Estou muito – MAS MUITO MESMO – longe da verve de alguém como Guimarães Rosa, mas é certo que volta e meia me meto a inventar e desinventar palavras e palavrórios para ilustrar os “causos” que destilo neste cantinho virtual para meus quase quatro e meio leitores que – sei lá, anualmente? – resolvem passar por aqui para saber se ainda existe alguma novidade sobre o Titanic.
Bom, pra começo de conversa, vamos deixar uma coisa bem clara: apesar da pandemia, não morri, nem mesmo – o que seria ainda pior – interrompi o Projeto 676. É certo que o Titanic ainda não está pronto, pois somente agora estou emergindo de um longo período que mesclava muito trabalho, um tanto de vagabundagem e outro tanto de cachaçada.
Mas (mais uma vez) estou de volta.
Tentando me programar para ao menos uma vez por dia ir atualizando o blog, principalmente com a parte “retroativa”, pois a última postagem digna de nota acerca da reforma foi ainda quando eu ainda havia acabado de montar o capô, em 2018, e sequer os vidros laterais estavam no lugar. Só que atualmente o veículo está montado, regulado, documentado e rodando. Ainda que não esteja terminado.
Mas vamos ao que interessa pra hoje.
Como vocês devem saber (ou, ao menos, deveriam) a seta – ou “pisca-pisca” – do Opala nada mais é que um conjunto de lâmpadas simples, acionadas por uma alavanca na direção, porém no meio do caminho há um relê, há um relê no meio do caminho. E é graças a esse relê (um dispositivo elétrico que tem como função produzir modificações súbitas, porém predeterminadas, em um ou mais circuitos elétricos de saída) que essas lâmpadas da seta não ficam simplesmente acesas ao se acionar a alavanca, e sim ficam piscando, com aquele característico “tec-tec, tec-tec, tec-tec”.
(O que me fez lembrar de uma das célebres frases de Mário Quintana: “Mera ilusão auditiva graças à qual a gente ouve sempre “tic-tac” e nunca “tac-tic”… Depois disso, como acreditar nos relógios? Ou na gente?”)
Mas tergiverso.
Enfim, o problema é que, muito de vez em quando, em vez de seu barulho e reação característicos, a seta em vez de piscar simplesmente travava num longo “pééééééééééé”. E não setava. De quando em quando voltava ao normal no meio do defeito, ou então não voltava. Às vezes, ainda, sequer dava defeito. E o defeito intermitente é péssimo, pois não tem como o especialista avaliar qual seria se ele não surge.
E o especialista, nesse caso, era o nosso já conhecido Japonês da Autoelétrica.
Num primeiro momento desconfiou do relê e trocou-o. Na sequência deu uma checada nos fusíveis (que ainda são daqueles de vidro) e numa outra desconfiança também trocou um deles. Voltou a funcionar perfeitamente.
Até hoje.
E o problema é aquilo que eu acabei de comentar: como avaliar o defeito se estiver funcionando normalmente? A coincidência das coincidências é que eu estava por ali e fui com ele para fazer um socorro (entenda-se: atender um cliente cujo carro não está funcionando e você tem que ir até o local onde o veículo desmilinguiu) e na volta surgiu o malfadado defeito! Parei em frente da oficina e nem desliguei o Titanic.
E eis que ele me entra, e volta com sua chave de testes caseira (feito com um raio de bicicleta e mais certeira que muitas das digitais que se pode encontrar no mercado), fuça daqui, fuça dali, acelera, desconecta isso, reconecta aquilo e então dá o veredicto: “É algum mau contato no comutador, cilindro de ignição ou nos dois.” Dito isso ligou a seta e aproveitou aquela ligeira folga que existe em todo cilindro de ignição para mostrar que quando o defeito aparecia bastava dar uma mexidinha na borboleta e já voltava a piscar normalmente.
E qual a solução para hoje? Pegou um desengripante (tipo um WD-40, só que outro), deu uma limpada em todos os contatos e montou tudo de volta com firmeza. Aparentemente deu certo.
Agora só mesmo rodando e setando pra tudo quanto é lado pra ver se acabou o defeito mesmo…