O início do fim…

…dessa etapa!

E eis que na usual visita semanal, uma grata surpresa me aguardava…

Mas antes vamos falar um pouco da situação geral e dos porquês das coisas. Muita gente já me questionou – ao vivo e online – se eu não estava sendo “enrolado”. Sempre fui muito veemente e categórico em deixar claro que NÃO, não era nada disso, que o meu “acordo” com o Seo Waltair era de que trabalhasse absolutamente sem pressão, no tempo e no modo dele. Tá certo que ficamos um bom tempo de molho à procura de um câmbio de cinco marchas (lembram?), até que desisti. Ao menos, por enquanto.

Ainda assim restava o motor, que já tinha sido enviado para retífica e nunca que voltava. Tem coisa de umas duas semanas que, num proseio com o Seo Waltair ele me contou o que havia corrido. Isso porque até mesmo ele já estava ficando encafifado com essa demora toda e resolveu ir até lá para saber o que estava acontecendo.

E o caso, ao que parece, foi que o dono dessa retífica tinha dois funcionários de extrema confiança, um que cuidava do administrativo e outro que o ajudava no dia a dia com os motores. Caboclo bão de serviço e que era o braço direito dele. E eis que o cara do administrativo, assim de uma hora pra outra, resolveu sair, deixando-o na mão. Só com isso já não foi nada fácil ter que conciliar tudo, toda aquela papelada, compromissos, pagamentos e mais as retíficas. Mas ainda assim foi tocando seu negócio. Até que o cara da mecânica também resolveu sair. Aí o mundo ficou muito mais complicado – até por conta de que não seria nada fácil encontrar outro sujeito desses no mercado ou, pior, ter que treinar alguém do nada!

E então veio o golpe de misericórdia.

O desinfeliz do mecânico entrou com uma reclamação trabalhista contra ele! Aí sim a coisa despirocou de vez. Ele que já havia ficado magoado com a saída do rapaz, ficou então totalmente desacorçoado. Perdeu o rumo, a mão, a vontade. E levou tempo para se recuperar. Um bom tempo. Mas como tudo na vida tem um limite (inclusive o cheque especial), ele conseguiu superar esse abalo e, aos poucos, foi voltando à sua normalidade, seu dia a dia, seus compromissos e assim por diante. E, dentre esses compromissos, um deles era exatamente a retífica do meu motor. Que foi entregue!

E quem veio me contar, todo pimpão, foi o filho do Seo Waltair!

Disse-me que ainda faltavam outras partes, como o pistão, anéis, etc – ou seja, o kit completo – mas que agora eles iam começar a montagem.

E, só pra constar, com a retífica, ainda que imperceptivelmente, a cilindrada do motor aumentou. Pois fazer uma retífica nada mais é que “alargar” um pouquinho os cilindros, no caso em 0,25mm (padrão para a primeira retífica). Aliás, para que entendam um pouco melhor essa história, saibam que “cilindrada” tem a ver com o “tamanho de motor” e é a medida do volume total dos cilindros em centímetros cúbicos. Assim, 1.000cc equivale a 1 litro. Por exemplo, um motor de 500cc com 2 cilindros significa que num cilindro, com seu pistão na posição mais baixa, cabe o conteúdo de um copo de 250ml, ou seja, cada cilindro é de 250cc, o que multiplicados por 2 cilindros somam as 500cc.

No caso do Opala seis cilindros (4.1) a “cilindrada oficial” é de 4.095.336mm³; com a primeira retífica, vai para 4.137.048mm³. Se é que não errei na conta…

Mas o mais legal foi ver a animação do rapaz, pois ele veio me perguntar se eu iria querer pintar o motor com a cor original – já sugerindo que o motorzão todo vermelho no Opala laranja poderia ficar esquisito. Como eu percebi que ele já havia pensado bem no assunto, lembrei-o de que eu estava reformando o Titanic, e não restaurando. “Desembucha”, eu lhe disse.

Então ele me levou para um outro canto da oficina e me mostrou como estava a tampa, pintada de preto.

E já sugeriu fazer a mesma coisa com as tampas laterais do motor, porque daí daria uma quebrada e ficaria muito mais bonito. Fiquei feliz com a empolgação dele e garanti que ele poderia dar asas à imaginação, pois no meu íntimo eu já tinha certeza que ele seria tão caprichoso quanto o pai.

E só pra completar ele já sugeriu fazer uma fina linha vermelha nas letras da tampa…

Enfim, é isso. Aguardem cenas dos próximos capítulos – que, garanto-lhes, em breve virão! 😀

Em tempo: Caso queiram saber como foi a conta matemágica para se chegar na cilindrada do motor, eis a fórmula:

(PI x r² x h) x n, onde:

PI = 3,1416

r = raio do pistão ao quadrado (metade do diâmetro, que é de 98,43mm)

h = curso do pistão no cilindro (que é de 89,7mm)

n = número de cilindros (que são os 6 canecos do 4.1)

2 comentários em “O início do fim…”

  1. Esse motor com o escrito “Chevrolet” em vermelho vai ficar sensacional!
    Parece que às vezes as coisas empacam e que nunca vão sair do lugar, mas, eis que senão quando, decolam e ganham corpo.
    Pena que a carteira não acompanha essa velocidade!
    Abraços, continuo acompanhando!

  2. Olá Adauto, tudo bem? Achei seu site sem querer… Estava procurando por trambulador do Opala e cai aqui, aí vi essa postagem e vi o nome “Waltair”, olhei as fotos e achei o local familiar… Hehehe Lendo outras postagens suas, confirmei que estamos falando do mesmo Waltair, esse senhor muito honesto e que conhece muito de Opalas. Não sei se voce chegou a ver mas meu Opala, um coupe 77 azul, ficou 7 semanas lá no Waltair (praticamente junho e julho la).

    É meu primeiro Opala e não poderia ter levado em melhor lugar, seu Waltair desfez todas as gambiarras que meu Opala ganhou durante sua longa vida… Ainda falta muito para meu carro ficar como quero mas a primeira parte já foi feita.

    Não consegui ler todo seu blog mas estou na torcida para voce finalizar seu carro o quanto antes para poder curti-lo.

    Abraços,
    Tiago.

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