Apenas um registro…

Diário de Bordo. Data Estelar: centésimo octogésimo sexto dia da Era Covid. Confinamento. A fronteira final. Estas são as viagens, elucubrações e alucinações de um nada ortodoxo causídico cinquentão que teima em ficar em casa, mas nem sempre consegue.

Já faz um bom tempo que estou ensaiando para tentar escrever alguma coisa que preste por aqui. Às vezes tenho lampejos de ideias excelentes para colocar no papel (ou na tela), mas quando percebo, já foi, evanesceu, esvaiu-se…

Desde o início da pandemia publiquei muitos textos alheios que achei interessantes – e alguns excelentes – mas de minha autoria mesmo foi bem pouca coisa: fiz uma comparação da quarentena com o teor do livro Decamerão, escrevi mais um capítulo sobre aquela minha internação na UTI (êita novela sem fim!), contei um causo vexatório envolvendo a Dona Patroa lá da nossa época de namoro, dei algumas dicas sobre higiene em época de quarentena, compartilhei gratuitamente meu livro para quem quisesse baixar, apresentei a melhor justificativa de lei de todos os tempos, falei do uso de máscaras pelos personagens de HQs, expliquei as complicações em minha relação com meus filhos, falei sobre as dificuldades da comunicação nos dias atuais e ainda consegui resgatar uma de minhas primeiras crônicas, antes mesmo de começar a escrever nesse formato aqui no blog. Se considerarmos que essa foi minha “produção” em 186 dias de quarentena, então não é quase nada.

E vinha eu levando mansamente minha vida, quieto cá no meu canto, fazendo meus trabalhos dentro do possível e com alguns esporádicos contatos com alguns de meus poucos amigos – que, justiça seja feita, também já entraram em contato para saber como eu estava, principalmente após a perda de dois amigos fantásticos e que significavam muito para mim: o Flavinho e o Bicarato. Pessoal, valeu mesmo!

Mas foi somente ontem, por conta de uma mensagem da amiga Sheilíssima, que meio que caiu a ficha. Apesar de admitir que já fazia até um tempinho que queria entrar em contato, pela dinâmica de seu dia a dia sempre ia deixando para depois. Mas acontece que ela foi visitar uma amiga doente e, sinceramente, não sei o porquê lembrou-se de mim. Preocupou-se comigo. Quis saber como eu estava.

E isso me tocou.

Muito.

E é lógico, como não podia deixar de ser, sendo eu a Rainha do Drama, somente mesmo escrevendo aqui no blog é que eu iria responder – com detalhes – como tenho passado e o que tenho feito…

Caríssima, o comecinho dessa quarentena foi meio zoado e com um confinamento não levado tão a sério nos primeiros dias. Mas quando começamos a perceber a gravidade da situação rapidamente tomamos medidas sanitárias rigorosas para o controle do que quer que viesse da rua.

Como em casa, apesar das duas portas, sempre entramos pelo corredor lateral diretamente para a cozinha então ali mesmo montamos nossa estratégia. Embaixo do balcão cimentado foi instalada uma sapateira, de modo que nenhum calçado que tenha vindo da rua vá para dentro de casa, onde passamos a andar somente de chinelos – ou de meia ou descalço, conforme for a pressa… Bem “casa de japonês”, mesmo…

No começo deixávamos sobre o balcão um reservatório de álcool gel e um rolo de toalhas de papel para limpeza de chaves, celulares, carteiras, cartões, pacotes, embalagens e o que mais que tivesse vindo da rua. Uma meleca só! Quase estraguei o alarme do carro por conta disso. Mas isso foi até descobrirmos o álcool spray 70! Tcha-rãããã! Muito mais simples, eficiente e prático, inclusive porque seca rapidamente (royalties, please). Não suja, não mancha (só de vez em quando), não arde (exceto nos cortes e arranhados), é barato (de dez a quinze dinheiros), dura bastante, abre tampa emperrada de vidro de azeitonas, ajuda a carregar as compras, faz a lição dos filhotes, vigia a casa, traz a pessoa amada em até sete dias, enfim, é pau-pra-toda-obra! Só perde para a dupla WD-40 e Silver Tape…

Bão, vortando ao assunto, quem quer que tenha chegado da rua já tem a obrigação de colocar as próprias roupas diretamente no cesto de roupas sujas, mas não sem antes ter realizado o “ritual de lavagem das mãos”, pois ali mesmo no corredor, antes da porta da cozinha, já havia antes uma “pia de jardim” que passou a ser devidamente abastecida de sabonete e toalha. Saiba que o sabão ainda é a arma mais eficaz para se livrar de um indesejável Coronavírus que tenha lhe acompanhado até em casa.

Falando no vírus em si (e não tem como deslembrar), confesso, Sheila, que andei meio surtado com tudo isso. Bastava qualquer alteração do tempo e eu já achava que estava com febre. Às vezes ficava experimentando cheirar coisas diferentes para ver se não estava perdendo o olfato. Por mais de uma vez confundi uma certa crise de ansiedade com falta de ar e daí já concluía que estava doente: “Pronto. Fodeu.” Mas bastou passar um pouco o tempo, tomar os devidos cuidados de distanciamento e de higiene, que uma certa serenidade finalmente se estabeleceu. E também depois de fazer um teste rápido, é lógico.

Os dias têm sido relativamente iguais – exceto quando são diferentes. Estabelecemos algumas rotinas aqui em casa, o que ajuda a passar o tempo. Ou não.

Jean, o caçula, segundo ano no curso técnico de informática, está tendo aulas remotamente, de segunda a sábado, e não sai de casa.

Erik, o do meio, concluiu o curso técnico de publicidade e está em seu “ano sabático” para decidir o que fazer, o que já havia sido planejado anteriormente e coincidiu com o isolamento, também sem sair de casa.

Kevin, o mais velho, está fazendo duas faculdades EAD (Ensino a Distância, veja só quanta modernidade!): engenharia informática e marketing. Mas faz estágio de segunda a sexta, então usa o carro praticamente todos os dias. Antes o estágio era na área de informática na Secretaria Municipal de Educação e ele ia de ônibus, o que nos deixava de orelhas em pé. Mas bem no comecinho da pandemia ele mudou e passou a fazer estágio na área de administração e marketing – adivinhe onde? Na área administrativa de uma igreja evangélica! E o fato de o pastor dessa igreja ser o pai da menina que ele namora há anos é meramente uma coincidência…

Levanto bem cedinho todos os dias e preparo o café da trupe inteira, pois a aula do Jean começa às sete e o Kevin sai de casa às nove e meia. Eu e a Dona Patroa temos trabalhado em casa – o que ela já fazia, pois na função de Auxiliar do Juiz tudo passou a ser via “home office” – e praticamente só saímos uma vez por semana: às quintas, bem de manhãzinha, para ir até a feira e reabastecer a geladeira, a fruteira, e o consumo de pastel e de caldo de cana.

Confesso-lhe que no meu caso já ando mais “saidinho”… Sempre que posso e não devo dou uma passada na firma para a qual presto serviços (aquela mesma), na casa de meus pais para ver como estão meus velhinhos e na “Autoelétrica do Japonês” para vagabundear um pouco, que é a oficina do sujeito que fez toda a parte elétrica do meu Opala e acabamos ficando amigos. Aliás, acho que até você já deve saber, mas além do bom e velho Titanic, voltei ao mundo de duas rodas!

Ou seja, além do Opala 1979 – que atualmente está na oficina mecânica do “Seo” Waltair, aí em Jacareí, para a revisão dos 1.000km (isso mesmo, milão, pois foi feito o motor, lembra?) agora também sou o feliz proprietário de uma CB 400 1981 (não deixe se enganar pelo adesivo), uma moto cujo dono anterior mandou fazer o motor, rodou cerca de 300 quilômetros em uma única viagem e em seguida a encostou num canto da casa. Por mais de quatro anos! Comprei a moto “no estado”, levei-a num mecânico especializado em motos antigas que trocou tudo que tinha que trocar por ter se estragado por todo o tempo em que ficou parada (mangueiras, cabos, relação, lonas, pastilhas, etc), revisou parte elétrica, mecânica e pronto! De volta ao mundo dos vivos! Ou seja, só eu mesmo para me sentir realizado com veículos com mais de 40 anos de uso…

No mais, vamos levando. Não consegui ser o abstêmio que pretendia, pois concluí que para mim é mais fácil me associar a alguma professora hare krishna de yoga e fundar um centro público de meditação transcendental lá no meio do mato do que deixar de tomar as minhas cajibrinas de vez em quando. Mas também não acho que seja o alcoólatra que pensava ser, pois tomar umas e outras apenas uma vez por semana não seria sinal de falta de moderação. Bem, só não podemos esquecer que todo viciado sempre encontra meios de defender seus vícios, então…

Falando em vícios, sabia que a Dona Patroa se tornou uma viciada? É sim: em suculentas! E não, não é nada dessa besteira que você pensou aí, não! É que no ano passado ela resolveu que iria presentear a cada uma das mães lá da Igreja Holiness com um vasinho de suculenta e então, desde dezembro, começou a cultivá-las. Apenas algumas dezenas já seriam o suficiente. Mas veio a pandemia, o isolamento, o Dia das Mães chegou e passou e as suculentas continuaram aqui em casa. E ela se encantou com sua variedade. E ela arranjou mais suculentas – “Ah, desse tipo eu ainda não tenho!” – e o negócio foi se multiplicando. E eis que na última contagem que fiz ali na varanda tínhamos nada menos que 166 vasinhos de suculentas! É ou não é um vício?

E vocês, como estão? Pelo que percebi o maridóvski voltou (com todos os cuidados) à ativa, certo? E o escritório? Transferiu pra casa ou ainda vai lá de quando em quando? As crianças estão bem? Seu caçula perdeu aquela mania de ralar a tela do iPhone no chão? 😂

Do tempo livre que passo em casa tenho aproveitado para aprofundar minhas pesquisas genealógicas (em linha reta já consegui chegar no final do século XVI, na Freguesia de Santa Comba de Fornelos, Distrito de Braga, região norte de Portugal), tenho lido um bocado (menos do que gostaria), e assistido muitos filmes e séries, alguns novos e outros repetidos (sempre naquele meu esquema de fuçar até achar na Internet e baixar tudo via Torrent).

Praticamente não tenho me exercitado, mas até que tenho segurado a boca – o que é bem difícil quando você tem um enorme tempo livre em casa e a sua cara metade adora fazer “experimentações culinárias”. Considerando que comecei o ano com 110kg e agora estou com 102kg, até que tá bom. Ainda é um excesso, mas tá bom.

E assim prosseguimos, bem no estilo do Bill Murray no filme Feitiço do Tempo (ou “Dia da Marmota”), lembra?

Ainda estamos nos acostumando ao “novo normal” e ainda não temos ideia de quando tudo isso vai acabar. Nem SE vai acabar. Talvez quando a vacina chegar as coisas mudem um pouco, mas não dá para se ter certeza. Só sei que ainda vai demorar. Mais de 130 mil pessoas (até onde é possível aferir) já morreram diretamente em decorrência do Coronavírus e na presidência do país temos um insano que teima em fazer vista grossa a tudo que está ocorrendo enquanto que uma boa parte da população, por sua vez, também insana, teima em não querer enxergar que essa família de corruptos não possui um projeto de governo, mas sim um projeto de poder. É bem como escrevi outro dia no Twitter: “E eis que as dez pragas do Egito estão sendo reeditadas no Brasil, pois até agora já tivemos, além da pandemia em si, ciclone com cerca de 250 km/h, gafanhotos se aproximando pelo sul, incêndio incontrolável no sudeste e Bolsonaro no Planalto”.

Minha linda amiga, obrigado pela mensagem. Obrigado por me lembrar que as pessoas são importantes e que não podemos deixar de entrar em contato porque estamos muito ocupados aqui em nossa terra de lugar nenhum fazendo nossos inexistentes planos mirabolantes exatamente para ninguém (e sim, isso é da música Nowhere Man). O tempo passa e a gente não percebe. Que eu me lembre a última vez que conversamos pessoalmente foi em novembro do ano passado. Foi a última vez que nos abraçamos – e convenhamos que, de lá pra cá, não tem sido possível abraçar mais ninguém…

Enfim, Sheilíssima, basicamente é isso! Mande notícias suas, quer seja por aqui, pelo zap, por telefone, através de carta, sinal de fumaça, transmimento de pensação, por onde quiser, mas mande! Parafraseando aquela música do Chico, seria mais ou menos assim (dê um play e só leia se for pra cantar junto 😁):


Minha cara amiga, me perdoe, por favor

Se eu não lhe faço uma visita
Mas até agora não tenho um portador
Então mando notícias por esta escrita

Na minha terra eu não jogo futebol
Não tem samba, não tem choro, mas rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Minha cara amiga, eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Não vou pescar, que não tenho vara nem anzol
E na segunda é dia de mudar lençol
As baixelas vou limpando com caol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Minha cara amiga, eu quis até telefonar
Mas a conexão não é de graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Pra esquecimento vou tomando Fosfosol
E de nervoso me ataca o terçol
Só não tem cura pr’esse meu besteirol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
Que a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Minha cara amiga, eu bem queria lhe escrever
Mas o Whatsapp andou arisco
Se me permite, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas com estes riscos

Outro dia me foi queimando o farol
Mas o motor com afinação de rouxinol
E de moto vou desviando de cerol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Mieko manda um beijo para os seus
Um beijo na família, no Rodrigo e nas crianças
E eu já aproveito pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus!

Tabela de Calorias

Sexo é a maneira mais prática e divertida de perder peso. Segundo esta tabela (ligeiramente baseada no livro Como emagrecer fazendo sexo, de Richard Smith) veja quantas calorias se perde em cada embate, com atenção especial para os valores…

* TIRANDO AS ROUPAS
Com o consentimento dela ............................12 cal
Sem o consentimento dela ...........................187 cal
Tirar as meias sacudindo os pés violentamente ......418 cal

* ABRINDO O SUTIÃ
Com as duas mãos, sem tremer .........................7 cal
Com uma mão, trêmula ................................12 cal
Com uma mão sendo espancado por ela .................37 cal
Com a boca ..........................................85 cal

* COLOCANDO A CAMISINHA
Com ereção ...........................................6 cal
Sem ereção .........................................315 cal

* PRELIMINARES
Tentando encontrar o clitóris ........................8 cal
Tentando encontrar o ponto G ........................92 cal
Não ligar a mínima ...................................0 cal

* NA HORA DE TRANSAR
Pegar no colo .......................................12 cal
Deitar no solo .......................................8 cal
Fazer mulher ........................................12 cal

* POSIÇÕES
Papai-mamãe .........................................12 cal
69 deitado ...........................................8 cal
69 em pé ...........................................112 cal
Carrinho de mão ....................................216 cal
Candelabro italiano ................................912 cal

* TENDO UM ORGASMO
Real ...............................................112 cal
Falso (se for mulher) ...............................36 cal
Falso (se for homem) ...............................315 cal

* PÓS ORGASMO
Ficar na cama abraçadinho ...........................18 cal
Pular da cama logo em seguida .......................36 cal
Explicar para ela porque você pulou logo da cama ...816 cal

* CONSEGUINDO A SEGUNDA EREÇÃO
Se você tem de 16 a 19 anos .........................12 cal
de 20 a 29 ..........................................36 cal
de 30 a  39 ........................................108 cal
de 40 a 49 .........................................324 cal
de 50 a 59 .........................................672 cal
acima de 60 ......................................2.916 cal

* COLOCANDO A ROUPA
Calmamente ..........................................32 cal
Com pressa para se mandar ...........................98 cal
Com o marido dela esmurrando a porta .............1.218 cal

Veja se você está velho…

Em dias de pandemia, distanciamento social e forçada reclusão domiciliar o que nos resta é caprichar nas faxinas – tanto materiais quanto virtuais. E eis que limpando os antigos e-mails acumulados nas catacumbas de meu computador, encontrei estas 100 perguntas enviadas no início de 2003 pela querida amiga Larissa – só porque eu era dez anos mais velho que ela. Bem, continuo sendo… Enfim, o que me chamou a atenção é que eu tive a pachorra de respondê-los! 😀

1. Antes do Ferrorama, que tal o Hit Train (e o Hit Car, que ninguém tinha…)
Lembro bem do Ferrorama, mas nunca tive um…

2. Ouvia o USA For África, cantando We Are The World?
“We are the world, we are the children…” – Adorava as partes com a Cindy Lauper e com o Bruce Springsteen.

3. E o Band Aid, cantando Do They Know It’s Christmas?
Esse eu já não gostei tanto…

4. Assistiu o Rock’n Rio (“-Se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso de vez…”)
Olha só! Me lembrei da melodia! Não só assisti, como gravei. Acho que até hoje tenho a fita (de 1985).

5. Passava a tarde na Sessão Desenho da Record.
Lembro-me disso e mais: dos desenhos da TV Tupi, antes do Sílvio Santos comprar a Record.

6. A atração era o desenho do Jambo e Ruivão, com seus longos episódios de 2 minutos.
Esse eu achava sacal.

7. Você teve um Relógio Casio Rei e os com joguinhos (Batalha espacial, batalha naval e pirâmide).
Desse não me lembro.

8. E o joguinhos dos números dos Casio com calculadora?
Nem desse.

9. Jogava Game & Watch, principalmente os com tela dupla.
???

10. Tentava imitar o saque Jornada nas Estrelas do Bernard.
O pior é que eu conseguia (estava na sétima série), mas nem sempre a bola caía dentro da quadra.

11. Assistia o Clip Clip da Globo, o Clip Trip da Gazeta e o Som Pop da Cultura, morrendo de inveja da MTV (lançamento nos EUA).
Oooooo! Gravei uma porrada de clips desses aí! Na gazeta tinha o Mr. Sam, com o boneco Capivara.

12. Fazia origami no Bambalalão.
Nãããão!

13. Não perdia o Globinho Repórter, com a Paula Saldanha.
Não era “Globinho Repórter”, era só “Globinho”. E tinha a música de entrada: “Não existe nada mais antigo do que caubói que dá cem tiros de uma vez…”

14. E assistia A Linha, Miu e Mau, família Barbapapa…
Tudo do Globinho…

15. Para variar, assistia o Amaral Netto, o Repórter.
Putz! Assistia.

16. Ficou emocionado no final de “A Incrível Fábrica de Chocolates.”?
E como não? Mr. Wonka e a Fantástica Fábrica de Chocolates, com Gene Wilder.

17. Usou calça OP verde limão com a camiseta Hang Loose laranja, achando que estava combinando.
Ah, vamos lá! Na época combinava…

18. Para arrematar, o tênis quadriculado.
Com a gente não tinha tênis quadriculado, pintávamos os quadradinhos com caneta esferográfica no Bamba branco que usávamos…

19. E o gel New Wave no cabelo.
Isso não!

20. Tentava imitar o ‘andar para trás’ do Michael Jackson (que ainda era negro).
E nunca consegui…

21. Andava de Caloicross Extra Light, com banco concorde e adesivos Kuwahara.
Que nada! Eu tive uma BMX, aquela com um tanquinho amarelo (é lógico que eu o tirei…).

22. Ou então, andava de Caloi C3, aquela com o cambio de 3 marchas. E a Peugeot com bancos de mola?
Essas são do tempo em que eu trabalhava em bicicletaria. As Peugeots eram ótimas pra sacanear com quem estava andando: um tranco atrás e a bicicleta empinava!

23. Ou então de Ceci ou dobrável.
Tinha a Ceci (feminina) e a Peri (masculina – uma bosta). A dobrável se chamava Berlineta.

24. Assistiu todos os filmes do Jerry Lewis e do Trinity.
Do Jerry Lewis até hoje eu rio. Já do Trinity tem apenas uns poucos realmente engraçados.

25. Assistia (escondido) a Sala Especial nas noites de sexta na Record, para tentar pegar a Vera Fisher nua.
Que nada! Aquilo era a maior enganação! Nunca aparecia nada! Eu mudava para a Bandeirantes para assistir aos filmes B de Terror.

26. Levava o material escolar numa sacola da Tiger.
Nãããão. O que era da hora era a Knapsack.

27. Brincava com o Falcon (olhos de águia) contra o Torak, com a ajuda do Condor.
É. Pois é. Eu tinha um Falcon desses. Aliás tinha também um pessoal que me enchia o saco, tentando me apelidar de Falcon, por causa da cicatriz que tenho no rosto (igual à do boneco). Ainda bem que não pegou.

28. Colecionou as figurinhas do Paulistinha.
Com certeza não.

29. Você se lembra quando inauguraram a TV Manchete?
Perfeitamente! A primeira coisa que passou foi o filme Contatos Imediatos.

30. Você se lembra quando Tancredo morreu e ficavam tocando “Coração de Estudante” o dia todo na TV?
Ô! Fora a teoria da conspiração sobre esse episódio, envolvendo, inclusive, a sem sal da Glória Maria.

31. Você não achava o Bozo um idiota?
Sem chance. Aquilo sempre foi ridículo.

32. Lembra da TV POW, que um mané ficava gritando PAU! no telefone para acertar as naves espaciais?
Lembro. E era mais ridículo ainda.

33. Você ia domingo ao “Jack in the box”?
Não tenho nem ideia do que seja isso.

34. Você chorou com o ursinho da abertura da Olimpíada de Moscou?
Não mesmo.

35. Tem o primeiro número da Superinteressante? E se lembra de Ciência Ilustrada?
Não tenho. Mas colecionei todos os fascículos da Ciência Ilustrada, inclusive as 4 capas duras.

36. Você ouviu Imagine milhares de vezes na semana da morte de John Lennon?
Lembro-me que desenhei um quadro com o rosto dele, em negativo. Onde será que foi parar?…

37. Você aprendeu a desenhar com Daniel Azulay?
Nah! Aprendi sozinho mesmo.

38. Já ouviu falar em contaminação por Radiação em Goiânia?
Para sua informação foi com Césio 147. Você nem imagina quantas piadinhas isso rendeu com relação ao Fiat 147…

39. Relógios Gran Prix para homens e Champions para mulheres (aqueles que trocavam de pulseira) faziam parte do seu dia a dia?
Dei um desses de presente para a ex. Mas as pulseiras eram beeeem vagabundinhas.

40. Assistia com sua vó o Cassino do Chacrinha?
Que nada! Minha avó me excomungaria! Mas desde aquela época eu já não gostava de programas de auditório (mas as chacretes…)

41. Você teve o forte apache e o circo do Playmobil?
Pô! O Forte Apache era caro pra caramba! Eu morria de inveja de um amigo meu que o tinha. Mas até hoje tenho um Playmobil que restou guardado em casa.

42. Você se lembra quando a União Soviética se dissolveu?
Perfeitamente. Passei a noite toda consolando a Evanilda, que chorou amargamente…

43. Você usava discos de vinil?
Tinha uma senhora de uma coleção…

44. Você adorava o lanche paulista no McDonald’s?
Quê! Sou do interior! NO McDonald’s na época.

45. Depois de ter um Stratus, pediu um carrinho de controle remoto como o Pegasus série ouro e prata ou o Colossus vermelho?
Não. Dinheiro era um negócio meio complicado na minha infância.

46. Brincava de autorama com o TCR ou de Ferrorama?
Nem um, nem outro.

47. Você gostava mais de Ultraman, Spectroman ou Ultra Seven?
Ultraman. O resto foi imitação.

48. Você assistiu filme dos Trapalhões no cinema na época em que eles ainda tinham cabelo preto? E Bambi?
Não só esses, como também A Bela Adormecida…

49. Você ria com Guerra dos Sexos, Dancing Days e Roque Santeiro?
Pra caramba!

50. Comprou a fita K-7 do Plunct-Plact-Zum?
Não. Eu emprestava os discos de quem comprava e gravava em casa.

51. E a Blitz, não tinha documentos ou instrumentos? Ia ao aquário de Santos nos tempos áureos do leão marinho?
Tenho minha fitinha K7 da Blitz até hoje. Já em Santos nunca fui quando era pequeno.

52. Usava caneta de 10 cores com cheiro ?
Isso existiu?

53. Comia geleia de mocotó Embasa pela manhã (aquela que a mãe ficava com o copo)?
Bleeaaarghhh! Nossa finíssima coleção de copos era de massa de tomate (o famoso Cristal-Cica).

54. Dava seus pulinhos com o Pogobol?
Com o quê?

55. Pagava um pau para a Gigi do Bambalalão?
Quem?

56. E cantava junto com o Zecão, Lili, Macarrão?
Eeeh. Não conheço esse pessoal não.

57. Ia na matinê da Up-Down?
Não tenho nem ideia do que seja isso.

58. Colecionou o Álbum de figurinhas Amar é…?
Autocolantes, diga-se de passagem. Não colecionei, mas sempre comprava para colar nos cadernos das meninas de classe…

59. Seu pai tinha um Puma e o Miura era o carro importado mais moderno que você via na rua?
Não. Meu pai tinha uma Variant. Aliás, tem até hoje. Lembro-me que, uma vez, o chefe dele na Johnson levou um Miura para arrumar alguma coisa. Era cinza e o supra-sumo da modernidade.

60. Assistia na sessão comédia Super Vicky e Caras e Caretas?
Ela era um robô e Caras e Caretas era com o… fugiu o nome. Aquele do “De Volta para o Futuro”.

61. Chips para você não eram batatas, mas dois policiais?
California HIghway Patrol, com John Baker e Francis Poncherello.

62. Assistia desenhos do Brucutu?
Era meio sem graça…

63. E do homem 6 milhões de dólares e da mulher biônica?
TU-TU-TU-TU-TU-TU… Se eles se moviam super-rápido, por que aparecia tudo em câmera lenta?

64. Você sabe quem é o Tatoo da Ilha da Fantasia?
“Eu sou Holk, seu anfitrião. Bem-vindos à Ilha da Fantasia!” Desse eu gostava.

65. Você se lembra do Halleyfante?
De jeito nenhum.

66. Foi na estreia dos Caça Fantasmas e Goonies no cinema?
Siiiiiim! Ghostbusters! Parará-pá-pá!

67. E na de Tron, War Games e a trilogia de Guerra nas Estrelas?
Lembro-me de todos, com detalhes.

68. Assistia Armação Ilimitada depois que chegava da escola?
Naquela época o André Di Biasi e o Kadu Moliterno ainda tinham cabelo. E tinha a (ahh…) Andréa Beltrão…

69. Depois da novela a sua mãe queria ver o Casal 20 e Dallas?
Não. Era eu mesmo.

70. Sabe com detalhes sobre a reportagem do Jacques Cousteau fez sobre o Pantanal e que passou no Globo Repórter, que era apresentado pelo Hélio Costa?
Desse não.

71. O Jô antes não era tão inteligente e fazia o Capitão Gay na Globo.
Não esqueça seu assistente: Carlos Sueli! O nome do programa era Viva o Gordo.

72. Você jogava Genius?
Sempre ganhava, mas achava um porre.

73. Colecionava Mad?
E ainda era a versão americana, muito mais engraçada que a brasileira.

74. Queria um Kichute, pois era uma chuteira confortável?
É. Tive um sim. Por quê? Vai encarar?

75. Se agoniava quando no domingo no parque trocavam uma bicicleta por uma caixa de fósforos? Ou pelo famoso “milhão”?
Siiiiiiim! Nãããããão! Põe agonia nisso!

76. Se lembra que o tênis Montreal era antimicróbios? E qual era o Slogan?
Não tenho nem ideia.

77. Brincava de Acquaplay?
Outro que era um porre.

78. Sabe o que era Trovão Azul?
Grande seriado de um super-helicóptero. Xarope, mas um grande seriado. Particularmente eu preferia a super-máquina.

79. Se lembra da briga entre VHS e Betamax ? E entre Odissey e Atari?
Venceram os padrões VHS e Atari. Sifudeu quem comprou o resto.

80. Carregou joguinhos de computador com fita-cassete?
Isso foi antes dos microcomputadores. Usávamos os PC-300 e PC-500.

81. Você sabe quem foi O Incrível Hulk? Que cor ele era?
O curioso é que o verdão só se transformava duas vezes em cada episódio.

82. Você se lembra quem matou Odette Roitman? E o Barbosa (TV Pirata)?
Grande atuação de Beatriz Segall. E não tem como esquecer o Barboooooooooosa…

83. Você já usou roupas US TOP?
E LEVIS também!

84. Você já teve uma sandalinha Ortopé? Ou um tênis Bubble Gummers com cherinho de chiclet?
Nai.

85. Você assistia Fantástico, só pra ver as garotas do final?
Nai, também.

86. Você foi ver a Monga no Playcenter? E Nandú e Samôa, a baleias assassinas?
Levei um PUSTA susto quando estourou a jaula da Monga…

87. Você usou o Passaporte que vinha no disco do Bozo para ir ao Playcenter?
Insuportável Sem chance de comprar um disco do bofe.

88. Você comia Cremogema?
Não, mas me lembro da musiquinha: cre-cremo-cremo-cremoge-ma…

89. Você assistia “As aventura de Cacá” no SBT, durante seu café da manhã?
De quem?

90. Você assitia Clube da Criança na Manchete, só pra ver a Lucinha Lins naquelas roupinhas brilhantes?
Nossa! Isso foi antes da Xuxa!

91. E o Programa do Palhaço Carequinha?
Cacirda! Desse eu me lembro!

92. Você já usou Conga? E Conguinha?
Antes mesmo do Kichute…

93. Assistia o Fusquinha Herbbie?
Quando passava na Disneylândia, aos sábados, na Globo.

94. Você se lembra do “Balança Mas não Cai”?
Sim, desde quando ainda era um programa de rádio.

95. Tinha medo do “Homem do Saco”?
Não. Mas a “loira-com-algodão-na-boca” que se escondia no banheiro deixava a gente meio cabreiro.

96. Teve um patins de rodas paralelas?
Não, mas já caí com uma porcaria dessas que tinha emprestado de uma amiga.

97. Já foi ameaçado pelos seus pais, de ter que comer pimenta ou lavar a boca com sabão?
Acredite em mim: o gosto do sabão é horrível!

98. Brincava de Barra-Manteiga, Balança Caixão e Alerta?
Pra caramba!

99. Gostava do picolé Fura Bolo?
Não. Era sem graça.

100. Assistia o Clube do Mickey (aquele que aparecia várias crianças brincando com o famoso chapeuzinho de orelhas do ratinho)?
Siiim! Tinha, inclusive, uma japonesinha linda, pré-adolescente, que eu adorava…

Você sabe qual é a origem da arroba?

Reinaldo Pimenta
No livro: A Casa da Mãe Joana

Na Idade Média os livros eram escritos pelos copistas à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava naquele tempo). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um “m” ou um “n”) que nasalizava a vogal anterior. Um til é um enezinho sobre a letra, pode olhar.

O nome espanhol Francisco, que também era grafado “Phrancisco”, ficou com a abreviatura “Phco.” e “Pco”. Daí foi fácil Francisco ganhar em espanhol o apelido Paco.

Os santos, ao serem citados pelos copistas, eram identificados por um feito significativo em suas vidas. Assim, o nome de São José aparecia seguido de “Jesus Christi PaterPutativus”, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde os copistas passaram a adotar a abreviatura “JHS PP” e depois “PP”. A pronúncia dessas letras em sequência explica porque José em espanhol tem o apelido de Pepe.

Já para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como “e comercial” e em inglês, tem o nome de ampersand, que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.

Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de “casa de”.

Veio à imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço – por exemplo: o registro contábil “10@£3” significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido como, em inglês como at (a ou em).

No século XIX, nos portos da Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contábeis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo seria uma unidade de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:

1 – a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo “a” inicial lembra a forma do símbolo;

2 – os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de “10@£3” assim: “dez arrobas custando 3 libras cada uma”. Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar arroba.

Arroba veio do árabe ar-ruba, que significa “a quarta parte”: arroba (15 kg em números redondos) correspondia a ¼ de outra medida de origem árabe (quintar), o quintal (58,75 kg).

As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados). O teclado tinha o símbolo “@”, que sobreviveu nos teclados dos computadores.

Em 1872, ao desenvolver o primeiro programa de correio eletrônico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido “@” (at), disponível no teclado, e utilizou-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim “Fulano@Provedor X” ficou significando “Fulano no provedor X”.

Em diversos idiomas, o símbolo “@” ficou com o nome de alguma coisa parecida com sua forma, em italiano chiocciola (caracol), em sueco snabel (tromba de elefante), em holandês, apestaart (rabo de macaco); em outros idiomas, tem o nome de um doce em forma circular: shtrudel, em Israel; strudel, na Áustria; pretzel, em vários países europeus.

Perda de tempo (ou Panapaná)

[Não lembrava mais de ter escrito isso… Faz parte daquelas coisas que eu escrevinhava daqui e dali antes mesmo de começar a blogar “oficialmente”. Este foi um texto que enviei para alguns amigos, lá em meados de 2003, e foi encontrado nas sombrias catacumbas de meu computador durante uma faxina de e-mails decorrente desse modorrento ócio imputado pela pandemia.]

Buenas!

Hoje pela manhã, correndo até à padaria para compra de meus pãezinhos matinais, apressado para não perder tempo, quase fui atropelado por uma bicicleta.

Naquele milésimo de segundo de indecisão entre sair para um lado e a bicicleta para o outro, tudo que a ciclista pôde fazer foi sorrir.

E aí eu soube o que fazer.

Saí calmamente de lado e lhe sorri de volta.

Perdi segundos de minha vida sorrindo para uma completa estranha – e isso me fez bem!

Aí decidi perder meu tempo.

Perdi meu tempo no meio do caminho, olhando para uma árvore e ela sorriu pra mim, me revelando uma ninhada(1) – será mesmo esse o nome? – de borboletas que se abrigava sob suas folhas.

Perdi meu tempo espreguiçando e olhando para o céu, o qual sorriu pra mim através de sua limpidez azul.

Perdi meu tempo sorrindo para a balconista, que, sorrindo, escolheu os melhores e mais quentinhos pães.

Perdi meu tempo afagando a cabeça de um cachorro na rua, que, grato, me acompanhou por dois quarteirões, abanando seu rabinho – sorrindo.

Perdi meu tempo fazendo cócegas na barriga de meu filho caçula, que também sorriu – ou melhor, gargalhou – pra mim.

Perdi meu tempo ajudando meu filho mais velho a resolver o quebra-cabeça de uma revista, e, com o resultado, ganhei um iluminado sorriso.

Perdi meu tempo, quando saía para o trabalho, num longo beijo em minha esposa, recebendo de volta um sorriso apaixonado.

Perdi meu tempo, enquanto dirigia, pensando em coisas boas e soluções práticas para os problemas no trabalho, e sorri para mim mesmo.

E querem saber?

Não perdi nem um minuto de minha vida, chegando no mesmo horário de sempre, encontrando os mesmos problemas de sempre, e as mesmas pessoas de sempre. Mas, como o sorriso é um vírus contagioso, tudo está um pouco melhor hoje.

Portanto, ladies and gentleman, melhorem sua qualidade de vida:

Percam tempo.

Sorriam.

E comam morangos(2) !

Notas:

(1) Comentário do brother-san Adilson:

Verbete: borboleta (ê) [De *belbellita, calcado em belo.] S. f.
1. Designação comum aos insetos lepidópteros diurnos, cujas antenas são clavadas. [As larvas das borboletas não tecem casulos, passando o período ninfal sob forma de crisálidas. Sin.: panapaná, panapanã. Cf. mariposa (1).]

Verbete: panapaná [Do tupi panapa’ná.] S. m. Bras.
1. Migração de borboletas em certas épocas, que chega a formar verdadeiras nuvens.
2. Bando de borboletas.
3. V. borboleta (1).

Ou seja, panapaná, que é sinônimo de borboleta, também é a palavra para o coletivo…

(2) Não tenho nem ideia do porquê dos morangos!

Dieta de uma Executiva

Patrícia Daltro

Querido Diário:

Hoje começo a fazer dieta. Preciso perder 8 kg. O médico aconselhou a fazer um diário, onde devo colocar minha alimentação e falar sobre o meu estado de espírito. Sinto-me de volta à adolescência, mas estou muito empolgada com tudo. Por mais que dieta seja dolorosa, quando conseguir entrar naquele vestidinho preto maravilhoso, vai ser tudo de bom.

Primeiro dia de dieta.
Um queijo branco. Um copo de diet shake. Meu humor está maravilhoso. Me sinto mais leve. Uma leve dor de cabeça talvez.

Segundo dia de dieta.
Uma saladinha básica. Algumas torradas e um copo de iogurte. Ainda me sinto maravilhosa. A cabeça dói um pouquinho mais forte, mas nada que uma Aspirina não resolva.

Terceiro dia de dieta.
Acordei no meio da madrugada com um barulho esquisito. Achei que fosse ladrão. Mas depois de um tempo percebi que era o meu próprio estômago. Roncando de dar medo. Tomei um litro de chá. Fiquei mijando o resto da noite.
Anotação: Nunca mais tomo chá de camomila.

Quarto dia de dieta.
Estou começando a odiar salada. Me sinto uma vaca mascando capim. Estou meio irritada. Mas acho que é o tempo. Minha cabeça parece um tambor. J. comeu uma torta alemã hoje no almoço. Mas eu resisti.
Anotação: Odeio J.

Quinta dia de dieta.
Juro por Deus que se ver mais um pedaço de queijo branco na minha frente, eu vomito! No almoço, a salada parecia rir da minha cara. Gritei com o boy hoje! E com a J. Preciso me acalmar e voltar a me concentrar. Comprei uma revista com a Gisele na capa. Minha meta. Não posso perder o foco.

Sexto dia de dieta.
Estou um caco. Não dormi nada essa noite. E o pouco que consegui sonhei com um pudim de leite. Acho que mataria hoje por um pedaço de brigadeiro…

Sétimo dia de dieta.
Fui ao médico. Emagreci 250 gramas. Tá de sacanagem! A semana toda comendo mato. Só faltando mugir e perdi apenas 250 gramas! Ele explicou que isso é normal. Mulher demora mais para emagrecer, ainda mais na minha idade. O FDP me chamou de gorda e velha!
Anotação: Procurar outro médico.

Oitavo dia de dieta.
Fui acordada hoje por um frango assado. Juro! Ele estava na beirada da cama, dançando can-can.
Anotação: O pessoal do escritório ficou me olhando esquisito hoje, J. que é porque estou parecendo o Jack do “Iluminado”.

Nono dia de dieta.
Não fui trabalhar hoje. O frango assado voltou a me acordar, dançando dança do ventre dessa vez. Passei o dia no sofá vendo TV. Acho que existe um complô. Todos os canais passavam receitas culinárias. Ensinaram a fazer Torta de morangos, salpicão e sanduíche de rocambole.
Anotação: Comprar outro controle remoto, pois, num acesso de fúria, joguei o meu pela janela.

Décimo dia de dieta.
Eu odeio Gisele B.

Décimo primeiro dia de dieta.
Chutei o cachorro da vizinha. Gritei com o porteiro. O boy não entra mais na minha sala e as secretárias encostam na parede quando eu passo.

Décimo segundo dia de dieta.
Sopa.
Anotação: Nunca mais jogo pôquer com o frango assado. Ele rouba.

Décimo terceiro dia de dieta.
A balança não se moveu. Ela não se moveu! Não perdi um mísero grama! Comecei a gargalhar. Assustado o médico sugeriu um psicólogo. Acho que chegou a falar em psiquiatra. Será porque eu o ameacei com um bisturi?
Anotação: Não volto mais ao médico, o frango acha que ele é um charlatão.

Décimo quarto dia de dieta.
O frango me apresentou uns amigos. A picanha é super gente boa, e a torta, embora meio enfezada, é um doce.

Décimo quinto dia de dieta.
Matei a Gisele B! Cortei ela em pedacinhos e todas as fotos de modelos magérrimas que tinha em casa.
Anotação: O frango e seus amigos estão chateados comigo. Comi um pedaço do Sr. Pão. Mas foi em legítima defesa. Ele me ameaçou com um pedaço de salame.

Décimo sexto dia.
Não estou mais de dieta. Aborrecida com o frango, comi ele junto com o pão. E arrematei com a torta. Ela realmente era um doce.