Tudo por um brinco?

Então.

Estávamos na década de oitenta.

Tudo era proibido, tudo não era permitido e tudo era maravilhoso.

Nossa função, enquanto adolescentes era de compurscar esse limite que nos era impingido.

Daí eu tinha meus 14 anos e fiz uma tatuagem. Daí eu tinha meus 14 anos e furei a orelha. Brinco. Contestadores de fundo de quintal. Escondidos dos pais. Sim, esse era eu.

Cai o pano.

Trinta anos se passaram. A tatuagem ainda estava lá (um lixo, confesso, eu a fiz quando tinha 14 e 70kg, aos 50 e 105, ficou MUITO diferente…) e o furo na orelha ainda presente. Quase tapado.

Boteco. Pé sujo. Eu encontro com meu amigo Flávio. “Cara, o dia que você encontrar um brinco igual a esse que você usa, me avisa. Eu quero. Assim, argola.”.

Na hora: “Este?” Meteu a mão na orelha e tirou o próprio brinco. “É seu.” Só me restou, entre descrédito e estupefato: “Cumassim????”. Ele mo deu. O brinco. “É prata espanhola. Cuida bem dele”. Quase não acreditei. Foda-se se é prata espanhola ou não, meu amigo tirou ali, na hora, o que estava usando e me deu. Do nada. É meu maior tesouro.

Flávio se foi. Pra sempre. Talvez um dia nos encontremos, ou não. Depende de nossa fé. Mas o brinco está comigo. Meu maior tesouro. Cuido dele como Jack Sparrow cuidava de sua bússola. A cada dia que eu o coloco, lembro-me de meu amigo. E sempre me pergunto: “O que ele faria nesta situação? Como ele iria se livrar desta encrenca?” Vejo o tempo passar e ele a me ajudar, ainda agora, depois de seu tempo passado, pois consigo ver seu sorriso infantil, seus olhos brilhantes e sua gargalhada contagiante a me orientar.

Obrigado, Flávio. De minha vida inteira eu posso contar nos dedos de uma mão quem foram meus melhores amigos. E todos já se foram. Mas você, dentre poucos, ainda continua presente, meu indicador e meu orientador. Continuemos juntos. Sempre.

Até já…

Pais sendo pais…

É certo que nós pais sempre, SEMPRE, nos preocuparemos com nossos filhos. Não importa a idade que tenham. Mas algumas situações acabam sendo pra lá de inusitadas! Confiram este pequeno rol que encontrei lá no Instagram de O Lado Bom das Coisas


E hoje que fui no meu pai e ele “E aí, como vão os trabalhos de escola?” (Ele quis perguntar do meu Mestrado).


No último aniversário de minha avó, 98 anos, liguei para ela e perguntei se ia ter festa. Ela respondeu: “não, minha filha, só as meninas é que vêm merendar aqui.” As meninas são as filhas dela, 77, 76 e 74 anos.


Eu passei na residência e quando fui fazer a matrícula meu pai perguntou se ele ou minha mãe precisavam assinar algum documento lá. Eu tenho 24 anos e quase dois anos de formada.


Minha bisa todo dia me dando dinheiro para eu merendar (estou no 5º período da Faculdade). Eu acho a coisa mais fofa!


Meu pai pergunta todo dia o que eu comi no recreio ou se levei lanchinho. Tô na Faculdade…


Eu estava explicando pra minha mãe que estava meio estressada negociando faltas porque adoeci mas não tinha atestado, aí ela deu a sugestão: “Não tem como falar com a diretora não? Se precisar eu falo com ela.” (Estou fazendo Doutorado).


E meu pai que pediu o boletim, eu estando na Universidade, e ainda perguntou quando era a reunião de pais…


Quando comecei na Faculdade fui morar com meus avós e meu avô preparava o meu lanche e ia me levar na facul todas as manhãs. Uma fofura!


Na minha formatura minha mãe achou que ela também iria pra Aula da Saudade. Eu disse: “não, mãinha, vai ser só minha turma mesmo”. E ela: “ôxe, e não vai ter nenhum adulto nessa festa não?”


Tenho 26 anos e quando eu ia para a academia (antes da pandemia) meu pai dizia que eu ia para Educação Física.


Minha mãe até hoje manda quentinha pra mim porque acho que passo fome porque moro sozinha.


Mâmis já foi na Faculdade para conversar com uma professora!


Meu pai até hoje pergunta se eu paguei a mensalidade do “colégio”. Estou quase concluindo minha graduação…


Meu vôzinho uma vez me deu R$50,00 dizendo que era para ajudar a pagar minha Faculdade (faço Mestrado em uma instituição pública). Achei a coisa mas linda do mundo!


Meu pai falava que “a perua chegou”. Era a van da empresa; eu já tinha mais de 20 anos.


Eu faço graduação EAD (Ensino à Distância) em casa e toda vez que me levanto para esticar as pernas um pouco minha mãe fala: “aproveita que está no recreio e come alguma coisa”.


Meu pai fala que eu saí com uma amiguinha. Tenho 38 anos.


Minha mãe passou a minha Faculdade inteira chamando o intervalo de recreio. Quando eu ia de short (aos sábados) ela falava que a diretora ia chamar minha atenção.


Minha vó, brava porque eu vou mudar de cidade para fazer o Doutorado, ligou para minha mãe: “Como é que você vai deixar a menina mudar de cidade, quem vai cuidar dela lá?”


E meu pai que me manda ter cuidado pra atravessar a rua. Tenho 32 anos.


Minha mãe trabalha em uma papelaria. Quando chega no começo do semestre ela me traz cadernos do Snoopy, da Minie, canetas coloridas… Vou para Faculdade parecendo criança!


Já comigo, eu tirando plantão noturno, minha mãe me liga às duas da madrugada e pergunta se eu não vou dormir porque tá tarde.


Meu vô esperava todo dia meu ônibus da Faculdade pra me dar tchauzinho. Todo mundo do busão dava tchau pra ele! Ele é o amor da minha vida!


Meu pai, a cada domingo que vou pra lá (ele mora no interior), me oferece Danoninho. Eu tenho 25 anos e sou casada há sete…


E, mesmo fugindo um pouco do tema, eis mais um pra fechar essa lista com chave de ouro (juro que me identifiquei):

“Meu pai subiu em cima da mesa para trocar uma lâmpada e minha mãe achou ruim e brigou com ele. Alexandre, adulto, pai e advogado apresentou um argumento muito maduro e convincente para minha mãe parar de brigar, que foi: AH, EU NÃO POSSO, MAS O GATO PODE???”

E vocês? Alguém tem alguma história assim para contar? Fiquem à vontade para compartilhar aí nos comentários! 🙂

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Exercício de Sanidade: eu num boteco (respeitado o distanciamento) e escutando calado uma bolsominion (sobrinha do dono) desfiar sandices do porquê o país hoje estaria no “rumo correto”… O porquê de calado? Na minha idade não tenho mais saco pra discutir com esse tipo de gente.

Plantinhas

Como eu já havia comentado antes, A Dona Patroa se tornou uma viciada em suculentas! E não, não é nada dessa besteira que você pensou aí, não! É que no ano passado ela resolveu que iria presentear a cada uma das mães lá da Igreja Holiness com um vasinho de suculenta e então, desde dezembro, começou a cultivá-las. Apenas algumas dezenas já seriam o suficiente. Mas veio a pandemia, o isolamento, o Dia das Mães chegou e passou e as suculentas continuaram aqui em casa. Inclusive se multiplicando. E ela se encantou com sua variedade. E ela arranjou mais suculentas – “Ah, desse tipo eu ainda não tenho!” – e o negócio foi se aumentando cada vez mais. E eis que na última contagem que fiz ali na varanda (já há alguns meses) tínhamos nada menos que 166 vasinhos de suculentas! É ou não é um vício?

E eis que descobri que o Fábio Coala, um excelente cartunista/chargista/desenhista/artista (ou seja lá como queira ser chamado) tem o mesmo tipo de “problema” em casa, pois a Senhora Coala também é uma amante de plantinhas, mudinhas e outros quetais, o que rendeu – até o momento – uma série bem divertida do que é o dia a dia com essas adoráveis criaturas que têm o “dedo verde”…

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Twitescas

Sabe? Eu demorei pra entender. Mas nós, meninos, somos assim mesmo: devagar. Esse seu jeitinho de olhar com o rabo dos olhos, essa sua risada escancarada, essa compreensão quando das minhas bobagens, esse seu jeito de ser É VOCÊ! Te amo Mieko. Foi difícil entender o tão óbvio….