E o professor veio. Junto com seu filho de apenas 16 anos (que com certeza manja muito mais de mecânica do que eu).
Como eu estava fora de casa naquele momento, ele acabou ficando de proseio com a Dona Patroa (sua irmã). Ao que ela perguntou:
– E aí, Ha? Já viu o trambolho que o Adauto comprou?
– Hm? Esse carro ele não comprou, não. Ele casou com ele.
É lógico que só vim a saber disso mais tarde…
Enfim, cheguei em casa e, junto com ele, aperta daqui, desmonta dali, tenta de novo e… A bateria arriou. Também. Depois de tantos dias tentando fazer o carro pegar, ela não duraria pra sempre.
Interlúdio: tivemos que tirar a bateria e com um par de cabos específicos a conectamos na bateria do carro da Dona Patroa. Deixamos o carro dela ligado por uns cinco minutos para transferir um pouco da carga da bateria carregada para a vazia – procedimento que é tradicionalmente conhecido como fazer uma “chupeta”…
Com a bateria carregada e recolocada, ainda verificamos que a tampa do distribuidor possuía um pouco de zinabre em suas extremidades – uma camada esverdeada que “cresce” entre contatos elétricos e que impede a plena transmissão de energia, gerando mau contato. Pra simplificar, é um tipo de ferrugem da parte elétrica. Uma raspadinha serviu pra melhorar a situação.
Vamos reconectar os cabos na tampa do distribuidor e… Qual era a ordem mesmo? Ah! Bem que eu sabia que o Manual seria útil. Tá lá: motor 2500 (151) – ordem de ignição – 1-3-4-2. Ou seja, é a sequência de explosões dos cilindros do motor (lembram que eu já expliquei?). Primeiro o cilindro nº 1. Então o cabo desse cilindro vai para a primeira conexão do distribuidor (quando se olha a peça de frente, a do lado esquerdo). Depois o cilindro nº 3. Na sequência do distribuidor (sentido horário), é a próxima conexão. E então, na ordem, também as conexões dos cilindros nº 4 e nº 2.
Pronto.
Liga de novo e… FUNCIONOU!!!
E morreu de novo.
– Péraê, que deve ter mais alguma coisa por aqui – foi o que ele disse.
Testou mais alguns componentes e chegou à conclusão de que o motor não estava conseguindo se manter ligado porque o avanço (uma pecinha ligada ao distribuidor) talvez não estivesse funcionando direito e que a bobina do platinado (condensador) com certeza estava descarregada. Teria que trocar. Já recomendou a troca também da própria tampa do distribuidor (zinabrada) e também do rotor (gasto).
Pra finalizar me ensinou que, para regular o platinado, teria que girar o motor até que o eixo do distribuidor estivesse com uma parte que é saliente numa posição em que o platinado ficasse em sua posição mais aberta (só pra entenderem: o platinado se assemelha a um prendedor de roupas). Pra girar o motor, bastava puxar lentamente a correia que o liga a hélice de refrigeração do radiador (onde vai a água que refrigera o carro). Uma vez que o eixo e o platinado estivessem nessa posição, e com a bandeja solta (aquela cujo parafuso estava espanado), fecha-se o platinado até que tenha aproximadamente apenas 1mm de abertura. Aí fixa-se o parafuso da bandeja.
Já quanto ao ponto do motor, todo o conjunto do distribuidor é preso por apenas um parafuso (sextavado, de 14mm). Ao soltar esse parafuso permite-se um giro de todo o conjunto em cerca de uns 10 a 15°. Assim, com o carro ligado, basta girar manualmente o conjunto do distribuidor até atingir um ponto em que a rotação esteja mais estável (ou seja, de ouvido mesmo). Atingido esse ponto, reaperta-se o parafuso. E pronto.
E tudo isso é mais ou menos o procedimento sugerido naquela parte do Manual do Proprietário que transcrevi aqui outro dia.
Bão, agora é só comprar as peças que ele pediu e colocar de volta no bichão…
Um comentário em “A aula”