Luto.
Hoje não temos piadas, nem gracejos e nem reformas.
Faleceu o vice-prefeito de Jacareí, SP, o engenheiro Davi Lino. Tudo o que eu poderia dizer acerca desse fato já o fiz diretamente na minha página principal do site – o Legal – como podem conferir bem aqui.
Mas, neste espaço, entendo que é cabível, senão necessário, falar de uma outra faceta desse caboclo: o de apaixonado por Opalas.
Não que ele tivesse um (pelo menos atualmente), mas era um admirador desse tipo de carro.
Como sei?
Através de um episódio acontecido lá no estacionamento da Prefeitura, já há muitos meses.
Não fazia muito tempo que eu havia comprado o meu Opala, mas já tinha começado a “depená-lo”. Na verdade ele estava somente com o banco do motorista e mais nada. Todo o resto eu já havia tirado: outros bancos, carpete, tapetes, painéis, laterais, etc. Só deixei os tapetes de borracha para encobrir os buracos. No mais, o assoalho encontrava-se na pura lata. Pelo menos nas partes onde não haviam furos…
Eu estava usando o carro em função das chuvas (meu outro veículo é uma moto) e essa desventura pode ser lida com calma bem aqui.
Mas voltemos à história. Já era tarde – umas nove horas – e este velho guerreiro, cansado, abatido, depois de um cansativo dia de trabalho, estava saindo com seu carro do estacionamento da Prefeitura. Em frente à garagem privativa do Prefeito, lá estava o Davi, conversando com já não me lembro mais quem. Liguei o carro, manobrei, e estava me dirigindo à saída, quando o Davi veio caminhando devagar para meu lado fazendo sinal para diminuir a velocidade, para ir parando.
“Cacete!” – pensei eu. “Já discuti com ele o dia inteiro, o que será que vem agora? Sobre qual licitação ou contrato ele ainda vai querer discutir aqui na saída? Será que esse cara não pára NUNCA de trabalhar?”
– Fala, Davi!
– Bichão, hein?
– Cuméquié?
– O Opalão. Quatro ou seis canecos?
– Quatro…
– Maquinão. Sempre gostei muito desse carro.
– É, mas esse ainda tá bem baleado – e levantei um dos tapetes de borracha para que ele visse os furos do assoalho.
– Que nada! Isso aí é só pra circular o ar! O que interessa é que o carro tá bem, tá andando!
Despedimo-nos e fui embora com uma interrogação na cabeça do tamanho de uma semana. Era tão difícil quanto raro ver aquele sujeito sendo simpático com alguém. Isso deixou uma boa impressão em mim. “Ele não pode ser tão ruim assim”, pensei eu.
Com o passar dos meses vim a conhecê-lo melhor e até mesmo admirar sua energia, sua postura, sua constante preocupação com o bem-estar do Município. Preocupação esta tão grande, tão intensa, que lhe custou a própria vida.
O mundo dos Opalas perde um de seus admiradores.
Adeus Davi.