já se referiu a você como bruxa?
– Outras pessoas, às vezes até estranhas, procuram naturalmente sua companhia, expressando uma incompreensível confiança?
– Você já teve inexplicáveis crises absurdas de ciúme?
– Você acredita na existência de um Ser Supremo?

Literatura Orgânica

“Literatura Orgânica” seria uma espécie de certificação de que determinada obra foi produzida sem a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial ou, se utilizada, em qual forma e proporção. Esse conceito – que é bastante interessante – surgiu no meu radar ao ler uma matéria online do The Guardian, publicada em 15/10/2025. Segue a íntegra da matéria, devidamente traduzida (ironicamente, por intermédio de Inteligência Artificial…) e ligeiramente revisada:

Certificado orgânico e livre de IA: novo selo para livros escritos por humanos é lançado

À medida que os livros feitos à máquina inundam os mercados online, uma nova iniciativa do Reino Unido busca introduzir um selo de Literatura Orgânica para ajudar os leitores a identificar livros criados por autores reais

Uma nova startup do Reino Unido está mirando na crescente onda de livros gerados por IA, lançando uma iniciativa que visa verificar e rotular obras escritas por humanos.

A Books By People lançou uma certificação de “Literatura Orgânica”, em parceria com um grupo inicial de editoras independentes.

O esquema envolverá selos de Literatura Orgânica colocados em livros escritos por humanos, com uso limitado de IA permitido apenas para tarefas como formatação ou geração de ideias.

A startup, fundada pela especialista em livros raros Esme Dennys junto com Conrad Young e Gavin Johnston, disse que planeja se expandir globalmente em 2026.

O primeiro título certificado será Telenovela, de Gonzalo C. Garcia [ambientada em Santiago, no final da ditadura de Pinochet, a obra explora a vida secreta de uma família envolvida neste período sombrio da história do Chile], com lançamento previsto para novembro pela Galley Beggar Press, uma das editoras fundadoras. Outros parceiros incluem Bluemoose Books, Snowbooks, Scorpius Books e Bedford Square Publishers.

Sam Jordison, codiretor da Galley Beggar e consultor da Books By People, afirmou que a iniciativa “é extremamente importante para editoras, autores e, principalmente, leitores. É tanto um selo de qualidade quanto uma garantia da humanidade compartilhada que buscamos nos livros.”

“Tenho muito orgulho de ser a editora que terá o primeiro selo — e parece muito apropriado que esse selo vá para Telenovela, um livro sobre a luta pela verdade e contra o autoritarismo.”

As editoras podem se qualificar por meio do comprometimento com os padrões de certificação e de verificações pontuais anuais. As taxas variam de acordo com o número de títulos produzidos a cada ano.

O lançamento ocorre em um momento de tensão acirrada entre as indústrias criativas e as empresas de IA. No início deste ano, a Anthropic concordou em pagar US$ 1,5 bilhão a autores que acusaram a empresa de usar cópias piratas de suas obras para treinar seu chatbot.

Movimentos para destacar a criatividade humana estão ganhando força. Em agosto, a Faber aplicou um adesivo com a inscrição “escrita humana” em exemplares de Helm, de Sarah Hall. Na época, a CEO da Faber, Mary Cannam, afirmou que o logotipo da editora “sempre representará essa origem da escrita humana”.

O lançamento também ocorre em meio ao crescente escrutínio do conteúdo gerado por IA em varejistas on-line, como os marketplaces da Amazon, que, segundo especialistas, continuam sendo um “faroeste” devido à falta de regulamentação em torno de textos gerados por IA, e que informações incorretas perigosas podem se espalhar como resultado disso.

Dan Conway, CEO da Publishers Association, acolheu os esforços voluntários para destacar a autoria humana, mas disse que a indústria não está atualmente pressionando pela rotulagem obrigatória.

“Como Associação de Editores, é fundamental que continuemos a apoiar editores e autores na defesa da criatividade humana e do pensamento crítico”, disse ele, acrescentando que a Publishers Association está incentivando varejistas online como a Amazon a tomar medidas mais firmes contra “conteúdo de baixa qualidade escrito por IA”.

Cá entre nós, achei extremamente positiva essa ideia. É lógico que não bastará meter um carimbo na capa de um livro para garantir esse tipo de “autenticidade humana”; certamente ferramentas serão criadas e equipes serão montadas para administrar a gestão desse empreendimento (se é que já não o foram).

E eu, que tenho trabalhado na reedição de antigos livros de genealogia mediante sua transcrição, vejo essa atitude com bons olhos. Já me perguntaram mais de uma vez o porquê de eu simplesmente não digitalizar essas obras e passar as imagens por um OCR – Optical Character Regonition, ou seja, Reconhecimento Óptico de Caracteres – e minha resposta é sempre a mesma: eu não posso correr o risco de que o original seja deturpado, de modo que, ao transcrever cada página, eu tenho a compreensão macro de todas as ligações genealógicas que estão presentes, tanto no livro em questão quanto em outros correlatos. E em genealogia, a informação fidedigna é essencial.

Dito isso, fiquei mancomunando com meus curiosos botões e lhes perguntei “Por que não tomar eu mesmo uma iniciativa desse gênero?”… Eles não chegaram a me responder, mas tenho quase certeza que concordariam comigo.

Para essa empreitada (estritamente pessoal e não lucrativa) imaginei o seguinte “selo”:

Até que ficou bem bonitinho, né?

Mas para levar adiante esse tipo de coisa, seria necessário estabelecer um conjunto de regras coerentes com a iniciativa.

1. O selo “Literatura Orgânica – 100% humana” certifica obras literárias criadas integralmente por seres humanos, sem o uso de Inteligência Artificial em qualquer etapa da escrita, edição ou revisão, garantindo sua autenticidade, ética criativa e valorização do trabalho intelectual humano.

2. O selo não pode ser utilizado em obras que contenham conteúdo gerado ou editar por IA, sob qualquer forma.

3. Estabelecer definições de diretrizes visuais e éticas para o uso correto do selo em livros, e-books e materiais editoriais (mais ou menos seguindo a linha utilizada pelo Creative Commons).

4. Símbolo livre para utilização em obras efetivamente criadas sem IA, permitido para autores, editoras e instituições que respeitem a autenticidade da autoria.

Bem, não sei quanto a vocês, mas garanto que os meus livros, a partir de agora, só saem pra gráfica com este selo!

Não precisa ser eterno, basta ser bom

Larissa Bittar

A gente sofre é com o fim. Há incômodo na relação morna, tédio por viver na cidade que já não comporta nossos planos, frustração no emprego que era dos sonhos e agora é corrente que freia novos passos. Mas a gente aguenta. Levanta o queixo, ajusta falhas, engana a alma, forja felicidade. A gente adestra decepções para fugir do desconcerto que nos assola quando é preciso encerrar fases. E, então, mergulhados na crença capenga de que se um dia foi bom tem potencial para ser imortal, a gente começa a esticar sentimento morto, a repisar terreno gasto.

Não que seja errado perseverar. Há mérito e nobreza na luta pela manutenção do que foi precioso. Mas, às vezes, é preciso desligar os aparelhos. Coragem para aceitar que chegou a hora da eutanásia dos vícios emocionais e da ilusão de que há sobrevida no que já era. Já deu!

Em um mundo em que os contos infantis martelam o “felizes para sempre” e os casamentos são regidos pelo “até que a morte os separe”, quem precisa romper laços sente o peso de bancar o fim. Mas há força e lucidez na decisão de reinaugurar a própria história. Dá para trocar raízes por asas, escritórios por mochilas, vida a dois sufocante por novas companhias e aventura. E também dá para trocar, em sentido inverso, asas por raízes, mochilas por escritórios, companhias sufocantes e aventura por vida a dois cheia de afeto e leveza.

Só não dá para criar momentos de estimação e tentar guardá-los em um pote na esperança de que não se percam. Um dia vão acabar. Vai doer. Mas vai ser libertador também. É a regra do jogo, é a dinâmica que move o mundo e suas surpreendentes formas de nos tirar do lugar… É o clichê “que seja infinito enquanto dure” alertando que o destino é mais brisa do que chumbo. Não precisa ser eterno, basta ser bom — no tempo e na forma possíveis. A vida sempre se encarrega de equilibrar perdas e ganhos em necessários ciclos de fins e recomeços.

Sobre advogados e a falta de inteligência – tanto artificial quanto natural

É incrível a capacidade que alguns caboclos têm de se foderem…

E sozinhos!

Afinal, caríssimos, a Inteligência Artificial não é “tão inteligente assim”

Isso porque a figura do advogado, do ser pensante e analítico, é indispensável na construção de peças e pedidos perante o Judiciário. Antes de mais nada, tenhamos em conta que já cansei de falar que a língua portuguesa é o bisturi do advogado, – o que tenho procurado, inclusive, demonstrar nas últimas publicações aqui do blog.

E sobre o tema do (mau) uso da Inteligência Artificial, já falamos antes um pouquinho sobre isso no texto a vida imita a arte.

Mas, convenhamos, esse povo não descansa!

Vejamos dois casos recentes, com grifos meus, de advogados que quiseram dar de espertalhões e acabaram por levar na cabeça!


Temos este caso da Justiça Federal publicado em 30/06/2025 pelo Núcleo de Comunicação Social da Justiça Federal do Paraná:

Juiz federal aplica multas a advogado por uso indevido de IA e litigância de má-fé

Em uma decisão sobre o uso responsável de novas tecnologias no sistema jurídico, a Justiça Federal do Paraná (JFPR), por meio da 2ª Vara Federal de Londrina, no norte do estado, impôs multas a um advogado por litigância de má-fé e ato atentatório à dignidade do judiciário.

O caso teve início com uma ação na qual o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de Arapongas, no norte paranaense, descumpriu uma sentença anterior, que determinava o restabelecimento de um benefício por incapacidade e a designação de uma perícia presencial.

Conforme o despacho do juiz federal substituto Igor de Lazari Barbosa Carneiro, o representante legal do autor apresentou inúmeras manifestações nos autos, produzidas irresponsavelmente por meio de recursos de inteligência artificial. “As peças apresentam referências doutrinárias, legais e jurisprudenciais inexistentes”, afirma o magistrado.

Entre os eventos, a decisão destaca artigos inexistentes da Lei de Mandado de Segurança e Lei Processual do Tempo inexistente. Além disso, cita números de processos que também não constam nas bases de dados dos tribunais.

No entendimento da Justiça, o advogado descumpriu parâmetros definidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), praticando inovação ilegal do direito.

“Pelas razões apresentadas, imponho ao advogado da parte autora multa de dez salários-mínimos pela prática de ato atentatório à dignidade da Justiça, e multa adicional de dez salários-mínimos pela litigância de má-fé”, decidiu Carneiro.

O despacho determina, ainda, que a OAB do Paraná seja informada da decisão, para adoção das providências cabíveis.


E também temos este outro, da Justiça do Trabalho, publicado em 18/08/2025 pelo TRT da 2ª Região (SP):

Mau uso de inteligência artificial em petição condena por má-fé e intuito protelatório

Decisão proferida na 3ª Vara do Trabalho de Mogi das Cruzes, SP, rejeitou embargos de declaração e multou empresa de segurança e limpeza por propósito protelatório e litigância de má-fé. Para o julgador, ficou claro o mau uso da inteligência artificial na elaboração da petição, redigida de forma genérica, sem revisão nem filtragem crítica pelo advogado da reclamada, o que congestionou o andamento processual.

Com o objetivo de apontar supostos vícios na sentença, o profissional do direito utilizou linguagem padronizada e tratou os fatos de forma superficial no pedido, segundo o juízo. Também não apresentou a personalização necessária à demonstração de erro, omissão, contradição ou obscuridade, elementos essenciais para os embargos declaratórios. Por fim, valeu-se de premissas equivocadas nas alegações.

Nos embargos, o advogado argumentou que a sentença teria ignorado documentos que demonstravam a intermitência da prestação laboral e os períodos de inatividade do trabalhador, sem indicar, contudo, a qual documento se referia. Em outro trecho, apontou falta de provas quanto ao reconhecimento de justa causa patronal, ignorando o fato de que “os embargos declaratórios não se prestam à rediscussão de provas nem à reforma da decisão, devendo as partes atuar em colaboração com a rápida solução do processo, sem criar embaraços desnecessários”, diz a sentença de embargos.

Mais à frente, o texto da petição requereu compensação dos valores pagos a título de férias, descanso semanal remunerado (DSR), 13º proporcional e FGTS, sendo que não houve condenação em DSR. Por fim, os embargos questionaram reconhecimento de rescisão indireta “sem qualquer apreciação das razões de fato e de direito expostas na contestação, em evidente cerceamento do direito à ampla defesa […]”. A sentença de embargos, entretanto, ressaltou que o tema “rescisão indireta” sequer foi tratado na decisão original.

“Como se percebe, a IA não leu atentamente o processo, não conhece conceitos jurídicos específicos e não é capaz de analisar as peculiaridades do caso concreto, ignorando que temas secundários não são analisados justamente porque restaram prejudicados diante da rejeição expressa do tema principal”, afirmou o juiz Matheus de Lima Sampaio. Segundo ele, a utilização de ferramentas tecnológicas é benéfica para otimizar a atividade jurídica, desde que empregada com discernimento.

“Não se admite que o operador do Direito, valendo-se ou não de inteligência artificial, submeta ao Judiciário textos não revisados e que não se harmonizam com o caso concreto, ocupando indevidamente o tempo do juiz e do Poder Judiciário com expedientes superficiais, destituídos do rigor técnico e da profundidade analítica que a atividade jurídica exige”, concluiu o magistrado.

A multa aplicada foi de 2% do valor atualizado da causa pelo caráter protelatório da medida e de 5% por litigância de má-fé, com valores revertidos em favor da parte contrária.


Meeeeeooo…

Mesmo sem a Inteligência Artificial, a revisão final de uma peça é o mínimo que se espera de um advogado razoavelmente competente. Não se cita jurisprudências sem conferi-las, não se fundamenta em leis sem consultá-las, não se discute o que não faz parte do pedido ou da decisão – quod non est in actis, non est in mundo”, ou seja, o que não está nos autos, não está no mundo!

A Inteligência Artificial está aí para ajudar. Eu mesmo me valho bastante dela, para pesquisas, consultas e até mesmo construção de “esqueletos” de peças. Mas o estilo de uma petição sempre vai ser de minha autoria, e a revisão completa é indispensável, pois já cansei de receber sugestões de leis e jurisprudências que vão ao encontro de minha pretensão, mas que simplesmente foram inventadas pela IA. E não adianta insistir para ela buscar somente “casos verdadeiros”, pois ela vai te dar um chapéu do mesmo jeito.

Enfim, caríssimos, certamente mais casos desse tipo ainda vão ocorrer. O FEBEAPÁ no Brasil é uma constante e acaba por ser bastante divertido poder rir às custas dos outros!

Só tomem cuidado para que das próximas vezes “os outros” não sejam vocês…

Emenda à Inicial: E a farra não para! Também com condenação por litigância de má-fé por conta da utilização da IA que criou jurisprudência inexistente (e ainda tentou argumentar que tratava-se de mero “erro material” por ter havido “transcrição incorreta”), vejam só esse trecho da notícia veiculada em 27/10/25 pelo TRT da 3ª Região (MG): “Segundo o relator, não se tratou de simples equívoco quanto ao número de uma súmula, mas de criação de conteúdo inexistente, que poderia beneficiar a parte e induzir o juízo a erro. Ele ressaltou que a utilização de ferramentas de inteligência artificial não afasta a responsabilidade da parte pelos termos apresentados em juízo. Destacou ainda que a atuação no Poder Judiciário exige probidade, princípio fundamental que, no caso, foi claramente violado.”

É preciso saber viver

Ultimamente minha “produção pessoal” anda bastante limitada. Mas isso não é desculpa para eu deixar abandonado este nosso espaço virtual! Então segue uma materiazinha que li outro dia e até que achei bem interessante…


Mudança simples pode tornar você mais inteligente e, consequentemente, mais feliz; saiba qual é

Como inteligência e felicidade estão relacionadas, segundo a ciência, ao adotar um novo comportamento é possível melhorar as duas coisas

Por Renata Turbiani
18/06/2025

Pesquisas já comprovaram que existe uma relação entre a inteligência a felicidade, sendo que quanto maior a primeira, maior será a segunda. E há uma maneira simples de fazer isso acontecer: ser mais aberto.

Um estudo de 2023 realizado por pesquisadores da Universidade de Minnesota, dos Estados Unidos, e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, fez uma meta-análise de mais de 1.300 estudos envolvendo milhões de pessoas e constatou que a abertura é o único traço de personalidade com correlação substancial com a inteligência.

Mas o que isso significa exatamente? Em artigo publicado no Inc., Jeff Haden, autor de The Motivation Myth: How High Achievers Really Set Themselves Up to Win (O mito da motivação: como pessoas de alto desempenho realmente se preparam para vencer, em tradução livre para o português), explica que “abertura não significa autoexposição. Abertura é a sua disposição para se envolver e explorar novas experiências, ideias, informações, relacionamentos interpessoais etc.”

Ele acrescentou que abertura, entre os cinco traços de personalidade (os outros são neuroticismo, extroversão, conscienciosidade e amabilidade), é o mais fácil de moldar.

“É difícil ser menos neurótico. É difícil ser mais extrovertido. É ainda mais difícil ser mais agradável. Mas abertura significa simplesmente que você precisa ter um pouco menos de certeza. Menos certeza de que está certo. Menos certeza de que gosta de certas coisas e não gosta de outras. Mais tolerante à ambiguidade. Mais disposto a fazer perguntas. Mais disposto a falar menos e ouvir mais”, salientou Haden.

Jeff Bezos, fundador da Amazon, é um defensor dessa premissa. Segundo ele, “pessoas mais inteligentes estão constantemente revisando seus conhecimentos, reconsiderando um problema que pensavam já ter resolvido. Elas estão abertas a novos pontos de vista, novas informações, novas ideias, contradições e desafios à sua própria maneira de pensar”.

Outros estudos também salientam esse ponto. Uma série de experimentos publicados na Harvard Business Review mostra que, embora mudar de ideia possa fazer uma pessoa parecer menos inteligente, isso, na verdade, é mais inteligente.

Um exemplo: empreendedores que se adaptaram, revisaram e mudaram suas posições durante uma competição de pitch tiveram seis vezes mais chances de vencer a competição.

“Da próxima vez que você questionar sua inteligência, pense em quantas vezes você mudou de ideia nos últimos dias. Se a resposta for ‘não com frequência’, você provavelmente não está tão aberto quanto poderia”, destacou Haden.

Sendo assim, ele recomenda adotar a abordagem do falecido autor Daniel Kahnemane, de Thinking, Fast and Slow (Rápido e Devagar: duas formas de pensar): “Ninguém gosta de estar errado, mas eu gosto de ter errado, porque isso significa que agora estou menos errado do que antes”.

Haden complementou que a inteligência não se encontra na certeza. “Sabedoria é saber que, embora você possa saber muito, também há muita coisa que você não sabe. Sabedoria é tentar descobrir o que é certo em vez de tentar estar certo. Tente ser um pouco mais aberto. Você aprenderá coisas novas. Terá novas experiências. Conhecerá novas pessoas. Só esses benefícios já valem o esforço”, finalizou.


E, curiosamente, enquanto lia essa matéria, me veio à cabeça essa música, que originalmente foi composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, gravada pela banda Os Vips em 1968, e regravada por Roberto Carlos em 1974, mas que na voz dos Titãs creio ter ficado bem mais agradável.

Titãs – É preciso saber viver

 

 

A escrita de petições: entre o carbono e o clique

Egon Bockmann Moreira
Professor Titular da Faculdade de Direito da UFPR.
Advogado.

Escrever bem, com sobriedade e poder de convencimento,
talvez seja um dos maiores desafios da advocacia contemporânea

Quando comecei a advogar, a escrita de petições era quase um ato artesanal. Não por acaso, as escolas de datilografia eram povoadas por estudantes de direito e advogados: usávamos máquina de escrever, papel carbono e um rigor que hoje pode parecer romântico, mas era fruto da pura necessidade.

Primeiro, fazia-se a versão manuscrita a ser passada a limpo com atenção: um só erro significava começar tudo de novo. Não havia o recurso de “copiar e colar”, tampouco a possibilidade de apagar ou reformatar. Cada página era um pequeno projeto concluído com alívio.

Passamos depois pelos computadores contrabandeados, processadores de texto no ambiente DOS e impressoras matriciais. A novidade técnica trouxe liberdade, mas também dois perigos invisíveis: o excesso de palavras e a inibição da criatividade. O fato de poder escrever mais, revisar infinitamente e acrescentar parágrafos com um clique deu a muitos advogados a falsa impressão de que quantidade e qualidade caminhariam juntas. Todavia, o que se dá é justo ao contrário: quem escreve demais não cumpre o ofício de escrever bem.

Hoje, a transição ao processo digital nos trouxe um novo desafio. Não há mais protocolo físico, carimbo ou capa dura de autos. Tudo é eletrônico, fluído, intangível: a existência virtual apaga a experiência real do ler e escrever. As petições são vistas em telas pequenas, muitas vezes em celulares.

Juízes, advogados, procuradores e administradores públicos, todos nós, vivemos com pressa e cercados por um volume crescente de documentos e fontes jurisprudenciais e doutrinárias. Dispomos de mais informações num só dia do que nossos antepassados tinham a vida inteira (mas com a mesma capacidade cognitiva). Na medida em que as horas do dia são escassas, a atenção de quem decide é um bem cada vez mais raro.

Por isso, escrever petições longas e prolixas não é apenas um erro técnico: é falta de empatia com o leitor. Toda vez que entregamos um texto que excede o razoável, projetamos ao destinatário uma mensagem indesejada: “Você que lute para encontrar o que importa, o problema é seu”. Mas a advocacia não é isso. O nosso trabalho é exatamente o de tornar compreensíveis os nossos argumentos, a fim de dar ao julgador os elementos necessários de forma ordenada, elegante e discreta.

Elegância, aqui, não significa enfeitar o texto com adjetivos de ocasião, clichês ou frases de efeito – transformando-o numa árvore de natal cafona. Justo ao contrário: significa saber dizer o essencial com leveza e precisão, sem ser frio ou mecânico. Trata-se de argumentar com consistência, demonstrar domínio técnico e, ao mesmo tempo, respeitar o tempo e a inteligência do leitor. Um bom texto é aquele que conquista, que desperta interesse, não o que cansa.

Discrição também é uma virtude esquecida por muitos. Há quem acredite que a ênfase retórica, os ataques ad hominem ou os adjetivos contundentes produzem mais efeito. Produzem, de fato, mas ele costuma ser negativo: o de irritar quem lê e comprometer a credibilidade do autor. Ou fazer com que os advogados da parte ex adversa vejam com maus olhos o colega. Uma petição bem escrita seduz pela lógica, pela articulação das ideias e pelo domínio das normas jurídicas aplicáveis – e não por agressividade ou dramatização.

A minha maior referência na escrita está na The Economist. Essa revista secular mantém-se estável devido ao seu modelo de escrita que combina precisão, concisão e leve ironia inteligente. Os arquivos fluem como se houvessem sido escritos por uma só pessoa, que respeita imensamente o leitor. Os parágrafos surgem no tamanho exato, encaixados entre si como trilhos de um trem que traz ao leitor informações com credibilidade.

Uma lição de como ser firme sem ser ríspido, incisivo sem ser insolente. Afinal de contas, em tempos de excesso de informações, o texto claro e direto é, mais do que nunca, uma demonstração de respeito.

Também é preciso reconhecer que a extensão de uma petição pode aparentar, muitas vezes, um sintoma de insegurança. Quem não tem certeza sobre o argumento principal costuma compensar com volume. Multiplicam-se os tópicos, repetições e citações desnecessárias. O resultado é um labirinto retórico, enfadonho, que prejudica o pedido e dificulta a decisão. Um processo que deveria caminhar com objetividade acaba se tornando um emaranhado de informações inúteis.

Por outro lado, ser conciso não é ser superficial. Há que se expor os fatos com exatidão, qualificar os argumentos com boa doutrina e jurisprudência, e estruturar a narrativa com começo, meio e fim. E talvez as partes mais importantes da petição sejam exatamente a descrição precisa dos fatos e a formulação exata do pedido. O que está entre os fatos e o pedido – a fundamentação jurídica – não é novidade alguma para a maioria dos leitores. Daí a necessidade de revelarmos só o que de importante existe naquele pedido e como ele é prestigiado pela doutrina e jurisprudência.

Outro aspecto fundamental é saber quem é o leitor e do que ele precisa. O juiz ou administrador público que lê a petição não é um neófito em direito. Um árbitro muitas vezes é o maior especialista naquela matéria. Nenhum deles precisa de lições genéricas ou de longas transcrições doutrinárias que apenas repetem o óbvio. Também não precisam de tabelas imensas ou anexos com volume desproporcional ao caso. Como todos nós, o leitor precisa é de um texto compreensível já numa primeira visão: o que se pede, com base em quais fatos e por quais fundamentos jurídicos.

Por isso que o bom advogado é aquele que estudou o caso, domina o conteúdo, organiza o pensamento e traduz isso em texto com elegância. Não se trata de arte literária, mas de técnica forense. Saber escrever bem não é um luxo; é um instrumento de trabalho tão essencial quanto conhecer a lei.

Ao longo dessas décadas, aprendi que a boa petição é aquela que respeita o tempo e a paciência de quem a lê. Que oferece soluções, não problemas. Afinal, petições com dezenas de páginas, quando não justificadas por uma causa de altíssima complexidade, correm o risco de transmitir a pior das impressões: a de que o advogado não tinha, de fato, nada a dizer.

Escrever bem, com sobriedade e poder de convencimento, talvez seja um dos maiores desafios da advocacia contemporânea. Mas também é, sem dúvida, um dos seus maiores encantos.